quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CAMPANHA EUROPEIA PARA PREVENIR RISCOS


A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) inicia amanhã em Portugal a Campanha Europeia para prevenir os riscos profissionais ligados á manutenção manual de cargas no comércio e construção.

As queixas abrangidas pelo termo “lesões do sistema músculo-esquelético” causadas pelo trabalho constituem o problema mais generalizado em matéria de saúde de origem profissional que afecta os trabalhadores dos Estados-Membros da União Europeia. Por este motivo, o Comité de Altos Responsáveis da Inspecção do Trabalho iniciou, já em 2007, uma campanha de informação e inspecção europeia intitulada “Alivie a Carga!” / “Atenção! Mais Carga Não!”. A sua primeira edição abrangeu os empregadores e os trabalhadores dos sectores de Cuidados da Saúde e dos Transportes.Documentos-alivie a carga

O PIOR DA CRISE AINDA ESTÁ PARA VIR?


Artigo de Leonardo Boff, Teólogo


Num artigo anterior afirmávamos que a atual crise mais que econômico-financeira é uma crise de humanidade. Atingiram-se os fundamentos que sustentam a sociabilidade humana – a confiança, a verdade e a cooperação - destruídos pela voracidade do capital. Sem eles é impossível a política e a economia. Irrompe a barbárie.

Queremos levar avante esta reflexão de cariz filosófico, inspirados em dois notáveis pensadores: Karl Marx e Max Horkheimer. Este último foi proeminente figura da escola de Frankfurt ao lado de Adorno e Habermas.

Antes mesmo do fim da guerra, em 1944, teve a coragem de dizer, em palestras na Universidade de Colúmbia nos EUA, publicadas sob o titulo Eclipse da Razão (no Brasil 1976) que pouco adiantava a vitória iminente dos aliados. O motivo principal que gerou a guerra continuava atuante no bojo da cultura dominante. Seria o seqüestro da razão para o mundo da técnica e da produção, portanto, para o mundo dos meios, esquecendo totalmente a discussão dos fins. Quer dizer, o ser humano já não se pergunta por um sentido mais alto da vida. Viver é produzir sem fim e consumir o mais que pode. É um propósito meramente material, sem qualquer grandeza. A razão foi usada para operacionalizar esta voracidade. Ao submeter-se, ela se obscureceu deixando de colocar as questões que ela sempre colocou: que sentido tem a vida e o universo, qual é o nosso lugar? Sem estas respostas só nos resta a vontade de poder que leva à guerra como na Europa de Hitler.

Algo semelhante dizia Marx no terceiro livro do Capital. Ai deixa claro que o ponto de partida e de chegada do capital é o próprio capital em sua vontade ilimitada de acumulação. Ele visa o aumento sem fim da produção, para a produção e pela própria produção, associada ao consumo, em vista do desenvolvimento de todas as forças produtivas. É o império dos meios sem discutir os fins e qual o sentido deste tresloucado processo. Ora, são os fins humanitários que sustentam a sociedade e conferem propósito à vida. Bem o expressou o nosso economista-pensador Celso Furtado:”O desafio que se coloca no umbral do século XXI é nada menos do que mudar o curso da civilização, deslocar o eixo da lógica dos meios a serviço da acumulação, num curto horizonte de tempo, para uma lógica dos fins em função do bem estar social, do exercício da liberdade e da cooperação entre os povos”(Brasil: a construção interrompida,1993,76).

Não foi isso que os ideólogos do neo-liberalismo, da desregulação da economia e do laissez-faire dos mercados nos aconselharam. Eles mentiram para toda a humanidade, prometendo-lhe o melhor dos mundos. Para essa via não existiam alternativas, diziam. Tudo isso foi agora desmascarado, gerando uma crise que vai ficar ainda pior. A razão reside no fato de que a atual crise se instaurou no seio de outras crises ainda mais graves: a do aquecimento global que vai produzir dimensões catastróficas para milhões da humanidade e a da insustentabilidade da Terra em conseqüência da virulência produtivista e consumista. Precisamos de um terço a mais de Terra. Quer dizer, a Terra já passou em 30% sua capacidade de reposição. Ela não agüenta mais o crescimento da produção e do consumo atuais como é proposto para cada pais. Ela vai se defender produzindo caos, não criativo, mas destrutivo. Aqui reside o limite do capital: o limite da Terra. Isso não existia na crise de 1929. Dava-se por descontada a capacidade de suporte da Terra. Hoje não: se não salvarmos a sustentabilidade da Terra, não haverá base para o projeto do capital em seu propósito de crescimento.

