terça-feira, 11 de junho de 2024

EUROPA,para onde vamos?

 

As recentes eleições para o Parlamento Europeu mostram uma larga diversidade


de resultados eleitorais dos quais podemos retirar algumas conclusões:

A primeira conclusão que podemos retirar é o reforço das forças políticas de extrema direita em quase todos os países, com políticas semelhantes, e por vezes contraditórias, relativamente à imigração, ao estado social e ao modelo social europeu, entre outros aspetos.

A segunda conclusão a retirar é que as esquerdas, a social -demoracia e os verdes vão sofrendo um progressivo definhamento e recuo.

Neste quadro é muito importante perceber as dinâmicas que estão subjacentes a este endireitamento e endurecimento do eleitorado europeu.Apresento três razões, entre outras que podemos detetar:

1.As esquerdas, em particular a social -democracia adoptou o modelo económico do social liberalismo, beneficiando o sistema financeiro e as grandes empresas,algumas delas privatizadas por eles mesmos, em detrimento do mundo do trabalho, das pequenas empresas e cooperativas e dos direitos dos trabalhadores.As suas políticas geraram promiscuidade entre os poderes político e económico,onde aparecem casos extremos desta promiscuidade como em Portugal (BES/Pinho/Salgado e outros).

Neste quadro quando se fala em democracia são muitos os cidadãos que identificam democracia com impunidade e enriquecimento dos grandes,corrupção e uma justiça de duas caras.

2.Por outro lado, as esquerdas que se afirmam não social democratas, como no caso do PCP, produzem um discurso quase delirante(como por exemplo serem eles a voz do povo no PE) que  não convence as mais jovens gerações.Em politica externa as contradições avolumam-se com destaque para a Guerra na Ucrânia e a guerra em Gaza.Quase desculpam a Rússia de Putin do que está a fazer ao povo ucraniano e silenciam a natureza terrorista do Hamas quando se solidariazam e lutam por uma Palestina livre e independente!Os oligarcas russos não são melhores do que os grandes capitalistas americanos.Mesmo que se defenda uma outra geopolitica ,sem hegemonias de qualquer potência,não podemos deixar de condenar a ocupação violenta de parte da Ucrânia.

3º Podemos assim dizer que quando se fala no centro político da Europa,dita barreira à extrema direita,estamos a falar dos partidos social democratas que adoptaram o modelo do neo liberalismo económico com algumas preocupações sociais e de uma direita dita moderada, herdeira da democracia cristã, mas que hoje  está em geral longe das preocupações sociais da mesma, apoiando igualmente políticas liberais  mais duras na UE.

 Se continuarmos com a Guerra da Ucrânia e as regras exigentes orçamentais da zona euro e a diminuição dos apoios sociais e degradação dos serviços públicos;se continuarmos com as políticas do BCE que castigam os mais pobres e beneficiam os bancos,enfim, a aumentar a desigualdade entre ricos e pobres; se mantivermos políticas que têm como objetivo a exploração do trabalho barato do imigrante; se continuarem a aumentar as taxas de abstenção e o esvaziamento do poder real dos cidadãos,em particular das organizações de trabalhadores, poderá acontecer a prazo o desmoronamento da UE,bem como o eclipse deste modelo democrático.A questão que se coloca é o que poderá vir a seguir.....

Neste debate sobre o futuro da europa e da UE o movimento sindical deve ter uma palavra e uma intervenção mais empenhada e muitos mais incisiva.As organiações de trabalhadores têm o dever histórico de defender e promover uma Europa democrática e social não subordinada aos grandes interesses financeiros e às mltinacionais,uma Europa que garanta uma proteção social digna a todos os que trabalham e trabalharam no seu espaço; uma Europa dos povos e solidária e de paz.

A CES, que congrega a maioria das organizações sindicais,  terá que ganhar um novo fôlego,uma nova vitalidade, superando velhas contradições e burocracias.Mas todos os sindicatos precisam de repensar a vida, práticas e discursos!