Por filosofia pessoal não gosto que o Estado se intrometa em demasia no movimento associativo e
político!As associações devem reger-se com autonomia e liberdade através de regulamentos próprios e obedecendo às regras da democracia e do direito geral.São pessoas coletivas que procuram o bem dos seus associados e o bem comum e não podem transformar-se eventualmente em seitas, máfias ou gangs!Os partidos políticos numa democracia liberal têm especiais responsabilidades pois são através deles, quase em exclusivo,que se geram as alternativas políticas e de governação.Através dos tempos a maioria dos partidos, em particular os que passam pela governação, atraíram pessoas que são militantes por interesse próprio, tendo como objetivo o poder pessoal ou de grupo.Os próprios partidos geram essa clientela e vivem dela.Os seus dirigentes estão envolvidos em diversos negócios que financiam as campanhas eleitorais e a tomada do poder para reforçar o seu próprio negócio, a sua rede de influências.A nível local o território está demarcado.Os clubes, associações, iniciativas recebem mais apoios se forem da cor de A que está agora no poder!Nasce assim a corrupção, a gestão de influências, o poder pelo poder e, em último lugar, é que será considerado o interesse dos cidadãos e do bem comum!Esta lógica acentua-se em tempos em que os ideais e a militância esmorecem, a situação se estabiliza e a política se profissionaliza.Os partidos transformam-se em máquinas pesadas com funcionários, chefes de gabinete, assessores, motoristas.Para manter estas máquinas são necessários meios financeiros poderosos longe do alcance dos outros atores do associativismo, mesmo do sindicalismo.
As últimas notícias sobre a lei do financiamento dos partidos são dolorosas e descredibilizadoras por mais que se queira branquear a situação com explicações formais e processuais.Numa sociedade madura democraticamente e responsável, as associações, em particular os partidos e os sindicatos, deveriam viver antes de mais com as quotas dos seus militantes e simpatizantes.Todos os donativos e subsídios devem ser transparentes.As contas devem ser devidamente fiscalizadas.Havendo subsídios do Estado, como é o caso, porque diabos devem ainda os partidos ficar isentos de IVA nas suas operações?
Sei que alguns partidos têm dívidas de milhões!Isso é inaceitável!A situação financeira de que gozam os partidos e os seus dirigentes conduz a um certo autismo, a não verem a realidade para além das reuniões e comícios partidários.Se estivessem a par das dificuldades da maioria dos portugueses nunca aceitariam os privilégios de que gozam!O sectarismo e o oportunismo político casam bem com o autismo que leva ao afastamento da elite política da restante população, ao seu encerramento num mundo fechado e conduzem progressivamente à morte de uma vida democrática com participação dos cidadãos.Abre-se caminho ao chamado mundo pós-democrático, que na atual relação de forças mundial, será, quase seguramente, um mundo autoritário!
Não esperem que um presidente, perito em manobras políticas, se aproveite da situação.Retirem o diploma e façam mea culpa!
Este é um blog para comunicar com todos os que se preocupam com a promoção da segurança e saúde no trabalho, sindicalismo e relações de trabalho em Portugal , na Europa e no Mundo.
domingo, 31 de dezembro de 2017
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
DESMASCARAR A IDEOLOGIA DA EXPLORAÇÃO!
Enquanto dezenas de comentadores gritam em todos os órgãos de comunicação que o processo
reivindicativo dos trabalhadores da Autoeuropa pode ser um desastre para o País e para os próprios trabalhadores mostrando quase de forma unânime que estão do lado da empresa neste processo, ninguem lamenta, ou poucos o fazem,o processo de resstruturação anunciado pela administração dos CTT e confirmado pelo seu principal acionista, Manuel Champalimaud.Pelos vistos aqui existe paz social! a da precariedade e do assédio moral!
No que eles chamam de plano de rentabilidade está prevista uma enorme redução de pessoal, bem como de congelamento de salários e ainda de fecho de balcões.Em nome de quê? De uma maior rantabilidade do capital dos acionistas.O deus sagrado do mercado parece ter reagido muito bem ao anuncio de tal plano fazendo subir as ações da empresa.Os títulos subiram quase 5% e quem detém ações esfrega as mãos de contente sem mexer uma palha!
Agoram digam lá, meus senhores, se isto não é revoltante e uma desgraça para os trabalhadores dos CTT e para os portugueses que precisam de serviços postais e que vão ficar sem balcão.Por certo que alguns dos trabalhadores efetivos vão depois ser substituídos por trabalhadores precários, alguns imigrantes e com medo de fazerem uma greve.Ainda hoje uma moça dos CTT,distribuidora postal, com sotaque brasileiro, queria saber onde ficava uma determinada rua que ela óbviamente não conhecia! Claramente era uma novata. Ora, então a empresa pensa despedir e está admitindo?
Qual é a estratégia da gestão?Restruturar a empresa e dar-lhe uma nova mentalidade, ou seja, uma nova cultura, dizem ,uma cultura privada!Os acionistas e gestores têm uma especie de cultura messiânica quando adquirem empresas estatais.Não gostam dos trabalhadores com vínculo estável, sindicalizados e que falam em direitos!Querem trabalhadores submissos, que comunguem com eles da mesma hostilidade ao sindicato e que estejam a horas para entrar ao trabalho mas não falem em sair antes do chefe ordenar!
Meus senhores, isto não é ideologia?Isto não é a ideologia da exploração e da ausência de qualquer responsabilidade social de uma empresa?Argumentam alguns: é que se eles não fazem esta resstruturação a empresa pode ir para o descalabro.Porquê?Enquanto empresa pública os CTT deram muitos lucros e prestaram um serviço público dos melhores da Europa!
Existe efetivamente um conjunto de capitalistas que ganham bom dinheiro com este serviço, que também já é hoje um banco.E há muita gente da política que investe nestas empresas, como investe na EDP na PT etc etc.Como investem nas empresas de trabalho temporário essas fornecedoras de trabalho humano barato e precário!A ideologia da exploração toma hoje diversas formas e tem várias linguagens!Mas todas escondem o roubo do emprego, a manipulação ao serviço do dinheiro!
reivindicativo dos trabalhadores da Autoeuropa pode ser um desastre para o País e para os próprios trabalhadores mostrando quase de forma unânime que estão do lado da empresa neste processo, ninguem lamenta, ou poucos o fazem,o processo de resstruturação anunciado pela administração dos CTT e confirmado pelo seu principal acionista, Manuel Champalimaud.Pelos vistos aqui existe paz social! a da precariedade e do assédio moral!
No que eles chamam de plano de rentabilidade está prevista uma enorme redução de pessoal, bem como de congelamento de salários e ainda de fecho de balcões.Em nome de quê? De uma maior rantabilidade do capital dos acionistas.O deus sagrado do mercado parece ter reagido muito bem ao anuncio de tal plano fazendo subir as ações da empresa.Os títulos subiram quase 5% e quem detém ações esfrega as mãos de contente sem mexer uma palha!
Agoram digam lá, meus senhores, se isto não é revoltante e uma desgraça para os trabalhadores dos CTT e para os portugueses que precisam de serviços postais e que vão ficar sem balcão.Por certo que alguns dos trabalhadores efetivos vão depois ser substituídos por trabalhadores precários, alguns imigrantes e com medo de fazerem uma greve.Ainda hoje uma moça dos CTT,distribuidora postal, com sotaque brasileiro, queria saber onde ficava uma determinada rua que ela óbviamente não conhecia! Claramente era uma novata. Ora, então a empresa pensa despedir e está admitindo?
Qual é a estratégia da gestão?Restruturar a empresa e dar-lhe uma nova mentalidade, ou seja, uma nova cultura, dizem ,uma cultura privada!Os acionistas e gestores têm uma especie de cultura messiânica quando adquirem empresas estatais.Não gostam dos trabalhadores com vínculo estável, sindicalizados e que falam em direitos!Querem trabalhadores submissos, que comunguem com eles da mesma hostilidade ao sindicato e que estejam a horas para entrar ao trabalho mas não falem em sair antes do chefe ordenar!
Meus senhores, isto não é ideologia?Isto não é a ideologia da exploração e da ausência de qualquer responsabilidade social de uma empresa?Argumentam alguns: é que se eles não fazem esta resstruturação a empresa pode ir para o descalabro.Porquê?Enquanto empresa pública os CTT deram muitos lucros e prestaram um serviço público dos melhores da Europa!
Existe efetivamente um conjunto de capitalistas que ganham bom dinheiro com este serviço, que também já é hoje um banco.E há muita gente da política que investe nestas empresas, como investe na EDP na PT etc etc.Como investem nas empresas de trabalho temporário essas fornecedoras de trabalho humano barato e precário!A ideologia da exploração toma hoje diversas formas e tem várias linguagens!Mas todas escondem o roubo do emprego, a manipulação ao serviço do dinheiro!
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
SINDICALISMO E DIÁLOGO SOCIAL!
No século XX as sociedades de cariz social democrata evoluiram para aquilo a que atualmente chamamos diálogo social.Diálogo social que se institucionalizou em quase todos os países ocidentais e que, com alguma dificuldade, se vai também institucionalizando em alguns países do leste europeu.Diálogo social que na União Europeia é considerado um pilar fundamental das políticas europeias!Este sistema teve maior sucesso a seguir à segunda Grande Guerra e no tempo da «guerra fria» onde o medo do comunismo obrigou o patronato a maiores cedências..
Em Portugal e ainda na Primeira República,pelos anos de 1916,instituiu-se o Ministério do Trabalho e uma estrutura tripartida que lembra o atual Concelho de Concertação Social.Foi uma inovação que, para a época, foi vista com algum cepticismo por certos políticos republicanos mais conservadores.
Com a Ditadura militar e de salazar foram impostos os sindicatos nacionais únicos, de cariz fascista e a estrutura corporativista, em que o Estado sabia o que os trabalhadores necessitavam.
