quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SINDICALISMO:novos desafios e combates (II)

É normal dizer-se que o movimento sindical está na defensiva e numa situação difícil como nunca esteve.As causas são várias:fim dos grandes baluartes operários da época industrial,novas categorias de trabalhadores com a introdução de novas tecnologias,desemprego e mais imigrantes e mulheres à disposição das empresas bem como novas culturas e mentalidades , em especial a influencia da ideologia do neo-liberalismo e os ataques ao sindicalismo e aos sindicalistas que, em Portugal, são especialmente virulentos.Nãopodemos escamotear essa realidade claro está:um patronato sem formação, a maioria de pequena dimensão e autoritário.

Porém,há que ser rigoroso até ao fim e apontar outra das razões para esta situação que é a fragilidade do sindicalismo na base, ou seja nos locais de trabalho.Na maioria das empresas não existe um sindicalismo vivo, actuante, capaz de representar a maioria dos trabalhadores perante a gestão/patrão.Um sindicalismo democrático, participativo, capaz de ser uma forte organização de defesa dos interesses dos trabalhadores ao nível da empresa.E não apenas nas pequenas e médias empresas.Mesmo em grandes empresas e organismos ministeriais.Existem empresas e ministérios onde o delegado sindical é o mesmo há décadas e quando se reformar não sabemos que o vai substituir.
Um sindicalismo que mobilize os trabalhadores, que reúna nos locais de trabalho e faça eleger periodicamente delegados sindicais.Um sindicalismo que não divida os trabalhadores em "nossos" e dos "outros".Mas,se na maioria das empresas não existe sindicato ou existe uma organização amorfa a que se deve tal situação?E não se justifique a situação apenas com as razões com que iniciei este texto, ou seja razões de natureza externa ao sindicalismo.

Seria bom bom fazer essa avaliação no movimento sindical.Mas , tenho dúvidas que alguém a queira fazer.
Não é fácil a vida de sindicalista no local de trabalho em Portugal.Émuito mais fácil para quem abandonou a empresa e se dedica há muitos anos ao sindicalismo.
Creio, porém que o movimento sindical é também responsável pela situação a que se chegou nos locais de trabalho.O partidarismo ostensivo e frequentemente o sectarismo, o activismo partidário paralelo de um número significativo de militantes sindicais ajudou a que muitos trabalhadores se fossem afastando da vida sindical.

Por outro lado, e não menos importante, o movimento sindical português nunca deu a necessária importâcia à formação sindical, técnica e humana dos quadros sindicais.Agora estamos a sofrer as consequências desse não investimento.
A maioria dos activistas sindicais foram formados numa perspectiva e num modelo partidário.O sindicato é uma frente de luta política partidária.Esta concepção sindical tem as suas consequências.Uma delas é que podemos ter uma máquina sindical mas não temos os trabalhadores nos locais de trabalho, na base.
Há que mudar progressivamente esta situação.A eventual concorrência sindical nas empresas neste momento é perfeitamente sem sentido.O importante é unir os trabalhadores de todos os credos políticos e religiosos na defesa dos seus direitos e interesses.O importante é fazer renascer o sindicato a partir dos locais de trabalho, com os trabalhadores, os desempregados e trabalhadores precários e voltar a estimular o gosto pela acção sindical.Este gosto ganha-se na empresa, na base, em pequenas lutas e práticas, pela participação de todos e não apenas dos apaniguados.
Podemos estar certos que, nessa altura, não faltariam trabalhadores a fazer esta experiencia,trabalhadores de partidos e trabalhadores não filiados em nenhum partido, jovens e mais mulheres.(continua)

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