Depois de haver precarizado o trabalho, substituindo-o pela máquina, está agora liquidando com a natureza.Estas ponderações aparecem raramente no atual debate. Predomina o tema da extensão da crise, dos índices da recessão e do nível de desemprego. Neste campo os piores conselheiros são os economistas, especialmente os ministros da Fazenda. Eles são reféns de um tipo de razão que os cega para estas questões vitais. Há que se ouvir os pensadores e os que ainda amam a vida e cuidam da Terra.

domingo, 23 de novembro de 2008

O ROMENO!


Eu caminhava com um saco de compras na mão quando ele se abeirou de mim quase de surpresa! Mostrou-me a revista "CAIS" com um olhar indefinido e sem grande esperança.Era jovem e falava um português com um leve sotaque, a sua roupa estava pouco cuidada.Ao abrir a minha carteira para lhe comprar a revista perguntei-lhe se era brasileiro.Não, era romeno-respondeu-me afável e com alguma curiosidade no olhar.

Tenho a sensação de que ele agora está disponível para falar, para contar a sua vida a outro ser humano.Não consegues arranjar um trabalho? Ele responde de imediato que estava a trabalhar como jardineiro numa escola, em Lisboa mas que foi substituído por um português.Mostra-me o cartão de uma escola. Reparo nas suas mãos mal tratadas e para o maço de papéis que saíram do bolso com o cartão.Parece-se querer justificar-se por não ter trabalho e, pela primeira vez, o seu olhar não enfrenta o meu. Sinto-me também pouco confortável e assaltam-me à mente todas as histórias que contam dos romenos.Sinto como uma má disposição que começa não sei onde mas que me atinge a boca do estômago!É a náusea da impotência, de estar desarmado, de não ter caminhos. Mas é um ser humano, merda!Que importa que conte histórias? Tem trabalho? tem vida digna?

Sem qualquer convicção dou-lhe algumas dicas para procurar emprego, enquanto o convido para uma cerveja que me soube tão mal que não tenho memória de outra igual!.A crise do capitalismo está em marcha por todo o mundo, aqui e na Roménia...o problema é que não sabemos como vai acabar!O problema é que nos corroi a humanidade!
Despeço-me dele com um cumprimento e, enquanto me afasto,olho pela primeira vez para a capa do último número da CAIS-"desigualdades"- era o título!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

MINEIROS DE ALJUSTREL....E agora?





É de desconfiança o clima que reina entre trabalhadores e sindicalistas, quanto à possibilidade de venda das Pirites Alentejanas, depois de anteontem a Lundin Mining ter decretado o fim da laboração.Depois de se encontrarem ontem com Vieira da Silva, ministro do Trabalho, e de Manuel Monge, governador-civil de Beja, os sindicalistas garantiram que "vão procurar respostas concretas", da parte do ministro da Economia.Manuel Pinho anunciou, ao final de tarde de quinta-feira, que existia um grupo francês interessado na compra da empresa.