Com o 25 de Abril, e após um período revolucionário, instituiu-se um modelo de diálogo social semelhante ao que existia nas democracias ocidentais.Falta fazer a história e o balanço global do diálogo social em Portugal, nomeadamente da contratação coletiva e do macro diálogo social no Concelho de Concertação social.
Numa primeira análise, e tendo em conta alguns estudos parcelares já publicado,s o diálogo social em Portugal foi altamente condicionado pelo processo revolucionário e de ruptura que se seguiu ao golpe militar e à revolucão sequente.Ao nível da contratação coletiva as conquistas dos trabalhadores foram verdadeiramente históricas a todos os níveis, quer económicos, quer de proteção social e laboral!
Após a institucionalização da concertação social a estratégia governamental e patronal convergiram na progressiva flexibilização das relações laborais fragilizando fortemente a proteção dos trabalhadores, nomeadamente no que respeita ao despedimento, horários de trabalho e polivalencia de funções.O país, sempre dependente dos credores internacionais, era obrigado a seguir as directrizes do FMI, da OCDE, da CEE e do Banco Mundial.Tal como na atualidade!
Também existem aspetos positivos?Certamente nos acordos sectoriais de formação profissional e em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores.Do lado sindical existiram sempre duas estratégias bem diferenciadas.A UGT, muito dependente do Estado e fruto de um pacto dos dois maiores partidos do poder, foi sempre pelo caminho do mal menor e a CGTP, pouco convicta na eficácia dos macro acordos,também influenciada partidáriamente e sempre rivindicativa, apenas aceitou assinar acordos parcelares.A sua estratégia foca-se especialmente no desgaste dos sucessivos governos.
A CGTP continua a representar um sindicalismo de classe que no quadro capitalista procura retirar o máximo proveito das reivindicações, não se contentando em receber algumas migalhas.
A questão da autonomia sindical, de grande importância para o futuro do sindicalismo, coloca-se todos os dias da vida sindical.Outra dificuldade está em conseguir articular uma ação sindical reivindicativa de classe com a capacidade de negociar quando tal é vantajoso para os trabalhadores.
Alguns jovens reagem mal ás posições de um sindicalismo reivindicativo de classe.Têm dificuldade em compreender as posições sindicais de classe porque não têm formação política capaz de entender o processo de exploração numa economia capitalista.Alguns são quadros competentes na empresa e são mais sensíveis a posições de conciliação, á linguagem da gestão.Claro que, por vezes, a estratégia e linguagem do sindicato também não é a mais adequada e passa uma imagem obsoleta e pouco atrativa.
O diálogo social, não sendo a imposição do mais forte, pode desbloquear muitos problemas nas empresas e aproximar os mais jovens dos sindicatos e das comissões de trabalhadores.O sindicato não está contra a empresa, está contra a exploração dos trabalhadores.
Em Portugal e ainda na Primeira República,pelos anos de 1916,instituiu-se o Ministério do Trabalho e uma estrutura tripartida que lembra o atual Concelho de Concertação Social.Foi uma inovação que, para a época, foi vista com algum cepticismo por certos políticos republicanos mais conservadores.
Com a Ditadura militar e de salazar foram impostos os sindicatos nacionais únicos, de cariz fascista e a estrutura corporativista, em que o Estado sabia o que os trabalhadores necessitavam.
Com o 25 de Abril, e após um período revolucionário, instituiu-se um modelo de diálogo social semelhante ao que existia nas democracias ocidentais.Falta fazer a história e o balanço global do diálogo social em Portugal, nomeadamente da contratação coletiva e do macro diálogo social no Concelho de Concertação social.
Numa primeira análise, e tendo em conta alguns estudos parcelares já publicado,s o diálogo social em Portugal foi altamente condicionado pelo processo revolucionário e de ruptura que se seguiu ao golpe militar e à revolucão sequente.Ao nível da contratação coletiva as conquistas dos trabalhadores foram verdadeiramente históricas a todos os níveis, quer económicos, quer de proteção social e laboral!
Após a institucionalização da concertação social a estratégia governamental e patronal convergiram na progressiva flexibilização das relações laborais fragilizando fortemente a proteção dos trabalhadores, nomeadamente no que respeita ao despedimento, horários de trabalho e polivalencia de funções.O país, sempre dependente dos credores internacionais, era obrigado a seguir as directrizes do FMI, da OCDE, da CEE e do Banco Mundial.Tal como na atualidade!
Também existem aspetos positivos?Certamente nos acordos sectoriais de formação profissional e em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores.Do lado sindical existiram sempre duas estratégias bem diferenciadas.A UGT, muito dependente do Estado e fruto de um pacto dos dois maiores partidos do poder, foi sempre pelo caminho do mal menor e a CGTP, pouco convicta na eficácia dos macro acordos,também influenciada partidáriamente e sempre rivindicativa, apenas aceitou assinar acordos parcelares.A sua estratégia foca-se especialmente no desgaste dos sucessivos governos.
A CGTP continua a representar um sindicalismo de classe que no quadro capitalista procura retirar o máximo proveito das reivindicações, não se contentando em receber algumas migalhas.
A questão da autonomia sindical, de grande importância para o futuro do sindicalismo, coloca-se todos os dias da vida sindical.Outra dificuldade está em conseguir articular uma ação sindical reivindicativa de classe com a capacidade de negociar quando tal é vantajoso para os trabalhadores.
Alguns jovens reagem mal ás posições de um sindicalismo reivindicativo de classe.Têm dificuldade em compreender as posições sindicais de classe porque não têm formação política capaz de entender o processo de exploração numa economia capitalista.Alguns são quadros competentes na empresa e são mais sensíveis a posições de conciliação, á linguagem da gestão.Claro que, por vezes, a estratégia e linguagem do sindicato também não é a mais adequada e passa uma imagem obsoleta e pouco atrativa.
O diálogo social, não sendo a imposição do mais forte, pode desbloquear muitos problemas nas empresas e aproximar os mais jovens dos sindicatos e das comissões de trabalhadores.O sindicato não está contra a empresa, está contra a exploração dos trabalhadores.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
PARA ONDE VAI A UGT?
A entrevista do Secretário Geral da UGT, Carlos Silva,publicada hoje, dia 18 de dezembro, no jornal«Negócios» é mais um sinal de declínio de um certo sindicalismo em Portugal e no mundo!A entrevista, a ler com atenção, valerá pelo que diz mas também pelo que subentende.Sobre a negociação do salário mínimo para 2018 e sobre a legislação laboral Carlos Silva mostra-se claramente disposto a alinhar nas pretensões das organizações patronais não mexendo na legislação da troika/Passos Coelho e ficando satisfeito com a proposta governamental de 580 euros.
Sobre o conflito da Autoeuropa Carlos Silva culpa os sindicatos por não desempenharem o seu papel na empresa, o que pode ser verdade,e dá um reprimenda à Comissão de Trabalhadores, onde a UGT não tem sequer um membro, por exercer a democracia operária dizendo textualmente que «o tempo das assembleias diretactas já lá vai».
Em poucas entrevistas de sindicalistas é tão óbvia a vontade de colaborar com o poder económico e político, colocando-se o Secretário Geral da UGT numa posição negocial de partilha do poder e abdicando de uma atitude genuinamente sindical de reivindicação.Carlos Silva pertence ao grupo no PS que não gosta da «geringonça» e considera boas as alterações ao Código do Trabalho efetuadas pelo Governo de Passos Coelho.Mas há muitos camaradas seus no PS e na UGT que não concordam nada com essa posição.Elas serviram para embaratecer o valor do trabalho, retirar capacidade reivindicativa e poder aos trabalhadores!
Por outro lado Carlos Silva ao afirmar de uma forma tão brutal que o tempo das assembleias diretas já lá vai assume as posições mais conservadoras e tecnocráticas apenas aceitáveis a alguns gestores,políticos de direita e empresários!Com as novas tecnologias é hoje mais possível do que nunca a participação alargada dos trabalhadores no voto e nas reuniões.E na Autoeuropa não esteve a votação uma media qualquer, mas sim um acordo de empresa que justifica perfeitamente uma ampla discussão com todos os trabalhadores!Porventura o modelo sindical da UGT não prevê este tipo de prática que é inerente à própria identidade operária, ao sindicalismo mais genuino.A Comissão de Trabalhadores faz muito bem e tem uma prática excelente e verdadeiramente ao serviço dos trabalhadores.Não pratica o sindicalismo de cúpula, de gabinete, em que os eleitos decidem sem dar cavaco às bases!O facto de um trabalhador ser eleito para uma estrutura sindical ou outra de representação não lhe dá o poder de decidir sempre e sobre todas as questões sem consultar os mesmos trabalhadores!
Apenas posso dizer sinceramente que, com esta entrevista, mais uma vez Carlos Silva desiludiu muita gente e deixou outros intrigados!
Sobre o conflito da Autoeuropa Carlos Silva culpa os sindicatos por não desempenharem o seu papel na empresa, o que pode ser verdade,e dá um reprimenda à Comissão de Trabalhadores, onde a UGT não tem sequer um membro, por exercer a democracia operária dizendo textualmente que «o tempo das assembleias diretactas já lá vai».
Em poucas entrevistas de sindicalistas é tão óbvia a vontade de colaborar com o poder económico e político, colocando-se o Secretário Geral da UGT numa posição negocial de partilha do poder e abdicando de uma atitude genuinamente sindical de reivindicação.Carlos Silva pertence ao grupo no PS que não gosta da «geringonça» e considera boas as alterações ao Código do Trabalho efetuadas pelo Governo de Passos Coelho.Mas há muitos camaradas seus no PS e na UGT que não concordam nada com essa posição.Elas serviram para embaratecer o valor do trabalho, retirar capacidade reivindicativa e poder aos trabalhadores!
