sábado, 27 de agosto de 2022

O PARTIDO CHEGA QUER UM SINDICATO PARA COMBATER O SINDICALISMO

 

Segundo notícia recente o partido «Chega», à semelhança do seu congénere espanhol VOX, também


pretende criar uma «frente sindical».Ambos foram buscar o nome de «Solidariedade» auto arvorando-se o direito de serem iguais no nome e pretensamente semelhantes na ideologia anticomunista  ao conhecido sindicato polaco «Solidarnosc» que enfrentou e derrotou a ditadura militar  do partdio comunista polaco na década de oitenta do século passado na base de um amplo movimento de massas liderado pelos operários polacos,fazendo assim uma ruptura histórica com o regime

Por outro lado, tal como o VOX entronca numa ideologia sindical franquista também os ideólogos do Chega irão buscar ideias ao sindicalismo corporativista de Salazar e do sindicalismo  nacional-fascista de Rolão Preto.

Os objectivos do pretenso sindicato ou frente sindical a criar serão os mesmos a que se propõe a extrema direita europeia , alguns dos quais e suscintamente passo a considerar:

1.      - Alargar a sua base de apoio social penetrando alguns sectores de trabalhadores descontentes e empobrecidos e, em especial ,entrar nas forças de segurança e militarizadas;

2.       -Descredibilizar os sindicatos portugueses existentes e muito em particular a CGTP, acusando-os de submissos e vendidos ao poder, acomodados e ineficazes;

3.       ~-Conquistar a sua parte de ocupação da rua que eles consideram entregue ás esquerdas.Organizar manifs e comícios« sindicais« em especial nos dias simbólicos para a democracia como o 25 de Abril, 1º de Maio e 5 de Outubro; se puderem organizarão provocações para virar trabalhadores  contra trabalhadores ou contra símbolos e partidos de esquerda.

4.      - Dividir os trabalhadores nos locais de trabalho atacando a organização sindical de classe e, em conluio com alguns sectores patronais,negociar acordos e contratos favoráveis a estes e implementando valores racistas, de ódio e de desigualdade de género;acusando os outros sindicatos de incentivarem a luta de classes, a destruição da economia nacional e a harmonia das empresas á boa tradição fascista.

Perante estes objectivos  que comportará essa «frente fascista» caberá às organizações de trabalhadores desenvolverem uma resposta global que pode passar por alguns dos seguintes pontos:

1.Responder com propostas arrojadas de reforço da unidade e de dinamização sindical nos locais de trabalho,nomeadamente reforçando os canais de diálogo entre a UGT , CGTP e sindicatos independentes progressistas;

2.Reforçar a autonomia e independencia sindical, despartidarizando os sindicatos e a dependência perante o Estado dando claros sinais aos trabalhadores descontentes com a ação sindical que os sindicatos são espaços de todos os trabalhadores ,qualquer que seja a sua orientação política e religiosa;

3.Reforçar o trabalho de base, nos locais de trabalho, bem como  a informação e formação sindical;melhorar a participação sindical dos imigrantes, jovens e das mulheres claramente deficitária.

4.Defender um sindicalismo de valores e reivindicativo que, sendo combativo, não visa destruir as pessoas nem as empresas, mas defender com audácia e eficácia os interesses e direitos dos trabalhadores;um sindicalismo de solidariedade entre todos os trabalhadores reforrmados, desempregados e no activo;precários e permanentes; a defesa dos sindicalizados como primeira obrigação, mas também os direitos dos não sndicalizados.

Eis uma primeira reflexão que pretende ser uma contribuição para que esta questão não seja ignorada com o argumenta de que não se lhe deve dar importância.Cada assunto merece a importância que lhe queremos dar.Esta , a meu ver, merece ser debatida e enfrentada.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

ULTRAPASSAR A CRISE? apenas com sindicatos fortes!

 

Nos tempos conturbados que vivemos sáo necessários sindicatos fortes.A subida histórica dos preços,


em particular dos bens alimentares e da energia, empurram muitos portugueses para a pobreza.Em contraste as grandes empresas cotadas na bolsa e os bancos aumentam extraodináriamente os lucros.Com o aumento das taxas de juro são muitas as pessoas que sentem no bolso o aumento das rendas de casa ou das mensalidades pagas aos bancos.E os salários? Na Função Pública estagnaram e no privado os aumentos estão longe da taxa de inflação.Perante esta situação ouvimos os gritos impotentes da CGTP que procura mobilizar o que resta dos sectores sindicalizados e também o silencio cumplice e ensurdecedor da UGT.Isto para não falar de uma Conferência Episcopal tolhida pelos casos de abusos de menores e silenciosa perante o drama do custo de vida.

A maioria dos trabalhadores continua fora dos sindicatos

A grande maioria da população, nomeadamente dos trabalhadores portugueses, continuam fora dos sindicatos, entregues à caridade da Igreja ou à benevolência estatal, dependendo dos parcos subsídios dados pelo orçamento do estado, das cantinas sociais ou dos pequenos aumentos das pensões mais baixas.Ora, para piorar a situação não vamos ter eleições nos próximos tempos pelo que o governo de António Costa vai sendo avaro para mais tarde ser pródigo.

Neste quadro podemos ter perdido a confiança nos sindicatos ou não gostarmos deles por razões políticas.Não podemos, no entanto, argumentar que se precisa do dinheiro da quota, pois esse dinheiro irá cair-nos no bolso com juros aquando dos acertos do IRS.

