domingo, 15 de dezembro de 2019

CULTURA AUTORITÁRIA E SINDICALISMO


Existe uma cultura democrática em Portugal?Claro que sim.A ditadura
militar e salazarista construida sobre prisões, deportações e mortes ao longo de quase meio século demonstram que existiu sempre a luta pela liberdade em Portugal mesmo nos momentos mais negros.
No entanto, e apesar de 45 anos de democracia,ainda temos em alguns sectores da sociedade, nomeadamente em muitas empresas, uma cultura autoritária, paternalista e anti-sindical.Mais no privado do que no público, mais nas pequenas empresas do que nas maiores unidades e serviços.
Existem razões para esta situação?Claro que sim.O nosso processo revolucionário e democrático não foi controlado por cima, pelo Estado, existiram profundas rupturas sociais e políticas.O Movimento Sindical em Portugal não foi um mero interlocutor de uma abertura política, mas antes um actor fundamental no enterro do Estado fascista e na instituição de um Estado constitucional avançado política, social e económicamente.
Com a «normalização democrática» e uma relação de forças desfavorável aos trabalhadores as contas passadas pagam-se.A cultura autoritária de muitos empresários emergiu novamente, uma cultura que sempre conviveu mal com um sindicalismo que privilegia a reivindicação e não teme o confronto social.Mesmo nas grandes empresas os departamentos que gerem os recursos humanos concebem frequentemente as organizações sindicais como impecilhos para a gestão dos objectivos da empresa e não como parceiros autónomos representando os trabalhadores.
É no domínio da pomoção da segurança e saúde dos trabalhadores onde melhor se percebe esta cultura.Uma matéria que deveria interessar em particular as empresas e, no entanto,a maioria destas não vê com bons olhos a eleição de representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho.Uma eleição prevista em toda a União Europeia faz agora trinta anos.Por outro lado Portugal é o País da Europa ocidental com menor grau de participação cívica e sindical.Os sindicatos, inclusive no sector público, são vistos como concorrentes pelas chefias e dirigentes.
Enquanto as empresas sem representantes dos trabalhadores forem em maior número podemos considerar que a democracia é altamente deficitária no tecido empresarial.O poder patronal e gestional sem contra poder dos trabalhadores é factor de menor bem estar no trabalho de menor satisfação dos trabalhadores.A organização e a participação dos trabalhadores é um factor essencial de maturidade democrática, de cidadania e bem estar social e desenvovimento económico.Não são apenas os sindicatos a confirmarem esta realidade.São organizações internacionais como a OIT a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho , a Fundação Dublin e até organizações como a Organização Mundial da Saúde, a OCDE, etc.
Neste sentido e tendo em conta o que se diz no programa do governo seria bom melhorar a legislação relativamente à participação dos trabalhadores nas empresas e à proteção da ação sindical nas mesmas.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