Por outro lado Carlos Silva ao afirmar de uma forma tão brutal que o tempo das assembleias diretas já lá vai assume as posições mais conservadoras e tecnocráticas apenas aceitáveis a alguns gestores,políticos de direita e empresários!Com as novas tecnologias é hoje mais possível do que nunca a participação alargada dos trabalhadores no voto e nas reuniões.E na Autoeuropa não esteve a votação uma media qualquer, mas sim um acordo de empresa que justifica perfeitamente uma ampla discussão com todos os trabalhadores!Porventura o modelo sindical da UGT não prevê este tipo de prática que é inerente à própria identidade operária, ao sindicalismo mais genuino.A Comissão de Trabalhadores faz muito bem e tem uma prática excelente e verdadeiramente ao serviço dos trabalhadores.Não pratica o sindicalismo de cúpula, de gabinete, em que os eleitos decidem sem dar cavaco às bases!O facto de um trabalhador ser eleito para uma estrutura sindical ou outra de representação não lhe dá o poder de decidir sempre e sobre todas as questões sem consultar os mesmos trabalhadores!
Apenas posso dizer sinceramente que, com esta entrevista, mais uma vez Carlos Silva desiludiu muita gente e deixou outros intrigados!
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
GESTÃO E SINDICALISMO!
Gestão e sindicalismo estão frequentemente em conflito nas
empresas.A experiência de muitos
trabalhadores é o registo de que a gestão tem uma visão alheada ou hostil face à estrutua sindical da empresa e em particular ao sindicato.Para o gestor o sindicato é considerado frequentemente um elemento perturbador das diretrizes e obejetivos da empresa.As razões são diversas e não apenas de ordem dos interesses em jogo.Existem razões de ordem histórica, cultural ou ideológica e de gestão do poder na organização.
Efetivamente o sindicato também é um poder ou contrapoder na empresa ou serviço.É uma das modalidades do poder dos trabalhadores organizados.Essa é a realidade de um país democrático.As chefias e a gestão devem estar preparadas e conviver com esta situação.
Hoje em dia os gestores estão numa situação difícil.Por um lado estão pouco preparados para saberem lidar com a organização sindical.Uma ou outra empresa com cultura de cogestão, como as alemãs, poderão estar mais preparadas para esta situação.Em geral a formação académica dos gestores negligencia a formação sindical, não os prepara verdadeiramente para um diálogo com estas estruturas.Nos cursos de gestão o sindicalismo é apresentado por professores de economia que, em geral, têm uma visão redutora e economicista do sindicalismo.Por outro lado e para além desta deficiencia académica, os gestores estão pressionados pelos acionistas, pelos detentores do capital que querem ver resultados a curto prazo, numa dinâmica de intensificação e exploração do trabalho que caracteriza o capitalismo atual a nível mundial!As próprias escolas de gestão estão frequentemente sob patrocínio ou influência de grandes empresas.
A maioria dos gestores têm hoje um estatuto muito precário, tipo mercenário.Vão para uma empresa para uma missão muito concreta e pagam-lhe como principes.Acabada a missão, que em geral tem a ver com ajustamentos e reestruturações, ou seja, despedimentos e mais lucros, os gestores podem ser despedidos ou se despedem e seguem para outra missão de outra empresa que lhes paga mais!
Os gestores são quase uma classe com interesses próprios .A sua ideologia é a do capital e assumem atualmente a dimensão predadora deste capital.Os trabalhadores são para explorar ao máximo e depois deitar fora!Sobre esta questão valerá a pena reler um livro de Vincente Gaulejac intitulado «La Societé Malade de la Gestion-idéologie gestionnaire, pouvoir managérial et harcèlement social» das Editions du Seuil , 2005..Para este investigador e professsor universitário em França a «gestão, sob uma aparencia pragamática, constitui uma ideologia que legitima a guerra económica, a obsessão do rendimento financeiro e que é largamente responsável pela crise atual...»
Existem exceções a esta regra?Claro!Em várias empresas os gestores percebem que os trabalhadores são a condição essencial de sucesso!Existe um bom relacionamento, bom ambiente de trabalho.Mas quando se fala em aumentos salariais, distribuição da riqueza e melhores condições de trabalho as simpatias param por aqui!Veja-se a oposição que existe no nosso País ao aumento do salário mínimo.E a resistência não vem só dos patrões privados.Vem do próprio Estado que suporta as IPSS e a Função Pública!Mas então a valorização salarial não é boa?Boa para os trabalhadores e boa para a economia e a mais importante forma de distribuir a riqueza numa sociedade como a nossa!
A valorização do trabalho e do trabalhador é essencial para uma economia sustentável!O gestor do futuro tem que perceber esta questão!
trabalhadores é o registo de que a gestão tem uma visão alheada ou hostil face à estrutua sindical da empresa e em particular ao sindicato.Para o gestor o sindicato é considerado frequentemente um elemento perturbador das diretrizes e obejetivos da empresa.As razões são diversas e não apenas de ordem dos interesses em jogo.Existem razões de ordem histórica, cultural ou ideológica e de gestão do poder na organização.
Efetivamente o sindicato também é um poder ou contrapoder na empresa ou serviço.É uma das modalidades do poder dos trabalhadores organizados.Essa é a realidade de um país democrático.As chefias e a gestão devem estar preparadas e conviver com esta situação.
Hoje em dia os gestores estão numa situação difícil.Por um lado estão pouco preparados para saberem lidar com a organização sindical.Uma ou outra empresa com cultura de cogestão, como as alemãs, poderão estar mais preparadas para esta situação.Em geral a formação académica dos gestores negligencia a formação sindical, não os prepara verdadeiramente para um diálogo com estas estruturas.Nos cursos de gestão o sindicalismo é apresentado por professores de economia que, em geral, têm uma visão redutora e economicista do sindicalismo.Por outro lado e para além desta deficiencia académica, os gestores estão pressionados pelos acionistas, pelos detentores do capital que querem ver resultados a curto prazo, numa dinâmica de intensificação e exploração do trabalho que caracteriza o capitalismo atual a nível mundial!As próprias escolas de gestão estão frequentemente sob patrocínio ou influência de grandes empresas.
A maioria dos gestores têm hoje um estatuto muito precário, tipo mercenário.Vão para uma empresa para uma missão muito concreta e pagam-lhe como principes.Acabada a missão, que em geral tem a ver com ajustamentos e reestruturações, ou seja, despedimentos e mais lucros, os gestores podem ser despedidos ou se despedem e seguem para outra missão de outra empresa que lhes paga mais!
Os gestores são quase uma classe com interesses próprios .A sua ideologia é a do capital e assumem atualmente a dimensão predadora deste capital.Os trabalhadores são para explorar ao máximo e depois deitar fora!Sobre esta questão valerá a pena reler um livro de Vincente Gaulejac intitulado «La Societé Malade de la Gestion-idéologie gestionnaire, pouvoir managérial et harcèlement social» das Editions du Seuil , 2005..Para este investigador e professsor universitário em França a «gestão, sob uma aparencia pragamática, constitui uma ideologia que legitima a guerra económica, a obsessão do rendimento financeiro e que é largamente responsável pela crise atual...»
Existem exceções a esta regra?Claro!Em várias empresas os gestores percebem que os trabalhadores são a condição essencial de sucesso!Existe um bom relacionamento, bom ambiente de trabalho.Mas quando se fala em aumentos salariais, distribuição da riqueza e melhores condições de trabalho as simpatias param por aqui!Veja-se a oposição que existe no nosso País ao aumento do salário mínimo.E a resistência não vem só dos patrões privados.Vem do próprio Estado que suporta as IPSS e a Função Pública!Mas então a valorização salarial não é boa?Boa para os trabalhadores e boa para a economia e a mais importante forma de distribuir a riqueza numa sociedade como a nossa!
A valorização do trabalho e do trabalhador é essencial para uma economia sustentável!O gestor do futuro tem que perceber esta questão!
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
COMO FAZER INQUÉRITOS DE ACIDENTES DE TRABALHO!
Em 2014, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) calculou
que os acidentes de trabalho e as doenças profissionais causam mais de
2,3 milhões de mortes por ano, das quais mais de 350.000 se devem a
acidentes de trabalho e aproximadamente 2 milhões a doenças
profissionais. Além destas mortes, estima-se que em 2010 terão ocorrido
mais de 313 milhões de acidentes de trabalho não mortais (que conduziram
a, pelo menos, quatro dias de ausência ao trabalho). Estes números,
ainda que surpreendentes, não exprimem a dor nem o sofrimento dos
trabalhadores e das suas famílias, nem o total de perdas económicas das
empresas e sociedades a nível mundial.Ver Guia
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
TRABALHADORES INDEPENDENTES, ORGANIZEM-SE!
Os trabalhadores independentes foram motivo de debate e polémica no quadro da eleboração do Orçamento de Estado para 2018.Vários observadores e forças políticas consideram que o governo errou ao anunciar que estes trabalhadores poderiam pagar mais impostos.Após reconsideração parece que apenas os trabalhadores que ganham acima de 2.500 euros por mês pagariam mais.
Todavia,mesmo nesta hipótese não podemos esquecer que após os descontos obrigatórios para a segurança social, em geral 29%,este rendimento fica quase em metade.Um cronista de um diário português escrevia com muita pertinência que, em Portugal, se tratam os trabalhadores independentes como empresas com corpo de gente!
Alguns são obrigados a contabilidade, não têm subsídio de férias,de natal ou de maternidade e o sibsídio de desemprego só é atribuído se o trabalhador estiver dependente em mais de 80% dos seus rendimentos de uma única empresa.Isto para já não falar dos falsos trabalhadores independentes.
Perante esta situação, apesar de tudo com alguma melhoria, coloca-se a questão se não seria importante definir com rigor um estatuto mais transparente e adequado para os trabalhadores independentes onde fossem equiparados em direitos e deveres aos trabalhadores por conta de outrem.Nomeadamente no que se refere aos principais riscos ligados à vida profissional, tais como o acidente e doença profissional, maternidade, desemprego, invalidez e velhice.
