sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

GREVE GERAL EM FRANÇA!

Ontem, 29 de Janeiro,sindicatos convocaram uma greve geral que mobilizou cerca de dois milhões de manifestantes em todas as cidades farncesas mais importantes.

França assistiu ontem a uma das maiores greves da sua história: cerca de 75% dos trabalhadores franceses aderiram à paralisação. Voos cancelados, comboios parados, escolas fechadas e hospitais reduzidos aos serviços mínimos, foram a dura realidade com que Nicolas Sarkozy teve de lidar pela primeira vez desde que é Presidente da República (ver caixas). A subida da taxa de desemprego e consequente perda do poder de compra da classe média foram as grandes razões que fizeram milhares de trabalhadores saírem ontem para as ruas de Paris a manifestarem-se.

Descontentes com a política económica levada a cabo pelo Governo face à crise, e contando com o apoio dos partidos de esquerda, os oito maiores sindicatos do país organizaram esta mobilização para pedirem mais medidas de protecção aos empregos e salários. "Não podemos aceitar que os trabalhadores sejam os únicos a arcarem com as consequências da crise. Tal como os bancos, também precisamos de garantias, embora para pagar a prestação da casa e para as reformas", afirmava ontem o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, Bernard Thibault, numa crítica directa às ajudas financeiras que o Governo francês deu aos bancos, para os salvar da falência.

Longe vão os tempos em que o presidente da mais simbólica república do Ocidente se podia gabar de "quase não existem greves em França", tal como fez Nicolas Sarkozy no Verão passado. A dimensão desta paralisação, no pais das greves, abala, inevitavelmente, a imagem do Presidente francês. Mas não e o único abraços com a crescente onda de reivindicações na Europa. Já esta semana, sondagens revelam que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, está a ser fortemente penalizado graças às decisões "proteccionistas" que tomou face a crise.

Estará, a Europa, a assistir a uma onda de agitação social face a uma crise sem precedentes? Perante a supressão massiva de postos de trabalho e dispensa de funcionários, a maioria das famílias europeias vê-se com menos dinheiro no bolso e quer saber se os seus políticos são capazes de as protegerem. Com a globalização dos efeitos da crise, as cenas dos próximos capítulos são imprevisíveis. (Diário Económico)

SEMINÁRIO SOBRE TRABALHO FORÇADO!


Biliões de dólares de lucros!

Mais de 12 milhões de trabalhadores/as forçados/as!

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) vai realizar em Lisboa, Hotel Fênix, nos próximos dias 2 e 3 de Fevereiro, um Seminário para inspectores do trabalho sobre trabalho forçado e tráfico de seres humanos com a presença de especialistas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a participação do Comandante Geral dos “Carabinieri” para a Protecção do Trabalho.

O Evento, que conta com a presença de Paulo Morgado de Carvalho, Inspector Geral do Trabalho e de Paulo Bárcia, Director do Escritório da Organização Internacional do Trabalho em Portugal, vai debruçar-se sobre a actuação dos inspectores no combate ao tráfico para o trabalho forçado na Europa a partir de casos concretos em vários países , nomeadamente na Itália , tendo como guia um Manual da OIT sobre aquele tipo de trabalho ilegal.

A Organização Internacional do Trabalho tem desenvolvido um combate intenso ao trabalho forçado e ao tráfico dos seres humanos desde 1930 quando aprovou a primeira Convenção (nº 29) sobre o tema, ratificada, aliás, por Portugal por um decreto de 1956.

As conclusões do Seminário serão apresentadas pelo Inspector Geral do Trabalho, Autoridade para as Condições do Trabalho, pelas 12Horas do dia 03 de Fevereiro no hotel onde decorrem os trabalhos..

Segundo a OIT, estima-se que exista um número de 360 mil pessoas presas ao trabalho forçado em países industrializados, de um total de 12,3 milhões em todo o mundo. A maioria das vítimas são mulheres, nomeadamente adolescentes, dado que a maior fatia do tráfico é para trabalho sexual forçado. Os lucros gerados serão de 32 biliões de dólares dos quais cerca 15,5 biliões são gerados nos países industrializados(USA e Europa). Ver Realatório da OIT

