quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

DESCARAMENTO NADA CRISTÃO!

Numa conferência exótica realizada há poucos dias em Lisboa o advogado António Pinto Leite, atual Presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, (ACEGE) afirmou, segundo o jornal Negócios, que a legislação laboral deveria ser alterada para permitir às empresas baixarem os salários! Como argumento a favor diz, pasme-se, que tal já se passa na realidade e, portanto, haveria que adequar a lei a esta realidade!


O referido senhor advogado considera ainda, do alto da sua posição protegida, que o despedimento por não cumprimento de objetivos deveria ser possível! Afinal ele fala como empresário é óbvio! No entanto este empresário e advogado conseguiu ser Presidente de uma associação que se intitula «cristã», não sendo até agora desautorizada pela Igreja Católica!

Pinto Leite usa um raciocínio muito pobre, ou então a lógica é uma batata! Com o mesmo argumento diríamos que havendo mais crimes nos últimos anos e adequando a lei á realidade deveríamos facilitar a ação dos criminosos, diminuindo nomeadamente as penas! Aceita ele esta ideia lá do alto do seu conservadorismo inato e de classe? Claro que não!

Por outro lado, gostaria de perguntar a Pinto Leite se ele, ao exigir despedimentos e diminuição salarial, se inspira em algum capítulo de alguma encíclica, diretriz da «Doutrina Social» da Igreja Católica ou, antes, em pensamento heterodoxo da sua associação «cristã»! É que eu nas minhas leituras destas matérias sempre vi a exigência do pagamento a tempo e horas do justo salário! Até vi outras propostas como salário e vida digna, participação nos lucros e na vida da empresa, respeito pelo descanso, em particular ao domingo, aspetos que a maioria dos empresários portugueses não pratica, mesmo em tempos de «vacas gordas».

Nunca li algo semelhante às propostas de Pinto Leite, salvo em alguns discursos de comentadores com interesses económicos mais ou menos visíveis! Logo, Pinto Leite estava a falar como empresário ou advogado de empresários! Até porque parece não ter havido na dita conferencia ninguém que interpelasse Pinto Leite sobre a justeza das suas reivindicações. É esclarecedora esta unanimidade!

Este oportunismo, nomeadamente na utilização da sigla «cristã», frequente em muitos dirigentes do nosso associativismo, apenas descredibiliza o mesmo e afasta os cidadãos do necessário empenhamento social. Estas chamadas «elites» chegaram ao cúmulo do descaramento com as suas propostas económicas e sociais! É a vingança geracional e histórica pela Revolução de Abril! É a revanche contra os trabalhadores, principais protagonistas das transformações ocorridas no nosso país! Até onde querem chegar? Até onde os deixarmos!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

LUTAS CONTRA REDUÇÃO DE PESSOAL! (memórias)

As reduções de pessoal de forma brutal ou suave, quase sempre por questões económicas, podem ter graves consequencias, não apenas para os trabalhadores despedidos mas também para as comunidades locais onde estão envolvidas as empresas e para os trabalhadores que ficam.

«Este texto pretende revisitar um estudo realizado no início da década de 1990 numa refinaria de petróleo, no Brasil (Ferreira, Iguti & Jackson, 1991).
Seu motivo foi a resistência de operadores de uma unidade de processo [1] da refinaria à política de redução de pessoal que a empresa começava a aplicar e foi o primeiro de uma série de outros que se desenvolveram por mais de uma década, sempre sobre omesmo assunto e na área do petróleo [2] e dos quais participei,com diferentes status (Ferreira, Iguti, Donatelli, Duarte& Bussacos, 1997; Ferreira, Iguti & Bussacos, 1998, 1999,2000a e 2000b).
Sem canais de negociação com a empresa,os operadores não hesitaram em explicitar a sua posição através da imprensa local, onde alertavam a população vizinha sobre os riscos que corria pela diminuição de pessoal.
Com isto, sensibilizaram autoridades, entre elas o Ministério Público [3], que nos solicitou um estudo para dimensionamento do número de operadores através do estudo de"tempos e movimentos”.VER artigo

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE!

No início de Dezembro o jornal Público noticiava que o Banco Lloyds estava a negociar o regresso de Horta Osório, o célebre gestor considerado o «Mourinho»da gestão bancária pela suas caraterísticas próprias muito apreciadas no mundo dos negócios!



O dito banco estava a negociar no sentido de baixar o salário enorme que aquele gestor teria antes de entrar de baixa por doença devida ao stresse. Ao mesmo tempo estava a estudar a forma de ajudar Horta Osório no seu regresso profissional, colocando-lhe um adjunto! O afamado gestor ganharia por ano, antes da doença, mais de cinco milhões de euros entre salário, prémios e planos de reforma!

Claro que uma das principais funções de Horta Osório seria a aplicação de um plano de reestruturação que implicava o despedimento de 10 a 15 mil funcionários. Ou seja ele receberia aquele dinheiro todo mas iria poupar muito mais ao Banco em custos de trabalho! Um bom negócio para o dito gestor e para o referido banco! Muita dor de cabeça e stresse para quem fosse despedido!

No entanto, o «Mourinho» também é humano e ficou doente, coisa normal entre os mortais, diga-se em abono da verdade. E logo de uma doença que, pelos vistos, não permitirá uma recuperação total.

Temos um caso de, como diz o ditado, «quem com ferros mata, com ferros morre»! Uma forma de gestão predadora e mercenária, com objetivos não alcançáveis e com resultados desastrosos, não apenas para os quadros, mas para todos os trabalhadores! Este tipo de gestão, com salários monstruosos para os gestores, levada a cabo por homens que se pensam deuses e incentivada por acionistas ávidos de lucros levam á destruição da economia e á destruição física e psíquica de quem trabalha!

Para a ideologia ainda dominante, e não sei se para o próprio, ficar doente é sinal de fraqueza, de menor valia no mercado! A desvalorização salarial que o banco quer negociar tem esse significado inequívoco! Quando se combate a ideologia neo - liberal é também esta filosofia que se combate! O trabalhador, desde o menos qualificado até ao mais alto quadro empresarial não passa de um fator de produção ou seja de uma «coisa»! Ceder neste aspeto será retroceder séculos!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

EVITAR OS RISCOS DO FRIO NO TRABALHO!

Em ambientes inferiores a 5 graus negativos temos que estar vigilantes!A exposição ao frio pode comportar riscos para a saúde, facilitar a ocorrência de acidentes de trabalho e reduzir a nossa produtividade.

Temos ,para além do desconforto, frequentes dores , o aparecimento de frieiras e em casos extremos a hiportermia.Os trabalhadores ligados á agricultura , pescas e construção são os que mais sofrem pela exposição ao frio.Os serviços de segurança e saúde das empresas devem tomar medidas de prevenção e proteção-Ver

domingo, 18 de dezembro de 2011

EXPLORAÇÃO DE IMIGRANTES NO ALENTEJO?