Neste sentido o Parlamento deveria promover uma comissão para estudar e elaborar um regime do trabalho independente garantindo todos os direitos constitucionais a estes trabalhadores.
Ao contrário do que ocorre noutros países, nomeadamente no Brasil, em Portugal não existe nenhuma organização sindical dos trabalhadores independentes e profissões liberais.Esta lacuna organizativa prejudica em larga medida estes trabalhadores.Assim, urge que estes trabalhadores se organizaem numa grande e forte organização sindical capaz de assumir institucionalmente e na rua as reivindicações destes profissionais que atuam em diversas áreas da economia.Sem essa organização não têm a necessária coesão e força para melhorar o seu estatuto!
Todavia,mesmo nesta hipótese não podemos esquecer que após os descontos obrigatórios para a segurança social, em geral 29%,este rendimento fica quase em metade.Um cronista de um diário português escrevia com muita pertinência que, em Portugal, se tratam os trabalhadores independentes como empresas com corpo de gente!
Alguns são obrigados a contabilidade, não têm subsídio de férias,de natal ou de maternidade e o sibsídio de desemprego só é atribuído se o trabalhador estiver dependente em mais de 80% dos seus rendimentos de uma única empresa.Isto para já não falar dos falsos trabalhadores independentes.
Perante esta situação, apesar de tudo com alguma melhoria, coloca-se a questão se não seria importante definir com rigor um estatuto mais transparente e adequado para os trabalhadores independentes onde fossem equiparados em direitos e deveres aos trabalhadores por conta de outrem.Nomeadamente no que se refere aos principais riscos ligados à vida profissional, tais como o acidente e doença profissional, maternidade, desemprego, invalidez e velhice.
Neste sentido o Parlamento deveria promover uma comissão para estudar e elaborar um regime do trabalho independente garantindo todos os direitos constitucionais a estes trabalhadores.
Ao contrário do que ocorre noutros países, nomeadamente no Brasil, em Portugal não existe nenhuma organização sindical dos trabalhadores independentes e profissões liberais.Esta lacuna organizativa prejudica em larga medida estes trabalhadores.Assim, urge que estes trabalhadores se organizaem numa grande e forte organização sindical capaz de assumir institucionalmente e na rua as reivindicações destes profissionais que atuam em diversas áreas da economia.Sem essa organização não têm a necessária coesão e força para melhorar o seu estatuto!
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
OS SINDICATOS,OS PARTIDOS E A DIGNIDADE DO TRABALHO!
A dignidade do trabalho passa por medidas concretas para melhorar a vida
material, cultural e espiritual de quem trabalha!Passa pelo salário justo, ou
seja, pelo salário capaz de sustentar com dignidade o trabalhador e a respetiva
família.
A luta pela dignidade do trabalho,porém não passa apenas pela necessária
valorização salarial,mas também pelo reforço do poder dos trabalhadores nos
locais de trabalho, pela segurança e saúde, conciliação da vida familiar e profissional,
enfim pela defesa , consolidação e alargamento de direitos laborais e sociais
que contribuem no seu conjunto para a qualidade de vida, cidadania e bem estar
dos trabalhadores.
Os partidos da direita fazem do atual momento de luta dos trabalhadores uma
ameaça para o estado,para as conta públicas.Receiam que o descongelamento das
carreiras na Função Pública sobrecarreguem o orçamento do Estado, mas não dizem
uma palavra sobre os milhões para o sistema financeiro e para salvar empresas
de duvidosa viabilidade.A direita considera, por um lado que os sindicatos fazem
o jogo da «geriongonça» e, por outro, que as lutas dos trabalhadores
são uma «chatice» e que as suas reivindicações, nomeadamente o aumento do salário
mínimo são incomportáveis!O que a direita quer é a paz social fruto do
desemprego e precariedade, da intensificação e embaratecimento do trabalho.
Ora, os sindicatos portugueses, apesar das dificuldades organizativas e
políticas não aceitam que a economia cresça, o PIB aumente, e aqueles que são
os principais autores desse crescimento não colham alguns frutos.Estamos no
nosso pleno direito e é nossa vocação.
Todavia, enquanto a luta sindical é adequada ao momento atual tenho dúvidas
quanto á tática e estratégia política dos partidos da esquerda.Se estes
partidos mais não fazem do que secundarizar as lutas sindicais ou avançar com
reivindicações e exigências
posteriormente assumidas ou não pelo movimento sindical, sem uma visão de
futuro,poderemos ter o regresso da direita a curto prazo.Neste domínio nota-se
até uma competição partidária para ver quem arranca mais ao governo PS.
Ora, esta alternativa de governação não pode ser meramente conjuntural,
para sacar o máximo do Estado, numa tática anarquizante,eleitoralista e
oportunista, que não anarquista.Com o regresso a curto prazo da direita à
governação tudo poderá ser novamente reversível e até com nova erosão dos
direitos laborais, como a questão do direito à greve e despedimentos,ou dos
direitos sociais, como o SNS e a educação
É tempo de se lançarem os alicerces de uma nova geringonça mais substancial
com acordos no domínio do papel e funções do Estado social, relações laborais e
qualificação.Escolhendo essa via os partidos da esquerda vão ao encontro da
maioria dos seus eleitores, quiça não de todos os militantes.Porém marcarão a
história política do País e fundamentalmente marcarão a vida do povo português!Para melhor, claro!
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
A SOMBRA QUE PAIRA SOBRE AS DOENÇAS PROFISSIONAIS!
O sistema de reconhecimento e reparação de doenças profissionais em Portugal é público e está sob alçada da Segurança Social.Embora público o sistema deixa muito a desejar.Os dados sobre a quantidade de trabalhadores afetados por doença profissional são pouco credíveis e até irrisórios,estando fortemente subestimados!São várias as causas desta situação.Uma delas é a de que os médicos não estão sensibilizados para a relação estreita que existe entre saúde e trabalho e raramente fazem uma notificação de doença profissional.Mas não é apenas este problema de sensibilização, já de si muito grave.É também a falta de tempo para atender devidamente o doente do Serviço Nacional de Saúde!
A sensibilização dos médicos deveria ser promovida em particular pela Direção Geral de Sáude em cooperação com a ACT e os sindicatos destes profissionais.
Assim acontece que alguns doentes consultados nos centros de saúde transportam doenças com origem profissional ou agravada pela sua profissão como é o caso, por exemplo, de muitas mulheres com mazelas fortes do domínio músculo-esquelético.
Outro dos problemas que estão na origem da subnotificação, reconhecida, aliás, num documento oficial, a Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no trabalho 2015-2020, está relacionado com o atual sistema de organização dos serviços de segurança e saúde nas empresas e serviços.A atual legislação permite que a maioria esmagadora das empresas contratem externamente estes serviços de saúde e segurança no trabalho.Ora,esta modalidade, a de serviços externos, foi implementada para evitar custos às empresas, principalmente ás pequenas e médias empresas, que são a maioria em Portugal.No entanto, são muitas as grandes empresas que também contratam os serviços externos de saúde.Até a própria ACT o fez!Mas é um modelo que efetivamente não cumpre a sua missão de uma verdadeira prevenção dos riscos profissionais.É um modelo mercantilizado e burocrático!Com efeito a prevenção no trabalho e a vigilância da saúde dos trabalhadores exige que os técnicos de saúde,nomeadamente o médico do trabalho, conheçam a empresa e os trabalhadores, em particular a organização do trabalho , os fatores de risco, os produtos utilizados na laboração e as relações e ambiente de trabalho.Isto para não falar de outro velho problema que é o facto de que, para além de todos os códigos deontológicos, o médico do trabalho recebe os honorários da entidade patronal utilizadora dos serviços.
Esta realidade complexa é agravada pelo silêncio sistemático que paira sobre a mesma.Ora, a melhoria do sistema de prevenção, notificação e reparação das doenças profissionais seria um passo decisivo para uma melhoria substancial das condições de vida e trabalho em Portugal.Os custos humanos e económicos dos acidentes e doenças profissionais são muito grandes.Porém, não são contabilizados!Estes custos vão aumentar com o forte crescimento das doenças decorrentes dos riscos psicossociais e das novas ferramentas de trabalho, nomeadamente do computador e outros equipamentos de comunicação e informação.
Este repto serve para a Direção Geral de Saúde, onde as doenças profissionais são um parente pobre, serve para a ACT onde o tema é marginal nos seus programas de ação.Apenas quando temos casos mediáticos como a legionella numa fábrica ou num hospital é que cai o carmo e a trindade!Casa roubada trancas à porta, pois claro!
Ao movimento sindical cabe o maior repto.Exigir, nomeadamente em sede de concertação social, que em Portugal se construa um sistema público integrado e coerente de prevenção e reparação dos acidentes e doenças profissionais!Nesse sistema os sindicatos deverão ter novamente uma palavra e participar ativamente na sua construção e desenvolvimento!
A sensibilização dos médicos deveria ser promovida em particular pela Direção Geral de Sáude em cooperação com a ACT e os sindicatos destes profissionais.
Assim acontece que alguns doentes consultados nos centros de saúde transportam doenças com origem profissional ou agravada pela sua profissão como é o caso, por exemplo, de muitas mulheres com mazelas fortes do domínio músculo-esquelético.
