quinta-feira, 29 de maio de 2014

O STRESSE NO TRABALHO VISTO PELO NAPO!

«O stresse no trabalho é responsável por uma grande percentagem de dias de trabalho perdidos e o número
de pessoas que sofrem de doenças relacionadas com o stresse está a aumentar. No seu estilo divertido do costume, o Napo identifica algumas das causas do stresse no trabalho, incluindo o excessivo volume de trabalho, baixos níveis de controlo, pressão constante, comportamento inaceitável, falta de respeito, mudanças no local de trabalho, mau planeamento e instruções contraditórias responsáveis por erros, fadiga, esgotamento, exaustão e fraco desempenho.
Os riscos psicossociais no trabalho podem ser geridos de uma forma eficaz, tendo em conta que a gestão dos riscos contribui para o bem-estar dos trabalhadores e o desempenho das empresas. A prevenção é o mais importante. O filme destina-se a todos os ambientes laborais e visa promover o debate sobre alguns dos principais problemas com que se deparam trabalhadores, gestores e diretores.Ver aqui


terça-feira, 27 de maio de 2014

BARRAGENS KILLER?

As barragens do norte, todas da EDP, têm sido notícia pelos piores motivos, ou seja, pela morte de trabalhadores. É em Vieira do Minho, é em Foz Tua, é no Sabor, enfim, uma quantidade de obras envolvendo milhares de trabalhadores e centenas de empresas subcontratadas! Os inspetores do trabalho procuram acompanhar as obras, algumas de grande complexidade, e suspendem frequentemente uma ou outra frente de trabalho! O que é que está a acontecer? Pois, a crise tem as costas largas! Existe menor investimento na segurança e saúde no trabalho? É possível! Ou seja a EDP mudou de mãos e a sua racionalidade hoje é outra! Já foi tempo em que esta empresa era apontada como exemplo nestas matérias! Será que estas obras não exigiriam um plano especial de vigilância da parte da ACT, inclusive com apoio técnico especializado aos inspetores do trabalho, caso sendo necessário? Mas, fundamental seria não cortar no orçamento desta entidade inspetiva para que a mesma tivesse viaturas e gasóleo para as mesmas. Mas, quem está tão interessado em que o nosso mercado funcione livremente e os acionistas e investidores sejam bem remunerados não pensará certamente na morte de simples operários de quem nem o nome se conhece! Não entendo é o silêncio do sindicato da construção do norte que faz tanta propaganda e agora não tem falado muito! Todos queremos emprego mas com dignidade, ou seja, também em condições de segurança! Estas barragens do norte matam! São verdadeiramente barragens Killers! O que se faz é pouco, portanto!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

SAÚDE NO TRABALHO: uma portaria para «inglês ver»?

Segundo portaria recentemente publicada, a nº112 /2014, a partir de 22 de junho próximo os centros de saúde ficarão encarregues de mais uma tarefa, ou seja, a de prestar os cuidados de saúde primários no âmbito da saúde no trabalho. A quem? Aos trabalhadores independentes e do serviço domestico, artesão, pescadores e trabalhadores de microempresas!
 Os médicos, que não foram consultados para o efeito, encontram-se agora com mais um sério problema para resolver. De uma penada o ministério da saúde obriga os médicos de clínica geral a fazerem de médicos do trabalho! A questão seria para rir se não fosse tão séria!
Desde o início que a legislação tinha previsto que para aqueles trabalhadores pudesse existir uma resposta do Serviço Nacional de Saúde! Não estava mal vista a questão, pois o legislador não só considerava a saúde laboral uma questão de saúde pública como permitiria o acompanhamento dos trabalhadores independentes, agricultores, pescadores e de pequenas empresas a custos reduzidos. Todavia, esta portaria será apenas para «inglês ver»? É que, sendo a sério, tal exigiria a implementação de uma componente de saúde laboral em alguns dos centros de saúde com recrutamento de médicos e enfermeiros do trabalho e formação dos clínicos gerais e eventual reforço de equipamento. Não basta dizer aos que ali trabalham para fazerem também saúde laboral!
 Ora, num contexto de grandes cortes orçamentais na saúde não se vislumbra qualquer investimento nesta matéria! Tal seria claramente uma aposta no reforço da saúde laboral pública, incluindo também outros técnicos para apoio na prevenção dos riscos psicossociais, claramente em ascensão nos tempos que correm e que são causa importante de dias perdidos de trabalho e de problemas de saúde bem graves! Esta dimensão não está prevista na portaria.
 Tal estratégia leva tempo a implementar e deve ser construída com os técnicos dos respetivos centros. Existe também uma hipótese algo perversa que é o ministério da saúde promover aqui mais um negócio para conseguir uns dinheiros obrigando os trabalhadores dos centros de saúde a doses cavalares de trabalho.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