Desta vez foi o Bispo de Beja Vitalino Dantas que alertou para o facto:existem indícios de trabalho escravo no Alentejo afectando imigrantes asiáticos.Mais grave ainda :existem intermediários que estão a lucrar muito com esses trabalhadores.Mais: esses trabalhadores estarão quase a trabalhar noite e dia! Por fim o Bispo diz que esse tipo de trabalho está a ser praticado em empresas agrícolas recentemente visitadas pelo senhor Presidente da República!

Ora ,o que agora vem dizer o Bispo de Beja reforça o que se diz em surdina e alguns jornais têm vindo de vez em quando a   afirmar, ou seja, que existe exploração de imigrantes no Alentejo, nomeadamente tailandeses.Dizem alguns que esses tailandeses estão contentes, apesar dos horários extremos e dos baixos salários auferidos, para além de condições duvidosas de habitabilidade de conforto!

Por outro lado, os serviços da ACT (inspecção do trabalho) na Região têm afirmado (à comunicação social) que não detectam infracções neste domínio.Considerando esta situação não seria bom que outras instituições do Estado nomeadamente o SEF e a GNR efectuassem uma investigação mais profunda da situação.É que normalmente um Bispo não fala apenas porque ouviu dizer.Em geral tem informações credíveis sobre o assunto.Ou será que as ditas explorações de sucesso pertencem a gente influente?

Sob ponto de vista legal e moral não podemos ficar satisfeitos e sem culpa simplesmente porque eles, os asiáticos, querem trabalhar noite e dia e porque os intermediários e agricultores ganham bom dinheiro com a situação!Há um regime laboral no nosso País e é no quadro desse regime que todos devem trabalhar!Portugueses ou estrangeiros!Não é isso que também queremos para os portugueses no estrangeiro?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A OCDE TAMBÉM ESTUDA A DOENÇA MENTAL NO TRABALHO!

Segundo um estudo da OCDE cerca de 20% da população activa  sofre de perturbações mentais.O risco é elevado para qualquer um de ao longo da vida enfrentar este problema!As taxas de prevalencia são maiores nos jovens adultos, mulheres e pessoas com poucos estudos!
Segundo este estudo, em contradição com outros, nomeadamente a OMS, este fenómeno não está a aumentar.

Os trabalhadores que sofrem de perturbações mentais ausentam-se mais vezes ao trabalho do que as outras pessoas (32% contra 19%) e a ausencia dura também mais ( 6 dias contra 5).O estudo , como seria de esperar, alerta para as perdas de produtividade devidas a estas doenças.Neste sentido justificam-se medidas, com destaque para as boas condições de trabalho e protecção médica e social.
Ver

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MAIS TRABALHO? NÃO,OBRIGADO!

As nossas luminosas sapiências da economia e da governação consideram que é preciso trabalhar mais! Na opinião destas eminencias pardas os trabalhadores portugueses são pouco produtivos. Por isso lembraram-se de atacar os feriados, as pontes, as férias e, no privado, mais meia hora de trabalho por dia sem pagar mais, ou seja de graça e a seco! Em breve também dirão que os funcionários públicos são uns lordes e que deverão trabalhar mais meia hora, ou trabalhar ao sábado para ficarem iguais ao privado.


Saberão estes senhores que mais de 400 mil portugueses têm mais de um emprego e que uma larga percentagem já trabalha para além das oito horas, em particular nas pequenas empresas? Já se deram conta do horário de muitos quadros de multinacionais e grandes empresas? Olhem para os escritórios de muitas firmas e vejam!

Por acaso estes sábios já se perguntaram porque é que os trabalhadores portugueses são altamente produtivos na Autoeuropa, na França e no Luxemburgo? Já estudaram devidamente as condições necessárias para que sejamos mais produtivos sem nos cortarem os salários e nos tirarem os feriadinhos que permitem aconchegar a família e dinamizar a economia?

Já pensaram na importância para a saúde e vida familiar do equilíbrio nos horários de trabalho? Deixem a matéria para a contratação coletiva! Há que travar a todo o custo a apropriação do tempo pelo capital para se impedir o regresso aos tempos esclavagistas!

E que dizer das azémolas da nova confederação de serviços (Sonae e C.ª) que agora apareceu com propostas inovadoras (?) sobre esta matéria propondo que o horário de trabalho fosse decidido no próprio dia. Ou seja, saio de casa para o trabalho com a minha vida familiar planeada e combinada, pensando em ir às aulas de inglês ou a uma reunião do sindicato e, zás, o chefe logo pela matina diz: «hoje ficas até ás 20 a trabalhar!» E pronto, nada a fazer! Isto seria o quê? Isto seria uma ditadura.

Portugal não precisa disto! Precisa de dinamizar a economia, motivar as pessoas para um maior empenhamento, maior garra, respeito por quem trabalha, pois as empresas não são apenas do capital. Sem a participação motivada dos trabalhadores e a valorização do trabalho não vamos lá! Não vamos não…Trabalhar mais? Não, obrigado!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MAIS MEIA HORA DE TRABALHO: o crepúsculo da concertação social?

O actual Governo, como bom neo-liberal,está-se nas tintas para a concertação social!Vai dando com uma mão(demagogia) e vai retirando com a outra(direitos).Vai reunindo patrões e sindicatos, encanando a perna á râ, como diz o ditado,mas legisla a toda á pressa com medo da troika!Foi o que se passou com a famosa meia hora a mais de trabalho por dia!A UGT e CGTP não aceitam esta pantomina e muito bem!E finalmente o José Seguro também não concorda com tal medida e muito bem, claro está!

Com esta prática bem podemos estar a presenciar o crepúsculo da concertação social em Portugal que, aliás, acontece por toda a Europa!Os governos conservadores, em maioria na UE, e os tecnocratas consideram desnecessária a concertação social!Ainda o não dizem nos discursos mas a gente entende bem qual é a sua opinião real!Ainda falam em diálogo social mas estabelecem a imposição!

Daí que não seja de admirar o crescimento na UE e em todo o mundo de um neo-anarquismo que actualiza a «ação directa» como forma de responder a esta arrogancia do poder político, a este esvaziamento da democracia dos povos!
Perante o caminho que estamos a tomar, onde a precariedade e o desemprego é a regra e os eleitos se descredibilizam, onde o pobre é tratado como um doente,não nos admiremos que cada vez mais cidadãos simpatizem com novas e velhas formas de ação directa  e que respondam á violencia do Estado desnaturado com outra violencia!
Não se pense que as artimanhas da policia e as suas técnicas chegarão para apagar os incendios!Quando são muitos os cidadãos que acordam, o poder, por mais arrogante que seja, fica semelhante ao pó levado pelo vento!
Esperemos que estes arrogantes políticos não venham ainda a ter saudades das ordeiras manifestações sindicais!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DIFICULDADES PARA TRABALHAR NUM CALL CENTER!