Outro dos problemas que estão na origem da subnotificação, reconhecida, aliás, num documento oficial, a Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no trabalho 2015-2020, está relacionado com o atual sistema de organização dos serviços de segurança e saúde nas empresas e serviços.A atual legislação permite que a maioria esmagadora das empresas contratem externamente estes serviços de saúde e segurança no trabalho.Ora,esta modalidade, a de serviços externos, foi implementada para evitar custos às empresas, principalmente ás pequenas e médias empresas, que são a maioria em Portugal.No entanto, são muitas as grandes empresas que também contratam os serviços externos de saúde.Até a própria ACT o fez!Mas é um modelo que efetivamente não cumpre a sua missão de uma verdadeira prevenção dos riscos profissionais.É um modelo mercantilizado e burocrático!Com efeito a prevenção no trabalho e a vigilância da saúde dos trabalhadores exige que os técnicos de saúde,nomeadamente o médico do trabalho, conheçam a empresa e os trabalhadores, em particular a organização do trabalho , os fatores de risco, os produtos utilizados na laboração e as relações e ambiente de trabalho.Isto para não falar de outro velho problema que é o facto de que, para além de todos os códigos deontológicos, o médico do trabalho recebe os honorários da entidade patronal utilizadora dos serviços.
Esta realidade complexa é agravada pelo silêncio sistemático que paira sobre a mesma.Ora, a melhoria do sistema de prevenção, notificação e reparação das doenças profissionais seria um passo decisivo para uma melhoria substancial das condições de vida e trabalho em Portugal.Os custos humanos e económicos dos acidentes e doenças profissionais são muito grandes.Porém, não são contabilizados!Estes custos vão aumentar com o forte crescimento das doenças decorrentes dos riscos psicossociais e das novas ferramentas de trabalho, nomeadamente do computador e outros equipamentos de comunicação e informação.
Este repto serve para a Direção Geral de Saúde, onde as doenças profissionais são um parente pobre, serve para a ACT onde o tema é marginal nos seus programas de ação.Apenas quando temos casos mediáticos como a legionella numa fábrica ou num hospital é que cai o carmo e a trindade!Casa roubada trancas à porta, pois claro!
Ao movimento sindical cabe o maior repto.Exigir, nomeadamente em sede de concertação social, que em Portugal se construa um sistema público integrado e coerente de prevenção e reparação dos acidentes e doenças profissionais!Nesse sistema os sindicatos deverão ter novamente uma palavra e participar ativamente na sua construção e desenvolvimento!
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
NÂO HÁ FUTURO PARA A UE SEM DIMENSÃO SOCIAL!
Amanhã, dia 17 de novembro realiza-se em Gotemburgo, Suécia, a Cimeira Social para o Emprego Justo e o Crescimento.Em artigo de hoje no jornal Público o Presidente da Comissão Europeia,Jean Claude Juncker afirma que desde sempre tem defendido que a União Europeia deve dar maior importância à melhoria das condições de vida e de trabalho dos cidadãos.Esta Cimeira será nas palavras do Presidente uma ocasião fundamental para o debate sobre o futuro da Europa.
Esta magna reunião, que não se realizava há mais de 20 anos, reúne os chefes de Estado ou de governo, os dirigentes das instituições europeias bem como os parceiros sociais e da chamada sociedade civil.Creio que todos os discursos vão reforçar a ideia de que a UE deve mudar de orientação dando prioridade às questões sociais e colocando as pessoas no centro das políticas!Veremos se vai ser assim.Tenho muitas dúvidas!Os cidadãos europeus estão fartos de palavras bonitas e atos menos bonitos.Essa permanente esquizofrenia europeia foi desmobilizando a crença no projeto europeu de justiça social, de paz e de harmonização no progresso!
No entanto, a luta por um Pilar de de Direitos Sociais é uma luta importante neste momento.É fundamental que se coloque a dimensão social ao mesmo nível do que a questão económica e financeira.Tal será necessário fazer uma mudança do Tratado da UE.Esse núcleo essencial que garante direitos fundamentais a todos os trabalhadores europeus deve ser proclamado em breve e ter força de lei.De seguida é importante ter um plano de ação capaz de harmonizar as condições de trabalho dos europeus para evitar o dumping social,Por outro lado é necessário valorizar os salários na União e a proteção social na velhice, no desemprego e na doença.Mas, proteção acrescida igualmente nas mudanças de paradigma energético.As mudanças decorrentes da introdução de uma economia mais limpa e da crescente utilização da robótica não podem tornar a vida dos trabalhadores pior, criando desemprego e desvalorização salarial!
Sendo a luta pelo Pilar social Europeu uma luta importante não compreendemos como nos portais da CGTP e da UGT portuguesas não existe uma única referência ao que vai ocorrer amanhã!Será que na manifestação de amanhã os líderes da CGTP vão fazer alguma referência ao acontecimento?A luta pela dimensão social da UE é uma luta pelo trabalho digno e pela justiça social!
Esta magna reunião, que não se realizava há mais de 20 anos, reúne os chefes de Estado ou de governo, os dirigentes das instituições europeias bem como os parceiros sociais e da chamada sociedade civil.Creio que todos os discursos vão reforçar a ideia de que a UE deve mudar de orientação dando prioridade às questões sociais e colocando as pessoas no centro das políticas!Veremos se vai ser assim.Tenho muitas dúvidas!Os cidadãos europeus estão fartos de palavras bonitas e atos menos bonitos.Essa permanente esquizofrenia europeia foi desmobilizando a crença no projeto europeu de justiça social, de paz e de harmonização no progresso!
No entanto, a luta por um Pilar de de Direitos Sociais é uma luta importante neste momento.É fundamental que se coloque a dimensão social ao mesmo nível do que a questão económica e financeira.Tal será necessário fazer uma mudança do Tratado da UE.Esse núcleo essencial que garante direitos fundamentais a todos os trabalhadores europeus deve ser proclamado em breve e ter força de lei.De seguida é importante ter um plano de ação capaz de harmonizar as condições de trabalho dos europeus para evitar o dumping social,Por outro lado é necessário valorizar os salários na União e a proteção social na velhice, no desemprego e na doença.Mas, proteção acrescida igualmente nas mudanças de paradigma energético.As mudanças decorrentes da introdução de uma economia mais limpa e da crescente utilização da robótica não podem tornar a vida dos trabalhadores pior, criando desemprego e desvalorização salarial!
Sendo a luta pelo Pilar social Europeu uma luta importante não compreendemos como nos portais da CGTP e da UGT portuguesas não existe uma única referência ao que vai ocorrer amanhã!Será que na manifestação de amanhã os líderes da CGTP vão fazer alguma referência ao acontecimento?A luta pela dimensão social da UE é uma luta pelo trabalho digno e pela justiça social!
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
A AUTOGESTÃO NÂO É APENAS UMA UTOPIA!
A autogestão, como realização concreta de poder dos produtores, foi experimentada ao longo da História em vários locais do mundo e em diversas épocas.Desde a Comuna de Paris passando pelos sovietes da revolução Russa, na Catalunha Republicana e socialista, no Portugal do 25 de Abril de 1974, na França e na América Latina, nomeadamente no Brasil.Foi um tema polémico na esquerda e continua a ser ainda hoje.Entretanto, tanto a direita liberal e conservadora como a esquerda estatista não gostam do conceito nem da realidade.A Constituição Portuguesa ainda prevê a autogestão!
Vem isto a propósito de um recente debate em que participei pelo 43º aniversário da BASE-FUT, em Coimbra, animado por dois investigadores sociais daquela cidade e com uma plateia de gente na sua maioria das gerações de Abril de 74.A revitalização de um sindicalismo solidário e autónomo, aliado dos movimentos sociais modernos e a autogestão foram as principais ideias que atravessaram o debate.Enquanto alguns colocavam reservas à autogestão como ideia mobilizadora para os tempos atuais, outros consideravam que a mesma tinha mais do que nunca interessantes possibilidades!Eu coloco-me no lote dos segundos, ou seja, nas potencialidades da autogestão no atual quadro de grandes transformações económicas, tecnológicas e políticas.
A autogestão como autogoverno dos produtores/consumidores é uma ideia futurista, uma utopia mobilizadora para a ação.No entanto, a ideia tem várias dimensões que correspondem a práticas pedagógicas, sociais e políticas já possíveis hoje.Vejamos:
1º A autogestão como pedagogia cultural e política: é o elemento essencial, digamos o núcleo revolucionário da autogestão. Tal pedagogia exige que tudo se construa da base para o topo.As assembleias decidem e os eleitos executam.Tal pedagogia é aplicada em toda a nossa vida, nomeadamente na vida sindical, na escola, na economia social, no bairro ou cidade.Os cidadãos/produtores/consumidores participam nas decisões da sua comunidade e não entregam tudo nas mãos do eleitos.Hoje com as novas tecnologias a participação foi muito potenciada e facilitada.A autogestão como pedagogia conduz à emancipação cultural e política, ao combate à dominação de uns homens por outros.A cooperação substitui paulatinamente a concorrência.
2ºA autogestão na dimensão económica:apenas num quadro de crise ou num quadro de superação do capitalismo se pode aplicar a autogestão económica.Tais situações ocorreram quase em todas as revoluções quando os patrões abandonam as unidades produtivas.Podem ocorrer em casos em que os trabalhadores decidem tomar nas suas mãos a empresa apesar de estarem num quadro de economia privada de mercado.As experiências e a prática da economia social e solidária são uma forma de viver e praticar a autogestão, estabelecendo relações cooperativas de trabalho e de produção num quadro de democracia participativa.
3º A autogestão na dimensão política: promovendo orgãos de participação e decisão popular sempre onde e quando for possível.Comissões para resolver os problemas concretos da população, promover e aprofundar os orçamentos participativos,organizar a participação da população nos órgãos autárquicos.A autogestão política é a soberania popular, a criação de novos locais e órgãos de poder.
Desta maneira a autogestão pode ser praticada no dia a dia como pedagogia, como proposta económica e política que, funcionando como uma utopia possível, exige-nos práticas sociais e políticas não vanguardistas, democráticas e de participação.A autogestão é, assim, uma seiva que pode revigorar a política enquanto cuidado da polis, da cidade!Ela é um antídoto contra o cinismo, o oportunismo e o populismo fascista!
