quinta-feira, 26 de julho de 2012

MOVIMENTO OPERÁRIO NA COVILHÃ (memórias)!

...«Fomos recebidos pelo Dr.Corte Real do Amaral no seu gabinete de trabalho e que nessa ocasião se situava num andar junto ao café Montalto,com entrada ao lado deste ( e onde anos mais trade se iam reunindo os ativistas do M.D.P. nas comemorações de protesto ao regime).Do encontro com o Dr.Delegado que foi atencioso e se mostrou recetivo á nossa pretensão, nos pediu que lhe apresentássemos uma lista com nomes de possíveis candidatos, afim de ele iniciar o processo, (formar um sindicato) dando-lhe seguimento para os seus superiores hieráqruicos,pedido que concretizamos passados dias.Daí resultou a eliminação de alguns nomes pelas entidades superiores e a necessidade da sua substituição por outros.
Durante este período de espera, ocorreu um pormenor que envolveu o nome da nossa terra e o que dela ajuizavam os nossos governantes.Veio á cidade da Covilhã em visita oficial, o então Ministro das Corporações, Dr.Henrique Veiga de Macedo, visita que culminou com uma receção nobre nos atuais Paços do Concelho e em que o Ministro, rodeado de diversas personalidades, pronunciou um discurso, como habitualmente, com carater de abertura e recetividade ás iniciativas privadas, deixando espaço para algumas leves questões ou esclarecimentos.Nesse sentido pedi a palavra e coloquei o desejo dos trabalhadores do Tortosendo.De imediato o ministro de forma agressiva respondeu que o Tortosendo era uma terra onde se implantava uma forte componente comunista e havia um clube com essas carateristas e com uma biblioteca de livros clandestinos.Preparava-me para responder e defender com delicadeza essa acusação quando eu, ainda levantado, o nosso amigo e falecido Alfredo Costa me deu um «puxão» no braço e falando ele em resposta, soube defender com dignidade o nome da nossa terra-O TORTOSENDO-Como era de supor, este incidente foi de imediato ignorado e sem quaisquer outras consequencias.
O tempo foi decorrendo e finalmente no dia 8 de Março de 1970 realizou-se a Assembleia Geral Eleitoral para dirigirem os destinos da Secção Sindical do pessoal da industria de lanificios.
Essa Assembleia Geral Eleitoral foi presidida pelo saudoso ativista e militante sindical, oriundo da ainda Antiga Associação Leopoldo Matos Canhoto e seu primeiro elenco diretivo para o triénio 1970 a 1972..»

(Alberto Oliveira in Boletim nº 77, 2011,Liga dos Amigos de Tortosendo)

Ver video sobre lutas dos trabalhadores da Covilhã

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O COLAPSO DO ESTADO?

 O Verão, com os incêndios florestais a queimarem por todo o lado o País, as populações em pânico a salvarem os haveres, é um dos momentos mais expressivos do colapso do Estado!Nunca como no atual momento a gente sente de forma tão clara o momento perigoso que vivemos! Sentimos que o País é atravessado por dois incêndios, o da corrupção e da descredibilização da democracia e o da liquidação das nossas florestas com todas as suas consequências! Um agudiza o outro e potenciam-se mutuamente! O desabafo para a televisão de um popular a defender a sua casa do fogo é dolorosamente profético: «estamos abandonados»!

Este sentimento é hoje partilhado por muitos portugueses, em particular os mais pobres e fragilizados. Sentem que homens e mulheres sem rosto, as comissões de peritos dos ministerios, lhes tiram os centros de saúde, as escolas, as urgências! Sentem que o Estado é propriedade de alguns e que está a ser canibalizado e destruído, tratado como inimigo a abater sendo acusado de ser um malfeitor!

Os próprios funcionários públicos são minimizados e tratados como parasitas, como um empecilho e não como pessoas ao serviço de outras pessoas. As reestruturações dos serviços são atabalhoadas, algumas chefias substituídas tarde e a más horas, reina a desmotivação entre os trabalhadores da função pública! As escolas e unidades de saúde estão numa confusão e sofrem um bombardeamento paranoico de medidas constantes visando os cortes nas despesas, chegando-se ao cúmulo de contratar enfermeiros e médicos á hora!

