A dignidade do trabalho passa por medidas concretas para melhorar a vida
material, cultural e espiritual de quem trabalha!Passa pelo salário justo, ou
seja, pelo salário capaz de sustentar com dignidade o trabalhador e a respetiva
família.
A luta pela dignidade do trabalho,porém não passa apenas pela necessária
valorização salarial,mas também pelo reforço do poder dos trabalhadores nos
locais de trabalho, pela segurança e saúde, conciliação da vida familiar e profissional,
enfim pela defesa , consolidação e alargamento de direitos laborais e sociais
que contribuem no seu conjunto para a qualidade de vida, cidadania e bem estar
dos trabalhadores.
Os partidos da direita fazem do atual momento de luta dos trabalhadores uma
ameaça para o estado,para as conta públicas.Receiam que o descongelamento das
carreiras na Função Pública sobrecarreguem o orçamento do Estado, mas não dizem
uma palavra sobre os milhões para o sistema financeiro e para salvar empresas
de duvidosa viabilidade.A direita considera, por um lado que os sindicatos fazem
o jogo da «geriongonça» e, por outro, que as lutas dos trabalhadores
são uma «chatice» e que as suas reivindicações, nomeadamente o aumento do salário
mínimo são incomportáveis!O que a direita quer é a paz social fruto do
desemprego e precariedade, da intensificação e embaratecimento do trabalho.
Ora, os sindicatos portugueses, apesar das dificuldades organizativas e
políticas não aceitam que a economia cresça, o PIB aumente, e aqueles que são
os principais autores desse crescimento não colham alguns frutos.Estamos no
nosso pleno direito e é nossa vocação.
Todavia, enquanto a luta sindical é adequada ao momento atual tenho dúvidas
quanto á tática e estratégia política dos partidos da esquerda.Se estes
partidos mais não fazem do que secundarizar as lutas sindicais ou avançar com
reivindicações e exigências
posteriormente assumidas ou não pelo movimento sindical, sem uma visão de
futuro,poderemos ter o regresso da direita a curto prazo.Neste domínio nota-se
até uma competição partidária para ver quem arranca mais ao governo PS.
Ora, esta alternativa de governação não pode ser meramente conjuntural,
para sacar o máximo do Estado, numa tática anarquizante,eleitoralista e
oportunista, que não anarquista.Com o regresso a curto prazo da direita à
governação tudo poderá ser novamente reversível e até com nova erosão dos
direitos laborais, como a questão do direito à greve e despedimentos,ou dos
direitos sociais, como o SNS e a educação
É tempo de se lançarem os alicerces de uma nova geringonça mais substancial
com acordos no domínio do papel e funções do Estado social, relações laborais e
qualificação.Escolhendo essa via os partidos da esquerda vão ao encontro da
maioria dos seus eleitores, quiça não de todos os militantes.Porém marcarão a
história política do País e fundamentalmente marcarão a vida do povo português!Para melhor, claro!