Não podemos também argumentar que os sindicatos não fazem nada pois as pessoas vivem melhor nos países onde a maioria da população trabalhadora pertence aos sindicatos;nos sectores profissionais com fortes sindicatos como os médicos, professores, transportes e grandes empresas conseguem-se melhores salários , mais direitos e mas regalias.

Com sindicatos fortes não estariamos a viver este aumento de preços sem aumento de salários convenientes.O abandono dos sindicatos ou a não filiação dos mais jovens trabalhadores nos mesmos está, a par da precariedade e das mudançass tecnológicas, a empurrar a classe trabalhadora para uma situação de empobrecimento estrutural e para o aprofundamento das desigualdades em Portugal.E não é o plano social apregoado por Montenego no Pontal, nem o plano social do governo previsto para setembro, que vão resolver este grosso problema.

Um novo movimento de adesão aos sindicatos

Sem um rejuvenescimento sindical geracional, tático e ideológico, sem um novo movimento de adesão da classe trabalhadora aos sindicatos vamos ter mais pobreza, fuga de jovens quadros para o estrangeiro e mais imigrantes  a chegarem ao nosso País para alimentarem a nossa economia com baixos custos do trabalho.

Sinceramente não acredito que a «salvação» venha dos partidos que tradiconalmente  controlam o poder do Estado e das forças empresariais.Vão continuar a chorar lágrimas de crocodilo, dizendo que é necessário subir os salários e as pensões, fixar os jovens quadros no País, tornar a habitação acessívelA saída para a crise ou crises apenas pode vir dos trabalhadores organizados.Daí a pesada responsabilidade das organizações de trabalhadores, em particular da CGTP e da UGT.Se esta última Central sindical continuar amorfa e a CGTP a emagrecer terá que haver alterações no panorama sindical em Portugal,pois não acredito que o marasmo e ineficácia  possam continuar.

Podemos argumentar,como fazem alguns quadros do partido socialista, que a conjuntura é adversa, mesmo péssmia, com a guerra, a seca e a pandemia.Ninguém contesta tais factos e suas terríveis consequências.Todavia, o que os pobres e os trabalhadores não vão perdoar é que no meio destes terríveis factos haja tanta empresa que vê aumentar os seus lucros e tanta gente a valorização do seu capital , aproveitando precisamente o mal dos outros.Isso é inícuo porque esses senhores estão a roubar o pão dos mais pobres e fracos e o governo socialista pouco faz neste momnto para contrariar esta situação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

HONORIS CAUSA PARA DURÃO BARROSO-a pouca vergonha de uma Universidade Católica

 

Uma breve notícia na primeira página do Expresso informava que «A Universidade Católica vai atribuir


o grau de doutor honoris causa ao ex Presidente da Comissão Europeia e director do Centro de Estudos Europeus da UCP, José Manuel Durão Barroso»

Que eu saiba ainda ninguém comentou esta lacónica notícia do Expresso.Todavia, ela merece alguns breves comentários.Em primeiro lugar a Universidade Católica deveria fazer o que outras universidades fazem que é não dar este título ou grau a uma pessoa que seja docente da mesma universidade.

Por outro lado expliquem porque razão este senhor merece tal honra de uma Universidade Católica.Pelo seu curriculo jurídico e inteligência?Talvez.Mas nunca pelo seu curriculo como político, nomeadamente como Presidente da Comissão Europeia;nunca como Primeiro Ministro de Portugal

É aceite pela generalidade dos estudiosos da dimensão social europeia e pelos sindicatos que a Comissão Barroso estagnou nesta matéria durante o consulado Barrosos .Durante esses anos a Comissão andou a rever legislação para a tornar mais favorável aos empregadores, nomeadamente no campo da segurança e saúde dos trabalhadores.A ideia de um pilar Europeu dos direitos sociais nunca passaria com Barroso, nem qualquer directiva sobre os salário minimo europeu,ideias há tanto tempo ventiladas pelos sindicatos e outras organizações de trabalhadores de todos os quadrantes politicos e ideológicos.Se houve Comissão conservadora foi a de Barroso que bloqueou um verdadeiro diálogo social.Barroso foi o expoente máximo do conservadorismo europeu na altura, apesar do seu brilhantismo.

Mas como político nacional foi um desastre abandonando a governação para ir para a Comissão Europeia e deixando o país entregue a Santana Lopes e ,passado meio ano eleições legislativas.

Foi ele porém que patrocinou a cimeira dos Açores com Bush,Tony Blair e Aznar,onde se congeminou o embuste da invasão do Iraque com o argumento de que aquele País seria detentor de armas de destruição massiça.Deixou-se enganar e enganou o então Presidente da República, Jorge Sampaio.

Nos anos seguintes vimos o que foi o desastre do Iraque para aquele povo  e para os próprios USA.E onde estão essses bravos da cimeira dos Açores?Uns a gozar a vida como Aznar e Tony Blair e outros como Durão Barroso sendo consultor de um grande banco americano que esteve bem dentro do furacão da crise de 2010 que nos levou em 2012 , a nós portugueses, à troica e à famosa austeridade com corte de salários, pesados impostos e pobreza.

Então é a este político e profissional que a Universidade Católica vai entregar o titulo de «doutor honoris causa»?Uma Universidade Católica que vai homenagear um banqueiro do grande capital malfeitor, um fautor de uma guerra que teve centenas de milhar de mortos civis inocentes e a destruição de um País,de um comissário que foi um atraso de vida na UE em particular no domínio social.Mas quais são os valores subjacentes a esta Universidade?Não tinham outra personalidade para entregar o título?Comunga a UCP dos valores e feitos do Durão Barroso?Quem são as forças negras que estão na retaguarda desta universidade?