Perante esta situação o maior problema é não sabermos o que vem a seguir. Aquando a derrocada do estado fascista todos sabíamos o que queríamos fazer. Embora com algumas diferenças ideológicas, relativamente ao modelo de sociedade, a maioria dos portugueses queria um Estado democrático e social a caminho de uma sociedade próspera, livre e solidária!

É assim absolutamente necessário definir objetivos de luta que não sejam mera resistência ao esboroar do estado democrático e social. É necessário definir novos objetivos de luta que salvem a democracia e o empobrecimento acentuado do país e o alargar do fosso das desigualdades! A direita ultra viu no programa da Troika e neste governo a grande oportunidade de dar a volta ao país! A austeridade como politica e ideologia seria um dos instrumentos. Esta política está a ser derrotada! Porém, são necessárias alternativas! Para se lutar é preciso ter esperança!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

ENVELHECER NO TRABALHO-experiência francesa!

Desde 2010 foram assinados cerca de 33.000 «acordos seniores»,ou seja, planos de ação para tornar mais fácil a vida dos trabalhadores idosos franceses nos locais de trabalho.
Os avanços concretos nesta matéria foram limitados ,segundo um primeiro balanço efetuado por uma equipa ligada ao INRS de França.

Apesar de tudo, foram detetadas experiencias interessantes.Um objetivo foi no entanto alcançado.Teve que se debater a questão da penosidade do trabalho e do bem estar dos trabalhadores mais velhos, para além de se reforçar o papel dos departamentos de recursos humanos!Envelhecimento ativo apregoado pela UE não pode ser mera propaganda!Ver dossier em francês

terça-feira, 17 de julho de 2012

O CHOQUE DOS QUE VIVEM BEM!

A história dos trabalhadores da Covilhã, a viverem num armazém, foi chocante por aquilo que se é capaz de fazer para ganhar uma margem no negócio. Mas foi mais chocante ainda pela imagem que deu da sociedade indiferente em que nos transformámos. (Helena Garrido, Jornalista).


Foram impressionantes as lágrimas de Crocodilo que vi verter naqueles dias em que a comunicação social falou dos imigrantes que trabalhavam na Covilhã e que viviam em condições miseráveis num barracão! Comentadores e políticos que nas suas doutas análises têm feito o jeito aos homens de negócios e têm contribuído para que nos últimos anos se realizasse a maior contra -revolução no mundo laboral com perda histórica de direitos que será difícil recuperar mais adiante! Agora lamentam!

Parece que nos últimos dias alguns deste comentadores tiveram um rebate de consciência e estão agora que nem sindicalistas dos mais bravos! Será apenas conversa ou haverá aqui alguma conversão? São bem- vindos ao campo da luta pelo trabalho digno e falem! Informem-se e denunciem porque os tempos não vão melhorar! Aliás, neste caso como noutros, a comunicação social foi essencial. Só a partir da denúncia da comunicação social é que as autoridades foram ver o que se passava! Os tempos vão maus e cada qual fecha os olhos ao que não deve fechar! Um dia queremos abrir os olhos e já não conseguimos…..

O que se passou na Covilhã também se passará noutros locais. Aquilo é apenas um aspeto, dos mais gravosos, da faceta esclavagista a que está a chegar o trabalho! Atenção pois a outros aspetos, alguns dos quais pretendidos pela Troika, nomeadamente as imposições sobre o despedimento, desvalorização salarial e da contratação coletiva.Os trabalhadores portugueses da CGTP,os mineiros das Astúrias e os funcionários de Madrid já o perceberam há muito!

Noticiava-se há dias que a percentagem dos trabalhadores coberta pela contratação é a menor de sempre, ou seja numa grande parte do mercado laboral o patronato negoceia as condições com os trabalhadores mais ou menos a seu gosto! Ora, com tanto desemprego as condições negociadas individualmente só podem ser péssimas para os trabalhadores! Daí que liquidar a contratação coletiva, como pretende a Troika, é destruir um dos instrumentos mais importantes da democracia social e económica e um dos pilares do diálogo social tão apregoado na propaganda da União Política!