QUEM SOFRE DE STRESSE É UM FRACO?

Segundo alguns estudos, nomeadamente da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, revelam que 50 a 60% de todos os dias de trabalho perdido podem ser atribuídos ao stresse relacionado com o trabalho. Por outro lado, 28% dos europeus sentem que a exposição a riscos psicossociais afetam o seu bem -estar mental.
Relativamente às causas 72% dos trabalhadores consideram que a reorganização do trabalho ou a insegurança no emprego constituem as principais causas do stresse laboral. Metade dos patrões e gestores europeus respondem em alguns inquéritos que não acreditam que os seus trabalhadores tenham ou venham a ter problemas de stresse e que o problema é muito difícil de gerir. Ora, antes de mais há que combater a ideia muito enraizada, ainda hoje, nos patrões e dirigentes de que o trabalhador ou trabalhadora que se queixa de stresse é um fraco.
Há gestores e dirigentes que, até terem a primeira quebra, pensam que o mundo é para os fortes. Recentemente vi um anúncio num jornal par diretor comercial que colocava como uma das condições«uma forte motivação e capacidade de resistência ao stresse»
O stresse é visto como uma debilidade psicológica que afeta apenas pessoas moles, sem objetivos e com problemas em casa! Nada mais errado!
 O stresse pode afetar qualquer pessoa, nomeadamente os mais guerreiros e os que pensam que enfrentam todos os obstáculos. De facto, o stresse laboral é uma questão organizacional e não individual, embora possam existir características pessoais que facilitem a situação. Neste sentido é importante estudar, através de uma avaliação de riscos, a organização da empresa ou dos serviços e adotar um plano de prevenção.
Os trabalhadores afetados não devem esconder a situação com receio de que sejam considerados pessoas fracas. Reconhecer a situação e procurar as causas é uma medida de coragem. Aliás, estas situações nunca poderão ser resolvidas de forma solitária. As organizações de trabalhadores existentes nas empresas devem dar uma atenção progressiva aos riscos psicossociais!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

AMIANTO NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS-é para levar a sério?

