terça-feira, 27 de março de 2012

STRESS NO TRABALHO VAI AUMENTAR!

Acabamos de ter acesso à segunda sondagem de opinião encomendada pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho onde é revelado que o stresse relacionado com o trabalho preocupa a grande maioria dos trabalhadores europeus .
De facto, 8 em cada 10 trabalhadores europeus (80%) pensam que o número de pessoas que sofrem de stresse relacionado com o trabalho vai aumentar nos próximos cinco anosRespondem ao inquérito 35.000 pessoas de 36 países europeus!


A maioria dos europeus concorda também com a necessidade de se adotarem boas práticas em matéria de segurança e saúde no trabalho para assegurar a competitividade económica dos países.
O stresse ocupacional é um dos maiores desafios da Europa no domínio da segurança e saúde no trabalho!VER

domingo, 25 de março de 2012

PARTIDOS QUE MAIS PARECEM SINDICATOS!

Considero que o sindicalismo do futuro vai ser cada vez mais autónomo e com uma relação mais independente relativamente a estratégias partidárias ou interesses económicos.Os trabalhadores definirão esse futuro a partir das suas práticas.
Mas, hoje não é propriamente este o tema que pretendo salientar. É outro tema, também importante, e de algum modo surpreendente.Alguns partidos da esquerda portuguesa, em particular o BE e o PCP, estão a sindicalizar-se, ou seja, estão cada vez mais parecidos a sindicatos ou confundem-se muitas vezes com estes.

Nas últimas duas greves gerais foi notória esta prática que pode não ser consciente mas é, sem dúvida ,uma desvirtuação  da sua missão ou objectivo político!Alguns cartazes partidários a anunciar a Greve Geral eram muito iguais ao dos sindicatos, nomeadamente da CGTP, os respectivos líderes fizeram questão de aparecerem junto aos piquetes ou em locais mediaticamente estratégicos!Objetivamente a mensagem que os dois líderes querem fazer passar é: esta greve também é nossa ou nós estamos a liderar politicamente esta greve!Claro que a comunicação social não perde esta oportunidade para colar os dois líderes, do BE e do PCP à Greve.A posição do PS é diferente, mas frequentemente ambígua!
Não estou a dizer que os partidos da esquerda, incluindo aqui o PS, não devam apoiar as greves!Pelo contrário devem apoiar, mas de outra maneira, mais discretamente!O que me parece é que, quer o PCP, quer o BE, perante a situação complicada que se vive  colam-se ao movimento sindical e já parecem sindicatos, inclusive nos seus textos sobre os problemas laborais.Podemos assim dizer que perante a situação a esquerda, em particular o BE e o PCP, fazem deles a luta do movimento sindical e, no Parlamento, apresentam projectos concorrentes para ver quem é mais á esquerda!
Ora, se no País já temos sindicatos para que queremos nós cópias políticas de sindicatos?O que demonstra isto?Demonstra que a continuarmos assim estamos num beco sem saída político.Do que precisamos é de partidos que criem uma alternativa credível ao bloco que está no poder e que tem claramente um projecto a médio prazo de corte com o legado da Revolução de Abril.A sindicalização da esquerda é um mau sinal .O papel fundamental dos partidos da esquerda neste momento é serem capazes de um compromisso político e programático capaz de mobilizar o vasto eleitorado da esquerda.Continuar a palrar no Parlamento e a substituir os sindicatos não nos leva a nada!Claro que é uma situação cómoda...mas estéril!Entretanto, os trabalhadores sofrem os efeitos da política da austeridade e não vislumbram os frutos das suas lutas!Cada um procura salvar a sua pele....precisamos de um projecto colectivo de esperança!

sexta-feira, 23 de março de 2012

AMIANTO: um guia prático!

Os riscos das poeiras do amianto são de quando em quando falados no nosso País!Na comunicação social apenas, porque de resto pouco se fala e, mais importante, não se trata do problema de forma séria!Estamos a falar de assuntos muito pertinentes para a saúde dos trabalhadores e outros cidadãos que estejam expostos a eventuais poeiras mortais a longo prazo!

