terça-feira, 25 de março de 2008

O AMIANTO MATA!

Cerca de 125 milhões de pessoas em todo o mundo estão expostas profissionalmente ao amianto.Segundo estimativas da OMS morrem cada ano 90.000 pessoas por causa de um cancro devido a exposição ao amianto.
De acordo com um estudo da Comissão Europeia aquele produto poderá ser responsável pela morte de meio milhão de pessoas dentro de 15 anos na Europa.
O amianto foi bastante usado nas construções entre 1945 e 1990 tendo sido proibido na UE em 2005.Em Portugal a Directiva que proibia a utilização do aminato na construção foi transposta em 2007.
Atenção ás escolas, tribunais e outros edifícios públicos!Há que levar a sério estas questões!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Empregadas domésticas-O primeiro sindicato!

A primeira vez,na história do serviço doméstico em Portugal, em que foram as próprias empregadas domésticas a organizarem-se e a fundarem uma Associação de Classe para defenderem em conjunto os seus direitos, aconteceu em 1921.
Até aí e por mais de uma vez, tinham conseguido juntar-se para lutas especiais, mas, nunca tinham chegado a fazer um sindicato em que elas mesmas discutissem os seus problemas,preparassem e aprovassem os seus estatutos,elegessem os responsáveis e se batessem colectivamente contra a exploração e marginalização de que eram vítimas.

Pedaço do livro "Empregadas Domésticas mulheres em luta"-para a história do serviço doméstico em Portugal-das origens ao fascismo"de Olegário Paz, edições Base.

quarta-feira, 12 de março de 2008

A EMPRESA PARA ONDE TODOS QUEREM IR

As 30 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal já são conhecidas. De acordo com o Great Place to Work Institute, o primeiro lugar no ranking português pertence à Microsoft

O director geral da Microsoft, Nuno Duarte, recebeu o primeiro prémio de 2008 garantindo que "a distinção pode servir de bom exemplo para a sociedade de como um bom ambiente de trabalho origina uma excelente motivação na vida profissional". E acrescenta que "é fundamental ter atenção a cada pessoa individualmente, e se todas as empresas tiverem essa mentalidade, todas obterão bons resultados".

Os cinco primeiros prémios foram entregues por José Vieira da Silva, ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, que felicitou "todas as empresas que, pelo facto de entrarem no processo de avaliação, deram um bom exemplo de responsabilidade social - é um sinal positivo assinalarmos as boas práticas nas empresas".

Este ano o Great Place to Work Institute reconheceu as empresas mais bem sucedidas na satisfação de um grupo em particular. Assim, a Cushman & Wakefield foi eleita a Melhor Empresa para Trabalhar para Mulheres; a Everis Portugal recebeu o prémio Melhor Empresa para Trabalhar para Jovens; e a Accenture é o melhor local de trabalho para Executivos. No âmbito do estudo do Melhor Call Center para Trabalhar 2008, o prémio foi para a Allianz.

O ministro José Vieira da Silva destacou os dois prémios especiais para as Mulheres e para Jovens "como vectores críticos que significam desafios maiores para a nossa sociedade. Ao identificarmos as empresas que melhor sabem valorizar os jovens e as mulheres estamos a preocuparmo-nos com alguns dos problemas de desigualdade social que afectam as sociedades actuais".

Além de que "a valorização dos Recursos Humanos, o investimento na formação e a conciliação entre a vida pessoal e profissional são questões decisivas para as sociedades".

Além do ranking geral, este ano as organizações vencedoras foram ainda apresentadas por sector e dimensão.

DESTACAR AS MELHORES PRÁTICAS

Com o estudo anual das Melhores Empresas para Trabalhar, o Great Place to Work Institute Portugal pretende obter respostas a questões como: quais as melhores empresas para trabalhar em Portugal; quais as que melhor sabem gerir e formar pessoas; quais são as campeãs em criar um ambiente de trabalho exemplar, onde as pessoas se sintam realizadas e parte da equipa. O objectivo é destacar as melhores práticas de gestão de pessoas e os melhores ambientes de trabalho existentes.

As empresas participantes nesta análise representam cerca de 26 mil colaboradores, sendo que a taxa total de respostas situou-se nos 73%. As que se qualificaram para o ranking das 30 melhores integram 11.547 funcionários em território nacional. Das 30 vencedoras, 13 são norte-americanas e 17 europeias, das quais nove são portuguesas. As empresas nacionais vencedoras são automaticamente candidatas à lista das 100 Melhores Empresas para Trabalhar na Europa, publicada pelo Financial Times.

