São muitos os investigadores sociais e filósofos que nos dizem que estamos numa fase da História em
que estando em crise vários valores tradicionais vão emergindo novos valores, alguns dos quais entrando em choque com os anteriores.Falamos em conflito de gerações, de mentalidades , enfim de ideologias, de visões do mundo e da vida!
Partidos políticos, igrejas,associações,
empresas e fundações vão trabalhando as ideias , produzindo valores e procurando
fazer valer as suas, promovendo-as nos «midia»,nas artes, na política e até e
principalmente nas universidades, nas escolas de gestão e finança.
Mas, nas últimas décadas do século passado e
deste século os grandes actores da
promoção de valores, em particular do mercado,são as grandes multinacionais.Elas
estimularam e beneficiaram da globalização com os avanços tecnológicos na
comunicação e informação e promoveram o mercado global como o «grande senhor»,
o maestro do progresso capitalista, da exploração desenfreada dos recursos da
natureza e humanos.Os avanços enormes na mobilidade,nomeadamente na aviação e
na rodovia e na comunicação, com a internet, permitem às multinacionais um
desempenho extraordinário e uma acumulação de capital nas mãos de poucos.A riqueza
nunca esteve tão concentrada como hoje!
As multinacionais definem a moda, o consumo
,a informação
Este mundo moderno é assim configurado pelas
grandes multinacionais ligadas aos recursos naturais e agroindústria, química e
farmaceutica bem como às teconologias de comunicação e informação.São elas que
definem a moda, os padrões de consumo,a informação que deve ser dada ao povo,
as músicas a vender no mercado , a saúde e até a gastronomia.São elas que
dominam as grandes escolas de gestão e do direito através de parcerias e
financiamentos de estudos e laboratórios.Algumas delas têm importantes interesses
em aspectos vários da logistica da guerra e na produção de armamento.
As multinacionais avançaram para formas de
organização do trabalho e de gestão que visam por um lado promover a
subcontratação e o outsourcing,e por outro, a flexibilidade , o falso trabalho
independente, o contrato individual, a destruição da negociação colectiva e a
ação sindical.Fazem a rotação de
pessoal e de gestores, promovem sistemas
de avaliação injustos e distribuição de premios segundo critérios
discriminatórios.Aparecem frequentemente com slogans e medidas de bem estar no
trabalho nos países europeus mas exploram, por vezes, o trabalho infantil,
promovem a desmatação e a exploração dos recursos de países pobres.
A ação sindical na maioria das multinacionais
está hoje muito complicada com excepção de algumas empresas alemãs onde a
cultura empresarial da cogestão ainda tem alguma tradição.Foram as comissões de
trabalhadores que se extinguiram em algumas empresas e noutras se debilitou a
estrutura sindical.A diminuição do «poder operário», das oficinas ou fábricas
dessas multinacionais e o crescimento dos quadros e colarinhos brancos
contribuiu para a menor ação sindical.Grandes fábricas que tinham centenas de
operários à cinquenta ou sessenta anos estão hoje com algumas dezenas de
engenheiros à frente de computadores.
O sindicalismo terá que superar estas novas
dificuldades próprias das mudanças profundas ocorridas no trabalho decorrentes
em particular da introdução das tecnologias de informação e comunicação e de
formas de organização do trabalho que promovem a competição entre
trabalhadores,a divisão e isolamento.O teletrabalho, no quadro da pandemia,
permitiu acelelarar o trabalho em casa de milhões de trabalhadores em todo o
mundo com proveito de várias multinacionais.
As multinacionais promovem e estimulam uma
cultura individualista e competitiva tendo por base o consumismo e a submissão
da vida às regras do mercado.Dominam a bolsa e a circulação financeira em todo
o mundo,fazem chantagem aos governos e até provocaram a queda de alguns.
Para as multinacionais não existem pessoas nem
trabalhadores, mas antes colaboradores e clientes.Estes são entes abstratos,
objectos de estudo de mercado,eventualmente descartáveis se o negócio e os
lucros dos acionistas o exigirem.As multinacionais têm várias caras e
ramificações.Na América e na Europa têm uma cara na Africa e na China outra!Aliam-se aos militares na
América Latina, aos oligarcas na Rússia, aos burocratas na UE e aos altos
funcionários do Estado na China!Para elas não existem fronteiras e, em geral,
pagam os impostos que elas mesmas querem.
Ao controlarem a tecnologia de informação e
comunicação as multinacionais estão a percorrer um caminho que nos levará cada
vez mais a uma sociedade vigiada e controlada social e polticamente.
Seremos controlados na rua,no trabalho e em
casa!
Seremos controlados na rua, no trabalho até em casa!Se não existirem resistências na
sociedade e se a democracia se degradar teremos sociedades totalitárias,
absolutamente controladas.
A «cultura» empresarial das multinacionais
conduz à competição global, à exploração desenfreasda do planeta e à sua
destruição!Têm uma «cultura» do progresso e da acumulação infinita como o nosso
planeta não se pudesse esgotar e alterar.É para a política das multinacionais
que teremos que olhar e serão elas o nosso, da humanidade, adversário
principal!Os governos, na sua maioria estão ao seu serviço, as autarquias perdoam-lhe
impostos para se inplantarem no respectivo concelho,os outros empresários são
delas dependentes nos seus negócios
Os consumidores organizados, os trabalhadores
organizados e os estados que queiram ser soberanos podem enfrentar as
multinacionais.Em vários locais do globo temos organizações de jovens
ecologistas,associações de indigenas,sindicatos de trabalhadores,diversos
movimentos sociais a lutarem ,por vezes
com risco da própria vida dos seus membros, contra as políticas e «valores»
predadores das multinacionais.