Ontem José Sócrates adiantou que as negociações decorriam há dois meses. Ao final da tarde, o governador-civil revelou que eram dois os interessados, entre eles, a Martifer, de quem a Mota Engil - grupo onde é administrador o ex-dirigente socialista Jorge Coelho -, detém 37%.Foi perante este cenário que meia centena de trabalhadores e sindicalistas, acompanhados pelo presidente da Câmara de Aljustrel, se dirigiram, ontem de manhã, a Beja para "manifestar o protesto pelo fecho da mina", explicou ao JN, Luís Sequeira dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), enquanto a delegação aguardava ser recebida por Vieira da SilvaApós o encontro, Luís Sequeira revelou que o ministro se mostrou "muito sensibilizado com a situação", tendo-lhe sido pedido que "o processo seja invertido", tendo em conta que "as rescisões estão a ser feitas sob coacção", numa medida considerada "precipitada pelos mineiros.O ministro do Trabalho reiterou as palavras do seu colega da Economia sobre os possíveis interessados. "Tudo faremos para que haja uma alternativa", adiantou, aconselhando aos trabalhadores para que "tenham calma e averiguem a sua situação", garantindo todo a disponibilidade e apoio dos serviços do Ministério do Trabalho.


Em desfile pelas ruas de Beja e ao som do slogan "Trabalho Sim, Desemprego Não", trabalhadores e sindicalistas dirigiram-se à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), para exigirem a "fiscalização das rescisões contratuais" tendo recebido, segundo o sindicalista Manuel Cravo, a indicação de que a instituição "não tinha capacidade humana para intervir" nas minas.Segundo apurou o JN, uma equipa de inspectores da ACT passou o dia nas minas de Aljustrel, procurando contactar, um a um, os trabalhadores, a fim de esclarecer as suas situações.Apesar do anúncio da existência de dois "potenciais compradores", os mineiros consideraram que "não houve novidades", quando ao que fora dito por Vieira da Silva.Quase três dezenas já assinaram rescisõesDepois de na manhã de anteontem, os trabalhadores das Pirites Alentejanas terem sido avisados do fim da laboração, e do início do processo negocial para os despedimentos, quase três dezenas assinaram o processo de rescisão com a empresa. João Carrêlo, administrador delegado da Lundin Mining informara que o "processo de rescisões", tinha que ficar concluído no próximo dia 20. Alguns não aguentaram a pressão e "assinaram" a saída da empresa no próprio dia.

Ontem, à porta da Autoridade para as Condições do Trabalho, em Beja, Melinda Mestre, 22 anos, operadora da lavaria, já tinha assinado o papel que a deixava "desempregada e amargurada", contou ao JN, de lágrimas nos olhos. Com um filho para criar, casa e carro para pagar, vê-se "numa situação muito delicada". Trocou o antigo trabalho pelas minas. "Houve gente com muitos anos de efectivo que deixou os seus antigos postos", contou, garantindo que, além dela, mais 25 já assinaram a rescisão.(imprensa)

Nota: mais uma vez se coloca a questão do controlo das multinacionais no quadro desta globalização.E a acção sindical internacional?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

DE QUEM É A CULPA?


Artigo de Anselm Japp* sobre a crise do sistema capitalista:

Desta vez, todos os comentadores estão de acordo: o que se está a passar não é uma mera turbulência passageira dos mercados financeiros. Estamos a viver, sem dúvida, uma crise que é considerada a pior desde a Segunda Guerra Mundial, ou desde 1929. Mas de quem é a culpa, e por onde encontrar a saída? A resposta é quase sempre a mesma: a «economia real» está sã, foram os mecanismos corruptos de uma finança que escapou a todo e qualquer controlo que puseram em risco a economia mundial. Sendo assim, a explicação mais expedita, mas também mais propagada, atribui toda a responsabilidade pela crise à «avidez» de um punhado de especuladores que teriam jogado com o dinheiro de todos como se estivessem num casino. Mas reduzir os arcanos da economia capitalista, quando esta funciona mal, às maquinações de uma conspiração maléfica tem uma longa e perigosa tradição. Arranjar, mais uma vez, bodes expiatórios – a «alta finança judaica» ou outra –, oferecendo-os ao julgamento do «povo honesto», constituído pelos trabalhadores e aforradores, seria a pior das saídas possíveis.
Opor um «mau» capitalismo «anglo-saxónico», predador e sem delimitações, a um «bom» capitalismo «continental», mais responsável, não é uma atitude muito mais séria. Verificou-se, nas últimas semanas, que as diferenças são subtis. Todos aqueles que agora apelam a uma «maior regulação» dos mercados financeiros, desde a associação ATTAC ao Presidente Sarkozy, não vêem nas loucuras das bolsas mais do que um «excesso», um abcesso num corpo são.
E se a financiarização, longe de ter arruinado a economia real, a tivesse, pelo contrário, ajudado a sobreviver para além da data de prescrição? Se tivesse insuflado um sopro de vida num corpo moribundo? Por que estamos tão certos de que o próprio capitalismo deva escapar ao ciclo do nascimento, crescimento e morte? Não poderá ele conter limites intrínsecos ao seu desenvolvimento, limites que não residem apenas na existência de um inimigo declarado (o proletariado, os povos oprimidos), nem na extinção dos recursos naturais?