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

RELATÓRIO DA OIT PREVÊ DESEMPREGO EM TODO O MUNDO


De acordo com o último Relatório da Organização Internacional do Trabalho sobre as tendências mundiais do emprego para o ano corrente o número de pessoas desempregadas, trabalhadores pobres e empregos vulneráveis poderá aumentar substancialmente devido à crise económica.
O desemprego mundial poderá aumentar em relação ao ano de 2007 entre 18 e 50 milhões de trabalhadores, dependendo bastante da eficácia das medidas de combate á crise que, entretanto, forem tomadas.
Neste contexto a OIT realça a importância da promoção do trabalho digno em todo o mundo. Consultar relatório:

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

REPORTAGEM DA RTP SOBRE CONDIÇÕES DE TRABALHO

A RTP realizou no passado dia 21 de Janeiro uma reportagem em horário nobre sobre os inspectores do trabalho no terreno, mostrando as condições de trabalho em vários sectores e a exploração dos trabalhadores portugueses e imigrantes.Um vídeo que pode ser muito útil para animar sessões e reuniões sobre este tema.Ver

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

TRABALHADOR INVISÍVEL!


'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.Por

Por Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

"O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário deR$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e nãocomo um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USPpassavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes,esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam meignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão',diz.No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinhacaneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outraclasse, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, algunsse aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixopegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade eserviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava numgrupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca aprecieio sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, eclaro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas derefrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tembarata, tem de tudo.

No momento em que empunhei a caneca improvisada,parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversarcomigo, a contar piada, brincar.O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei peloandar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei nabiblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passeiem frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim.

O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar,não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também asituações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.E quando você volta para casa, para seu mundo real?Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa.

Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.*Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!
Texto enviado por Claudio Teixeira, sociólogo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

NOS 50 ANOS DE UMA COOPERATIVA DO NORTE


No passado sábado, dia 17 de Janeiro a Adega Cooperativa de St.a Marta de Penaguião, comemorou os cinquenta anos da sua fundação (1959).
Pelas 10 horas da manhã centenas de viticultores de todo o concelho começaram a entrar nas instalações das Caves Santa Marta onde se iniciaria o Programa das comemorações logo que chegasse o membro do governo convidado, bem como as outras individualidades civis, religiosas e militares.Tal como se faz, aliás, há mais de meio século nas terras do Norte,tradição a que nem a Revolução de Abril abalou.

A banda de música da Cumieira,essa terra tristemente célebre pela morte do Padre Max organizada pela contra revolução, brindou os presentes, mais homens do que mulheres que esperavam, com paciencia pela chegada das ditas personalidades.Com a chegada destas iniciou-se um colóquio no salão principal da Cooperativa repleto de sócios e familiares das três adegas que constituem hoje as "Caves Santa Marta " que, pese as grandes dificuldades se trnsformou na maior empresa do Distrito de VilaReal e a principal empregadora do Concelho.

O discurso do presidente da Direcção, suave e redondo não deixou, no entanto, de colocar o dedo em algumas feridas que fazem sofrer a maioria das gentes durienses que vivem do vinho.
O reparo lá vem no discurso:o vinho do Porto está a ser deslocado dos pequenos e médios viticultores para as grandes firmas produtoras que hoje constituem uma das componentes mais agressivas e competitivas do capitalismo agro-industrial do país.Estas firmas estão constantemente a alargar o plantio de mais vinhas para produzirem o vinho do Porto. No entanto o mercado deste generoso não alarga e mantém-se na mesma há décadas.Daqui a alguns anos receia-se que a pequena lavoura duriense pouco significado tenha no montante do "benefício" anual ( quantidade de vinho do porto a distribuir pelos viticultores a partir de um cadastro elaborado para o efeito).

O presidente das adegas chama a atenção para a necessidade de limitar a plantação de mais vinhas.Clama por apoio à pequena lavoura e para as adegas cooperativas que na maioria dos casos estão com a "corda na garganta" e presas pela banca.Avisa que os viticultores perdem rendimentos a uma velocidade de cruzeiro.Claro, digo eu, com o vinho de mesa quase ao preço da água do luso.Para onde vão então os rendimentos? É a lógica do capitalismo , meu caro! Os agricultores presentes, an maioria idosos, ouviram e bateram palmas e depois seguiu-se o almoço onde alguns quase tiveram que travar uma luta de corpo a corpo para conseguirem chegar ao tacho e muitos ficaram sem sobremesa!

Entretanto, a Tuna de Carvalhais ia lançando as cantigas tradicionais do Norte e os barris, colocados em pontos estratégicos, iam jorrando vinho, do branco e do tinto!Há coisas que se repetem e que nos parecem retratos do Eça ou do Camilo.Isto apesar dos tempos que passam!

