Faltam seis meses para as Jornadas Mundiais da Juventude que , segundo os organizadores poderão
concentrar em Lisboa um milhão de jovens.
Embora acompanhando o evento de forma lateral,
de fora do evento,como aliás muitos portugueses, não me é indiferente esta
manifestação politico religiosa que mobiliza a Igreja Católica e a sociedade
portuguesa, nomeadamente o governo, as autarquias e dioceses
Permitam-me, no entanto, algumas reflexões
críticas.Não sobre o preço do palco altar, ou sobre os milhões que Lisboa vai
gastar enquanto tantos imigrantes e desalojados vivem na rua desta cidade!Não
deixam de me sensibilizar estas noticias, claro...e até deveriam ser
informações a dar aos jovens que caminham para Lisboa.
Na preparação desta mobilização juvenil vejo pouca substância teológica e social e muitos actos simbólicos , alguns deles próprios de uma pastoral tradicionalista e pietista.As páginas do facebook e do site da organização das Jornadas manifestam um pietismo pre -concílio Vaticano II.
Os apelos à oração e os actos piedosos tradicionalistas que circulam pelas
dioceses sobrepõem-se a uma reflexão e debate sobre a juventude e a sua
situação social, os desafios do presente e do futuro como a guerra que assola a
Europa, o custo de vida e as alterações climáticas.Que tipo de espiritualidade
alimenta esta mobilização?É toda uma linguagem acomodada, burguesa, numa
estratégia que tem um pé no modelo festivaleiro(ver caso do palco) e outro numa
espiritualidade ritualista e pouco ou nada comprometida com a vida
concreta.Parece que tudo se passa noutro mundo, que este evento paira sobre
toda a realidade que vivemos.
As Jornadas correm assim o risco de pouco
significarem ou contribuirem para uma pastoral juvenil actualizada e
consistente que coloque os jovens como actores da comprensão e transformação da
realidade social e eclesial em qiue vivem nos seus países.Estas Jornadas correm
o risco de não serem mais do que um grande evento mediático, acrítico e
festivaleiro, pleno de balões, cruzes e hossanas.
E viva o papa!A figura carismática de Francisco
vai ser o centro, a estrela desses dias, certamente coloridos e bem vividos
pelos milhares de jovens de todo o mundo.Será que os organizadores e
alimentadores da iniciativa vivem neste mundo?Querem demonstar o quê?