Nos dias que correm, voltou a ser moda citar Karl Marx. Mas este filósofo alemão não falou apenas da luta de classes. Ele previu também que um dia a máquina capitalista se deterá por si própria, que a sua dinâmica se exaurirá. Porquê? O modo de produção capitalista de mercadorias contém, à partida, uma contradição interna, uma autêntica bomba ao retardador situada nos próprios fundamentos. Só é possível fazer frutificar o capital e, por conseguinte, acumulá-lo, explorando a força de trabalho. Mas, para gerar lucro ao empregador, o trabalhador tem de estar apetrechado com as ferramentas necessárias, e hoje com tecnologias de ponta. Daí resulta uma corrida contínua – ditada pela concorrência – à utilização de tecnologias. O primeiro empregador a recorrer a novas tecnologias fica sempre a ganhar, porque os seus operários produzem mais do que os que não dispõem dessa ferramenta. Mas o sistema no seu todo perde, porque as tecnologias substituem o trabalho humano. O valor de cada mercadoria singular contém, pois, uma quota-parte cada vez mais exígua de trabalho humano – que é, no entanto, a única fonte da mais-valia e, portanto, do lucro. O desenvolvimento da tecnologia diminui os lucros na sua totalidade. Contudo, durante um século e meio, o alargamento da produção de mercadorias, à escala mundial, foi capaz de compensar esta tendência para a diminuição do valor de cada mercadoria.

Desde os anos 70 do século passado, este mecanismo – que outra coisa não era senão uma fuga para a frente – está bloqueado. Paradoxalmente, os ganhos de produtividade permitidos pela microelectrónica fizeram o capitalismo entrar em crise. Eram necessários investimentos cada vez mais vultosos para pôr a trabalhar os poucos operários que tinham sobrado segundo os padrões de produtividade do mercado mundial. A acumulação real do capital ameaçava estancar. É então que o «capital fictício», como lhe chamou Marx, ganha livre curso.


O abandono da convertibilidade do dólar em ouro, em 1971, retirou a última válvula de segurança, o último ancoradouro à acumulação real. O crédito mais não é do que uma antecipação dos lucros futuros esperados. Mas quando a produção de valor, logo de sobrevalia, estagna na economia real (o que não tem nada que ver com uma estagnação da produção de coisas – mas o capitalismo gira à volta da produção de mais-valia, e não de produtos, enquanto valores de utilização), só a finança permite aos proprietários de capital realizarem os lucros que se tornaram impossíveis de obter na economia real. A escalada do neoliberalismo, a partir de 1980, não foi uma manobra suja dos capitalistas mais ávidos, um golpe de Estado preparado com a ajuda de políticos complacentes, como quer crer a esquerda «radical» (que agora tem de tomar uma decisão: ou avança para uma crítica do capitalismo, sem mais, mesmo que este já não se proclame neoliberal, ou participa na gestão de um capitalismo emergente que incorporou uma parte das críticas feitas aos seus «excessos»). Pelo contrário, o neoliberalismo foi a única forma possível de prolongar um pouco mais o sistema capitalista, cujos fundamentos ninguém, seriamente, queria pôr em causa, quer à direita, quer à esquerda. Graças ao crédito, um grande número de empresas e de indivíduos conseguiu manter durante muito tempo uma ilusão de prosperidade.