O que se passa com o caso do amianto em edifícios públicos em Portugal é um exemplo de como funcionam os portugueses perante ameaças á saúde pública e até ameaças de outro tipo que, felizmente, não temos enfrentado nas últimas décadas, para além de algum acidente rodoviário ou uma cheia mais ou menos controlável!
Em geral o caso aparece na imprensa e ganha um eco tal que necessariamente obriga a que as entidades mais ou menos responsáveis se pronunciem de forma célere com medo de que, caso o não façam, possam aparecer como não competentes aos olhos da opinião pública! O caso da gripe das aves é paradigmático e valeria a pena estudá-lo. Agora temos o caso do amianto.
 A imprensa obrigou as entidades públicas a reconhecerem que não estavam a fazer nada no caso dos edifícios públicos com amianto, apesar das resoluções da Assembleia da República e decretos do governo publicados no Diário da República.
Perante a situação é solicitada a cada ministério uma lista elaborada a «olhómetro» de edifícios com amianto. Esta lista, que deveria estar elaborada em março e entregue á ACT, tarda em chegar, para além de ser um trabalho pouco útil ou melhor dito, será uma perda de tempo. Porquê? Porque seria muito mais rápido e eficaz que esta lista fosse elaborada por técnicos que definissem de imediato, após avaliação de riscos, quais os locais a intervencionar para se tomarem adequadas medidas de prevenção, nomeadamente remover ou enclausurar o amianto.
A lista que foi pedida a cada ministério como um primeiro levantamento foi apenas um paliativo burocrático para calar a imprensa e descansar a opinião pública em vésperas de eleições! Foi um expediente barato ao Estado que, no fundo, está indiferente relativamente á morte de funcionários públicos! Será que na Função Pública alguém se interessa realmente pela sorte de algum funcionário? Claro que não! A degradação das relações de trabalho chegou a tal ponto que o destino de cada um é absolutamente indiferente para os que dirigem o Estado.
De facto é importante que não se caia no alarmismo. Mas em Portugal tenho mais medo do contrário, ou seja, de que nada se leve a sério! Tudo se relativiza, se arranjem paninhos quentes para tudo, em particular para retirar responsabilidades e poupar em nome da austeridade! Será que a questão do amianto nos edifícios públicos não vai cair no esquecimento e a verdadeira intervenção nunca se fará? É possível se não estivermos atentos! Todos os trabalhadores, os sindicatos e a imprensa!

TRAFICO DE SERES HUMANOS AUMENTA!

Em Abril passado o Observatório do Tráfico de Seres Humanos publicou o seu Relatório sobre 2013.Comparativamente a 212 foram sinalizadas mais vítimas, com um aumento de 146%. 
Os números gerais do relatório mostram o seguinte cenário: entre as 299 pessoas sinalizadas como sendo potencialmente vítimas de tráfico em Portugal há 49 menores e 250 adultos. A maioria são estrangeiros. Os romenos são os mais representados (185 sinalizações, incluindo seis menores com uma média de idades de oito anos), mas também há cidadãos da Guiné-Bissau, Nigéria, Brasil, Bulgária...
Quanto a portugueses sinalizados como potenciais vitimas de tráfico de seres humanos, em território nacional, são 31, dos quais 17 menores de idade (com uma média de 13 anos). Há ainda nove cidadãos portugueses sinalizados no estrangeiro como potenciais vítimas – o que representa uma redução de 80% em relação às sinalizações feitas em 2012, segundo o relatório: "O decréscimo de sinalizações no estrangeiro é explicável pela ausência de grandes ocorrências no estrangeiro durante 2013: em 2012 uma só ocorrência envolveu 35 presumíveis vítimas (suspeita de exploração laboral na Alemanha)."
 Se no caso dos 250 adultos sinalizados a suspeita de exploração laboral era a mais frequente (ela está presente em 198 denúncias feitas em Portugal), entre as crianças e jovens é a de exploração sexual. As presumíveis vítimas são, em geral, meninas, entre os 13 e os 17 anos, da Nigéria, Guiné-Bissau e também algumas portuguesas.
A maioria do tráfico para exploração laboral sinalizou-se no Alentejo e Ribatejo nas explorações agrícolas que produzem para a agroindústria ou para os mercados de grandes cidades como Lisboa e Madrid (legumes) Estas explorações são elogiadas por este governo pela sua eficácia exportadora! Pudera!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

TURQUIA:mineiros pagam com a vida falta de segurança!