PATRÕES APROVEITAM A CRISE?


CRISE grave que se abateu sobre a economia portuguesa faz aumentar o risco de abuso dos patrões sobre os seus empregados e o incumprimento das normas básicas de segurança e saúde no trabalho.Em épocas difíceis, as empresas tendem a cortar ainda mais nos custos e a perpetuar situações de precariedade.

Por isso, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que é tutelada pelo Governo, está «preocupada» e «especialmente atenta» às irregularidades adicionais que possam surgir neste ano que se perfila já de recessão.Sectores que inspiram mais cuidados: os têxteis do Vale do Ave e Vale do Cávado, os lanifícios da Covilhã, as faianças e cerâmicas da zona Oeste e o sector dos componentes para automóveis.

Construção

Na construção, uma dos sectores mais problemáticos, a ACT também está com atenção redobrada, dado que está a começar um novo ciclo de grandes obras. Quem o diz é Paulo Morgado de Carvalho, inspector-geral do Trabalho, que esta semana apresentou o balanço da actividade de 2008 e os objectivos para 2009.Com menos inspectores ao serviço do que em 2007, ainda assim a ACT reforçou em 17% o número de visitas a empresas em 2008 e de inspecções a locais de trabalho. Foram realizadas 71.390 visitas e 44.888 inspecções a locais de trabalho.Destas acções, resultaram 7.722 autos de advertência (mais 66% face a 2007). Estas são situações consideradas menos graves.

A ACT avisa e espêra que a empresa corrija a situação. Normalmente é bem sucedida.A autoridade fez também 30.111 notificações em matéria de violação de regras de segurança e saúde (mais 50%). As infracções de maior gravidade, como os autos de notícia, aumentaram quase 8%, para 14.392 casos, tendo sido feitas mais 59% de participações-crime (num total de 59).Foram provados crimes como trabalho de menores, falhas graves de segurança e saúde e encerramento ilícito de empresas, por exemplo.A suspensão de actividade, por haver perigo grave e iminente para as pessoas, recuou 9% para 2.174 casos. O número de acidentes mortais caiu 26%, para 120.

O sector da construção continua a ser o mais flagelado pelo fenómeno, com cerca de metade dos casos registados. Mas, tudo somado, a ACT multou mais do que em 2007.O valor arrecadado em coimas disparou 10,5%, para 15,6 milhões de euros.

Sempre a precariedade

Outra fonte de preocupação é o trabalho ilegal ou irregular. Em 2008, a ACT apanhou cerca de nove mil casos deste tipo nas 21.576 visitas que fez por este motivo.Daqueles nove mil casos, 5.523 foram corrigidos.

A esmagadora maioria (75%, ou 4.125 casos) eram pessoas contratadas a prazo quando legalmente deviam estar no quadro. Foram ainda corrigidas 917 situações de trabalho não declarado, 263 de trabalho temporário e 218 de falsos recibos verdes.(SOL)

Nota: Espera-se efectivamente uma atenção redobrada no terreno por parte da ACT e do movimento sindical .É nestas alturas que é essencial um movimento sindical dinâmico nas empresas.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SINDICALISMO:novos desafios e combates (II)

É normal dizer-se que o movimento sindical está na defensiva e numa situação difícil como nunca esteve.As causas são várias:fim dos grandes baluartes operários da época industrial,novas categorias de trabalhadores com a introdução de novas tecnologias,desemprego e mais imigrantes e mulheres à disposição das empresas bem como novas culturas e mentalidades , em especial a influencia da ideologia do neo-liberalismo e os ataques ao sindicalismo e aos sindicalistas que, em Portugal, são especialmente virulentos.Nãopodemos escamotear essa realidade claro está:um patronato sem formação, a maioria de pequena dimensão e autoritário.

Porém,há que ser rigoroso até ao fim e apontar outra das razões para esta situação que é a fragilidade do sindicalismo na base, ou seja nos locais de trabalho.Na maioria das empresas não existe um sindicalismo vivo, actuante, capaz de representar a maioria dos trabalhadores perante a gestão/patrão.Um sindicalismo democrático, participativo, capaz de ser uma forte organização de defesa dos interesses dos trabalhadores ao nível da empresa.E não apenas nas pequenas e médias empresas.Mesmo em grandes empresas e organismos ministeriais.Existem empresas e ministérios onde o delegado sindical é o mesmo há décadas e quando se reformar não sabemos que o vai substituir.
Um sindicalismo que mobilize os trabalhadores, que reúna nos locais de trabalho e faça eleger periodicamente delegados sindicais.Um sindicalismo que não divida os trabalhadores em "nossos" e dos "outros".Mas,se na maioria das empresas não existe sindicato ou existe uma organização amorfa a que se deve tal situação?E não se justifique a situação apenas com as razões com que iniciei este texto, ou seja razões de natureza externa ao sindicalismo.

