segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

AS DORES DE UMA OPERADORA DE CAIXA

- Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência!

Até aos meus 22 anos as coisas correram bem no trabalho. Gostava do que fazia apesar de chegar ao fim do dia muito cansada. Os clientes eram sempre diferentes, uns bem - humorados, outros a correrem sempre “stressados” e até com cara de poucos amigos. A todos eu atendia com rapidez merecendo elogios da minha encarregada.
Considerava-me uma empregada exemplar e merecia bem o dinheiro que ganhava.

Foi o ano passado que as coisas pioraram muito. O pessoal era o mesmo e os clientes estavam a aumentar graças a uma boa política de preços da nossa loja. Pouco a pouco comecei a sentir dores no corpo e em especial nas costas. Chegava a casa cada vez mais cansada e com dores por todo o lado. Para além das costas sentia que o ombro direito me doía e estava enfraquecido. Fazer alguns trabalhos domésticos era um sacrifício enorme e com o tempo até o simples acto de me pentear era custoso. Via no espelho o meu rosto, outrora risonho, cheio de sofrimento! As noites? Nem quero falar disso, porque eram uma tortura. Para evitar as dores dormia sempre para o mesmo lado!

Não podia continuar no silêncio, tinha que falar á encarregada sobre o problema que me corroía a vida. Não via mais ninguém queixar-se e pensava que era a minha pouca sorte, eu que era tão boa funcionária! Como é possível acontecer-me esta fraqueza?
Depois de entrar de baixa e do acompanhamento do médico do trabalho percebi que estava claramente a pensar que o problema era meu e por isso sentia uma certa culpa. As causas da minha situação estavam, afinal, no meu trabalho, em particular nas condições em que exercia as minhas tarefas na caixa da loja.
Mais adiante outras colegas revelaram também o seu segredo quando se começaram a queixar de sintomas parecidos com os meus. O sindicato tomou conta do caso e pediu estudos dos postos de trabalho.Para evitar que o número de operadoras de baixa aumentasse a loja contratou os serviços de um doutor com uma profissão que, para mim, era uma novidade -o ergonomista.

A nossa situação não melhorava mas dava para ver que não trabalhando a situação não piorava e as dores diminuíam um pouco. Voltando ao trabalho recomeçava o calvário já conhecido!
Após as entrevistas do ergonomista e do estudo que fez aos nossos postos de trabalho fizeram-se alterações muito importantes que melhoraram claramente não apenas a cadeira mas também o tapete e a posição da máquina registadora. Tivemos orientações para mudarmos de posição frequentemente, obtivemos licença para pequenas pausas e de não fazer sempre a mesma coisa. O truque foi melhorar o conforto do posto de trabalho e mudar, não estar sempre a fazer o mesmo.
No início receava-se que a loja viesse a ter problemas com estas novas maneiras de organizar o nosso trabalho. Pouco a pouco, porém, toda a gente verificou que se trabalhava melhor. Os problemas começaram a desaparecer e o médico acompanhava de perto os nossos progressos. Uma ou outra colega ainda realizava sessões de fisioterapia, mas toda a gente se dava conta dos progressos dos últimos meses. E foi assim que voltei a ter gosto pelo trabalho tanto na loja como em casa. Hoje, embora com cuidado faço tudo sem qualquer dor. Trabalhar em boas condições é fundamental para ter uma vida digna.

Margarida

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

TRABALHO DOMESTICO-QUE CONDIÇÕES?

CONFEDERACIÓN SINDICAL INTERNACIONAL (CSI) La CSI



La CSI respalda una propuesta para que se haga un convenio internacional de la OIT Bruselas, 13 de febrero de 2008 (La CSI EnLínea): La mano de obra doméstica, cuyos integrantes ya suman en el mundo más de cien millones y son fundamentalmente mujeres, crece sin cesar respondiendo a la creciente demanda de este tipo de servicios. Si bien la labor que realizan las trabajadoras domésticas permite que otras personas mejoren su nivel de vida, la mayor parte de estas trabajadoras quedan confinadas a una zona invisible y muy desprotegida del mercado laboral. Son un eslabón esencial de la cadena económica pero a menudo se les deniegan los derechos más elementales, se las explota y suelen ser objeto de malos tratos.

Haciendo un llamado a sus organizaciones afiliadas para que se movilicen, la Confederación Sindical Internacional le pide a los gobiernos de los países representados ante el Consejo de Administración de la OIT que respalden la propuesta de que se haga un convenio internacional apuntado específicamente a proteger a los trabajadores domésticos. Las trabajadoras y trabajadores domésticos cumplen jornadas de trabajo excesivamente largas, se les pagan salarios bajos, su seguridad social es deficiente, sufren acoso sexual, violencia física, abusos por parte de las agencias de empleo, carecen de derechos sindicales, entre ellos hay casos de trabajo forzoso...