Ceca de 250 mineiros turcos morreram após uma explosão numa mina em Soma, na Turquia! O Primeiro -Ministro e a sua comitiva foram apedrejados quando se aproximaram do local! 
Nas profundidades da mina ainda se encontra mais de uma centena de mineiros bloqueados pelo fogo e certamente condenados num acidente que ficará registado como o mais trágico da história laboral daquele país. De assinalar a reação popular que se manifestou junto da empresa mineira em Istambul e na famosa Praça Taksim sede de todos os protestos turcos! ASSASSINOS! Foi a palavra escrita na sede da empresa!
Tal como no grande desastre mineiro do Chile em 2010, também aqui há responsáveis pois a empresa foi avisada sobre as deficientíssimas condições de segurança existentes! Responsáveis políticos e empresariais. O destino deles deveria ser a cadeia após apuramento do grau de responsabilidade! Infelizmente em alguns países o crime compensa! As multas por falta de segurança são tão ridículas que não investir nas condições de trabalho é lucrativo! Este acontecimento, que o governo quer banalizar está a criar grandes ondas de contestação, servindo para as pessoas se consciencializarem que não existem tragédias inevitáveis, nomeadamente no mundo do trabalho.
Todos os acidentes têm causas e a negligência paga-se cara, com vidas humanas! Uma mina não pode ser um local de exploração criminosa de trabalhadores em benefício de uma elite económica ou política! É um trabalho de alto risco que exige severas medidas de segurança e promoção da saúde dos trabalhadores! Os sindicatos turcos estão a reagir e têm naturalmente a solidariedade sindical internacional. Bernardete Segol Secretária Geral da CES lamenta e espera que a Turquia invista na segurança e saúde dos trabalhadores.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

MELHORAR CONDIÇÕES DE TRABALHO NAS PESCAS-um passo à frente!

A ACT vai lançar neste mês de maio mais uma campanha de melhoria das condições de trabalho, agora destinada às pescas portuguesas.
 No programa de justificação desta ação aquela entidade refere, a dado momento, o seguinte quadro sobre as condições de trabalho naquele setor: «A atividade produtiva desenvolve-se em local de trabalho longe de terra firme, com exposição dos trabalhadores a fatores ambientais, balanços dos postos de trabalhos, a trabalho em espaços confinados, a ruídos e vibrações, e a uma ampla gama de variações climáticas e culturais, como por exemplo a privação do convívio familiar.
 E mesmo em momentos de descanso o trabalhador está alerta para agir em eventuais emergências e imprevistos na embarcação. Acresce ser frequente a precariedade na relação laboral e a prática de horários de trabalho atípicos que assumem um impacto fortemente negativo nas condições de segurança e de saúde no trabalho.»
 O conceito de «horários atípicos» é apenas um eufemismo para designar horários pesados, ou, em muitos casos, trabalho sem horários! Os acidentes mortais devem-se em larga medida aos naufrágios. Mas também existem acidentes devidos às práticas de trabalho, deficiências organizativas e aos equipamentos. Em 2010 contabilizaram-se mais de 1200 acidentes de trabalho, com 13 mortais. Doenças profissionais, quantas serão ao certo? Ninguém sabe!
Como objetivos desta campanha foram definidos os seguintes pela ACT:
«Esta Campanha, inserida no “Plano de Atividades da Autoridade para as Condições do Trabalho” de 2014, tem como objetivo estratégico a promoção da melhoria das condições do trabalho no setor da pesca. Este Objetivo estratégico consubstancia-se nos seguintes objetivos operacionais:
a) Combater (eliminar/reduzir/controlar) os riscos centrais para a segurança e saúde dos trabalhadores do setor da pesca com vista à redução da sinistralidade laboral e da incidência de doenças profissionais, a saber:
 i. Os riscos de quedas ao mesmo nível a níveis diferentes, cortes choques e pancadas;
 ii. Os riscos ergonómicos resultantes do trabalho com posturas incorretas e da movimentação manual de cargas;
 iii. Os riscos mecânicos associados ao uso de máquinas e equipamentos; Os riscos físicos (ruído e vibrações) associados à utilização de equipamentos de
 iv. Os riscos psicossociais relacionados com as interações sociais negativas que o trabalho e a sua organização podem encerrar.
b) Reforçar o nível de cumprimento das prescrições legais relativas quer a relações laborais, quer à segurança e saúde no trabalho;
 c) Promover o reforço da capacidade de intervenção dos parceiros sociais e institucionais do setor contribuindo para a melhoria dos níveis de bem-estar no trabalho;
d) Melhorar a capacidade de comunicação e de atuação da ACT e as competências dos seus profissionais.» Espera-se que a partir desta Campanha a ACT intervenha de forma mais vigorosa no setor das pescas, nomeadamente em termos inspetivos promovendo relações laborais com respeito pelos direitos dos pescadores. Campanha pode ser seguida em www.act.gov.pt

sexta-feira, 9 de maio de 2014

PARA A HISTÓRIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO (VII)