Um artigo que aborda algumas dificuldades do trabalho em callcenters.É mais um contributo para a reflexão sobre uma actividade que cada vez acupa mais trabalhadores em todo o mundo.Trabalhadores em geral jovens e precários!

..«O mercado mundial de call center arrecadou cerca de 23 bilhões de euros em 1998, com estimativas de 60 bilhões de euros em 2003, empregando cerca de 1,5 milhão de europeus e 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos. O número de operadores nesse país pode variar de 2 a 7 milhões, trabalhando em 70 mil estabelecimentos (Marinho-Silva, 2004).

 Na Alemanha, são 65 mil trabalhadorese, na Austrália, os números chegam a 60 mil (Toomingaset al., 2002). O call center é um dos negócios em maior desenvolvimento na Suécia, empregando 1,5% da população, contrastando com a cifra de 438 trabalhadores em 1987 (Norman,2005, apud Assunção et al., 2006). No Reino Unido, estima-se que 860 mil pessoas trabalhem nas centrais de atendimentodo Reino Unido (UNISON, 2005, apud Assunção et al., 2006) e outras 45 mil, na Espanha (UGT, 2005 apud Assunção et al., 2006).
A estimativa no caso da Índia é de que emprega 813.500 trabalhadores, à medida que avanços tecnológicos têm permitido a mobilização de centros de atendimento das empresasglobais para países com menores custos operacionais (UNI-ASIA & PACIFIC, 2004, apud Assunção et al., 2006).»

Ver artigo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

SINDICALISMO PORTUGUÊS: um congresso para enfrentar a crise!(III)

O próximo congresso da CGTP, a realizar nos finais de Janeiro de 2012, pode ser um congresso histórico!A maioria dos analistas vão centrar-se na saída de Carvalho da Silva bem como sobre a pessoa que o irá substituir!
Serão feitas análises também sobre a relação de forças entre as diferentes correntes  e qual delas vai ganhar ou perder.Pessoalmente não considero particularmente relevante estas questões nem vejo que sejam importantes para o presente e futuro dos trabalhadores portugueses.Será importante para alguns sindicalistas da cúpula, a maioria ligados aos dois grandes partidos da esquerda portuguesa.Sempre existiu e continuará a existir uma luta latente pela hegemonia do movimento sindical.O problema está quando esta luta se torna central, mirrando a vitalidade de uma organização.Penso que não é o caso!Espero que não o seja no futuro!

Embora não subestimando este dado penso que será muito mais importante e interessante responder à seguinte questão:Vai a CGTP ser capaz de enfrentar a crise presente e sair dela mais reforçada e como a maior organização dos trabalhadores portugueses?Vai se continuar o seu caminho com destaque para alguns aspectos,nomeadamente:

1º Se o seu novo secretário geral mantiver e alargar a herança de Carvalho da Silva relativamente ao diálogo com a sociedade portuguesa, nomeadamente os partidos políticos, igrejas, movimentos cívicos, novos movimentos sociais e de trabalhadores precários;se valorizar a participação nas instâncias institucionais a par da reivindicação e da proposição autónoma.

2ºSe a CGTP se transformar cada vez mais num grande espaço de debate politico-sindical e de unidade de acção desde os locais de trabalho até á direcção.Um espaço onde sejam aceites com tolerância perspectivas políticas diferentes e plurais, acarinhada e incentivada a militância de base de novos trabalhadores e activistas sindicais.Para este objectivo é muito importante o reforço da formação sindical, cada vez mais aperfeiçoada e rica e que deve criar hábitos de leitura e de estudo, levando os activistas a evitar as receitas e os «chavões».

3ºContinuar e incentivar com responsabilidade a renovação de quadros sindicais, cativando gente mais nova para as direcções sindicais e delegados.Gente que não se perpetue na organização mas que possa regressar ao local de trabalho sempre que possível.A ligação dos activistas e dirigentes aos locais de trabalho é fundamental.Apenas os estritamente necessários devem ficar nas estruturas.

4ºEstudar novas formas de acção sindical adequada aos tempos actuais e ás diferentes categorias profissionais, aos desempregados e aos precários.Rever formas de manifestação e participação, a coreografia, os cenários, o discurso,etc.Todas estas questões podem ser estudadas na formação sindical.

5ºTalvez seja tempo de estudar uma nova forma de reorganização sindical adoptando e potencializando o território de modo a conseguir-se uma melhor participação dos desempregados e trabalhadores precários bem como até de alguns reformados.As uniões distritais não cumprem tais objectivos.Uma organização sindical mais próxima animaria a vida sindical.Não vejo que esta forma de organização sindical seja concorrente dos partidos políticos.

No quadro desta crise de ataque inédito aos direitos dos trabalhadores e aos seus interesses estratégicos a CGTP pode sair mais reforçada, mais forte e mais coesa, ou,pelo contrário  uma organização cansada pelos combates, burocrática,ritualista e reduzida a uma organização assente apenas nos militantes que resistiram à tempestade.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O MILAGRE DE CAXINAS E A SEGURANÇA DE QUEM TRABALHA!

Salvas as devidas proporções o caso do salvamento dos pescadores de Caxinas tem algumas semelhanças com o caso dos 32 mineiros do Chile enterrados alguns meses no solo.Muita emoção,muita exploração dos meios de comunicação social e a transformação dos mineiros em heróis.Falou-se, no entanto, muito pouco de segurança nas minas.Por isso, tudo continua igual no Chile!

Também estes pescadores tiveram um fim feliz.Falou-se muito de milagres, de emoção e muito pouco de condições de segurança das embarcações e de formação das tripulações.Basta uma breve análise á imprensa dos últimos dias e ficamos com a ideia de uma sobreexploração do factor sorte,do milagre, dos actos mais ou menos heróicos dos pescadores.

De vez em quando, e a terminar uma notícia ou a reportagem, vem uma nota a falar da rádio- baliza , um sistema que emite um sinal de localização em caso de emergência.A «Virgem do Sameiro», o barco que se afundou não tinha este sistema.Pelos vistos o sistema para todas as embarcações custa caro.O Secretário de Estado do Mar, Pinto de Abreu, e segundo o Jornal Público,lembrou que em 2009 o programa «Segurança é viver» previa uma dotação de oito milhões de euros da qual só metade foi assegurada.Essa verba foi usada para aquisição de algum equipamento como a balsa salvavidas do barco que agora se afundou.