À boa maneira portuguesa choramos pelos trabalhadores imigrantes da Covilhã. No entanto, era bom que a nossa consciência crítica fosse mais abrangente e mais política! Alí, na Covilhã, não existe uma questão moral, dos maus ou dos bons! O capitalismo de hoje não tem limites éticos porque não tem medo! Mesmo quando fala em responsabilidade social tem apenas um objetivo: fazer lucros! Por vezes precisa de mostrar uma cara branca! Quando não precisa mostra o seu lado negro que é, aliás, a sua essência ou substancia!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PRIMEIRA RESPOSTA AO PRESIDENTE HOLLANDE!

Os socialistas ganharam as eleições em França?Pois ganharam! Já tiveram a primeira resposta do patronato frances através da Pegeot!Aparentemente o Governo não se atemoriza....mas vamos ver os próximos capítulos!Não há complot nenhum, pois não?Apenas boa rapaziada!

Paris, 12 jul (Lusa) - O ministro da Produtividade francês, Arnaud Montebourg, disse hoje que o governo francês "não aceita" o plano de reestruturação apresentado pelo grupo automóvel Pegeot Citroen, que prevê a supressão de 8.000 postos de trabalho em França.


O maior construtor automóvel francês, que emprega cerca de 100 mil pessoas em França, justifica a supressão dos postos de trabalho e o encerramento da sua fábrica de Aulnay-sous-Bois, onde trabalham cerca de 300 portugueses ou lusodescendentes, com prejuízos registados no primeiro semestre e quebras no mercado automóvel europeu.

"Não aceitamos o plano", disse Montebourg perante o Senado, sem precisar os meios que o governo poderá usar para pressionar a Pegeot Citroen.

"Vamos pedir à Pegeot Citroen para justificar a situação e para iniciar o diálogo social que o primeiro-ministro já exigiu que seja exemplar", prosseguiu o ministro, que nomeou um especialista para analisar a situação financeira do grupo.

"Pedimos à Pegeot Citroen que considere outras soluções além das que tem previstas para vários locais em França e para milhares de trabalhadores", insistiu Arnaud Montebourg.

O anúncio do corte de postos de trabalho pela Pegeot Citroen era já esperado pelo Governo francês, mas a dimensão do mesmo deixou o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault "em estado de choque".

Jean-Marc Ayrault, que esteve reunido com Arnaud Montebourg, manifestou-se hoje de manhã "muito impressionado pela dimensão, sem precedentes, do plano anunciado pela Peugeot Citroen, um verdadeiro choque para todos os operários do grupo, para as regiões afetadas e para a indústria automóvel no seu conjunto", indicou o seu gabinete em comunicado.

Jean-Marc Ayrault pediu à Pegeot Citroen para manter abertas todas as fábricas em França e para promover "de imediato uma concertação exemplar, leal e responsável com os parceiros sociais para que todas as alternativas propostas pelos representantes dos trabalhadores possam ser estudadas e discutidas, tendo como objetivo prioritário a preservação do emprego estável".

A Peugeot Citroen anunciou hoje que vai cortar 8.000 postos de trabalho em França e fechar, em 2014, a fábrica de Aulnay, perto de Paris, onde trabalham mais de 3.000 pessoas, incluindo 300 portugueses ou lusodescendentes, segundo estimativas do embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa.



quarta-feira, 11 de julho de 2012

PROMOVER A SAÚDE DOS JOVENS TRABALHADORES!

Será que a preocupação dos Estados europeus, União Europeia e empresários com a saúde de quem trabalha está a decrescer?Claro que sim !Os relatórios a constatarem essa realidade tardam porque a preocupação é o desemprego....É o contexto ideal para a precarideade e diminuição da qualidade do trabalho.