Período da crise do euro

 Em Abril de 2009 a ACT organiza em Lisboa o congresso mundial das Inspecções do Trabalho (AIIT). O papel da inspecção do trabalho no mundo globalizado.
 A 3 de Junho no âmbito do 4º Seminário Internacional «Da escola ao trabalho: o ensino em segurança e saúde no trabalho» é apresentada em Lisboa a «CARTA DE LISBOA» documento que sucede ao «Protocolo do Quebeque» e à «Declaração de Berlim».O evento é organizado em parceria pela ACT e o Comité Internacional para a Educação e a Formação para a Prevenção da AISS. 
Aumentam os despedimentos colectivos, muitos deles ilegais, de norte a sul e a ACT é solicitada de forma inusitada. 
É publicada a Lei nº102/2009 que regulamenta o regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho. Mais um diploma sobre a matéria16 anos após o Decreto -Lei nº26/94. É publicada a Lei nº98/2009 de 4 de Setembro que regulamenta o regime de reparação de acidentes de trabalho e de doenças profissionais. 
 A Agência Europeia para a Segurança e saúde no Trabalho lança a campanha Europeia sobre avaliação de riscos. ACT coordena esta campanha.
 A CGTP lança uma página especializada em saúde e segurança do trabalho no seu site oficial. 
 Em 2010 O CARIT/SLIC (comité europeu dos inspectores do trabalho) lança uma campanha europeia sobre prevenção de substâncias perigosas. ACT coordena a nível europeu.
 Com o segundo Governo PS (Sócrates) é convidada para Ministro do Trabalho a sindicalista portuguesa da CES Helena André. Com a nomeação de um novo Inspetor - Geral do Trabalho, Luís Forte, é dado um segundo fôlego à Autoridade para as Condições do Trabalho que se vê reforçada com mais 150 inspectores do trabalho e algumas dezenas de técnicos. 
A 20 de Dezembro é publicada uma Resolução da Assembleia da República nº139/2010 que recomenda ao Governo a redução da sinistralidade do tractor e dos acidentes no meio rural. Quase todas as semanas acontecem acidentes mortais com tractores.
 Em Junho de 2011, após eleições legislativas, o novo Governo (PSD/CDS) decide colocar a ACT sob tutela do Ministério da Economia. 
 Em 2012 aprofunda-se a crise económica e social. Duplicam os despedimentos coletivos e salários em atraso. Nova revisão do código do trabalho no sentido da flexibilização dos horários de trabalho e despedimentos.
 Realizam-se duas greves gerais, uma delas a 14 de Novembro, com caráter ibérico e de solidariedade europeia. 
O Conselho Nacional de Higiene e Segurança no Trabalho (CNHST) é extinto. Efetivamente nunca chegou verdadeiramente a funcionar desde que foi criado. A 31 de Julho de 2012 é publicada a nova lei orgânica da ACT. Que prevê uma estrutura menor a nível regional. Nesta nova fase cai a figura do Coordenador Executivo para a Segurança e Saúde no Trabalho e a ACT passa a ser dirigida por um Inspetor Geral e dois subinspetores gerais. Esta modificação é vista como o aprofundamento da subalternização da prevenção á ação inspetiva. CGTP não concorda com este figurino. 
É publicado o Decreto -lei nº 24/1012 que consolida as prescrições mínimas em matéria de proteção dos trabalhadores contra riscos para a segurança e saúde devido à exposição a agentes químicos no trabalho. Por Resolução da Assembleia da República nº109/2012 é aprovada a Convenção nº184 da OIT sobre segurança e a saúde na Agricultura adotada pela Conferencia Geral daquela Organização na sua 89ª sessão realizada em Genebra em 2001.
 Durante este ano (2012) a ACT desenvolve uma campanha europeia de prevenção dos riscos psicossociais no setor da saúde. Campanha foi promovida pelo Comité Europeu das Inspeções do trabalho (SLIC), em toda a Europa. 
Estudos efetuados sobre a eleição de representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho mostram que este movimento continua muito lento nas empresas.
 Em 2013 aprofunda-se a crise económica e social e é nomeada, por concurso, uma nova Direção da ACT agora composta por um Inspetor geral da ACT, Pedro Braz, e dois subinspetores gerais, todos inspetores do trabalho. No quadro dos cortes na despesa pública a ACT sofre uma grande diminuição no seu orçamento que a impede de desenvolver a sua atividade com normalidade. 
Regista-se em novembro uma nova greve geral conjunta CGTP e UGT. Esta Central tem um novo Secretário -Geral (Carlos Silva). 
A tutela da ACT passa novamente para o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social dirigido por Mota Soares (CDS). A ACT realiza várias ações inspetivas na agricultura e encontra muitos trabalhadores estrangeiros clandestinos e sem condições de trabalho, em particular romenos e outros trabalhadores do Leste, bem como asiáticos. Nos últimos anos regista-se uma diminuição acentuada dos acidentes mortais em Portugal. Todavia, não podemos ignorar que se atingiram taxas históricas de desemprego e perda de qualidade do mesmo com aumento vertiginoso da precariedade do trabalho jovem.