Segundo o mesmo jornal um dos sobreviventes teria desabafado que «durante o tempo que estiveram perdidos nada comeram.Era suposto a balsa ter aprovisionamentos.Mas só encontramos água e medicamentos»Ora nem mais.Existe um problema de cultura de sgurança e de formação das tripulações como diria o Director da Mútua dos Pescadores em conferencia de imprensa que lembrou o número anormal de acidentes deste género e falou em falta de qualificação das tripulações.É suposto que antes de qualquer viagem se faça o ponto de situação dos meios de salvamento e segurança através de uma chek-List, ou lista de verificação!
Certtamente que esta questão será salientada no inquérito do acidente.Que sejam tomadas mais medidas de segurança e de formação dos pescadores.Pescadores que falaram muito pouco do acidente, a começar pelo Mestre do Virgem do Sameiro!Com todo o respeito que nos merece a fé destes pescadores e seus familiares não podemos ter uma cultura de segurança se não discernirmos entre o que é fé e o que são medidas de segurança para não perder vidas!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MULHERES JOVENS SOFREM MAIS VIOLENCIA NO TRABALHO NO SECTOR DA SAÚDE!

Estudo conclui que ocorrem diversas manifestações de violencia no trabalho no sector da saúde, com destaque para o assédio moral e sexual, agressões físicas e psicológicas.

Estes riscos estão frequentemente presentes em instituições de saúde da cidade de Córdova (Espanha) afectando um número significativo de trabalhadores.

As situações de violencia detectados afectam predominantemente as mulheres e em especial as mulheres jovens!
Esta situação é comum a outros sectores da saúde noutros países e tende a agravar-se com o aprofundamento da cise económica e com as medidas de ataque ao Estado Social.
VER ESTUDO

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A IDEOLOGIA DA AUSTERIDADE!

A austeridade tornou-se uma verdadeira ideologia, isto é, um pensamento (uma visão) legitimador de uma economia e de um modelo de relações sociais. Uma economia subordinada aos «mercados» ou seja ao capital financeiro e especulador que gera dinâmicas de concentração do capital e de desigualdade social inéditas na Europa.
Para se conseguir essa concentração da riqueza nas mãos de alguns aplicam-se políticas de austeridade para a maioria da população, políticas, aliás, já experimentadas pelo FMI noutros locais do globo!
Para que as políticas de austeridade sejam assumidas pelos povos sem grande contestação utilizam-se os «media» apropriados em geral pelos grandes grupos económicos beneficiários destas políticas. De facto, os meios de comunicação social desempenham hoje um papel chave na manipulação do pensamento como, aliás, os investigadores sociais explicam muito bem. Por outro lado reforçam-se os «meios de segurança», não vá o diabo tecê-las!
O medo é outro instrumento da ideologia da austeridade. Dizendo que não existem alternativas á austeridade senão o caos, consegue-se domesticar as pessoas que se disponibilizam para aceitar tudo, nomeadamente a perda de direitos e até cortes drásticos nos seus parcos rendimentos.
Neste momento existem assim duas políticas e duas culturas em confronto: uma que considera que será através da austeridade e de reformas estruturais que nos redimimos do passado e voltaremos a crescer; outra considera que a austeridade pura e dura impede o crescimento económico e aprofunda as desigualdades sociais. É óbvio que a UE rica, em particular a Alemanha, assumiu a primeira política ou seja a da austeridade e das reformas estruturais. É a política do FMI! As reformas estruturais são a constituição de um outro modelo de relações laborais e de Estado que permitam um crescimento económico socialmente mais injusto, beneficiando apenas um pequeno setor da população.
A ideologia da austeridade nórdica ainda tem uma outra componente de cariz racista com raízes geográficas e culturais. O norte protestante e rico considera o sul pobre e católico incapaz de se regenerar e, em geral, preguiçoso! É um elemento ideológico importante na medida em que legitima por um lado e desvirtua por outro as relações comerciais de desigualdade frequentes entre o norte e o sul. Apenas um exemplo, em tempos de avultados subsídios comunitários á agricultura portuguesa, pela década de noventa do seculo passado, compraram-se inúmeras máquinas agrícolas, algumas bem sofisticadas e particularmente caras. Sabem quem as vendeu? A Finlândia, a Suécia etc…Ou seja, o dinheiro do subsídio vinha para o sul mas rumava depois para o Norte!
Frente a uma ideologia da austeridade há que construir uma cultura da sobriedade. O consumismo incentivado pelo mercado é a outra face da austeridade. A sobriedade, porém, é a cultura do desenvolvimento económico sustentado social e ambientalmente. A sobriedade exige auto - controlo individual e coletivo, promovendo a qualidade de vida, a satisfação das necessidades fundamentais de todos, sem hipotecar o presente nem futuro!
O consumismo como ideologia e prática não voltará certamente, pese alguns sectores da população ainda sonharem com o regresso de tal paraíso! Nas mudanças em curso será necessário, porém, promover a cultura da partilha e da cooperação, afirmação de direitos e deveres para todos, sem privilégios e sem castas. Uma cultura da igualdade que combata a caridade institucionalizada que se reforça enquanto se alargam as valas da desigualdade

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ACIDENTES DE TRABALHO.Jovens trabalhadores sofrem mais acidentes!

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho desenvolveu um conjunto de informação sobre os acidentes de trabalho e os jovens trabalhadores na Europa.

Por toda a Europa, os jovens dos 18 aos 24 anos de idade têm, pelo menos, mais 50% de probabilidades de sofrerem lesões no local de trabalho do que os trabalhadores mais experientes. Os jovens são também mais propensos a sofrer de doenças profissionais.



Por detrás das estatísticas, existem histórias que podem ser contadas na primeira pessoa. Jovens forçados a viver com as consequências de acidentes e doenças. Jovens que morrem quando ainda tinham toda a vida pela frente.

São muitos os factores que contribuem para os riscos a que estes jovens estão sujeitos. No entanto, para todos eles existe uma solução ao nosso alcance. Quer sejamos empregadores, educadores, técnicos de saúde e segurança, decisores políticos ou jovens trabalhadores - todos temos o dever de zelar pela saúde e segurança dos jovens no trabalho.

Por que motivo são os jovens vulneráveis?

Novos na empresa e no cargo que ocupam, os jovens carecem de experiência, pelo que podem não prestar a devida atenção aos riscos que se lhes deparam:

podem não possuir ainda a maturidade física e psicológica necessária

podem não possuir conhecimentos e formação suficientes

podem não conhecer os deveres da entidade patronal e os seus próprios deveres e direitos

podem não se sentir confiantes para falar sempre que houver um problema.

Por seu lado, a entidade patronal pode não tomar em devida conta a vulnerabilidade dos jovens trabalhadores, embora deva garantir-lhes a formação, a supervisão e os mecanismos de salvaguarda de que necessitam, bem como atribuir-lhes tarefas adequadas às suas especificidades.