Seria bom bom fazer essa avaliação no movimento sindical.Mas , tenho dúvidas que alguém a queira fazer.
Não é fácil a vida de sindicalista no local de trabalho em Portugal.Émuito mais fácil para quem abandonou a empresa e se dedica há muitos anos ao sindicalismo.
Creio, porém que o movimento sindical é também responsável pela situação a que se chegou nos locais de trabalho.O partidarismo ostensivo e frequentemente o sectarismo, o activismo partidário paralelo de um número significativo de militantes sindicais ajudou a que muitos trabalhadores se fossem afastando da vida sindical.

Por outro lado, e não menos importante, o movimento sindical português nunca deu a necessária importâcia à formação sindical, técnica e humana dos quadros sindicais.Agora estamos a sofrer as consequências desse não investimento.
A maioria dos activistas sindicais foram formados numa perspectiva e num modelo partidário.O sindicato é uma frente de luta política partidária.Esta concepção sindical tem as suas consequências.Uma delas é que podemos ter uma máquina sindical mas não temos os trabalhadores nos locais de trabalho, na base.
Há que mudar progressivamente esta situação.A eventual concorrência sindical nas empresas neste momento é perfeitamente sem sentido.O importante é unir os trabalhadores de todos os credos políticos e religiosos na defesa dos seus direitos e interesses.O importante é fazer renascer o sindicato a partir dos locais de trabalho, com os trabalhadores, os desempregados e trabalhadores precários e voltar a estimular o gosto pela acção sindical.Este gosto ganha-se na empresa, na base, em pequenas lutas e práticas, pela participação de todos e não apenas dos apaniguados.
Podemos estar certos que, nessa altura, não faltariam trabalhadores a fazer esta experiencia,trabalhadores de partidos e trabalhadores não filiados em nenhum partido, jovens e mais mulheres.(continua)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CONDIÇÕES DE TRABALHO EM PORTUGAL:ACT FAZ BALANÇO!


Esta manhã, em conferência de imprensa, o Inspector-Geral do Trabalho, Paulo Morgado de Carvalho, e o Coordenador Executivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho, Luís Lopes, apresentaram à comunicação social o balanço do primeiro ano de actividade da Autoridade para as Condições do Trabalho no que concerne às duas áreas de competência da instituição; a inspecção das condições de trabalho e a promoção da segurança e saúde nos locais de trabalho. Ver

domingo, 11 de janeiro de 2009

A GREVE GERAL DO 18 DE JANEIRO DE 1934(Memórias)


A greve geral revolucionária do 18 de Janeiro foi a última tentativa, algo desesperada, de travar o fascismo e a consolidação do poder salazarista pelo Movimento Operário Português.
Embora apropriada e quase circunscrita à Marinha Grande pelo Partido Comunista(CIS) durante a ditadura e no pós 25 de Abril, o movimento grevista foi animado pelas correntes comunista e anarco-sindicalista(CGT) e socialista(FAO) e teve larga adesão em outras partes do país nomeadamente Almada, Setúbal, Silves, Portimão, Marinha Grande e até no Norte embora com menor profundidade.
A greve durou quase três dias.Uma das razões do fracasso da greve foi, sem dúvida, a divisão do Movimento Sindial Português com responsabilidades para todas as correntes.Todavia, neste caso quem tinha iniciado a cisão do Movimento sindical foi o Partido Comunista que desde 1920/21 procurou combater a influencia anarquista no Movimento sindical e ligá-lo á Internacional Comunista.
Foram presos e deportados centenas de operários e encerradas as instalações do movimento sindical.

Acontecimentos anteriores:

Março de 1933: A Constituição do Estado Novo é aprovada por plebiscito
Abril de 1933: Revolta da Madeira;entra em vigor a Constiuição corporativa
Julho de 1933: Salazar é nomeadao Presidente do Conselho
Setembro de 1933: Criação do Conselho nacional das corporações e apresentação do Estatuto do trabalho Nacional(Dec.Lei nº23.048);
Decreto lei nº23050 sobre os sindicatos nacionais
Outubro de 1933:Princípio de revolta contra a ditadura em Bragança, imediatamente sufocda pelas forças fiéis ao regime.
Novembro de 1993: O Governo deporta para Angra do Heroísmo 150 pessoas.Entre elas encontra-se o aviador Sarmento Beires.