terça-feira, 6 de maio de 2014

REFORÇAR O PODER DOS TRABALHADORES?

O Congresso mundial de 2014 da Confederação Sindical Internacional (CSI) tem como tema a necessidade de reforçar o poder dos trabalhadores em todo o mundo! Um objetivo estratégico fundamental nos dias conturbados de hoje, caso queiramos manter o mundo na senda do progresso, da justiça e democracia real e não apenas formal e manipulada pelos grandes interesses económicos!
Perante um modelo dominante de exploração e desvalorização do trabalho, com baixos salários, precarização e trabalho inseguro teremos que promover o combate pelo trabalho digno, pela justiça social e pelo controlo das grandes multinacionais. O desemprego mundial afeta mais de 200 milhões de pessoas, em particular os jovens trabalhadores. A precariedade é a nova cultura do velho capitalismo predador!
Para este combate é necessário reforçar substancialmente o poder dos trabalhadores em todo o mundo. O poder dos homens, mulheres e jovens nos sindicatos e outras organizações combativas pela dignidade e pelo trabalho com direitos. O desafio é enorme! A população ativa no mundo ronda os 2.900 milhões, enquanto que a mão de obra formal representa 1700 milhões, sendo a sindicalizada apenas de 200 milhões, ou seja 7% dos trabalhadores. Em Portugal a taxa de sindicalização não ultrapassará os 18% em 4, 5 milhões de trabalhadores.
 Esta situação mostra claramente que existe um largo campo de trabalho e de organização para reforçar o poder dos trabalhadores no mundo e no país! Sem este reforço não será fácil ultrapassar as dificuldades que temos presentemente na defesa dos direitos sociais e no futuro de uma sociedade democrática e com uma economia de justiça social. Trabalhando, porém, nos limites atuais, ou seja, com as balizas que temos para manter os territórios sindicais controlados (capelas concorrenciais e burocráticas) não será fácil obter grandes avanços neste óbvio objetivo de reforço do poder dos trabalhadores.
Algo de novo terá que emergir para que as novas classes trabalhadoras considerem como vital a organização do seu poder, com os atuais ou com novos instrumentos políticos e sociais. Essa novidade será uma forma de organização adequada ao novo trabalhador e á atual forma de capitalismo.O sindicato atual ainda está estruturalmente ligado a uma fase industrial em que era necessário organizar a força muscular do trabalhador!Hoje, temos um novo trabalhador que o atual capitalismo explora também, ou principalmente, na sua dimensão intelectual!
A nossa perceção, a dos mais velhos, é a de que os mais jovens não estão muito motivados para constituírem organizações que os defendam e promovam os seus interesses. De certo modo estamos a passar por uma fase de deserto, de erosão de valores e formas de organização com a possível emergência de outras formas mais adequadas. São momentos complexos da história que terão o seu desenvolvimento mas que exigem a nossa compreensão e intervenção. A História moderna ensina que sem o poder dos trabalhadores as sociedades não avançam e podem até regredir…..