Ver mais informação

sábado, 26 de novembro de 2011

A GREVE GERAL, OS INDIGNADOS E O PS!

A greve geral de 24 de Novembro foi forte no sector público e fraca no privado, embora globalmente melhor do que a última, também realizada a 24 do mesmo mês de 2010.A grande ameaça do desemprego e a precariedade esvaziam em larga medida o direito à  greve estipulado na Constituição!Por outro lado têm sido os trabalhadores do Estado e das empresas pública que mais têm perdido rendimentos no último ano .

Relativamente á greve do ano passado existiram algumas dinâmicas sociais interessantes.Maior apoio moral da sociedade aos grevistas e a notória confluência com o movimento sindical do movimento dos «indignados» e das organizações profissionais dos militares e forças de segurança, também fortemente afectadas nos seus rendimentos e condições de trabalho.

O movimento dos indignados ainda está em definição estratégica e com bastante inorganicidade....Duas linhas estão em confronto:uma que pretende ser mobilizadora das pessoas, alargando a sua base de apoio ,mas numa via de conflito brando;uma outra mais radical e de maior confronto social mas que pode perder apoios e emergir como um movimento de  guerrilha de rua!
Seria aliás interessante que se procurassem outros locais simbólicos para as manifestações e concentrações e não tanto as escadas da Assembleia da República!Um movimento novo não pode estar tão obcecado pelas escadas do Parlamento que o actual poder na sua fraqueza, considera intocável!

A questão central que esta greve levanta é se pode alterar de algum modo as políticas!Estamos conscientes de que nada.Quando muito pode inibir uma ou outra medida!Estamos a ser governados de fora.Este Governo com a sua ideologia neo-liberal agrava os problemas do País e as consequências da aplicação do memorando da troika.

As greves em cada país da União realizadas de forma isolada não chegarão para alterar a situação!Apenas uma acção concertada á escala europeia , uma acção que envolva o maior número de países e com sectores estratégicos como os rodoviários, ferrovias e aeroportos.Infelizmente para todos os trabalhadores a CES não está capaz de ser o cérebro dessa mobilização!

Finalmente devo confessar que fiquei relativamente surpreendido com o não apoio do Secretário Geral do PS á greve geral!Este partido, o maior da esquerda portuguesa, continua a manifestar uma difícil relação com os movimentos dos trabalhadores.Estando na oposição, com a pior situação de sempre das classes trabalhadoras,o PS não apoia uma greve geral convocada pelas centrais sindicais onde militam os sindicalistas socialistas!Tem medo de quê o José Seguro?Das agências de rating?No mesmo dia uma delas baixou Portugal!Da troika?No memorando não se retira o direito de se apoiar uma greve!Do Governo?Este também ficou admirado!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

VIDA DE CAMIONISTA! Estudo brasileiro!

«Este estudo tem o intuito de caracterizar a atividade do motorista de caminhão quanto à demanda do trabalho e aos desafios impostos pela sua organização do trabalho.

Foi utilizado o método da Análise Coletiva do Trabalho, que descreve

a atividade a partir dos depoimentos dos trabalhadores durante reuniões com

pesquisadores, com foco nos fatores que poderiam atuar como determinantes

de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Um total de 100 motoristas

de duas empresas, submetidos a jornadas distintas de trabalho, participaram

das reuniões.»Ver estudo

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

VOU FAZER GREVE, CLARO!!

No dia 24 de Novembro vou fazer greve geral!Vou fazer greve por muitas razões de natureza laboral e que diminuiram os meus rendimentos nos últimos anos.Mas vou para a greve em particular por uma razão política essencial.Vou fazer greve enquanto não proíbem a greve aos funcionários públicos!Admirados?

Por acaso o Estado já não rasgou várias vezes o contrato de trabalho com os funcionários públicos?Ao decidir cortes salariais sem diminuição do tempo de trabalho e á revelia da contratação e negociação sindical?Ao decidir mudar o vínculo que cada um tinha e tornando-nos a quase todos passíveis de despedimento?Ao fazer leis que permitem pagar metade aos que estiverem na mobilidade?Ao decretarem sobretaxas sobre o subsídio do natal de 2011 e, por fim, ao roubar-nos os subsídios de Natal e férias em 2012?Ao ameaçar com despedimentos?

Se continuarmos a pensar em não perder o dinheiro do dia de greve e em ficar bem na fotografia  não nos podemos lamentar depois quando vierem novas medidas com destaque para :

-Aumento do horário de trabalho;
-Aumento do tempo para a reforma;
-Passagem á mobilidade;
- Revisão da legislação para facilitar despedimento

A Greve Geral é assim uma forma de contestar este Estado que não tem palavra nem honra!Já não é um Estado democrático!Santo Agostinho dizia que um Estado que não  faz justiça assemelha-se a um bando de ladrões! Pois aí está!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A CULTURA DA DESIGUALDADE!

Nos últimos tempos é notória uma certa dinâmica cultural manifestada pelas classes ricas que querem marcar ostensivamente as distâncias relativamente ao geral da população. Mais que uma cultura da diferença, perfeitamente legítima, exprimem e incentivam uma cultura da desigualdade.

Fazem inclusive questão em marcar essa desigualdade nas suas manifestações da vida quotidiana, na forma como habitam (condomínios fechados), como fazem as suas festas, como se vestem, os carros que compram.
Nos bastidores da política de austeridade está de facto uma cultura da desigualdade!

Consideram esta forma de agir uma distinção de classe, um tique aristocrático e recriam-se em estabelecer limites aos outros tratando-os com desprezo. Consideram que o que têm é legítimo e merecido, mesmo que não tenham mexido a ponta de uma palha! Têm tiques de casta, são particularmente narcísicos e, a maioria, extremamente vulneráveis. Para eles o mundo gira á sua volta e os outros estão aí para os servir, para trabalharem para eles a baixos salários e sem horários, claro! A palavra igualdade provoca-lhes urticária.


O mais grave, porém, é que esta cultura que eles segregam contamina outras pessoas que desde a escola foram colonizados e se tornaram acríticos e manipuláveis. O desejo legítimo de viver melhor não se pode confundir com a adoção de uma cultura da desigualdade, bebendo os tiques dos ricos e a sua maneira de pensar! Nada mais trágico do que ver alguém vestir a camisola de outrem e esquecer a sua identidade! A dominação começa precisamente no momento em que o dominado pretende imitar o dominador! No fundo está possuído pelo dominador!

Combater a cultura da desigualdade é fundamental para não nos deixarmos dominar e construirmos o nosso trajeto de vida com autonomia e identidade!

