Estou convicto de que a pandemia da COVID 19 pode criar as condições para a emergência de
sociedades autoritárias e ainti-sindicais.
As pestes serviram no passado para amedrontar
as populações e reforçar o poder das elites e classes dominantes e
privilegiadas.Acusavam-se os adversários de bruxedo e os culpados pelas
pandemias e calavam-se as revoltas populares com sangue.
Hoje, apesar dos avanços civilizacionais, a
pandemia também pode justificar e está a justificar medidas restritivas das
liberdades e criar condições para a emergência de sociedades menos livres e até
autoritárias, sem falar dos grandes lucros das multinacionais farmaceuticas.
As pandemias reforçam os medos, afastam-nos
uns dos outros, reforçam a cultura do individualismo e isolamento e do
«salve-se quem puder».É um fenómeno sócio-biológico ameaçador da saúde e da
liberdade das pessoas.Não podemos fugir e desertar.
As organizações de trabalhadores terão que
pensar como actuar nesta nova situação .De algum modo também se joga hoje o
futuro do sindicalismo.Eis alguns contributos que pouco ou nada terão de novo
mas que são importantes:
1º Mesmo com maior risco não podemos abandonar
os locais de trabalho.Reforçar a unidade nos locais de trabalho e religar o
sindicato aos trabalhadores que trabalham à distancia.Reforçar a unidade na
diversidade no interior das próprias organizações sindicais;Melhorar os
contactos online,tornar as páginas web sindicais muito mais apelativas e
interactivas, reforçar os contactos nas redes sociais;melhorar o contacto
pessoal em especial com os delegados sindicais para que estes não se sintam
abandonados.
2. Reforçar a formação sindical e em especial
os representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho.
3.Promover a nível nacional e europeu novas
formas de articulação e ação internacional para enfrentar as politicas anti -sindicais
e autoritárias.Há que dar sinais claros ao capital que o movimento sindical vai
superar esta situação com afirmação de unidade, deixando velhas divisões
ideológicas e promovendo compromissos e alianças progressistas.Há que barrar o
caminho á extrema direita e ao neofascismo que progridem no quadro da pandemia.
4.Promover e solidificar alianças com os
movimentos sociais ecologistas, verdes , precários,associações de luta pela
coesão do território e emancipação das comunidades locais contra a mineração, a
desertificação e a delapidação dos recursos.
Estamos a viver tempos muito perigosos que
exigem muita lucidez de todos nós e muita humildade democrática.O futuro do
sindicalismo joga-se na sua capacidade histórica de estar no interior das lutas
por um trabalho digno no quadro do
combate a um capitalismo que vai mudando de natureza mas continua predador e explorador da natureza e dos trabalhadores
e trabalhadoras.