sexta-feira, 2 de maio de 2014

CAMPANHA: gerir o stresse ou prevenir o stresse?

No próximo dia 8 de maio, em Lisboa, será lançada em Portugal pela ACT, enquanto Ponto Focal Nacional da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, a Campanha Europeia 2014/15 gestão do stresse e dos riscos psicossociais no trabalho.
 Uma campanha pertinente, sem dúvida, pela temática, dado o contexto em que os trabalhadores europeus e, em particular, os portugueses vivem! Honra seja feita á Agência Europeia, não apenas pela informação que produz, mas também pelas temáticas oportunas que escolhe.
Todavia, tenho uma objeção de fundo sobre esta questão e que deixo aqui abordada muito superficialmente. Lamento o facto de que no discurso da Agência se tenha assumido o conceito de «gestão» do stresse e dos riscos psicossociais e não o conceito de «prevenção» do stresse! Não tenho dúvidas de que se vai falar de prevenção na campanha, como é óbvio! Todavia, são dois pontos de partida diferentes e com um importante significado ideológico!
Uma parte do principio de que teremos sempre stresse e riscos psicossociais nos locais de trabalho, sendo apenas necessário fazer a sua gestão, e outra, considera que o ponto de partida é prevenir não admitindo locais do trabalho com stresse. Uma considera que até poderá «ser bom» um pouco de stresse nos trabalhadores como dizem alguns gestores, para que se tornem mais competitivos e enfrentem os picos de produção, enquanto que a outra considera que um ambiente saudável de trabalho não precisa de tais estímulos pois existem outros mais saudáveis. Alguns até falam em stresse bom e stresse mau! E permitem-se revelar que apenas trabalham bem com um pouco de stresse!
 Perguntamos: e quanto lhes vai custar em termos de saúde essa forma de trabalhar ao longo da vida? Considerando que cada trabalhador reage de forma diferente ao stresse a melhor forma é prevenir as causas do mesmo na empresa. As causas do stresse e dos riscos psicossociais devem fazer parte da avaliação de riscos e da sua prevenção!
Claro que a prevenção dos riscos profissionais exige ser integrada no sistema de gestão da empresa. Se a gestão é predadora e destruidora da saúde dos trabalhadores não será possível uma boa gestão do stresse. Poderá existir propaganda como acontece em algumas empresas!
Embora se diga por aí que não «Existe risco zero» isso, sendo verdade, não me ajuda nada! A luta será precisamente para atingir o objetivo de risco zero! Tal como dizemos que queremos atingir o acidente zero! A palavra gerir é ambígua! Eu posso gerir pensando apenas nos custos financeiros e muito pouco na saúde das pessoas!
Esperamos que ao longo da Campanha a visão gestionária ou tecnocrática da saúde laboral não seja dominante e possa ser combatida pela visão prevencionista e de promoção da saúde dos trabalhadores em tensão permanente com a organização do trabalho capitalista.
Pessoalmente considero que a política da Agência Europeia tem um discurso que não se coaduna muito com o discurso e a prática das outras instituições europeias. A Agência preocupa-se com as questões das condições de trabalho e a Comissão vai aplicando políticas de flexibilidade laboral e de desvalorização do trabalho em particular nos países intervencionados pela Troika! Esquizofrenia europeia! Ver campanha em www.act.gov,pt