Este combate passa por um trabalho cultural e político a que os sindicatos e organizações cívicas deveriam dar mais espaço e importância. Afirmar uma cultura da igualdade económica e social, na diferença de cada um, é um valor histórico e atual dos movimentos de trabalhadores. É que o pensamento neo-liberal afirma em todo o mundo a «lei do mais forte e mais hábil» sem se interessar pelas razões (condições materiais e espirituais) que estão na base da desigualdade entre as pessoas. Essa lógica levada ao extremo pode fundamentar a liquidação da maioria da humanidade!

A igualdade do movimento operário e socialista não é o igualitarismo castrador mas também não é a mera igualdade de oportunidades e muito menos a cultura da casta e das elites. Tendo em conta estas balizas os conteúdos de uma verdadeira igualdade devem ser hoje repensados, onde seja tida em conta o mérito e esforço de cada um, sem que a sociedade deixe, no entanto, que se reproduzam as dominações de quem acumula á custa do trabalho de outros.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

VIOLENCIA SOBRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE! Situação portuguesa!

O presente relatório, baseado nos formulários entrados na DGS via on-line, no ano de 2010, reflete a diversidade das situações e realidade em que os profissionais de saúde exercem as suas funções, encontrando-se, assim, sujeitos à violência oriunda quer dos utentes/famílias que recorrem aos serviços de saúde, quer dos parceiros e funcionários das instituições.



«....Após o tratamento dos dados, verifica-se que:


a) existe uma diminuição das ocorrências de violência, o que se pode dever a iniciativas

locais conducentes à melhoria da qualidade dos serviços, prevenindo e diminuindo as

situações de violência ou, por outro lado, diminuição do reporte de casos.

b) o maior número de episódios de violência ocorre nos hospitais e, com menos

frequência nos centros de saúde, possivelmente por neles existirem maior número de

profissionais de saúde e por se encontrarem nas urgências hospitalares maior

percentagem de situação agudas.

c) nos hospitais, os serviços de internamento de psiquiatria e urgência correspondem ao

locais onde ocorrem maior número de situações de violência, à semelhança do que

acontece noutros países (Gascon et al., 2009) e em relatórios anteriores. Pode existir

uma relação com estes locais de ocorrência devido à condição psíquica do doente, no

caso da psiquiatria e quanto à urgência, por ser uma das portas de entrada para o SNS;

d) em todas as regiões de saúde, as vítimas predominantes são os enfermeiros e os

médicos;

e) a vítima é, geralmente, do sexo feminino com idade compreendida entre os 30 a 49
anos;

f) os tipos de violência com maior expressão são a injúria, violência física e

discriminação/ameaça;

g) o agressor é, frequentemente, o doente/utente/cliente, do sexo masculino e com idade

compreendida entre os 40-59 anos;

h) a maioria das vítimas revelou-se muito insatisfeita perante a forma como a instituição

geriu os episódios de violência, considerando em 50% dos casos que esses episódios

poderiam ter sido prevenidos e reconhecendo, em igual proporção, que os atos de

violência contra os profissionais de saúde na instituição em causa são habituais.
......Ver documento

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TRABALHO NA EUROPA DEGRADOU-SE!

O trabalho na Europa tem vindo a degradar-se.Relatório do Centro de Estudos do Emprego,organismo frances, constata que ,segundo dados dos inqueritos europeus realizados, as condições de trabalho se degradaram entre 1995 e 2005 em 15 países mais antigos na UE.

O trabalhador europeu continua a sofrer penosidades físicas e pressões devidas a trabalho intenso.Por outro lado, as tarefas são hoje menos complexas deixando pouca margem á aprendizagem e á criatividade!
Em 2005 a Grecia e Portugal apresentavam o pior nível de qualidade de vida no trabalho .Em dez anos a Alemanha e Itália sofreram uma deterioração, enquanto que a Austria e Irlanda registavam uma melhoria! Ver

sábado, 12 de novembro de 2011

GREVE GERAL EUROPEIA?

Há muitos trabalhadores que hoje se interrogam se não seria altura para se fazer uma greve geral europeia.Altura seria,pois nunca tivemos no pós-guerra uma ofensiva de tal envergadura contra os direitos fundamentais dos trabalhadores.

Esta ofensiva é, aliás, transversal, pois afecta mais ou menos todos os paises e todos os trabalhadores europeus. Porém, ela não se convoca porque, infelizmente, a este nível as questões estão muito pouco maduras no interior das organizações sindicais europeias.

No último congresso da Confederação Europeia de Sindicatos o ano passado a questão é abordada e obviamente pensada por muita gente no interior dos sindicatos.No documento de acção final pode ler-se:« para criar uma correlação de forças favorável é necessário proporcionar formas de acção que partam dos locais de trabalho, incorporando no nosso debate o conceito de «greve geral europeia», sua viabilidade e possíveis formas.Lutamos para que o conceito de «greve transnacional» se incorpore no direito europeu.»

 Portanto a CES está á espera de debater o conceito e de que o mesmo venha a ser reconhecido no direito europeu!Bem pode esperar sentada!Imaginem que no passado os sindicatos estavam á espera que  o direito a oitos horas de trabalho e outras conquistas fossem reconhecidas pelo direito de cada país!

O problema é complexo e mostra que nesta ofensiva os sindicatos europeus estão em parte manietados!Uma parte dos dirigentes da CES desconfiam dela própria!Ainda há pouco li um artigo de um dirigente sindical da Função Pública portuguesa em que considerava a CES e a CSI uma criação do grande capital.
Por outro lado vários sindicalistas da CES de países do Leste consideram que dentro da Confederação Europeia estão  comunistas, o seu anterior inimigo!Por outro lado há dirigentes da CES que estão instalados e fazem do sindicalismo uma carreira profissional.São profissionais de uma instituição europeia e como tal são burocratas e legalistas....O castelo está sitiado e ainda debatem a legalidade de pegarem na espada!

Uma grande parte das organizações sindicais continuam assim com dificuldade em dar passos significativos para um novo patamar a que nos obriga a realidade presente!São muitos os sindicalistas que têm essa consciência!Outros continuam a fazer congressos, seminários e viagens;a fazer congressos e disputas que são mais partidárias (poder) do que sindicais!
Mas o que está verdadeiramente na mesa é o que já os primeiros animadores do movimento operário pediam, ou seja a unidade de todos os trabalhadores para além dos países tal como faz,aliás, o capital financeiro.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

UGT TEM BLOGUE PARA A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO!

Prevenir é agir diz o blogue de SST da União Geral de Trabalhadores de Portugal!Uma iniciativa recente daquela Central sindical que visa criar um espaço para abordar as questões de sáude laboral!É importante que as organizações sindicais dediquem cada vez mais espaço e meios á prevenção de riscos profissionais e à promoção da saúde dos trabalhadores.Ver

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PROPOSTAS PARA O BEM ESTAR NO TRABALHO!