Agora, também esta muleta se quebrou. Mas o regresso ao keynesianismo, evocado a torto e a direito, será de todo impossível: os Estados já não dispõem de suficiente dinheiro «real». Por agora, os decisores adiaram um pouco mais o mane-tecel-phares, acrescentando um outro zero aos números mirabolantes escritos nos ecrãs e aos quais já não corresponde nada. Os empréstimos concedidos recentemente para salvar as bolsas são dez vezes superiores aos buracos que faziam tremer os mercados há dez anos – mas a produção real (diga-se, banalmente, o PIB) aumentou cerca de 20 a 30 por cento! O «crescimento económico» já não tinha base autónoma: resultava, sim, das bolhas financeiras. Mas quando estas bolhas tiverem rebentado, não haverá um «saneamento» após o qual tudo possa recomeçar.

Talvez não venhamos a assistir a uma «sexta-feira negra», como em 1929, a um «Dia do Juízo». Mas há boas razões para crer que estamos a viver o fim de uma longa época histórica. A época em que a actividade produtiva e os produtos não servem para satisfazer necessidades, mas para alimentar o ciclo incessante do trabalho que valoriza o capital e do capital que emprega o trabalho. A mercadoria e o trabalho, o dinheiro e a regulação estatal, a concorrência e o mercado: por trás das crises financeiras que há vinte anos se repetem, cada vez mais graves, perfila-se a crise de todas estas categorias. As quais, é sempre bom lembrá-lo, não fazem parte da existência humana em toda a parte e sempre. Apoderaram-se da existência humana ao longo dos últimos séculos e poderão evoluir para algo diferente – algo melhor ou ainda pior. Contudo, não é o tipo de decisão que se tome numa reunião do G8…

[Tradução do francês de Maria da Graça Macedo]


*Anselm Jappe é autor de As Aventuras da Mercadoria (Antígona, 2006) e Guy Debord (Antígona, 2008).
Artigo enviado por Jorge Santana-Sines

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

TRABALHAR NOS BARES E HOTEIS É UM TORMENTO!

Do jornal 24 Horas de Hoje:


"Os trabalhadores do ramo da hotelaria são os mais prejudicados a vários níveis. Segundo um relatório da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), ontem publicado, "os trabalhadores deste sector são mais frequentemente vítimas de violência, assédio e discriminação - por parte de clientes, colegas e patrões - do que os trabalhadores de outros sectores".


O relatório, intitulado "Protecting workers in hotels, restaurants and catering" (Proteger os trabalhadores em hotéis, restaurantes e catering), é totalmente subscrito pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul. "Já temos denunciado estes e outros problemas no sector. Mas acima de tudo temos apresentado propostas para alterar esta situação", sublinhou ao 24horas o presidente deste sindicato, Rodolfo Caseiro.Para este dirigente a hotelaria é "um sector de passagem, porque as pessoas apenas encontram más condições de trabalho".


Segundo o relatório, "os trabalhadores do sector enfrentam igualmente uma série de riscos psicossociais, designadamente horários de trabalho prolongados e imprevisíveis" e "entre os factores de risco físicos a que os trabalhadores estão expostos conta-se o facto de passarem muitas horas de pé e de transportarem cargas pesadas".ver relatório

Nota: Podemos dizer com verdade que os relatórios não faltam!Falta, todavia, a capacidade de alterar as situações.Mas este problema está relacionado com a relação de forças e a capacidade política dos movimentos de trabalhadores em todo o mundo e nomeadamente na Europa para contrariar a exploração!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

DIREITOS DA MULHER NO TRABALHO!


"A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi fundada com base no princípio da justiça social, promovendo o trabalho digno como meio de reduzir a pobreza e garantir o desenvolvimento sustentável.

Neste relatório, a OIT salienta a relação que existe entre trabalho digno e saúde materna, demonstrando que as acções levadas a cabo pela OIT e os seus mandantes podem melhorar a saúde materna, contribuir para uma maternidade segura, bem como para mães e bebés mais saudáveis.