De acordo com Sandrine Lage, CEO do Great Place to Work Institute Portugal, "a importância do estudo passa pela possibilidade de as organizações poderem fazer um auto-diagnóstico, mas também de se compararem às melhores do mercado, não apenas a nível nacional mas internacional. Para quem procura emprego, bem como para os talentos, é uma informação válida".

No caso dos empregadores "fomenta uma competitividade saudável, uma vez que é um facto que os melhores ambientes de trabalho andam de mãos dadas com a produtividade. Adicionalmente, para os consumidores, e mais um ponto positivo de peso na percepção destas organizações".

MAIOR ESTUDO A NÍVEL MUNDIAL

O Great Place to Work Institute é uma empresa de consultoria de research e gestão sedeada nos EUA. O instituto leva a cabo a pesquisa das melhores empresas para trabalhar em 31 países, o que torna o estudo de ambientes de trabalho o maior a nível mundial. Mais de 3.100 companhias no mundo participam anualmente no estudo. Portugal foi o primeiro país da Europa a publicar o ranking e há oito anos que o estudo é publicado no País.

Este ano foram convidadas mais de 2000 empresas e qualificaram-se mais de 200 para a lista final.

O Great Place to Work Institute é representado em Portugal pela Sperantia, que desde 2000 elabora o estudo das Melhores Empresas para Trabalhar.



Nota pessoal: É interessante o tom e conteúdo desta notícia do OJE sobre esta questão.Ambiente de trabalho e bem estar é um problema de produtividade e há um ranking de empresas....

terça-feira, 11 de março de 2008

FLASH HISTÓRICO-MINEIROS EM 1917

« No dia seguinte cerca de mil grevistas acompanham a Comissão do Movimento e dispõe-se a marchar para o Porto e mostrar à Burguesia os seus andrajos, os seus corpos cadavéricos,os rostos cobertos de raios de um roxo escuro produzido pelos ferimentos recebidos dia a dia no fundo das minas.
Mas da Autoridade apodera-se o terror e ordena que forças de cavalaria marchassem para as barreiras da cidade, a fim de impedir o passo aos mineiros famintos.»

De «Operários da Morte»-documento vivo da miséria e exploração de todo um povo: os mineiros de S. Pedro da Cova,edição do Centro Revolucionário Mineiro,1978.

Livro raro que me foi emprestado pelo amigo Luís Machado da Associação Nacional dos Sinistrados do Trabalho.

sexta-feira, 7 de março de 2008

O 8 DE MARÇO- DIA INTERNACIONAL DE LUTA DAS MULHERES

Em 1857, na cidade de Nova Iorque um grupo de operárias têxteis enfrentou a repressão policial e patronal fazendo greve por melhores salários e por condições de vida e trabalho mais dignas e concretamente pela redução do horário de trabalho de 16 para 10 horas.

Em 1910 uma centena de mulheres de 17 países reúne em Copenhaga, Dinamarca, e estabelecem o Dia Internacional de Luta das Mulheres.

No ano seguinte, em Março 1911, o Dia foi celebrado por mais de um milhão de mulheres na Europa e nos USA.

Em 1975 a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas ,ONU, proclamou o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.

Com a Revolução de Abril de 1974 as mulheres portuguesas ficaram constitucionalmente em igualdade com os homens, algo que a ditadura lhes tinha negado. Na realidade homens e mulheres ainda têm uma longa caminhada para a emancipação.

quinta-feira, 6 de março de 2008

BEM-ESTAR NO TRABALHO: ISSO EXISTE?

No último mês de agosto de 2006 a ANENT, Associação Nacional de Enfermagem do
Trabalho, entidade a qual tenho a honra de presidir, reuniu-se para debater os rumos na
atenção de enfermagem em saúde do trabalhador. Os temas desse ano enfocaram
diversos aspectos tradicionais da prevenção de lesões em trabalhadores em todas as
atividades, desde os riscos e problemas enfrentados por aqueles que trabalham
diretamente na produção até aqueles das funções administrativas. A enfermagem olha
por todos. Mas existe um outro aspecto da saúde do trabalhador que está além das
preocupações rotineiras dos profissionais de saúde ocupacional. Melhor dizendo, não
além, mas na base de cada uma dessas tantas diferentes preocupações: a promoção da
qualidade de vida de quem trabalha, dentro e fora da empresa.