Acontecimentos posteriores:

Abril de 1934: Manifestações e greves de fome dos presos políticos da Trafaria contra os espancamentos policiais.
Congresso da União Nacional
Maio de 1934: Decreto -Lei nº23.870 sobre os delitos da greve e lock-out
Julho de 1934: Os presos do 18 de Janeiro são deportados para a Ilha Terceira.


"Muitos dos participantes no 18 de Janeiro são assim atirados para os temíveis presídios do Salazarismo, como os Fortes de Caxias, Peniche e S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, e para sinistros campos de concentração, autênticos campos da morte bem longe da Metrópole – Forte Roçadas e Vila Nova de Seles em Angola, Fortaleza de S. Sebastião na Ilha de Moçambique, Oecussi em Timor, Tarrafal em Cabo – Verde. Em 23 de Abril de 1936, pelo Decreto-lei n.º 26 539, é criada uma Colónia Penal, ou melhor dizendo, um campo de concentração, no lugar do Tarrafal, na Ilha de Santiago, Arquipélago de Cabo – Verde, cujo objectivo era a punição de forma implacável dos presos que se opunham a Salazar. No dia 29 de Outubro do mesmo ano, chegam ao “Campo da Morte Lenta” os primeiros 152 presos, levados dos presídios de Peniche, Aljube, Caxias, Penitenciária de Lisboa e de Angra do Heroísmo. Entre os prisioneiros encontravam-se Mário Castelhano e Bento Gonçalves, dirigentes máximos da CGT e do PCP, respectivamente, que acabaram por perecer no Tarrafal, vítimas dos maus tratos e da doença."João Vasconcelos, historiador

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

IMIGRANTES: Campanha para prevenir riscos profissionais!


A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) está a promover uma campanha de sensibilização para a prevenção dos riscos profissionais que afectam particularmente os imigrantes.

Em 2008 e segundo dados da ACT morreram 9 imigrantes em consequencia de acidente de trabalho.Dados que apenas contabilizam os acidentes com morte imediata no local de trabalho.Na realiadde morreram mais mas ainda não existem dados sobre 2008.
Angola: 2
Brasil:3
Roménia: 1
Ucrania: 3

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

TRABALHADORES COM FOBIA DA 2ª FEIRA!

Mais de 52% dos trabalhadores franceses declaram que sofrem de perturbações do sono na noite de Domingo para Segunda, apreensivos com a semana de trabalho que vão começar.Mais precisamente 28% sofrem desta "fobia da segunda-feira" todas as semanas e 24% frequentemente.O inquérito foi realizado por Monster, grupo mundial de ofertas de emprego junto de 24.224 trabalhadores europeus e americanos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

TENDÊNCIA SUICIDÁRIA DO CAPITALISMO!


Artigo de Leonardo BOFF, Teólogo Brasileiro

Leio os principais comentaristas econômicos dos grandes jornais do Rio e de São Paulo. Aprendo muito deles porque venho de outro campo do saber. Mas na minha opinião, continuam seguindo a cartilha neoliberal que os dispensa de um pensamento mais crítico.

Ainda manejam a interpretação clássica dos ciclos do capitalismo depois da abundância sem se dar conta da mudança substancial do estado da Terra, ocorrida nos últimos tempos. Por isso noto neles certa cegueira paradigmática. Comentam a crise irrompida no centro do sistema e assinalam o desmoronamento de suas teses mestras mas continuam com a crença ilusória de que o modelo que trouxe a desgraça pode ainda nos tirar dela.

Esta miopia de visão lhes impede de considerar os limites da Terra que impõem limites ao projeto do capital. Tais limites foram ultrapassados em 30%. A Terra dá sinais claros de que não aguenta mais. Quer dizer, a sustentabilidade entrou num processo de crise global. Mais e mais cresce a convicção de que não basta fazer correções. Somos obrigados a trocar de rumo caso quisermos evitar o pior que é ir ao encontro de um colapso sistêmico.