Este documento apresenta uma breve perspectiva das preocupações mundiais com a saúde e a mortalidade maternas e analisa o papel que o mundo do trabalho – quadros, instituições,actores e recursos – desempenha na saúde materna."ver brochura em língua portuguesa, uma edição do Escritório da OIT em Lisboa.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O 91º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA


JOSÉ SILVA, militante operário, perante a Revolução Russa de 7 de Novembro de 1917.

"Inesperadamente, nos fins do ano de 1917 (Novembro) a minha curiosidade foi despertada pelo noticiário dos jornais sobre um grande acontecimento ocorrido na Rússsia que alertou profundamente todo o Mundo, principalmente as potências que se encontravam em guerra desde o mês de Agosto de 1914.
Na Rússia dos czares rebentara a Revolução Social!
Nesse tempo eu já gostava de ler e, para melhor acompanhar a evolução do grande acontecimento, passei a comprar o jornal diariamente o que era um luxo para um pobre soldado raso.

Ainda que só por instinto o meu espírito sempre estivera em boas condições de receptividade para a compreensaõ dos princípios sociais ligados à vida dos trabalhadores, mas sendo a minha consciencia de classe, nessa época um nebulosa que ainda não me permitia discernir com clareza as diversas correntes ideológicas que actuavam na Revolução Russa, eu via-me embaraçado para adoptar aquela que melhor se ajstasse ao meu estado de consciencia social, ainda em formação.
Até ao levantamento popular russo eu só tomara contacto com pequenas lutas sociais que apenas superficialmente tinham espevitado o meu subconsciente.Nada se dera ainda que me fizesse despertar definitivamente para uma vida militante ao serviço de uma ideia que a minha consciencia instintivamente, há muito vinha reclamando.

Foi a vitória do Povo Russo que me arrancou ao primário esado social em que estava, a despeito de anos antes ter já ouvido as discussões dos companheiros de trabalho Silva e Lucas depois o velho libertário Serafim Lucena, na Associação dos Fabricantes de Calçado e de, finalmente, ter assistido a um comício anarquista de protesto contra os preparativos de guerra que o Governo estava fazendo a favor da França e da Grã-Bretanha que teve lugar nos terrenos da Praça da Alegria onde mais tarde funcionou a belíssima Escola Infantil, extinta depois pelo Estado Corporativo.Só a revolução Russa,pois,teve o poder de acelerar o processo de formação da minha consciencia de classe até aí adormecida.

Um quadro militante de uma ideia político-filosófica não se faz dum jacto.Muitos anos têm de decorrer antes que o futuro militante se plasme nos acontecimentos, na causa ou na ideia que o fez despertar para uma vida de que não se apercebera antes.
Depois, o militante de uma ideologia política ou religiosa tem que pautar a sua linha de conduta particular e social pela ética dos princípios que abraçou, tendo para tanto de revestir-se duma personalidade que seja a expressão do seu carácter, da sua moral e da sua cultura já que sem um mínimo de cultura será sempre um militante obscuro sem prestígio e sem qualquer projecção sobre as massas humanas que ambiciona orientar e conduzir.

Terá que cometer muitos erros, desvios tácticos, revelará debilidades ideológicas mas, se for honesto, ir-se-á corriigindo à medida que o treino da luta lhe aumente os conhecimentos doutrinários e, só então, através da experiencia adquirida, verificará que um quadro político ou sindical leva muito tempo a fazer-se.
É por não se terem preparado devidamente que a maior parte dos militantes operários surgido entre nõs depois da Revolução Russa, com poucas excepções, desaparceram no dilúvio de 1926.
Mas os acontecimentos russos passaram a prender de tal modo as atenções do mundo que superavam a notícia da própria guerra que nessa altura se encontrava numa das suas fases mais violentas.
E quando a 7 de Novembro do ano seguinte passou o primeiro aniversário da revolução socviética já eu tinha abraçado definitivamente os princípios políticos e filosóficos que constituíam as vigas mestras desse grande acontecimento histórico que iria decidir dos destinos do Mundo.
Não sendo ainda um quadro político acabado, contudo, sem presunção, considerava-me já em regular estado de adiantamento.Pelo menos se não sabia ainda definir em linguagem doutrinária os princípios sociais que abraçara ao menos sentia-os profundamente.Aliás nesse mesmo ano um novo acontecimento me havia de empurrar definitivamente para as fileiras dos que se mantinham em rebelião permanente contra um mundo que assentava os seus funadamentos na exploração da classe operária, na guerra como fim de escravização de povos e na ignorancia das massas populares, como a melhor forma de as poder oprimir impunemente.

