Ontem, 29 de Janeiro,sindicatos convocaram uma greve geral que mobilizou cerca de dois milhões de manifestantes em todas as cidades farncesas mais importantes.
França assistiu ontem a uma das maiores greves da sua história: cerca de 75% dos trabalhadores franceses aderiram à paralisação. Voos cancelados, comboios parados, escolas fechadas e hospitais reduzidos aos serviços mínimos, foram a dura realidade com que Nicolas Sarkozy teve de lidar pela primeira vez desde que é Presidente da República (ver caixas). A subida da taxa de desemprego e consequente perda do poder de compra da classe média foram as grandes razões que fizeram milhares de trabalhadores saírem ontem para as ruas de Paris a manifestarem-se.
Descontentes com a política económica levada a cabo pelo Governo face à crise, e contando com o apoio dos partidos de esquerda, os oito maiores sindicatos do país organizaram esta mobilização para pedirem mais medidas de protecção aos empregos e salários. "Não podemos aceitar que os trabalhadores sejam os únicos a arcarem com as consequências da crise. Tal como os bancos, também precisamos de garantias, embora para pagar a prestação da casa e para as reformas", afirmava ontem o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, Bernard Thibault, numa crítica directa às ajudas financeiras que o Governo francês deu aos bancos, para os salvar da falência.
Longe vão os tempos em que o presidente da mais simbólica república do Ocidente se podia gabar de "quase não existem greves em França", tal como fez Nicolas Sarkozy no Verão passado. A dimensão desta paralisação, no pais das greves, abala, inevitavelmente, a imagem do Presidente francês. Mas não e o único abraços com a crescente onda de reivindicações na Europa. Já esta semana, sondagens revelam que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, está a ser fortemente penalizado graças às decisões "proteccionistas" que tomou face a crise.
Estará, a Europa, a assistir a uma onda de agitação social face a uma crise sem precedentes? Perante a supressão massiva de postos de trabalho e dispensa de funcionários, a maioria das famílias europeias vê-se com menos dinheiro no bolso e quer saber se os seus políticos são capazes de as protegerem. Com a globalização dos efeitos da crise, as cenas dos próximos capítulos são imprevisíveis. (Diário Económico)
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