O sistema em crise, digamos-lhe o nome - em termos de modo de produção é o capitalismo e de sua expressão politica é o neoliberalismo - responde fundamentalmente a estas questões: como ganhar mais com um mínimo de investimento, no menor tempo possível e aumentar ainda o poder? Ele supõe o domínio da natureza e a desconsideração das necessidades das gerações futuras.

O desenvolvimento pretendido se mostrou insustentável porque lá onde se instalou, criou desigualdades sociais graves, devastou a natureza e consumiu seus recursos para além de sua capacidade de reposição. Na verdade, trata-se apenas de um crescimento material que se mede por benefícios econômicos e não de um desenvolvimento integral.O grave é que a lógica deste sistema se contrapõe diretamente à lógica da vida. A primeira é linear, se rege pela competição, tende à uniformização tecnológica, à monocultura e à acumulação privada. A outra, a da vida, é complexa, incentiva a diversidade, as interdependências, as complementariedades e reforça a cooperação na busca do bem de todos. Este modelo também produz mas para servir à vida e não em exclusivo ao lucro, visando o equilíbrio com a natureza, a harmonia com a comunidade de vida e a inclusão de todos os seres humanos. Opta viver melhor com menos.Paul Krugman, editorialista do New York Times, denunciou corajosamente (JB 20/12/08) que não há diferença básica entre os procedimentos de B. Madoff que lesou em 50 bilhões de dólares a muitas pessoas e instituições e aqueles dos especuladores de Wall Street que também enganaram a milhares de aplicadores e pulverizaram grandes fortunas. Conclui: “o que estamos vendo agora são consequências de um mundo que ficou louco”.

Esta loucura é conjuntural ou sistémica? Penso que é sistêmica porque pertence à dinâmica mesma do capitalismo: para acumular mantém grande parte da humanidade em situação de escravos “pro tempore” e pôe em risco a base que o sustenta: a natureza com seus recursos e serviços.Cabe à pergunta: não há uma pulsão suicidária inerente ao capitalismo, como projeto civilizatório, de explorar de forma ilimitada um planeta sabidamente limitado? É como se toda a humanidade fosse empurrada para dentro de uma correnteza violentíssima e não pudesse mais sair dela. Seguramente o destino seria a morte.

Será que não é este o desígnio inscrito em nosso atual DNA civilizatório que se esboçou já há mais de dois milhões de anos quando surgiu o homo habilis, aquela espécie de humanos que, por primeiro, começou a usar o instrumento no afã de dominar a natureza, se potenciou com a revolução agrária no neolítico e culminou no atual estágio de vontade de completa dominação da natureza e da vida?

A seguir este curso para onde iremos?Como somos seres de inteligência e com imenso arsenal de meios de saber e de fazer, não é impossível que reorientemos nosso curso civilizatório e demos centralidade mais à vida que ao lucro, mais ao bem comum que à vantagem individual. Então nos salvaríamos in extremis e teríamos ainda um futuro discernível pela frente.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A CURANDEIRA - episódios sobre os camponeses da Madeira



Um episódio magnífico escrito por José Vieira, sociólogo madeirense, cooperativista e militante de muitas causas!

Subindo e descendo aquele escarpado caminho ninguém dava por ela, passava despercebida, mas lá que ela existia, existia, e que o digam as crianças que foram massajadas por aquelas sabedoras mãos.

E para que fique claro nos espíritos dos menos esclarecidos, ou gente mal intencionada, a mulher a que me referirei não era uma bruxa nem qualquer coisa que se pareça, simplesmente uma mulheraça que muito bem fez pelos boaventurenses, ao longo da sua vida.

Aquela mulher alta, em relação à média da população local, sobressaía pela sua simplicidade, pelo seu espírito recatado, mas sempre pronta e disposta a largar tudo para socorrer este ou aquela que viesse ao seu encontro. Porquanto sabiam-na conhecedora da matéria e reconheciam-lhe determinados atributos inscritos nas suas misteriosas mãos que faziam prodígios.

Trabalhava afanosamente, de sol a sol, nos terrenos que tinha para os lados da Coada, ou de S. Cristóvão. Para lá chegar era uma carga de trabalhos. Tinha de descer de degrau a degrau a crista do escarpado Pastel, sempre, sempre a descer, tornando-se mais brando quando chegava à casa do Senhor Manuel Agostinho. Ai podia descansar um pouco ou meter dois dedos de conversa com a Piedadezinha.