Todo esto figura en el documento que se presentará ante los miembros del Consejo de Administración de la OIT que se reunirá en Ginebra del 6 al 20 de marzo y donde se pone de relieve el terrible déficit de trabajo decente en esta categoría de trabajadores especialmente vulnerable, que a menudo está excluida del radio de aplicación de las legislaciones laborales nacionales y que hasta ahora no está contemplada en el derecho internacional. “El movimiento sindical internacional considera que proteger mejor a las trabajadoras domésticas es una de las claves del combate por el trabajo decente, en torno al cual gira nuestro accionar”, declaró Guy Ryder.. -

VER VIDEO DA OIT SOBRE O TEMA:

La CSI ha publicado distintos testimonios de organizaciones de trabajadoras domésticas, que pueden verse en las siguientes direcciones:http://www.ituc-csi.org/spip.php?article1482&lang=es (Sudáfrica)http://www.ituc-csi.org/spip.php?article474&lang=es (Hong Kong)http://www.ituc-csi.org/spip.php?article1587&lang=es (Trinidad) - Véase también el video que publicó ACTRAV de la OIT sobre las trabajadoras domésticas (en francés) en la siguiente dirección: http://www.pourlemploi.com/video/domestiques/domestiques.html La CSI representa a 168 millones de trabajadores de 155 países y territorios y cuenta con 311 afiliadas nacionales. Página de Internet: http://www.ituc-csi.org./

ACT TEM PLANO PARA VISITAR MILHARES DE EMPRESAS

Ontem , dia 13 de Fevereiro, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) deu a conhecer à comunicação social o seu Plano de Acção Inspectiva para o próximo triénio.Os jornais agarraram os números de visitas e acções que aquele Organismo de fiscalização das relações de trabalho e de promoção da segurança e saúde laboral quer fazer em empresas, estaleiros da construção e unidades de economia informal.
Os números são avassaladores....No entanto, como se podem prever tantas acções com 280 inspectores do trabalho?

Alguns números:
No total 100.000 intervenções em locais de trabalho em três anos
30.000 realizadas em 2008
11.530estabelecimentos e estaleiros visitados para controlo de riscos em 2008
18.300 visitas a locais para controlo do trabalho irregular, não declarado em 2008
E muito mais.......

Será que existem exigências políticas no sentido de mostrar um Estado "operante" num contexto político de desregulação?
Ver Plano em www.act.gov.pt

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

PARLAMENTO EUROPEU CRITICA DOCUMENTO DA COMISSÃO



Em Resolução aprovada no passado mês de Janeiro o Parlamento Europeu congratula-se com as metas ambiciosas da Comissão Europeia em reduzir em 25% , em média, os acidentes de trabalho na UE , objectivo expresso no documento de estratégia comunitária 2007-2012 para a segurança e saúde no trabalho.

No entanto, o PE critica a Comissão pelo facto de que esta no seu documento de estratégia quase ignorou as doenças profissionais no espaço comunitário e que afectam milhões de trabalhadores.

No seu texto o Parlamento sublinha ainda a importância do dialogo social e do contributo dos parceiros sociais e seus representantes na definição de normas e políticas em matéria de segurança e saúde no trabalho.

A Resolução do PE aborda ainda outros aspectos importantes da promoção da segurança e saúde no trabalho na União Europeia com destaque para o combate ao stress profissional, promoção da saúde mental , prevenção da exposição aos riscos químicos e do amianto. Por outro lado, incentiva a criação de serviços de prevenção e inspecção de qualidade e ao estabelecimento de boas práticas de SST nas empresas como forma de melhorar a competitividade e um bom ambiente de trabalho.

Será que estas críticas do PE terão algum eco numa Comissão cada vez menos sensível à dimensão social?

domingo, 10 de fevereiro de 2008

CONDIÇÕES DE TRABALHO EM PORTUGAL.COMO É?

Tem estado a ser debatido pelos Parceiros Sociais e pelo Ministério do Trabalho um documento que será a Estrategia Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho 2008-2012 e que vem na sequência de um documento da Comissão Europeia sobre a mesma matéria e para o mesmo período.
Espera-se que esta iniciativa contribua para que se estabeleça um plano nacional de ataque aos acidentes de trabalho e às doenças profissionais que continuam a provocar a morte e a deficiência de milhares de trabalhadores portugueses.
Basta de se meter a cabeça na areia!Há que estudar a situação nacional com um inquérito às condições de trabalho.Um estudo que revele com a maior profundidade possível o estado da Nação no campo dos riscos profissionais.Será que vamos mesmo avançar para um estudo desses que, aliás, já existe há muitos anos na França e na Espanha, por exemplo?
Um estudo deste tipo leva algum tempo a efectuar mas poderá dar elementos preciosos para que se possam estabelecer com eficácia as necessárias políticas de prevenção.A primeira responsabilidade deste estudo compete ao Estado português , claro.No entanto os parceiros sociais e nomeadamente os sindicatos devem pressionar no sentido de se fazer este inquérito que revele a realidade das condições de trabalho no início do século XXI em Portugal.