As recentes eleições para o Parlamento Europeu mostram uma larga diversidade
de resultados eleitorais dos quais podemos retirar algumas conclusões:
A primeira conclusão que podemos retirar é o reforço das
forças políticas de extrema direita em quase todos os países, com políticas
semelhantes, e por vezes contraditórias, relativamente à imigração, ao estado
social e ao modelo social europeu, entre outros aspetos.
A segunda conclusão a retirar é que as esquerdas, a
social -demoracia e os verdes vão sofrendo um progressivo definhamento e recuo.
Neste quadro é muito importante perceber as dinâmicas que
estão subjacentes a este endireitamento e endurecimento do eleitorado
europeu.Apresento três razões, entre outras que podemos detetar:
1.As esquerdas, em particular a social -democracia
adoptou o modelo económico do social liberalismo, beneficiando o sistema
financeiro e as grandes empresas,algumas delas privatizadas por eles mesmos, em
detrimento do mundo do trabalho, das pequenas empresas e cooperativas e dos
direitos dos trabalhadores.As suas políticas geraram promiscuidade entre os
poderes político e económico,onde aparecem casos extremos desta promiscuidade
como em Portugal (BES/Pinho/Salgado e outros).
Neste quadro quando se fala em democracia são muitos os
cidadãos que identificam democracia com impunidade e enriquecimento dos grandes,corrupção
e uma justiça de duas caras.
2.Por outro lado, as esquerdas que se afirmam não social
democratas, como no caso do PCP, produzem um discurso quase delirante(como por
exemplo serem eles a voz do povo no PE) que não convence as mais jovens gerações.Em
politica externa as contradições avolumam-se com destaque para a Guerra na Ucrânia
e a guerra em Gaza.Quase desculpam a Rússia de Putin do que está a fazer ao
povo ucraniano e silenciam a natureza terrorista do Hamas quando se
solidariazam e lutam por uma Palestina livre e independente!Os oligarcas russos
não são melhores do que os grandes capitalistas americanos.Mesmo que se defenda
uma outra geopolitica ,sem hegemonias de qualquer potência,não podemos deixar
de condenar a ocupação violenta de parte da Ucrânia.
3º Podemos assim dizer que quando se fala no centro
político da Europa,dita barreira à extrema direita,estamos a falar dos partidos
social democratas que adoptaram o modelo do neo liberalismo económico com
algumas preocupações sociais e de uma direita dita moderada, herdeira da
democracia cristã, mas que hoje está em
geral longe das preocupações sociais da mesma, apoiando igualmente políticas
liberais mais duras na UE.
Neste debate sobre o futuro da europa e da UE o movimento
sindical deve ter uma palavra e uma intervenção mais empenhada e muitos mais
incisiva.As organiações de trabalhadores têm o dever histórico de defender e
promover uma Europa democrática e social não subordinada aos grandes interesses
financeiros e às mltinacionais,uma Europa que garanta uma proteção social digna
a todos os que trabalham e trabalharam no seu espaço; uma Europa dos povos e
solidária e de paz.
A CES, que congrega a maioria das organizações
sindicais, terá que ganhar um novo
fôlego,uma nova vitalidade, superando velhas contradições e burocracias.Mas
todos os sindicatos precisam de repensar a vida, práticas e discursos!