Porém, como não era pessoa intrometediça, as suas parcas palavras resumiam-se na saudação frequente, de um louvado seja Nosso senhor Jesus Cristo, em saber se todos estavam bem e num até logo se Deus quiser, prosseguia o passo. E lá continuava o caminho porque tinha ainda muito que andar para chegar ao seu pedacinho de terra. A todos por quem passava dirigia sempre a mesma saudação. Passada a mercearia do Senhor Caetano, prosseguia a descida até chegar ao seu quinhão. O certo é que a partir de certa altura, já com os músculos quentes, a sua desenvoltura era maior e quase não manifestava fadiga.

Dizia-se que a descer todos os santos ajudam. O pior era mesmo subir. Depois de um dia inteiro de trabalho, com a inchada em punho a lavrar a terra, a Maria da Pata, ainda antes de se vir embora tinha de ceifar um molho de erva para o gado. Fazia uma rodilha com o lenço, atava o molho com uns vimes, ponha-o à cabeça ou sobre os ombros e toca transportá-lo sempre a subir, para o palheiro, lá no alto do Pastel.

Mas atenção, com o toque das ave-marias, a mulher procurava uma parede ou um muro para descansar e concentrava-se ao chamamento religioso produzido pelo sino. Rezava e voltava a colocar o molho à cabeça e quando passava ao lado da Igreja era já noite serrada. Voltava a fazer nova paragem para tomar folgo e ganhar ânimo para a etapa mais difícil a partir da casa da Etelvina. Depois só parava chegando a casa.

O que queremos narrar neste episódio é o que por vezes acontecia que as crianças que gostavam muito de andar à rédia solta, de grandes brincadeira, que não podiam estar sentadas, nem caladas, aquelas correrias davam atreito a virar o bucho. E isso aconteceu com o Ramiro, com o Zeferino e com tantos outros garotos. Eles como todas as outras crianças que andavam sempre a mexer, a correr, a saltitar, a brincar, certo dia o rapaz deixou de ter apetite, noutra refeição não lhe apetecia, depois quase deixava de comer. Aparentava um ar de parado, e com algumas dores na barriga.

Então, a mãe lembrou-se de falar à Maria Pata para lhe dar umas massagens na barriga, até ver o resultado. A mulher que andava sempre muito ocupada com as lides de casa, com o tratamento do gado, com o fazer o comer para um montão de gente, costumava passar pela tardinha em frente da nossa casa, no regresso da labuta. Por vezes lá descansava, com o seu molho de erva às costas ou à cabeça e entabulava conversa com quem passava. Debaixo de um molho de erva quase ninguém a reconhecia. Só quando descansava um pouco em frente da casa do Senhor Manuel Carvalho é que se lhe podia ver a cara transpirada e algo aliviada do peso.

A D. Benvindinha pressentindo pela sua alta voz porque ela se encontrava por ali e vai deixa a costura, vai a correr e dirige-se à mulher que já ia a caminho, subia os primeiros degraus, ao lado do fontanário. Lá conversaram, a mãe pediu-lhe para ela vir dar umas massagens na criança que tinha o pressentimento ter o bucho voltado do avesso. Nessa mesma noite, a mulher depois da ceia veio a toda à pressa dar a massagem no menino Ramirinho.

No concreto, assisti num final do dia, quando a Maria da Pata regressava da labuta diária, às massagens do buxo do Ramiro, por solicitação da mãe que não via o rapaz melhorar. As massagens geralmente passavam-se em cima da cama, ao lado do quarto da costura, na casa da tia Josefina.

O certo é que a mulher, untava as mãos com azeite, dava umas voltas à barriga, em vários sentidos e por vezes pegava pelas costas, entre rins e pedia a alguém para aquecer umas folhas de couve às quais ponha-lhe igualmente azeite e passava uma toalha ou um pano à volta do corpo para suster bem as folhas de couve. Repetia-lhe as massagens duas três ou quatro vezes. E o rapazinho não podia se mexer muito com aquele peso todo.

Nós curiosos, os mais velhos e a Graça, e eu, José, achávamos graça à maneira como a Maria Pata dava com tanto jeito as massagens. Não sabemos onde é que ela aprendeu as técnicas, o certo é que para dar massagens, ventosas ou assistir aos partos, de quase todas as mulheres da terra, era única e especialista na matéria. Quando vinha dar as massagens trazia uma roupa melhor, nem era a do trabalho nem a do domingo. Vinha mais bem asseada e não transmitia o suor de certas ocasiões quando passava atrás da casa com o molho de mato à cabeça. As pessoas tinham o cuidado de se lavarem para parecer bem aos outros.