«...Os trabalhadores jovens registam taxas de acidentes de trabalho não mortais mais elevadas e estão mais expostos a doenças profissionais do que o conjunto dos trabalhadores. Ora, os locais de trabalho não têm de ser sinónimo de lesões e danos; podem, ao invés, ser palcos importantes de promoção da saúde, oferecendo aos trabalhadores a oportunidade de melhorar a sua saúde em geral. Desse modo, também as empresas colhem benefícios, pois vêem reduzidos os custos relacionados com doença e aumentada a produtividade....»Ver ficha técnica da Agencia Europeia

segunda-feira, 9 de julho de 2012

COMBATE AO TRABALHO PRECÁRIO!

O trabalho precário atinge todos setores profissionais e é a situação laboral normal de uma parte substancial dos trabalhadores portugueses. Há jovens trabalhadores que não conhecem nem conheceram outra situação laboral que não seja na precariedade. Esta questão está inclusive a atingir as classes dos médicos e enfermeiros para não falar de nutricionistas e outros licenciados que há muito ou não têm emprego ou têm trabalho á hora, ao dia á semana…

Perante esta situação e tendo em conta a experiencia no terreno os «Precários Inflexíveis» decidiram no sábado passado transformarem-se numa Associação Nacional de Combate á Precariedade. É um desafio de todo o tamanho este, na medida em que não é fácil organizar trabalhadores precários ou desempregados. Aliás, neste momento, nada é fácil em Portugal neste terreno! As pessoas estão com medo perante um desemprego assustador! Quem tem um emprego, por mau que seja, é para garantir com unhas e dentes mesmo que tenha que abdicar de direitos constitucionalmente garantidos! O medo nas empresas, o desemprego e os encargos familiares que hoje as pessoas suportam explicam muita da aparente inércia e não mobilização!

Um dos problemas imediatos da nova Associação é definir uma estratégia relativamente ao movimento sindical português! A realidade é que neste sistema as diversas organizações sociais são concorrentes e partilham frequentemente o mesmo espaço. Os sindicatos também organizam desempregados e precários! Com pouco sucesso, é verdade! A cooperação será a relação mais produtiva entre parceiros que trabalham pela dignidade do trabalho!

Outra questão não menos importante será a autonomia. A nova Associação terá todo o interesse em ter uma direção política autónoma e uma agenda de trabalho abrangente e competente!Ver

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A HIPOCRISIA DE UM TRIBUNAL EXCEDENTÁRIO!

Ainda não percebi o contentamento de algumas pessoas com a decisão do tribunal Constitucional em considerar inconstitucional o não pagamento dos subsídios de Férias e de Natal aos trabalhadores da administração pública e das empresas públicas! Tem alguns efeitos práticos? Foi apenas uma vitória jurídica que não impede os cortes e muito menos proporciona os reembolsos! Aliás, nem sequer se pode falar em precedente pois as decisões deste Tribunal são perfeitamente políticas! Não defendem a Constituição, defendem antes a maioria partidária que ali os colocou!

Confesso que ainda não tive acesso ao acórdão do dito Tribunal e estou a falar pelo que leio nas notícias do dia.

O dito Tribunal parece que não diz que os cortes são inconstitucionais enquanto ataque ao direito á remuneração mas sim pelo fato de não atingir todos os trabalhadores, ou seja, segundo os doutos juízes, fere o princípio da não discriminação! Ou seja o Tribunal considera que todos «deveriam levar com o pau», tanto os do privado como os do público!

Sendo assim o douto Tribunal vem dar uma excelente boleia ao Governo na medida em que lhe abre caminho para tributar todos os trabalhadores em nome da crise! Penso que o Ministro das Finanças já deveria estar a pensar em como aplicar uma taxa suplementar no privado. Agora o Tribunal, que estava a ser contestado na sua própria existência, vem dar uma de neutralidade! Pura hipocrisia! Os juízes deveriam pronunciar-se era sobre a equidade em relação á crise. Quem mais está a pagar a crise são os trabalhadores.

Acontece que já ouvi funcionários públicos desabafando: «bem feito, pensavam que não lhes tocava!».Noutros tempos alguns do privado diziam: «boa, que esses funcionários públicos ganham bem». Aos trabalhadores, quer do público quer do privado, interessa, porventura, este sentimento de inveja e de tacanhez? Não! Mas interessa ao governo e aos patrões! Estamos todos informados e sabemos do que estamos a falar quando falamos dos trabalhadores deste ou daquele setor ou falamos pelo que ouvimos na comunicação social?