José Silva, Memórias de um operário, vol.I, Porto 1971

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O TRABALHO DEVE TER UM SENTIDO!


Estudo canadiano conclui que os modos de gestão e de organização do trabalho que favoreçam o "cada um por si" têm efeitos devastadores no ambiente de trabalho e no empenhamento dos trabalhadores.

Este é mais um estudo recente que demonstra que as pessoas procuram antes de mais um trabalho que lhes permita sentirem-se úteis e realizarem -se como pessoas humanas, participando numa obra comum.Ver estudo do IRSST do Quebec intitulado "sens du travail, santé mentale et engagement organisationnel".Estudo

terça-feira, 4 de novembro de 2008

PARLAMENTO EUROPEU DEFENDE EUROPA SOCIAL!


O PE VOTOU ONTEM RELATÓRIO QUE EQUILIBRA DIREITOS SOCIAIS E LIBERDADE ECONÓMICA.

Por este voto o PE sublinha que as liberdades económicas ,tais como a liberdade de prestação de serviços, não são superiores aos direitos fundamentais tal como o direito dos sindicatos em promoverem uma acção colectiva. Reafirma o direito dos parceiros sociais em garantirem a não discriminação, igualdade de tratamento e melhoria das condições de vida e de trabalho.
A CES já se congratulou por esta posição do Parlamento Europeu que assim não alinha pelas posições do Tribunal Europeu em alguns casos famosos como LAVAL e VIKING.É óbvio que esta posição, embora de compromisso, é uma posição louvável. Ler relatório do PE

domingo, 2 de novembro de 2008

A GREVE GERAL DE NOVEMBRO DE 1918 (memórias)


Em Novembro de 1918 os trabalhadores portugueses realizaram uma das maiores greves de todos os tempos.O contexto político era caracterizado por uma situação muito difícil para as classes populares porque o País estava em guerra e a carestia de vida era enorme, com aumentos de 30 a 90% de produtos essenciais.Havia, no entanto perspectivas de acabar a guerra e estava no início a Revolução Russa que, na altura, era uma grande esperança para o movimento internacional dos trabalhadores.
Entretanto, uma parte significativa dos sindicatos , onde os anarquistas tinham importante influencia,decidiram avançar na preparação da GREVE GERAL que para eles teria um carácter de insurreição e acabaria com o Governo autoritário e fascisante de Sidónio Pais.

A Greve embora alastrasse a todo o País industrial foi derrotada pelo exército e pela GNR.

Segundo António José Telo in "O Sidonismo e o Movimento Operário Português"-A resposta do Governo teve a brutalidade que já se esperava:ao alvorecer do dia 18 são feitas rusgas gigantescas em Lisboa e na margem sul, realizando-se mais de 300 prisões preventivas especialmente entre os comités de greve conhecidos graças à acção da Polícia Preventiva enquanto as estações são ocupadas militarmente ", as ruas são densamente patrulhadas por forças aramadas de carabina e no Governo Civil de Lisboa se concentram 1000 polícias armados....os sindicatos são quase todos revistados e os dirigentes presos."

A greve dura até ao dia 20 e 21 com grande repressão e autodefesa operária através de bombas artesanais e algumas armas.
No dia 20 realiza-se uma parada militar de intimidação na Av. da Liberdade com milhares de soldados(maioria camponeses analfabetos) e material pesado e onde aparece Sidónio com mais de 200 oficiais.
Entretanto os Jornais gritavam que era preciso esmagar até ao fim a greve porque caso contrário teríamos os "sovietes"!!