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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
NOS 50 ANOS DE UMA COOPERATIVA DO NORTE
No passado sábado, dia 17 de Janeiro a Adega Cooperativa de St.a Marta de Penaguião, comemorou os cinquenta anos da sua fundação (1959).
Pelas 10 horas da manhã centenas de viticultores de todo o concelho começaram a entrar nas instalações das Caves Santa Marta onde se iniciaria o Programa das comemorações logo que chegasse o membro do governo convidado, bem como as outras individualidades civis, religiosas e militares.Tal como se faz, aliás, há mais de meio século nas terras do Norte,tradição a que nem a Revolução de Abril abalou.
A banda de música da Cumieira,essa terra tristemente célebre pela morte do Padre Max organizada pela contra revolução, brindou os presentes, mais homens do que mulheres que esperavam, com paciencia pela chegada das ditas personalidades.Com a chegada destas iniciou-se um colóquio no salão principal da Cooperativa repleto de sócios e familiares das três adegas que constituem hoje as "Caves Santa Marta " que, pese as grandes dificuldades se trnsformou na maior empresa do Distrito de VilaReal e a principal empregadora do Concelho.
O discurso do presidente da Direcção, suave e redondo não deixou, no entanto, de colocar o dedo em algumas feridas que fazem sofrer a maioria das gentes durienses que vivem do vinho.
O reparo lá vem no discurso:o vinho do Porto está a ser deslocado dos pequenos e médios viticultores para as grandes firmas produtoras que hoje constituem uma das componentes mais agressivas e competitivas do capitalismo agro-industrial do país.Estas firmas estão constantemente a alargar o plantio de mais vinhas para produzirem o vinho do Porto. No entanto o mercado deste generoso não alarga e mantém-se na mesma há décadas.Daqui a alguns anos receia-se que a pequena lavoura duriense pouco significado tenha no montante do "benefício" anual ( quantidade de vinho do porto a distribuir pelos viticultores a partir de um cadastro elaborado para o efeito).
O presidente das adegas chama a atenção para a necessidade de limitar a plantação de mais vinhas.Clama por apoio à pequena lavoura e para as adegas cooperativas que na maioria dos casos estão com a "corda na garganta" e presas pela banca.Avisa que os viticultores perdem rendimentos a uma velocidade de cruzeiro.Claro, digo eu, com o vinho de mesa quase ao preço da água do luso.Para onde vão então os rendimentos? É a lógica do capitalismo , meu caro! Os agricultores presentes, an maioria idosos, ouviram e bateram palmas e depois seguiu-se o almoço onde alguns quase tiveram que travar uma luta de corpo a corpo para conseguirem chegar ao tacho e muitos ficaram sem sobremesa!
Entretanto, a Tuna de Carvalhais ia lançando as cantigas tradicionais do Norte e os barris, colocados em pontos estratégicos, iam jorrando vinho, do branco e do tinto!Há coisas que se repetem e que nos parecem retratos do Eça ou do Camilo.Isto apesar dos tempos que passam!
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