A 5 de Novembro de 2009 o Primeiro Ministro francês solicita a um conjunto de personalidades e aos parceiros sociais um relatório onde fossem apresentadas propostas para a melhoria da saúde psicológica no trabalho..

Trata-se de um relatório com uma dimensão muito prática e elaborado por pessoas que procuram apresentar medidas concreta que ajudem a concretizar nas empresas, no quadro do trabalho assalariado,  algo que não é fácil, ou seja, bem estar e  eficácia no trabalho.
O documento tem apenas 19 páginas em francês e apresenta 10 propostas possíveis segundo os autores.Mais uma prova de que é possível debater as relações sociais para além da desvalorização do trabalho e do ataque aos direitos dos trabalhadores....Ver

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ASSÉDIO NO TRABALHO: Cuidar e reprimir não basta!

«... o assédio psicológico no trabalho pode compreender-se como o sintoma ou indicador de uma violência instituída que visa a desestabilização psicológica dos indivíduos e a destruição dos colectivos de trabalho, a fim de impor uma lógica organizacional onde os interesses do capital prevalecem sobre qualquer outra consideração humana.

Esta violência traduz-se na precarização do emprego, na sobrecarga de trabalho constante, nos modos de gestão que criam um clima de competição,num discurso de gestão que apela ao aumento do investimento e a implicação total do sujeito no seu trabalho, numa cultura de violência psicológica banalizada ou mesmo incentivada pelas pessoas em posição de autoridade, em processos de comunicação e tomada de decisão truncados...» Ver artigo de Chantal Leclerc da Universidade de Quebec na da Revista Laboreal


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LISTAS DE VERIFICAÇÃO PARA COMBATER RISCOS NO TRABALHO!

O site da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) publica um conjunto de listas de verificação que podem ser de grande utilidade na acção preventiva dos riscos profissionais nos locais de trabalho.

Para além de uma lista para actividades básicas podem ser consultadas outras para o aminato, queda de objectos, operadores de caixa, padarias,trabalho com visores e riscos electricos entre outros.Ver

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MINEIROS DO CHILE: tudo igual!

Pese o grande acidente que ocorreu o ano passado nas minas chilenas de San Jose em que ficaram  enterrados durante meses 33 mineiros e, pese as promessas do Presidente Piñera em rever toda a segurança das minas do país, tudo continua igual!

 O parlamento do Chile, entretanto, considerou que a responsabilidade era dos proprietários das minas (privatizadas) e pediu para que fossem tomadas medidas.
Perante esta situação várias organizações sindicais estão a pressionar o governo chileno para tomar medidas concretas.Também podes ajudar!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

E DEPOIS DA GREVE GERAL?

Vamos ter uma nova greve geral a 24 de Novembro, no mesmo dia, aliás da que foi realizada há um ano!O que mudou entretanto?Muito na situação social e política e pouco no campo sindical!Neste as coisas estão como estavam há um ano!

Depois da greve do ano passado cada Central Sindical foi à sua vida, os trabalhadores que aderiram tiveram a oportunidade de protestar contra as ameaças e medidas de Sócrates, em particular os funcionários públicos, claro!Sócrates, entretanto também foi estudar filosofia e ainda veio um outro primeiro ministro que faz tudo ao contrário do que tinha prometido!A situação piorou para todos os trabalhadores:mais desemprego, mais cortes, mais impostos!Vamos a outra greve geral igual à do ano passado, com os mesmos protagonistas e de 24 horas!E depois?Voltamos ao mesmo?

A próxima greve geral pode ser diferente e não ser um mero protesto repetido e ordeiro!Pode ser algo de novo que dê esperança a quem trabalha e tenha alguma eficácia.Mas teria que existir uma outra visão política e estratégica dos seus principais actores.Nesta linha seria importante:

1º CGTP , UGT e sindicatos não filiados prepararem a greve geral em conjunto.Reuniões nos locais de trabalho conjuntas com distribuição de documentos preparados e cuidados no discurso, explicando o que está em curso e o que se vai fazer a seguir á greve geral.

2.Preparação conjunta de propostas a apresentar no Concelho de concertação social, nomeadamente sobre salário mínimo, reforma,despedimentos, participação nas empresas, formação profissional, recibos verdes/precariedade e horários, saúde no trabalho -tudo no quadro de revitalização da contratação colectiva.

3. Trabalhar para se constituir uma plataforma sindical e social, plural consistente em Portugal capaz de mobilizar cada vez mais camadas da sociedade e  tornar eficaz a luta contra a subversão neoliberal e conservadora em curso.

Sei que existem muitos sindicalistas que gostariam de alinhar num processo destes.Uns não o fazem por fidelidades partidárias, outros porque estão presos a pactos políticos do passado que dividiram as forças sindicais e ainda outros que perspectivam o sindicalismo na concorrência sindical como fosse uma empresa!
Idealista-dizem alguns!De facto , eu diria pragmático, para além de uma dose de esperança!Mas, por acaso temos outro caminho em Portugal e na Europa? Temos, claro, é o que estamos a seguir e, se nada se fizer,vamos perder muito do que se ganhou no século XX!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PROFESSORES DEVEM CUIDAR DA VOZ!

Estudo que revela um aspecto que tem vindo a ser investigado em vários países: a voz é um instrumento fundamental de trabalho dos professores.Tenha cuidado!

A carga horária excessiva e o ambiente físico (poeiras, ambiente seco, quimicos) entre outras causas podem conduzir a problemas na voz, inclusive a problemas crónicos!
O estudo aqui publicado aponta várias estratégias e medidas de precaução a ter em conta por cada professor mas também pelas escolas, enquanto locais de trabalho que devem oferecer condições de trabalho seguras e saudáveis!Ver estudo

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

ACIDENTES DE TRABALHO: CGTP edita guia de direitos dos trabalhadores!

«A responsabilidade por acidente de trabalho é uma responsabilidade objectiva, pelo risco da própria prestaçãode trabalho, a cargo da entidade empregadora independentementeda verificação de culpa;


• A entidade empregadora está obrigada a transferir esta responsabilidade para uma entidade seguradora, mediante seguro legal obrigatório;


• Os danos indemnizáveis são apenas aqueles que resultam da redução ou extinção da capacidade produtiva do sinistrado, medida em função do rendimento obtido através da relação de trabalho geradora do acidente. Todos os outros danos eventualmente resultantes do acidente de trabalho são irrelevantes para este efeito.»

