«Não há outra volta a dar….»-diz Arménio Carlos, Secretário -Geral da CGTP a propósito da
necessidade de unidade sindical para enfrentar as medidas de destruição do Estado Social adotadas por este governo que nos desgoverna! Fala-se em confluência umas vezes, outras vezes em convergência e por vezes em unidade! Questão de palavras? Bizantinices? Claro que não! Não podemos, todavia, sobrevalorizar o acidental e subavaliar o essencial! Não podemos deitar a perder mais uma oportunidade histórica de aproximar as estruturas sindicais e os trabalhadores mais militantes! Sim, porque os restantes trabalhadores há muito que sentem a necessidade da unidade para defender direitos que estão a perder, enquanto as organizações de classe vivem de costas umas para as outras.
Não perder esta oportunidade com atos voluntaristas ou pouco sábios como há pouco se viu ali para os lados da Frente Comum a propósito da necessidade de se lutar em conjunto com os sindicatos da UGT. Naturalmente se queremos fazer uma greve em conjunto, que seja uma forte experiencia de luta em unidade, mobilizadora dos trabalhadores, não podemos iniciar o processo com declarações confusas, dizendo que cada um se amanhe como entender e declare a greve cada um por si, etc. etc…..Isto enquanto a nível de confederações a CGTP e UGT faziam esforços de entendimento, embora conjuntural!
Esta falta de sabedoria dos dirigentes sindicais desmobiliza e começa por envenenar o processo. Entende-se que a unidade a fazer não apague as diferenças! Se um sindicato coloca como objetivo da luta a demissão do governo e o outro não, é natural que se encontrem, procedimentos para garantir e expressar a diferença destes objetivos. Mas esta questão não é essencial (embora para alguns seja)!Essencial é garantir uma grande adesão dos trabalhadores para se mostrar ao governo que deve arrepiar caminho! A derrota do governo será fruto de um conjunto de fatores políticos, e económicos e sociais. Expressar a demissão do governo como uma palavra de ordem fundamental de um sindicato pode até impedir a adesão de certas camadas de trabalhadores daquele setor!
Não há outra volta a dar….pese o torcer de nariz de alguns setores partidários! A unidade, sem birras pela liderança, é o caminho incontornável. Será que Arménio Carlos e Carlos Silva já entenderam isto? Creio que sim!
O mesmo acontece em termos políticos. As esquerdas podem caminhar cada uma pelo seu caminho…todavia, se querem ser poder alternativo devem sentar-se para debater a sério como vão fazer. Não basta fazer grandes comícios onde cada um diz qual a sua posição! Todos sabemos qual é a posição de cada um! A questão é construir uma posição comum para varrer esta direita.