Neste momento é necessário olhar mais longe e não tanto para o prato do vizinho que pode ainda estar meio. Mais longe significa que é necessário estarmos todos preparados para responder aso desafios que esta crise ainda nos vai colocar pela frente. Mais desemprego, crise nos serviços públicos, menos rendimento, mais pobreza, eventual saída do euro! Neste cenário os trabalhadores não podem estar uns contra os outros e cada um por si. Mais do que nunca é importante unir para resistir!



quinta-feira, 5 de julho de 2012

MINAS DE OURO!

Vila Pouca de Aguiar, 05 jul (Lusa) - No planalto de Jales, concelho de Vila Pouca de Aguiar, chegaram a trabalhar nas minas cerca de 800 trabalhadores que extraíam aproximadamente 30 quilos de ouro por mês.
As minas de Jales fecharam na década de 1990, mas a extração de ouro poderá ser reativada em breve.

Sete empresas manifestaram interesse em apresentar proposta para a prospeção e pesquisa de ouro em Jales/Gralheira. As propostas serão abertas à frente de todos os interessados, serão avaliadas e, hoje mesmo, será decidido o vencedor.

Já desde o império romano que, por ali, se explora este metal precioso. População e autarcas encaram a reativação como uma oportunidade para o concelho, mas recordam as dificuldades sentidas aquando do encerramento da mina, em Campo de Jales.

"Jales foi considerada a segunda região mais pobre da Europa. A pobreza foi imensa", afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara, Domingos Dias.

Foi o desemprego, seguido do despovoamento, o abandono dos edifícios e os problemas ambientais, com as escombreiras deixadas a céu aberto.

O presidente da Junta de Vreia de Jales, Norberto Pires, referiu que, em 20 anos, a freguesia perdeu cerca de 20 por cento dos habitantes.

Segundo Domingos Dias, no auge da exploração, as minas empregaram 800 pessoas, que retiravam cerca de um quilo de ouro por dia.

Depois, a cotação do ouro baixou, os custos de extração aumentaram muito, a empresa foi acumulando dívidas à EDP e à Segurança Social, acabando por entrar em insolvência e fechar em 1992.

Estas foram as últimas minas de onde se extraiu ouro em Portugal.

Na altura, já era preciso descer a cerca de 700 metros de profundidade para trabalhar.

Agostinho Silva, com 75 anos, foi durante 33 anos mineiro em Jales, para onde veio de Felgueiras à procura de emprego e onde acabou por casar e ficar a viver com os 12 filhos.

O antigo trabalhador recorda o trabalho duro, mal pago e perigoso.

"Trabalhava-se muito e com pouca alimentação. Enquanto lá andava pedia sempre a Deus e a Nossa Senhora para que entrasse e saísse livre de perigo", afirmou.

Agostinho Silva garante que tirou "muitas toneladas de ouro" cá para fora.

Luís Delgado saiu de Jales antes do encerramento, mas numa altura em que já se falava que as coisas não iam bem.

Foi serralheiro mecânico durante 10 anos e de vez em quando descia às galerias para compor as máquinas. Agora, é dos poucos antigos trabalhadores que aceita falar aos jornalistas do passado e não se importa de fazer uma visita guiada pelo que restou das minas.

No local ainda se pode ver o cavalete de Santa Bárbara, com dois elevadores e por onde os trabalhadores e o equipamento desciam às galerias. Num edifício mesmo ao lado estava instalado o guincho, a máquina que fazia funcionar os elevadores.

A poucos metros encontra-se o Bairro dos Mineiros, onde viviam os capatazes e chefes da mina.

Pelos elevadores do poço número um, a cerca de 500 metros de distância, era retirado o minério. Pelo caminho, Luís Delgado recorda o supermercado, o refeitório, os escritórios, os laboratórios ou as lavarias. A maior parte dos edifícios estão abandonados, outros foram transformados em casas de habitação.