A CGTP acaba de editar um guia dos direitos dos trabalhadores no capítulo da reparação dos acidentes de trabalho.A estrutura do guia, através de questões que são respondidas de forma simples,´tem um carácter didático que muito ajuda a entender os direitos e os benefícios que o trabalhador tem quando ocorrem os acidentes e se fica incapacitado.Ver guia

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

CÓDIGO DE ÉTICA PARA A INSPECÇÃO DO TRABALHO!

Há tempos a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) traduziu e publicou para português um texto muito interessante para orientar a actividade das inspecções do trabalho de todo o mundo.«Código Global para a Integridade da Inspecção do Trabalho» é um texto da Associação Internacional da Inspecção do Trabalho e que serve para promover a ética na acção inspectiva como serviço público.

Uma acção inspectiva de qualidade é fundamental para promover o trabalho digno e locais de trabalho seguros e saudáveis.Promover a qualidade de vida no trabalho é hoje um desafio corajoso que se coloca com grande acuidade aos inspectores do trabalho.Um desafio que está sustentado na Constituição, nas convenções da OIT , legislação nacional e comunitária!
Todavia, sabemos bem como no dia a dia, e num contexto de desvalorização do trabalho, é difícil implementar o diálogo social nas empresas e defender os direitos de quem trabalha!

Daí que seja importante a sociedade e os parceiros sociais, nomeadamente os sindicatos, acompanharem de perto a actividade dos organismos de inspecção.Como estão a trabalhar, quais os problemas e carencias e se efectivamente cumprem a sua missão!

Por vezes, nem os próprios governantes acompanham devidamente os organismos de inspecção e não sabem bem qual a sua missão!Isto revela que existe muito amadurismo na governação hodierna, pese a complexidade de que se reveste hoje a gestão política das instituições.Ver Código

terça-feira, 18 de outubro de 2011

SAÚDE MENTAL NOS LOCAIS DE TRABALHO!

No passado dia 10 a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho publicou um relatório sobre a doença mental e locais de trabalho no mundo.Estima-se que mais de 20% das pessoas sofrem ou já sofreram problemas de stress ou depressão entre outros problemas psíquicos ligados aos locais de trabalho.

Com o actual contexto económico e social, em particular com o OE para 2012 esta situação vai piorar, nomeadamente em Portugal tal como já acontece na Grécia onde a taxa de suícidios subiu de forma preocupante.Os locais de trabalho vão degradar-se e nesse contexto a nossa saúde mental irá também ressentir-se.Resistir e lutar é necessário também no aspecto de saúde mental!Ver relatório em inglês

domingo, 16 de outubro de 2011

SINDICALISMO PORTUGUÊS: O Plano de Acção para o congresso da CGTP(II)

Já existe um esboço de projecto de programa de acção para o XII Congresso da CGTP.Numa primeira leitura da versão 2 saltam-me diversas ideias e considerações com uma sensação de já visto....

1ª Será que hoje se justifica um Programa de Acção de cinquenta ou sessenta páginas?Não seria melhor fazer um documento de 20 páginas no máximo onde fosse clara a estratégia para os próximos anos, bem definidos os combates , os valores e objectivos do movimento sindical?
Um documento tão extenso e complexo não é de fácil leitura, nem de fácil redacção e debate.

2ªEmbora o texto mostre que são vários os redactores nota-se em alguns capítulos uma linguagem estereotipada e, em alguns casos, uma colagem demasiado óbvia aos conceitos e análise do Partido Comunista.

3ªEsta versão é muito pobre em algumas temáticas que hoje são particularmente actuais e importantes para os trabalhadores.É o caso por exemplo das políticas de saúde e segurança dos trabalhadores;políticas de prevenção dos riscos profissionais, em particular toda a temática dos riscos psicossociais que o documento nem refere.Apenas existe um desenvolvimento da reparação dos acidentes e brevíssimas referencias à segurança e saúde.É muito pouco para uma Central que desenvolveu iniciativas interessantes nestas matérias .

4ªOutra questão pouco abordada e que merece maior aprofundamento é, sem dúvida, a questão da União Europeia e da organização sindical respectiva a Confederação Europeia de Sindicatos (CES).A análise desta questão segue muito de perto(demasiado) a análise do Partido Comunista.No seio das correntes sindicais da CGTP há pontos de vista diversos sobre o futuro da UE e as saídas para a crise actual.Há muita análise sobre o que é a UE mas depois  não se avança quase nada sobre qual é a UE desejada pela CGTP para além de uma Europa de paz e desenvolvimento e de harmonização no progresso que, sendo justas tais perspectivas ,ainda fica tudo muito no vago!
Uma Central como a CGTP tem aqui que fazer um esforço muito maior sobre a natureza contraditória da União Europeia, das forças em presença, dos seus interesses e objectivos, da sua possível e desejável arquitectura política e social.
Relativamente á questão da CES coloca-se a mesma questão.Qual o balanço que a Central faz da sua participação nesta Confederação, que políticas defende ali e que empenhamento tem sido o seu para que a CES seja mais combativa?

Enfim o documento está em construção, tem temas já com algum aprofundamento e actualização.No entanto é necessário um esforço de não dizer o óbvio, o já dito por outros, as colagens/repetições de outros textos.Um documento para a acção deve ser mobilizador, inovador,aglutinador e consensual na estratégia.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MORRER NO TRABALHO É BANAL!

Nos últimos dias ocorreram diversos acidentes de trabalho fatais que são um sintoma de que as condições de trabalho se estão a agravar em Portugal.Vejamos alguns detectados na imprensa nos últimos dois dias:

Dia 11 de Outubro:

.-Morre um jovem de 20 anos nas Minas da Pnasqueira atingido por pedras na cabeça;
.-Dois operários de 28 e 36 anos são internados em estado grave após ferimentos na sequencia de uma explosão no Hospital da Lapa no Porto.
-Um trabalhador de 56 anos morre após queda do telhado da empresa em Gandra, Braga.
-Um bombeiro é retirado de um incendio no Grande Porto depois de se sentir mal.

No dia 12 de Outubro:

Um trabalhador de 31 anos morre ao cair no poço do elevador de um hotel em Guimaraes;
-Um jovem de 24 anos de Felqueiras morre ao levar com uma tampa de esgoto na cabeça.

É impressionante , a maioria dos sinistrados é jovem e, embora as notícias não sejam concludentes, estão em causa as condições de segurança do trabalho.

Mas quando lemos a notícia sobre as penas do tribunal das Caldas da Rainha dadas aos condenados pelo acidente de há dez anos na A15 em que morreram quatro trabalhadores e onze ficaram feridos verificamos que o crime compensa!Levaram entre dois a cinco anos de prisão, com pena suspensa e uma multa de mil euros!O tribunal connsiderou que os aguidos eram todos bons rapazes o que certamente não está em causa!Agora que a segurança falhou e alguém foi responsável não há dúvidas! Então porquê penas tão benévolas?