Amianto está no telhado de 600 mil edifícios.Há em Portugal cerca de 600 mil edifícios com coberturas de telhas de fibra de cimento, material que contém na sua composição entre dez a 15 por cento de amianto, um mineral cancerígeno totalmente proibido desde o ano passado, divulgou em tempos Maria do Carmo Proença, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Em Abril de 2003 foi publicada a Resolução da Assembleia da República nº24/2003 que recomendava ao governo um conjunto de inciativas, nomeadamente á inventariação no prazo de um ano de todos os edifícios públicos que contenham na sua construção amianto.Até agora não se conhece qualquer inventário sobre esta matéria!


Para apoiar a prevenção da expsoição ao amianto salientamos hoje um guia prático publicado em tempos pelo Comité dos Inspetores do trabalho europeus e que a ACT colocou acessível no seu site.VER


quarta-feira, 21 de março de 2012

SAÚDE NO TRABALHO: o risco da superficialidade!

Nos últimos anos os meios académicos, em particular das ciências sociais, vão centrando a sua atenção para os problemas de tipo psicológico que afetam os trabalhadores e até quadros dirigentes. Temos assim mais trabalhos neste domínio com particular incidência no estudo do stress e suas consequências para a saúde dos trabalhadores e produtividade das empresas, assédio moral, depressão, bulling , violência no trabalho e outros.

A par destes trabalhos académicos temos o esboço de um discurso público, de empresas e outras entidades públicas e privadas a falarem destas questões em colóquios, seminários e conferencias. Até aqui tudo bem, eu diria mesmo, é um bom sinal!


No quadro da promoção de uma cultura de segurança e saúde no trabalho é fundamental que a preocupação com a promoção da saúde de quem trabalha, nomeadamente com a prevenção dos chamados riscos psicossociais, ganhe foros de cidadania, ganhe espaço público e editorial!

No entanto, quem acompanha esta realidade questiona-se frequentemente se este movimento é mais porque os temas estão na moda no estrangeiro, nomeadamente nos países nórdicos, ou é uma genuína vontade das pessoas e instituições portuguesas! Uma vontade alicerçada no estudo e na análise da realidade e na urgência efetiva de passar á prática nos locais de trabalho.

Questiono-me se não será mais para «inglês ver» que embarcamos em muitas destas questões frequentemente tratadas em consequência da nossa inserção comunitária! Ainda é hoje frequente ouvir gente a mofar-se quando se fala em assédio moral ou stresse e no seu impacto para a saúde de muitos trabalhadores. No seu mundo preconceituoso, mesmo que licenciados, o sofrimento físico e psíquico é sempre inerente ao trabalho. Mas esta questão levar-nos-ia muito longe, nomeadamente no que respeita a uma determinada ideologia weberiana e á necessidade capitalista de disciplinar e explorar o trabalhador.

Mas, a verdade seja dita, as organizações de trabalhadores também deveriam levar mais a sério estas questões que cada vez ganham mais peso na vida doe quem trabalha. Tradicionalmente a dimensão subjetiva dos trabalhadores é quase ignorada pelos sindicatos. Estes subvalorizam também o sofrimento no trabalho, não se apercebendo que está aqui um dos principais riscos de fragmentação dos coletivos de trabalhadores. Os sindicatos devem começar também a trabalhar com os psicólogos e psiquiatras.

Crise potencia os riscos

Temos indícios efetivos de que com a crise aumentaram os riscos psicossociais nas empresas e serviços públicos! O medo de ser despedido, o assédio moral, a violência no trabalho estão aí para ficar na medida em que vai diminuindo a proteção legal do trabalhador e aumenta o desemprego! Ainda há pouco o Presidente do Sindicato dos Impostos se queixava a um jornal que a violência estava a aumentar contra os trabalhadores do fisco! E nas unidades de saúde? Muitos problemas todos os dias!