Vem isto a propósito de um recente debate em que participei pelo 43º aniversário da BASE-FUT, em Coimbra, animado por dois investigadores sociais daquela cidade e com uma plateia de gente na sua maioria das gerações de Abril de 74.A revitalização de um sindicalismo solidário e autónomo, aliado dos movimentos sociais modernos e a autogestão foram as principais ideias que atravessaram o debate.Enquanto alguns colocavam reservas à autogestão como ideia mobilizadora para os tempos atuais, outros consideravam que a mesma tinha mais do que nunca interessantes possibilidades!Eu coloco-me no lote dos segundos, ou seja, nas potencialidades da autogestão no atual quadro de grandes transformações económicas, tecnológicas e políticas.
A autogestão como autogoverno dos produtores/consumidores é uma ideia futurista, uma utopia mobilizadora para a ação.No entanto, a ideia tem várias dimensões que correspondem a práticas pedagógicas, sociais e políticas já possíveis hoje.Vejamos:
1º A autogestão como pedagogia cultural e política: é o elemento essencial, digamos o núcleo revolucionário da autogestão. Tal pedagogia exige que tudo se construa da base para o topo.As assembleias decidem e os eleitos executam.Tal pedagogia é aplicada em toda a nossa vida, nomeadamente na vida sindical, na escola, na economia social, no bairro ou cidade.Os cidadãos/produtores/consumidores participam nas decisões da sua comunidade e não entregam tudo nas mãos do eleitos.Hoje com as novas tecnologias a participação foi muito potenciada e facilitada.A autogestão como pedagogia conduz à emancipação cultural e política, ao combate à dominação de uns homens por outros.A cooperação substitui paulatinamente a concorrência.
2ºA autogestão na dimensão económica:apenas num quadro de crise ou num quadro de superação do capitalismo se pode aplicar a autogestão económica.Tais situações ocorreram quase em todas as revoluções quando os patrões abandonam as unidades produtivas.Podem ocorrer em casos em que os trabalhadores decidem tomar nas suas mãos a empresa apesar de estarem num quadro de economia privada de mercado.As experiências e a prática da economia social e solidária são uma forma de viver e praticar a autogestão, estabelecendo relações cooperativas de trabalho e de produção num quadro de democracia participativa.
3º A autogestão na dimensão política: promovendo orgãos de participação e decisão popular sempre onde e quando for possível.Comissões para resolver os problemas concretos da população, promover e aprofundar os orçamentos participativos,organizar a participação da população nos órgãos autárquicos.A autogestão política é a soberania popular, a criação de novos locais e órgãos de poder.
Desta maneira a autogestão pode ser praticada no dia a dia como pedagogia, como proposta económica e política que, funcionando como uma utopia possível, exige-nos práticas sociais e políticas não vanguardistas, democráticas e de participação.A autogestão é, assim, uma seiva que pode revigorar a política enquanto cuidado da polis, da cidade!Ela é um antídoto contra o cinismo, o oportunismo e o populismo fascista!
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
A LEGIONELLA , OS INCÊNDIOS E OS CORTES!
Durante muito tempo o nosso País parece ter estado protegido por algum manto angelical, pois eram raros os acidentes graves e mediáticos que envolvessem mortes de cidadãos.Claro que todos nos lembramos do caso da ponte de Entre os Rios, já no tempo do governo de Guterres.Porém, nos últimos anos, curiosamente nos tempos em que estamos sob cortes drásticos na despesa pública,parece que os acontecimentos trágicos não nos largam com um ênfase especial na tragédia dos incêndios do último verão e no mês de outubro!Colocando de lado, por agora, a teoria conspirativa de que aqui anda mãozinha sábia do diabo anti geringonça,valerá a pena procurar as causas desta crescente situação de precariedade e insegurança que começamos a sentir.
Claramente as forças direitistas aproveitam sem qualquer pudor as tragédias que nos vão assolando e, de forma hipócrita, dão a entender que não têm nada a ver com a situação.Nada mais falso.Os partidos da direita portuguesa, o Partido Socialista e o modelo austeritário de corte na despesa pública imposto por Bruxelas e os juros dos credores são os grandes responsáveis políticos desta situação.A incapacidade do Estado e das instituições de proteção e prevenção acentuou-se ao longo do tempo.Foram as reestruturações,a decapitação das instituições através da reforma dos mais velhos, a colocação de «boys» nos lugares de direção, o congelamento das carreiras e a aflitiva falta de meios devida aos cortes crescentes que chegaram até à racionalização da gasolina nas instituições inspetivas de fiscalização etc.
Esta questão torna-se especialmente trágica quando a falta de prevenção e de manutenção atinge estruturas como hospitais, proteção civil, transportes e estruturas viárias.Só não vê quem não quer ver!Efetivamente não querem ver.Enchem o olho com as metas do déficit e da dívida pública.Por este caminho vamos ter mais tragédias.Os cortes vão continuar a matar nas empresas, com a sinistralidade laboral a aumentar,nos hospitais, nas ferrovias, nas estradas, nas florestas!Esta economia e estas politicas matam!Pelo menos tenhamos consciência da situação!|
Claramente as forças direitistas aproveitam sem qualquer pudor as tragédias que nos vão assolando e, de forma hipócrita, dão a entender que não têm nada a ver com a situação.Nada mais falso.Os partidos da direita portuguesa, o Partido Socialista e o modelo austeritário de corte na despesa pública imposto por Bruxelas e os juros dos credores são os grandes responsáveis políticos desta situação.A incapacidade do Estado e das instituições de proteção e prevenção acentuou-se ao longo do tempo.Foram as reestruturações,a decapitação das instituições através da reforma dos mais velhos, a colocação de «boys» nos lugares de direção, o congelamento das carreiras e a aflitiva falta de meios devida aos cortes crescentes que chegaram até à racionalização da gasolina nas instituições inspetivas de fiscalização etc.
Esta questão torna-se especialmente trágica quando a falta de prevenção e de manutenção atinge estruturas como hospitais, proteção civil, transportes e estruturas viárias.Só não vê quem não quer ver!Efetivamente não querem ver.Enchem o olho com as metas do déficit e da dívida pública.Por este caminho vamos ter mais tragédias.Os cortes vão continuar a matar nas empresas, com a sinistralidade laboral a aumentar,nos hospitais, nas ferrovias, nas estradas, nas florestas!Esta economia e estas politicas matam!Pelo menos tenhamos consciência da situação!|
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
EUROPA TEM DOIS CAMINHOS, DIZ SEMINÁRIO INTERNACIONAL!
Nos últimos quatro dias participei num seminário internacional na Costa de Caparica onde tive a
oportunidade e o privilégio de ver como dezenas de responsáveis por organizações de trabalhadores de vários países olham neste momento para a Europa.O evento foi da responsabilidade da Base-Frente Unitária de Trabalhadores e teve o apoio da rede europeia EZA e da Comissão Europeia.O tema, muito abrangente ,« Europa Social e dos Cidadãos», permitiu que os participantes pudessem dizer o que pensam do projeto europeu, da crise que nos afetou, em especial aos portugueses, e como perspetivam o futuro.
Como não posso falar de tudo, como é óbvio, saliento dois aspetos que estão hoje no centro das preocupações dos europeus e que condicionam o nosso futuro coletivo.Refiro-me à emigração e refugiados e ao futuro do trabalho.O debate revelou que, de facto, a questão da emigração divide e preocupa de modo particular os europeus.A forma como se resolver este problema vai determinar outras questões importantes.Antes de mais há que combater os nossos medos e abrir as nossas mentes.Há muitos mitos e manipulação política à volta desta questão.Como, por exemplo, a de que os terroristas se misturam com os imigrantes e refugiados quando a maioria esmagadora dos terroristas já viviam na Europa há muito tempo.
O debate e o trabalho de grupos do seminário, porém, foi muito rico e produziu um sentir final que se resume numa das suas conclusões:As migrações representam oportunidades para a União Europeia no âmbito da crise demográfica que coloca em causa a sustentabilidade da economia e dos sistemas de proteção social...Importa desenvolver mecanismos de integração e de não discriminação, de extensão do direito do trabalho e da cidadania.A luta contra a exploração dos migrantes e o combate às redes de tráfico humano devem ser uma prioridade....».
Relativamente a outras dimensões da Europa Social passo a citar um bocado das conclusões que de forma simples clarifica os caminhos do futuro:«A nova Declaração de Roma de 2017 propõe um reforço dos compromissos sociais europeus, nomeadamente legislação no domínio social que proteja de uma forma mais eficaz os trabalhadores e os desempregados.A Encruzilhada em que nos encontramos apresenta dois caminhos: o da convergência para os mínimos sociais e o da harmonização no progresso.No primeiro caso, continuamos na via do retrocesso com a degradação das condições de trabalho, dos direitos conquistados e da fragilização do diálogo social e da própria democracia.Neste caso, poderá vir a ser a desagregação do projeto europeu com a exacerbação do dumping social e uma procura da competitividade à custa da coesão social.
O outro caminho, o da solidariedade e da união,necessita de repensar a arquitetura das instituições europeias de forma a aproximar a Europa dos cidadãos, submeter a economia ao bem comum e colocar a pessoa humana no centro das políticas.Os objetivos e indicadores sociais devem ter a mesma dignidade institucional que é hoje dada aos objetivos e indicadores económicos e financeiros.Trata-se de um regresso aos fundamentos e valores do projeto europeu....»
Penso que está dito o essencial !Temos dois caminhos claros como a água.Mas a força de quem trabalha, a sua mobilização, nomeadamente a dos trabalhadores organizados, irá determinar qual destes caminhos irá sendo feito!O caminho faz-se caminhando!
oportunidade e o privilégio de ver como dezenas de responsáveis por organizações de trabalhadores de vários países olham neste momento para a Europa.O evento foi da responsabilidade da Base-Frente Unitária de Trabalhadores e teve o apoio da rede europeia EZA e da Comissão Europeia.O tema, muito abrangente ,« Europa Social e dos Cidadãos», permitiu que os participantes pudessem dizer o que pensam do projeto europeu, da crise que nos afetou, em especial aos portugueses, e como perspetivam o futuro.