O ritual das massagens ocorria durante vários dias, com massagens de manhã e à tardinha ou à noite. O certo é que passados uns três a quatro dias, as crianças já andavam melhor, comiam e começavam a querer brincar. Era bom sinal, que o bucho tinha ido ao seu lugar.

A Maria da Pata também veio uma outra vez a casa dar umas ventosas na Sara que se queixava de muitas dores nas costas que se atribuía ao esforço ao lavar a roupa à mão, no tanque. Ela não cobrava nada pelos seus serviços, mas ficava muito satisfeita com um grogue que ela apreciava muito. Fui certamente a última vez que a encontrei em nossa casa.

Acontece que todos a conheciam na terra, sabiam onde trabalhava, a vida que fazia e onde morava. Quando alguém necessitava dos seus préstimos iam a correr à sua procurar, estivesse onde estivesse. Deixava tudo o que estava a fazer para acudir aos necessitados, por vezes em grandes aflições.

Fosse onde fosse, lá estava a Maria da Pata a inteirar-se dos acontecimentos. Assim, a dita mulher era solicitada para: curar o buxo às crianças que andavam todas murchas, não comiam, não brincavam, tinham perdido a alegria da vida; assistir aos partos das mulheres pranhas que iam dar à luz, que já tinham perdido as águas ou que se queixavam das primeiras dores; dar umas ventosas nas costas deste ou daquele que andava com dores na espinha ou nas costelas; endireitar músculos, braços, pés torcidos, enfim, a todos remediava.

Há que reconhece-lo, a vida para essa gente do campo, em geral, mas em particular para as pessoas do sítio do Pastel, era extremamente dolorosa. E o que me espanta era onde iam buscar forças para estarem bem dispostos depois de tanto cansaço. Sim porque os dias repetiam-se, era sempre o mesmo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

PARA O CAPITALISMO O SER HUMANO É UM OBJECTO!


Artigo de ELSA BRUZZONE, argentina, historiadora e especialista em geopolítica.
Será que com a queda das experiencias socialistas caíram também os ideais de transformação das sociedades?Que fazer perante o que está a acontecer no mundo? O que nos espera?O panorama está sombrio.Ler

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

STRESS: Parente pobre das ciencias sociais!

UM comentário oportuno de Cláudio Teixeira,que foi Professor Associado do ISCTE:
"Fico contente com a notícia de que a CGTP apoia um estudo sobre o stress e as condições de trabalho. Até porque há uns anos também tive ideia semelhante.

Essa problemática é um parente pobre das ciências sociais sobre o trabalho. Há bastantes anos que deixou de ter peso o que em tempos se podia chamar Movimento para a Qualidade de Vida no Trabalho – Quality of Working Life, o qual deu importância (em investigação e em intervenção organizacional) ao CONTEÚDO e ORGANIZAÇÃO do Trabalho. A Fundação Europeia para as Condições de Trabalho também foi factor importante nesse Movimento, embora me pareça que desde há alguns anos não integra essa temática nos seus programas de investigação. Também os sindicatos nórdicos, principalmente os suecos, tinham ligação activa com esse “Movimento” e os suecos até tinham um centro de investigação sobre vida no trabalho (que terá entretanto deixado de funcionar).

As propostas de alternativa organizacional apresentadas seriam, aqui em Portugal, consideradas reles formas de colaboracionismo ou (benevolamente) propostas social-democratas ou ingenuidades bondosas.
Lembro que, em 1996, um autor americano Robert KARASEK (engenheiro, doutorado em Comportamento Organizacional – Organizational Behaviour) publicou HEALTHY WORK – Stress, Productivity and the Quality of Working Life. Incluindo na sua investigação (feita com o co-autor THEORELL, médico sueco) um estudo sobre milhares de indivíduos americanos e suecos, mostra as ligações entre o stress e a doença das coronárias (enfarte e angina de peito). Não o stress dos executivos… Mas o stress que, em muitos trabalhadores, pode atingir níveis patológicos e que consiste na contradição entre a pressão (sentida como tal) das exigências da tarefa e a falta de autonomia de decisão ou falta de controlo sobre a situação (sentida como tal). Tanto quanto sei, há poucos anos estavam em curso investigações que usavam o Job Content Questionnaire (de Karasek), mas desconheço alguma feita em Portugal."

Almada, 31/12/08
Cláudio Teixeira