GRETA THUNBERG OU A FORÇA DA VERDADE


Quem não se enternece com uma menina que decide fazer greve às aulas para afirmar simbólicamente o fim do mundo?
Não será a primeira vez que a verdade e a salvação é anunciada por uma criança , a imagem radical do anti herói.Na tradição do judaismo-cristianismo temos a imagem do menino Messias, do próprio Jesus de Nazaré, para não falar do próprio século XX onde  tivemos vários anti heróis, embora não meninos, com uma força tremenda como Ghandi e Luther  King.Estamos fartos de ver filmes onde é anunciada uma criança que comporta consigo a verdade, a salvação ,a sobrevivência da especie humana perante o terror, a destruição, enfim, o mal.
Greta Thunberg, na sua fragilidade e precariedade, comporta consigo a verdade do destino do nosso planeta, caso não se mude de vida e se continue fiel ao roteiro traçado pelo capitalismo das grandes corporações multinacionais.Um capitalismo cego à realidade e ao futuro dos humanos, explorador dos recursos  de forma não sustentável e produtor de uma cultura consumista, de competição desenfreada e predadora.
A força da pequena Greta é essa verdade que a transforma em heroina dos nossos tempos.Uma heroina desamparada e frágil, apenas com o poder da palavra e com a qual muitos se identificam.
Claro que já temos os detratores da criança e da sua mensagem.Uns inventam calúnias e dizem-na marionete de obscuros interesses;outros não gostam da maneira como ela fala aos adultos ou dos adultos;outros consideram que ela é uma exagerada; outros ainda consideram que uma mensagem tão importante não é para ser falada por uma criança sem conhecimentos científicos bem provados nos laboratórios das universidades.No fundo querem matar o mensageiro para matar a mensagem .
Mas podem dizer tudo e fazer tudo à pequena Greta só que não conseguem matar a verdade que já é evidente para todos.Tal como a Inquisição ao condenar Galileu  não destruiu a verdade que a terra rodava á volta do sol também os detratores da criança Greta não matam a verdade que é cristalina:se não mudarmos de sistema e de vida teremos tempos ainda mais complicados e trágicos para os humanos, em particular para os mais pobres, mas, a prazo, para todos.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

OS JOVENS TRABALHADORES E O SINDICATO


Hoje temos uma juventude mais instruída do que no passado.Dizem que temos a geração com mais habilitações académicas de todos os tempos.
Esta democratização do ensino e da instrução é um sinal de desenvolvimento do País.Esta juventude formada vai entrando nas empresas sem uma correspondente informação sindical onde se inclui a importância de pertencer a um sindicato.
Uma parte significativa dos jovens entra tardiamente e de forma precária no trabalho.Esta situação inibe não apenas  a adesão ao sindicato mas também retarda o desenvolvimento de uma consciencia laboral, nomeadamente de procura de informação e formação sobre os seus direitos.
Temos assim milhares de jovens trabalhadores que não conhecem os seus direitos sobre segurança e saúde,paternidade, contrato colectivo, férias, despedimento etc.Alguns consideram até que não é necessário saber estas coisas pois a empresa encarrega-se disso,sem suspeitarem que, por vezes, não lhes dizem tudo.

Vantagens de ser sindicalizado

É importante saber que estar sindicalizado é um direito desde que nos tornamos trabalhadores.Podemos informar a empresa ou não da nossa situação sindical.Podemos pagar a quota sindical por transferência bancária sem que a empresa tenha que estar informada.
Estar sindicalizado tem várias vantagens, nomeadamente uma informação específica sobre a nossa profissão ou o nosso sector económico, sobre os nossos direitos gerais e do nosso contrato.Uma outra vantagem significativa é que podemos usufruir do apoio jurídico em caso de conflito com a empresa.Os sindicatos promovem também diversas ações de formação que nos podem ser úteis.

Qual é o papel do sindicato numa empresa

Um sindicato numa empresa tem por missão representar os trabalhadores seus associados e defender os direitos e interesses dos mesmos face ao patrão ou administração.Os trabalhadores sindicalizados na empresa são o primeiro e mais importante pilar do sindicato.Assim, ao contrário do que muitos pensam o sindicato não é uma organização exterior à empresa e aos trabalhadores.
A existência de um sindicato numa empresa facilita a vida dos trabalhadores e da gestão/administração.Quais são os problemas?Vamos dialogar e resolver os problemas de forma justa,sempre na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores.Havendo um sindicato a administração tem mais cuidado e respeito com a gestão das pessoas.Empresa sem sindicato é um local de trabalho sem possibilidade de contrabalançar o poder  da administração.Havendo discriminação e atentados aos direitos de um trabalhador entra em ação o delegado sindical, que é um trabalhador eleito democraticamente pelos sócios do sindicato.O delegado sindical é o porta-voz e representante dos trabalhadores.A Constituição Portuguesa e a lei do trabalho protege o delegado sindical e a ação sindical na empresa.O delegado sindical pode constituir com outros delegados uma comissão sindical de empresa.Todos fazem parte do sindicato.