Como não posso falar de tudo, como é óbvio, saliento dois aspetos que estão hoje no centro das preocupações dos europeus e que condicionam o nosso futuro coletivo.Refiro-me à emigração e refugiados e ao futuro do trabalho.O debate revelou que, de facto, a questão da emigração divide e preocupa de modo particular os europeus.A forma como se resolver este problema vai determinar outras questões importantes.Antes de mais há que combater os nossos medos e abrir as nossas mentes.Há muitos mitos e manipulação política à volta desta questão.Como, por exemplo, a de que os terroristas se misturam com os imigrantes e refugiados quando a maioria esmagadora dos terroristas já viviam na Europa há muito tempo.
O debate e o trabalho de grupos do seminário, porém, foi muito rico e produziu um sentir final que se resume numa das suas conclusões:As migrações representam oportunidades para a União Europeia no âmbito da crise demográfica que coloca em causa a sustentabilidade da economia e dos sistemas de proteção social...Importa desenvolver mecanismos de integração e de não discriminação, de extensão do direito do trabalho e da cidadania.A luta contra a exploração dos migrantes e o combate às redes de tráfico humano devem ser uma prioridade....».
Relativamente a outras dimensões da Europa Social passo a citar um bocado das conclusões que de forma simples clarifica os caminhos do futuro:«A nova Declaração de Roma de 2017 propõe um reforço dos compromissos sociais europeus, nomeadamente legislação no domínio social que proteja de uma forma mais eficaz os trabalhadores e os desempregados.A Encruzilhada em que nos encontramos apresenta dois caminhos: o da convergência para os mínimos sociais e o da harmonização no progresso.No primeiro caso, continuamos na via do retrocesso com a degradação das condições de trabalho, dos direitos conquistados e da fragilização do diálogo social e da própria democracia.Neste caso, poderá vir a ser a desagregação do projeto europeu com a exacerbação do dumping social e uma procura da competitividade à custa da coesão social.
O outro caminho, o da solidariedade e da união,necessita de repensar a arquitetura das instituições europeias de forma a aproximar a Europa dos cidadãos, submeter a economia ao bem comum e colocar a pessoa humana no centro das políticas.Os objetivos e indicadores sociais devem ter a mesma dignidade institucional que é hoje dada aos objetivos e indicadores económicos e financeiros.Trata-se de um regresso aos fundamentos e valores do projeto europeu....»
Penso que está dito o essencial !Temos dois caminhos claros como a água.Mas a força de quem trabalha, a sua mobilização, nomeadamente a dos trabalhadores organizados, irá determinar qual destes caminhos irá sendo feito!O caminho faz-se caminhando!
terça-feira, 17 de outubro de 2017
ACT PUBLICA RELATÓRIO DA ATIVIDADE INSPETIVA!
As visitas inspetivas da Autoridade para as Condições do trabalho em 2016 abrangeram um total de
287.351 trabalhadores, sendo 41,2% de mulheres e 58,7% de homens.Dos trabalhadores abrangidos 9,9% são contratados a termo e 3,5% trabalhadores temporários.Do universo de trabalhadores abrangidos 1,2% eram trabalhadores não declarados e 1, 1% trabalhadores estrangeiros.Os inspetores da ACT efetuaram 10.379 autos de notícia e participações contraordenacionais
O Relatório da Atividade Inspetiva da ACT permite-nos ver um pouco da atividade deste organismo da Administração Pública de inspeção e regulação das relações laborais.Apesar destes números continuamos a ouvir muitas vezes que a ACT nada faz perante as irregularidades frequentes nos locais de trabalho portugueses.Relatório
sábado, 7 de outubro de 2017
PARA ONDE VAIS CATALUNHA?
São muitos os portugueses que sinpatizam com a causa da independência catalã!Declaro desde já que
sou uma dessas pessoas.Os motivos são vários e comuns a muitos portugueses, nomeadamente a nossa relação histórica e conflitual com Castela, o facto de que a Catalunha possui uma cultura e língua próprias e a efetiva existência de um poderoso sentimento independentista na região, sobejamente visivel em grandiosas manifestações de rua, declarações de organizações sociais e políticas, intelectuais e até desportistas.
Todavia,este sentimento independentista tem sido liderado pelas classes médias e médias altas com um projeto político que comporta poucas mudanças para os estratos mais pobres dos trabalhadores da Catalunha! Registe-se o distanciamento das centrais sindicais de Espanha relativamente á Greve Geral ocorrida no iníco deste mês.Discordam em absoluto de uma declaração unilateral de independência!No entanto,as organizações da região apoiaram mais convictamente a referida greve geral!
A solução defendida pela maioria das organizações de trabalhadores é a condenação da violência e a necessidade de um verdadeiro diálogo entre os dois governos e entre as diversas instituições.Qualquer caminho deve passar pelo processo democrático de um referendo com a possibilidade de uma campanha para todas as partes exporem as suas razões e propostas.Para que issso aconteça Madrid terá que abdicar da violência e dos seus métodos autoritários e dogmáticos.Mas o governo da Generalitat também deve evitar a fuga para a frente e admitir que não pode fazer o caminho contra tudo e contra todos!É que uma parte dos catalães ainda não está convencida de que o projeto da independência, para além de pouco solidário com os povos mais pobres da Espanha, seja vantajoso para todos!
sou uma dessas pessoas.Os motivos são vários e comuns a muitos portugueses, nomeadamente a nossa relação histórica e conflitual com Castela, o facto de que a Catalunha possui uma cultura e língua próprias e a efetiva existência de um poderoso sentimento independentista na região, sobejamente visivel em grandiosas manifestações de rua, declarações de organizações sociais e políticas, intelectuais e até desportistas.
Todavia,este sentimento independentista tem sido liderado pelas classes médias e médias altas com um projeto político que comporta poucas mudanças para os estratos mais pobres dos trabalhadores da Catalunha! Registe-se o distanciamento das centrais sindicais de Espanha relativamente á Greve Geral ocorrida no iníco deste mês.Discordam em absoluto de uma declaração unilateral de independência!No entanto,as organizações da região apoiaram mais convictamente a referida greve geral!
A solução defendida pela maioria das organizações de trabalhadores é a condenação da violência e a necessidade de um verdadeiro diálogo entre os dois governos e entre as diversas instituições.Qualquer caminho deve passar pelo processo democrático de um referendo com a possibilidade de uma campanha para todas as partes exporem as suas razões e propostas.Para que issso aconteça Madrid terá que abdicar da violência e dos seus métodos autoritários e dogmáticos.Mas o governo da Generalitat também deve evitar a fuga para a frente e admitir que não pode fazer o caminho contra tudo e contra todos!É que uma parte dos catalães ainda não está convencida de que o projeto da independência, para além de pouco solidário com os povos mais pobres da Espanha, seja vantajoso para todos!
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
O VALOR DO TRABALHO E A AMEAÇA DO DESERTO!
Neste mês de setembro temos a infelicidade de por baixo da espuma das autárquicas e das diversas «feiras das vaidades» ver realidades políticas de tal modo indignas que nos confrangem o coração.Uma delas afeta uma classe de trabalhadores invisíveis e que está ao serviço das escolas e são tratados com indignidade.Refiro-me ao pessoal não docente do ensino público, os milhares de auxiliares educativas agora colocados no saco proletário dos assistentes operacionais.
Lendo o jornal encontro dezenas de concursos para recrutar trabalhadores e trabalhadoras para as escolas.Trabalhadores que, em geral, vão fazer limpeza e fazer a vigilância de crianças!Assim mesmo, vão andar com a esfregona e a cuidar dos nossos filhos sem qualquer preparação técnica!Mas sabem quanto lhes oferece o Ministério da Educação por hora de trabalho?Três euros e sessenta cêntimos!ligeiramente abaixo do salário mínimo nacional.Montante tão indigno que nem as trabalhadoras de limpeza profissionais cobram!No entanto ainda são muitos os trabalhadores e trabalhadoras desta classe que, apesar de terem décadas de trabalho, ainda não recebem 600 euros limpos!
Outra indignidade é o silêncio ensurdecedor sobre a enorme seca que afeta o nosso país.Porque será este silêncio ? Para não se perturbar esta cacofonia autárquica.Não tenho ouvido uma palavra sobre esta questão que vai destruindo o nosso território.Tenho a sensação que andamos todos numa festa enquanto nos arrombam a casa.Será que após o ato eleitoral vem aí um mar de críticas, suspeições, relatórios secretos, demissão de ministros e manifestações de agricultores?
Entretanto, as albufeiras secaram, milhares de árvores estão mortas ou em stresse e não se come uma couve que preste.Mas virá chuva?Após incêndios calamitosos que nos destruíram milhares de hectares de floresta?
Com o importante debate do Orçamento do Estado para 2018 vamos continuar a falar da superfície das coisas.Mais um aumento aqui ou ali,menos um imposto ou mais um escalão no IRS.Todavia, não podemos esquecer o que fazer nos próximos 10 anos.Com a segurança social e a valorização do trabalho, com o ambiente e o território e com a educação e investigação.É nestas questões que se verá o fôlego da «geringonça».É conjuntural ou estratégica?Apenas para numa legislatura aborrecer a direita e as suas políticas de austeridade e voltar ao mesmo, cada um por si,ou construir na diversidade, melhores políticas para o povo português, em particular para quem trabalha?A resposta é de todos os que não querem as velhas políticas !E são muitos!
Lendo o jornal encontro dezenas de concursos para recrutar trabalhadores e trabalhadoras para as escolas.Trabalhadores que, em geral, vão fazer limpeza e fazer a vigilância de crianças!Assim mesmo, vão andar com a esfregona e a cuidar dos nossos filhos sem qualquer preparação técnica!Mas sabem quanto lhes oferece o Ministério da Educação por hora de trabalho?Três euros e sessenta cêntimos!ligeiramente abaixo do salário mínimo nacional.Montante tão indigno que nem as trabalhadoras de limpeza profissionais cobram!No entanto ainda são muitos os trabalhadores e trabalhadoras desta classe que, apesar de terem décadas de trabalho, ainda não recebem 600 euros limpos!