Nos últimos anos (2009, 2010, 2011 e 2012) a Autoridade para as Condições do Trabalho realizou na temática do assédio no local de trabalho, (assédio moral, sexual e violação do dever de ocupação efetiva dos trabalhadores), um total de 1515 visitas a estabelecimentos (respetivamente 409, 497, 606 e 3 até esta data), das quais resultaram 299 autos de notícia, (respetivamente 77, 79, 140 e 3 até esta data) que corresponderam a um valor de coimas de 913 895,11 €. As zonas do país com o maior número de dados registados são os grandes centros urbanos de Lisboa e Porto.

Perante esta realidade era bom que em Portugal se agarrassem estas questões no terreno. A prevenção dos riscos psicossociais tem que ser tomada muito a sério pelas empresas e sindicatos. Neste momento existe muito medo em muitas empresas portuguesas. O medo é o quadro ideal para criar doenças que custam caro às famílias e à nossa sociedade!

segunda-feira, 19 de março de 2012

OS ARTISTAS TAMBÉM SOFREM!

Um estudo sobre o trabalho dos bailarinos!Poucas vezes associamos o sofrimento ao trabalho dos artistas.Temos a noção de que eles fazem sempre o trabalho com prazer e assim não existe sofrimento na profissão!
Não é verdade.Os artistas também sofrem no trabalho!O estudo em questão aborda as estratégias de defesa destes trabalhadores.Os autores deste estudo trabalham na Faculdade de Medicina de S. Paulo, Brasil.

«..A forma como o trabalho é organizado, as relações de competição impostas que terminam por não fortalecer os coletivos de trabalho levam os bailarinos a sofrerem individualmente e a não atribuírem esse sofrimento como fruto da organização do trabalho. A identificação do caráter coletivo desse sofrimento poderia fortalecer o coletivo de trabalho, desenvolver processos de reconhecimento e cooperação e diminuir o sofrimento imposto a todos.»Ver estudo

quinta-feira, 15 de março de 2012

SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL! NÃO HÁ VERGONHA MÍNIMA!

A CGTP coloca como uma das suas principais reivindicações o aumento do salário mínimo!Faz muito bem a CGTP!Mais de 11% dos trabalhadores por contta de outrem recebem o salário mínimo, ou seja,485 euros por mês!Uma miséria!So isto vale bem uma greve geral de todos!

Um Acordo assinado por todos os Parceiros e o Governo em 2006 previa que em 2011 se chegasse aos 500 euros!Este Acordo foi mandado ás urtigas pelos patrões e pelos dois últimos governos!Assinaram na devida altura ,mas depois fizeram orlhas moucas a todas as propostas de subida!Cínicamente vão dizendo que é por causa da crise!Que vergonha!Os aumentos anuais não chegavam a um euro por dia mais concretamente o aumento seria de 25 euros em 2011!O preço de uma bica em zona turistica!O preço que qualquer empresário paga pelos seus cafés!

Mas qual quê, a indignação foi de pouca monta!Aumentar o salário mínimo é quase uma exorbitancia para o patronato português e para este Governo!Mas toda a gente sabe que o não aumento deste salário é uma das causas de pobreza e desigualdade em Portugal.Então porque se dizem tão preocupados com a pobreza, elaborando planos de emergencia social e chorando lágrimas de crocodilo pelos pobres?

E sabemos que a maioria da oferta de emprego neste momento é o salário mínimo!Não têm vergonha mínima na cara!A pobreza para este governo faz parte dos danos colaterais da grande cruzada que leva a cabo para salvar os banqueiros e os velhos e novos senhores que novamente estão a dominar o País.A resposta tem que ser dada por todos!A resignação não é caminho!Ver Acordo

terça-feira, 13 de março de 2012

RISCOS PSICOSSOCIAIS: campanha prossegue!

Promovido pela Autoridade para as Condições do Trabalho realizou-se em Lisboa, no passado dia 6 de Março,um seminário sobre a avaliação de riscos psicossociais no trabalho.

Assédio, violencia no trabalho e stress foram as principais temáticas desenvolvidas com a participação de duas centenas de pessoas, na sua maioria inspetores do trabalho e técncios do setor da saúde.Dado o interesse de algumas comunicações apresenta-se aqui im link para o site da ACT.Ver 

sexta-feira, 9 de março de 2012

REFORMA LABORAL EM ESPANHA: a mesma estratégia!