Em 2003, as escombreiras foram requalificadas, num investimento de três milhões de euros.

PLI.

Lusa/Fim

terça-feira, 3 de julho de 2012

NANOMATERIAIS-riscos para a saúde dos trabalhadores!

Primeira fábrica de nanomateriais do país


Innovnano prevê que o trabalho arranque no prazo máximo de dois anos

2010-07-16

Fábrica será dotada de um laboratório com equipamentos avançados.A primeira unidade de fabrico de nanomateriais do país, criada pela empresa Innovnano, deverá arrancar em Coimbra em 2011 ou 2012, criando 40 postos de trabalho directos altamente qualificados, revelou hoje o administrador, André Albuquerque.
A instalar no Coimbra Inovação Parque (iParque), a unidade, que representa um investimento da ordem dos dez milhões de euros, vai ser instalada num lote de três hectares deste parque industrial e tecnológico, prevendo André Albuquerque que a construção comece logo que seja aprovado o licenciamento industrial.
(In Ciencia Hoje)

As nanotecnologias e as suas consequencias para a segurança e saúde de quem trabalha são hoje um desafio para a investigação, em particular para quem trabalha com os nanomateriais.Esta realidade começa também a ser estudada em portugal.Um artigo do INRS que aborda sob diversos angulos esta matéria em linguagem acessível e colocando o dedo em algumas lacunas como a falta de regulamentação comunitária e nacional.Ver artigo

Mais informação


segunda-feira, 2 de julho de 2012

NEM CONFORMISMO NEM HIPERATIVISMO SINDICAL!

A nova direção da CGTP saída do Congresso de janeiro ficou com uma missão difícil pela frente. Um país a empobrecer e um ataque ao mundo do trabalho sem igual nos anos de democracia! Para piorar as coisas, e após uma greve geral conjunta, a CGTP viu a UGT assinar um acordo social considerado por muitos especialistas a entrega de bandeja ao patronato de algo que há muito este reivindicava como seja a facilitação dos despedimentos e trabalhar mais e mais barato e com larga flexibilidade nos horários!

Com a situação social a degradar-se e o medo do desemprego nas empresas, os sindicatos da CGTP têm uma vida difícil! A mobilização fica aquém do esperado tanto nas empresas como na rua! A UGT vai negociando, ou melhor, aceitando o menos mau e clamando dos incumprimentos deste governo!Na prática o conformismo!

Neste momento temos as duas centrais sindicais num caminho totalmente divergente. A UGT preferindo os confortáveis gabinetes do governo e a CGTP votada para um hiperativismo sindical na rua, com milhares de manifestações, muitas delas apenas de dirigentes sindicais.

Estes dois caminhos extremos podem levar ao descrédito sindical perante os trabalhadores e a um beco sem saída. Tanto a negociação pela negociação como a luta pela luta conduzem ao desgaste dos quadros e estruturas, bem como a um frenesim limitativo do pensamento estratégico.

A UGT ao acomodar-se á negociação com o poder, e ao retrato para inglês ver, vai perdendo o respeito de uma grande parte do bloco dirigente e governamental e, claro, dos trabalhadores sindicalizados nos seus sindicatos. A CGTP, com o seu frenesim sindical, embora indo ao encontro da sua ala mais radicalizada, vai chegar a situações difíceis de gerir como temos visto nos últimos dias em manifestações que visam ministros e Presidente da República!

Como descalça a bota uma CGTP tão preocupada em demarcar-se das manifestações mais radicalizadas dos movimentos de trabalhadores precários e de outros movimentos afins? Mas por acaso podemos brincar com o fogo sem nos queimarmos? Para onde nos leva a atual direção da CGTP sob a liderança de Arménio Carlos? Os protestos legítimos dos trabalhadores devem visar mudanças reais e ganhos para os trabalhadores. Caso contrário, alguns, e já são muitos, vão arreando as bandeiras! Neste momento nada pior que uma outra divisão nos trabalhadores: um setor sempre em luta e um outro que nem se mexe! Unir para resistir é a grande prioridade! Mas, unir exige sabedoria e saber ouvir….a direção atual da CGTP sabe ouvir?