Ciência do bem-estar

Antes de continuar, é preciso entender o que é a tão falada qualidade de vida. Trocando
em miúdos as definições dos meios científicos, ter uma boa qualidade de vida é estar
bem e sentir-se bem nos diferentes aspectos da vida, e isso envolve a razão, a emoção, a
espiritualidade/religiosidade, a vida familiar, a vida social, o trabalho. E foi através do
ambiente de trabalho que estudiosos do assunto concluíram ser este o melhor lugar para
iniciar a abordagem de uma vida melhor conseguindo, através dele, atingir todos os
demais aspectos da vida da pessoa. Afinal, grande parte dos trabalhadores brasileiros
passa 1/3 do seu dia no ambiente de trabalho. Se a pessoa tiver 35 anos de atividade
profissional, ela terá dedicado ao trabalho pelo menos 1.540 semanas, ou 7.700 dias, ou
ainda, 61.600 horas.Trabalha-se para viver e vive-se para trabalhar. É tempo demais de
vida e que exige uma preocupação com a qualidade com que essas horas são vividas, se
são horas aproveitadas ou desperdiçadas.
Alguns especialistas defendem que devemos trabalhar menos. Outros garantem que a
jornada atual definida pela legislação trabalhista brasileira é ideal. Independente dessa
questão de mais ou menos horas, a preocupação deve ser o que fazer dentro da realidade
atual.

Bem estar gerando lucros

Foi seguindo esse princípio que algumas empresas começaram a acordar para a
necessidade de cuidar do trabalhador não como um elemento a mais da produção, uma
peça, parte dos móveis e utensílios, mas como pessoa, gente, ser humano. E tornar o
trabalho e a vida da empresa mais humanas para o trabalhador não traz benefícios
apenas para o empregado, mas principalmente para o empregador que, ao fornecer
suporte para que seu colaborador tenha os meios para cuidar melhor de sua saúde e seu
bem-estar, colabora para que este trabalhe mais eficientemente, com mais disposição e
mais satisfação. É a famosa relação ganha-ganha, onde ambas as partes lucram.
Cruamente explicando, não a bondade que leva uma empresa a ser “legal” com o
funcionário e investir em programas de qualidade de vida. É uma visão gerencial de
longo prazo, que entende que o bem-estar do funcionário afeta positivamente a
produção. Mas seja lá qual for o fato motivador para políticas de promoção de saúde e
qualidade de vida no trabalho, é certo que a enfermagem do trabalho estará sempre
presente, desempenhando seu papel de orientador, educador e conselheiro.
No começo, era a ginástica laboral
As primeiras abordagens foram tímidas, visando quase que especificamente a saúde
física do trabalhador: foi introduzida a prática de ginástica laboral, enquanto outras
adotaram reformas arquitetônicas para a adequação do espaço de trabalho às
necessidades humanas básicas de conforto e bem-estar. Passou-se também a enfatizar a
importância de rever os cardápios dos refeitórios, tornando-os mais saudáveis, mais
apropriados à prevenção ou cuidados com a hipertensão e diabetes. Além disso, várias
empresas desenvolveram programas de apoio aos trabalhadores dependentes químicos.
Neste último, são muitos os programas bem sucedidos conduzidos por enfermeiros do
trabalho.
Num segundo momento, as empresas perceberam que não apenas o bem-estar físico do
trabalhador era importante. O homem é mais que corpo – é também alma, cabeça e
coração. Passou-se a investir então em espaços e oportunidades para que também estes
aspectos do ser humano fossem valorizados. Hoje algumas empresas contam com
espaços reservados para a meditação, a contemplação. Existem ainda outras que contam
com o trabalho de psicólogos.

Aprendendo a viver melhor

Hoje, adequar os espaços de trabalho e promover ações básicas de prevenção a doenças
já não corresponde mais ao carro-chefe dos mais recentes e modernos programas de
qualidade de vida das empresas. Tais ações para empresas que adotaram a promoção da
qualidade de vida na primeira hora da tendência tornaram-se até mesmo óbvias. Novo (e
necessário) agora é não restringir ao espaço da indústria, da fábrica ou do escritório o
conceito do bem-estar. A meta é que o trabalho iniciado dentro do espaço de trabalho
seja assimilado por cada trabalhador e levado para o “mundo real”, onde existe o
convívio familiar, com os amigos, com a comunidade. O objetivo é fazer o trabalhador
aprender a viver melhor, seja dentro ou fora do trabalho.