Dizia-se em tempos que a Europa era uma anã política e um gigante económico!Hoje talvez já não seja verdade.Para salvar os anéis (o capital,investidores e agiotas) compromete seriamente os dedos-a massa trabalhadora qualificada- a verdadeira riqueza económica da Europa.

A reforma laboral hoje aprovada em Espanha, sem consulta séria aos sindicatos,é muito semelhante á que foi aprovada em Portugal e certamente á que está para ser aprovada em Itália!Abertura aos depedimentos,medida cinicamente apontada para combater o desemprego,com diminuição das compensações e de todo um conjunto de medidas para diminuir os custos das empresas e os rendimentos dos trabalhadores!As centrais sindicais da vizinha Espanha apontam para uma greve geral a 29 deste mês!

Não podemos ser ingénuos.Uma mão mestra, ou de mestre, está por detrás destas medidas.Uma mão que gizou uma estratégia de destruição do modelo de relações laborais, pilar da Europa Social!Uma mão que passa por Bruxelas, pela OCDE,pelas grandes multinacionais, enfim, pelos investidores e banqueiros!Os mesmos que estão a transformar a Europa numa anã económica.Uma mão que aproveitou magistralmente a crise da dívida soberana para alcançar um objetivo que levaria anos a conseguir!

O que espanta é a impotencia com que uma larga parte das sociedades europeias assiste a esta situação.É certo que o desemprego é um poderoso inibidor social.É certo que o medo  é talvez um dos sentimentos mais espalhados nas empresas europeias....precisamente o medo de perder o emprego!

No  entanto, ainda temos sindicatos e outras organizações sociais de defesa.Não podemos esperar que a tempestade não nos atinja.Individualmente poucos se safam...em conjunto será muito melhor.
O movimento sindical europeu tem que amadurecer e agir!Uma greve geral nacional, país a país não chega!São necessárias ações europeias que apontem ao coração da economia!´Há que voltar ao respeitinho!

segunda-feira, 5 de março de 2012

TRABALHO E SAÙDE NOS EDUCADORES DO ENSINO BÁSICO!

Análise Coletiva do Trabalho foi um método utilizado para avaliar as condições de trabalho  dos professores do ensino básico do Brasil!
Um trabalho muito interessante e que pode ser inspirador de ações semelhantes.Ver

«A partir destas constatações, podemos esboçar um quadro sobre as situações que mais causam sofrimento no trabalho de professor: ver-se constrangido (por meio de avaliações ou ameaças explícitas ou veladas) a fazer o que não acha correto; não conseguir fazer o que acha correto (por falta de infra estrutura das escolas, falta de instrumentos pedagógicos, falta de tempo, falta de formação, falta de apoio), ser confrontado com situações com as quais não sabe lidar (violência, extrema pobreza), ser considerado culpado pelas mazelas da educação, sentir-se isolado nos seus problemas,sem apoio de instâncias colegiadas, não ver seu esforço nem seu trabalho reconhecidos, sentir que seu trabalho tem sido desvalorizado, social e financeiramente.
 
Em relação às fontes de prazer, destacamos o contato e a relação com crianças e jovens,descritos pelos professores como revigorantes ou prazerosos; o acompanhamento do progresso dos alunos, que os faz se sentirem úteis e dão um sentido ao seu trabalho; ser lembrados pelos alunos, provavelmente porque, como diz um professor, eu os marquei, fiz alguma coisa de bom; conseguir fazer o que acham certo; ter seu trabalho reconhecido, não só pelo pares e hierarquia mas, sobretudo, pelos próprios alunos, como nos contou, com orgulho, uma professora de uma escola rural: eu tenho caixas de bilhetes de agradecimento de alunos. E finalmente, sentirem-se amparados e poderem compartilhar as suas dificuldades.»
 
(Relações entre o Trabalho e a Saúde de Professores na Educação Básica no Brasil ,com 58 páginas)