Outra indignidade é o silêncio ensurdecedor sobre a enorme seca que afeta o nosso país.Porque será este silêncio ? Para não se perturbar esta cacofonia autárquica.Não tenho ouvido uma palavra sobre esta questão que vai destruindo o nosso território.Tenho a sensação que andamos todos numa festa enquanto nos arrombam a casa.Será que após o ato eleitoral vem aí um mar de críticas, suspeições, relatórios secretos, demissão de ministros e manifestações de agricultores?
Entretanto, as albufeiras secaram, milhares de árvores estão mortas ou em stresse e não se come uma couve que preste.Mas virá chuva?Após incêndios calamitosos que nos destruíram milhares de hectares de floresta?
Com o importante debate do Orçamento do Estado para 2018 vamos continuar a falar da superfície das coisas.Mais um aumento aqui ou ali,menos um imposto ou mais um escalão no IRS.Todavia, não podemos esquecer o que fazer nos próximos 10 anos.Com a segurança social e a valorização do trabalho, com o ambiente e o território e com a educação e investigação.É nestas questões que se verá o fôlego da «geringonça».É conjuntural ou estratégica?Apenas para numa legislatura aborrecer a direita e as suas políticas de austeridade e voltar ao mesmo, cada um por si,ou construir na diversidade, melhores políticas para o povo português, em particular para quem trabalha?A resposta é de todos os que não querem as velhas políticas !E são muitos!
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
A UNIÃO EUROPEIA AINDA TEM FUTURO?
O processo independentista catalão e os resultados das eleições alemãs de ontem são mais uma acha para a desagregação da União Europeia.As contradições avolumam-se internamente, bem como na sua política externa.Os refugiados, o brexit, a subida eleitoral dos nazis e fascistas, as políticas de austeridade, as desigualdades e os desejos de independência de algumas regiões exigiriam uma União mais coesa e mais solidária.
Pelo contrário, o que se sente é a política do salve-se quem puder, de ganhar competitividade à custa do vizinho, de castigar os trabalhadores e estagnar salários, de uma cacofonia sobre o modelo institucional pós -crise e uma falta inaceitável de coragem para enfrentar os interesses económicos e financeiros.
Podem debater as possíveis alterações institucionais da União, acrescentando mais comissários ou ministros, mais Fundo Financeiro ou menos Fundo Financeiro, mais banco central ou menos banco central.Se em tudo isso não acrescentarmos mais solidariedade e democracia a União não tem futuro.Qualquer reforma da União deve começar por aí, ou seja, como podemos ter mais solidariedade e mais democracia?Como acabar com o medo dos referendos aos povos?Como ser coerente na política externa evitando ter duas caras reconhecendo algumas independências na Europa como boas e outras não?Condenando a política de Trump do «cada um por si» e fazendo o mesmo na sua casa?Como alargar a participação dos povos europeus nos assuntos nacionais e da União?Como promover o emprego com qualidade, evitando que se precarize de forma avassaladora e gerando pobreza pelos cantos da Europa?
Comecem a debater a possibilidade de um salário mínimo europeu que garanta uma vida digna a todos os cidadãos, de norte a sul de leste a oeste.Debatam a forma de evitar que milhões de idosos europeus ainda tenham uma velhice na pobreza e abandono.Como podemos ser mais solidários com os milhões de refugiados que procuram a Europa?Como podem eles contribuir para a nossa economia e vida social?
Se começarmos por estas matérias importantes para a maioria dos europeus a União irá resolver de forma fácil todas as outras.As matérias institucionais são importantes.Todavia, elas são mais importantes para quem tem vida normal, boa mesa e cama lavada!Antes de mais há que atuar nos mecanismos de mais democracia e solidariedade.É aqui, nesta falta de vontade política que está o «bichinho» que corrói União Europeia e os respetivos Estados- membros!
Pelo contrário, o que se sente é a política do salve-se quem puder, de ganhar competitividade à custa do vizinho, de castigar os trabalhadores e estagnar salários, de uma cacofonia sobre o modelo institucional pós -crise e uma falta inaceitável de coragem para enfrentar os interesses económicos e financeiros.
Podem debater as possíveis alterações institucionais da União, acrescentando mais comissários ou ministros, mais Fundo Financeiro ou menos Fundo Financeiro, mais banco central ou menos banco central.Se em tudo isso não acrescentarmos mais solidariedade e democracia a União não tem futuro.Qualquer reforma da União deve começar por aí, ou seja, como podemos ter mais solidariedade e mais democracia?Como acabar com o medo dos referendos aos povos?Como ser coerente na política externa evitando ter duas caras reconhecendo algumas independências na Europa como boas e outras não?Condenando a política de Trump do «cada um por si» e fazendo o mesmo na sua casa?Como alargar a participação dos povos europeus nos assuntos nacionais e da União?Como promover o emprego com qualidade, evitando que se precarize de forma avassaladora e gerando pobreza pelos cantos da Europa?
Comecem a debater a possibilidade de um salário mínimo europeu que garanta uma vida digna a todos os cidadãos, de norte a sul de leste a oeste.Debatam a forma de evitar que milhões de idosos europeus ainda tenham uma velhice na pobreza e abandono.Como podemos ser mais solidários com os milhões de refugiados que procuram a Europa?Como podem eles contribuir para a nossa economia e vida social?
Se começarmos por estas matérias importantes para a maioria dos europeus a União irá resolver de forma fácil todas as outras.As matérias institucionais são importantes.Todavia, elas são mais importantes para quem tem vida normal, boa mesa e cama lavada!Antes de mais há que atuar nos mecanismos de mais democracia e solidariedade.É aqui, nesta falta de vontade política que está o «bichinho» que corrói União Europeia e os respetivos Estados- membros!
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
AUTOEUROPA E O DIREITO À GREVE!
Por ocasião
da greve convocada pelos sindicatos afetos á CGTP na Auto europa no início do
mês de Setembro levantaram-se diversas vozes comentando, condenando ou
ameaçando os trabalhadores e em particular os referidos sindicatos.
A dimensão partidária
do conflito foi sobrevalorizada e alguns comentadores chegaram a considerar os respectivos
trabalhadores como privilegiados, que tinham boas condições e iam fazer
greve;outros consideravam que a greve era contra o interesse nacional dada a importância
da empresa nas exportações portuguesas; outros ainda diziam que nunca se tinha
feito greve na empresa e que, portanto, esta era um tiro nos pés dos
trabalhadores pois a empresa poderia deslocalizar-se e criar desemprego na
região!
Enfim, havia argumentos para todos os gostos. Porém, nas mais de 700
noticias sobre a questão poucas faziam uma análise honesta às reivindicações
dos trabalhadores e poucos referiam que a recusa do acordo e a aprovação da
greve tinha sido votada por uma maioria esmagadora dos mesmos trabalhadores!
Quase
ninguém questionava a política da empresa que pretende fazer carros de noite e
de dia como se fosse um hospital, com 18 turnos laborais por semana e trabalho
obrigatório ao sábado, que quer recuperar o dinheiro que perdeu na maior crise
da sua história, o «dieselgate», que manipulou o nível de emissões poluentes de
alguns modelos com motores diesel. Poucos falaram que, apesar deste escândalo,
as marcas do grupo VW venderam, imagine-se, 10,29 milhões de veículos em 2016.As
vendas totais do grupo nesse ano chegaram a 217 mil milhões, quase tanto como a
dívida portuguesa, com lucros depois dos impostos de 5,4 mil milhões.
Herbert
Diesse, um dos principais mandões do grupo, disse claramente ao Expresso que
não há qualquer intenção de deslocar a produção do carro previsto para a
Autoeuropa e, claro, muito menos a empresa que lhe dá lucros. Todavia, as
nossas carpideiras fartaram-se de acenar com esta hipótese para condenar a
primeira greve realizada em décadas na empresa!
Penso que
nos finais de Setembro veremos novamente na comunicação social o conflito que
existe na Autoeuropa. Voltará o chorrilho de comentários e de artigos a
castigar as decisões dos trabalhadores e das suas organizações. Infelizmente
estes comentários têm eco em muitos portugueses que não têm formação política e
pensam pela cabeça dos comentadores televisivos!
Mas será
que este debate não terá outros desenvolvimentos no futuro? Vai ter!Em breve os
argumentos que utilizaram contra a greve na Autoeuropa serão utilizados para
todas as greves!O que esta gente, serventuária do capital, quer colocar em
questão é o direito de greve! Direito que nunca foi reconhecido pelos
empresários nem pelos seus escrivas, embora digam o contrário antes de iniciarem as suas diatribes anti-greve. Daí a importância em combater os
argumentos utilizados.
Se a greve,
umas das últimas armas de resistência dos trabalhadores, e fundamental para
reequilibrar as desiguais relações entre o capital e o trabalho, fosse inócua
sob ponto de vista económico qual seria o interesse da greve? Se a greve, um
direito fundamental de resistência e oposição, fosse sujeita ao que os governos
e empresas consideram interesse nacional qual seria a sua eficácia? Mero
folclore? Mera contestação simbólica? Seria o desvirtuamento completo da arma
fundamental dos trabalhadores! Não trabalhar de forma organizada ainda tem
muita força e podemos parar uma empresa , uma multinacional ou um país ou
países!
Limitar o
direito de greve, esvaziar a sua eficácia está no horizonte do poder económico e respetivos comparsas políticos. Rever os serviços
mínimos, legislar sobre os piquetes de greve e convocação da mesma, retirar o
poder dos sindicatos negociarem as condições de trabalho, são vias para esse objectivo!
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