Qualidade de vida para todos

Infelizmente, é muito possível que as ações que procuram estimular uma melhor
qualidade de vida do trabalhador não façam parte da realidade da sua empresa, ou da
empresa onde trabalham seus filhos e seus amigos. O trabalho ideal seria aquele em que,
independente da atividade desempenhada ou do salário recebido, fosse dedicada a cada
trabalhador uma atitude de respeito e humanidade por parte de seus empregadores.
É certo que programas sofisticados de qualidade de vida exigem grandes investimentos
e são inacessíveis para pequenas empresas. No entanto, sempre existe algo que se pode
fazer e que está ao alcance de qualquer empregador, grande ou pequeno, possibilitando
a todo trabalhador usufruir o aprendizado de tornar sua vida melhor.
Acredito, como estudiosa da saúde do trabalhador há 30 anos, que não basta viver mais.
É preciso sim, dentro de cada realidade, cada um de nós viver melhor. É isso que eu
quero para você, para mim, para os nossos filhos, nossos netos e para todos os futuros
trabalhadores do Brasil. É isso que eu, como enfermeira do trabalho, gostaria de ver
cada empregador possibilitar; utilizando todos os meios ao seu alcance para tornar a
vida do ser humano trabalhador mais saudável, mais segura, mais suave e mais digna.

RUTH MIRANDA
Socióloga Brasileira

quarta-feira, 5 de março de 2008

O ACIDENTE ESTAVA LÁ! POIS É...!

Naquele dia de Setembro o sol continha algo de melancólico! O mês ia a meio e o jovem António Pinto fazia as contas aos dias de vindima que tinha trabalhado. Se tudo corresse bem e o pai cumprisse as promessas de Verão a soma total daria bem para uma mota, novinha em folha! A velha motorizada já várias vezes o tinha deixado mal perante o riso da Cristina que galhofava de forma bem cruel com outras miúdas á porta da escola da vila.
Ainda hoje se perguntava porque tinha deixado tão cedo a escola! Seria apenas porque os estudos o aborreciam ou porque queria trabalhar para ganhar dinheiro, mesmo que pouco, para ter acesso a coisas que a ele estão proibidas?

Em tempos idos alguém do «rendimento mínimo» tinha - lhe proposto um curso de formação agrícola. Saber podar e enxertar como deve ser, utilizar em segurança os pesticidas, saber conduzir uma máquina e uma carrinha! Nessa altura ele sorriu e achou que para tudo isso não lhe faltaria tempo.
Agora habituou-se a trabalhar e a receber no fim - de - semana. O tempo corre ao sabor das tarefas agrícolas e dos domingos passados com os amigos em alegres competições de motorizadas na estrada da Senhora da Boa Esperança. Voltar aos bancos de uma escola seria difícil! Os pais também nunca o forçaram. O dinheiro que ganhava dava jeito a todos! E não fosse o defeito que tinha na perna e já há muito teria acompanhado outros nas idas a França e á Suiça onde os salários são a dobrar!

Ao entrar na vinha colorida para mais um dia de vindima António Pinto esquece tudo isso e inicia a tarefa ingrata de acarretar cestos de uvas maduras para a velha «toyota». O suor e o cansaço vão tomando conta do seu corpo ao longo da manhã.

Os companheiros de trabalho não param no corte da uva. Pelas encostas do Douro toneladas de cachos vão ser cortados até ao fim do dia, antes de dar algum descanso ao corpo! Todos sabem que é preciso que as horas sejam bem passadas. Ora se canta, ora se brinca. O sol não dá tréguas, o empreiteiro “está de olho” em cada um!
Com a carrinha cheia de uvas o motorista da firma quer arrancar para levar a carga ao seu destino. António Pinto, arrisca e salta para a carroçaria da carrinha já em andamento. Sente que o pé lhe fugiu e perde o controlo do seu corpo….

Quando acorda fica espantado com a sua situação! Na cama e no hospital! Um gesto banal e imprudente atira-o para aquela cama com um traumatismo craniano.
Já lhe tinham dito que a carroçaria não serve para transportar pessoas juntas com a carga! Até é ilegal….Mas, foram tantas as vezes que o fez sem qualquer susto! E, ao fim ao cabo, o patrão não se interessa verdadeiramente com o problema, pois o pessoal está no seguro!
Como foi possível que um dia tão bonito de Setembro acabasse daquela maneira?
De facto, a vida pode dar uma grande volta! É que, afinal, quando menos se esperava, o acidente estava lá!

Filipe