segunda-feira, 16 de março de 2020

O LONGO CAMINHO DA PREVENÇÃO DO RISCO PSICOSSOCIAL


Após a participação em vários eventos em paises do Leste Europeu a percepção que tenho é que
aqueles países passaram do socialismo autoritário, embora com garantias sociais, para o capitalismo selvagem onde impera a liberdade dos mais fortes e das empresas.
Em consequência da história recente as organizações sindicais são em geral frágeis e os trabalhadores sujeitos a uma forte exploração.
A legislação laboral de cada país vai transpondo,ou seja copiando, as directivas da UE para o papel,mas raramente passa a mesma para o terreno concreto das empresas.O bournout existe por todo o lado e em quase todos os sectores.Não apenas nos serviços públicos mas também noutros sectores sujeitos a uma feroz competição.Os governos, alguns dos quais seguidores do pensamento neoliberal mais radical querem um rápido crescimento económico sem se preocuparem com a qualidade do trabalho, nomeadamente com direitos sociais e laborais.
Horários de trabalho longos, inoperancia das inspeções do trabalho e dos tribunais, assédio moral e sexual reinam em muitas empresas e serviços daqueles países.Mas não apenas naqueles países .Em Itália aumentou a sinistralidade laboral e as doenças profissionais com a crise de 2008, um sinal evidente da degradação das condições de trabalho num dos países fundadores da CEE.E que dizer da Espanha e Portugal que continuam a ser campeões da Europa Ocidenteal neste domínio?
È assim necessário muito trabalho  para se implementar a prevenção dos riscos profissionais.Tanto os tradicionais como os emergentes.Por enquanto a prevenção dos riscos psicossociais é apenas um tema de seminários.Na realidade nos países do Leste e do Sul europeu são raras as empresas que investem nesta matéria.`São necessários meios técnicos e dinheiro.Mas, sobretudo, é urgente uma mais forte organização sindical para mudar a posição dos empresários.Estes dizem-se preocupados nos inquéritos organizados pela Agência de Bilbao e outras entidades.Mas se não existir força sindical , são raras as empresas que passam à ação!

sexta-feira, 13 de março de 2020

AFINAL O DIABO SEMPRE VEIO?


Recentemente um cronista da direita escreveu que afinal sempre veio o diabo prometido por Passos Coelho referindo-se á presente pandemia do coronavírus.
Não concordo e não gosto da imagem do diabo utilizada em tempos passados para condicionar e anular pelo medo as reivindicações e sentimentos emancipatórios das classes dominadas.
Direi antes que esta pandemia, embora trágica,comporta um risco acrescido para as nossas sociedades bem como uma extraordinária oportunidade.
O risco maior é que esta pandemia se torne numa ameaça às sociedades democráticas, tornando-as mais individualistas e hedonistas, ou seja que vingue definitivamente a cultura do «cada um por si» e «vivemos o presente porque não haverá amanhã» e se quebrem ainda mais os sentimentos de solidariedade e de humanismo.Solidariedade com os mais frágeis e com as futuras gerações.Seria o domínio total do neoliberalismo e do reacionarismo evangélico cujo caldo cultural é o sectarismo e obscurantismo religioso.
A grande oportunidade será as nossas sociedades reflectirem sobre as consequências económicas e sociais desta pandemia, sobre a precariedade das nossas frágeis estruturas sociais e da necessidade  de reforçar os mecanismos institucionais da partilha e solidariedade.
No futuro as sociedades irão confrontar-se mais frequentemente com este tipo de riscos biológicos e de inesperadas catástrofes.Tal perspectiva exige mais democracia, mais transparência, informação e responsabilidade.Construir uma sociedade, coesa e de confiança.é o grande desafio.Esta será uma grande oportunidade para aplicarmos os valores humanistas e democráticos.Se o conseguirmos o diabo nada poderá fazer!

terça-feira, 10 de março de 2020

O VÍRUS QUE PÕE À PROVA A NOSSA SOLIDARIEDADE!



O coronavirus espalha-se por quase todo o mundo e, em alguns países como é o caso da Itália, parece de difícil contenção.Ainda sabemos pouco sobre a capacidade de resistência deste virus e por quanto tempo irá condiconar a nossa vida quotidiana e ameaçar a nossa saúde.
Existem muitas incógnitas e por isso mesmo a situação é naturalmente preocupante.Todavia, é absolutamente necessário que estejamos serenos, confiantes nas directrizes técnicas das autoridades sanitárias.
Para além da serenidade o virus coloca-nos outro importante desafio que é o da solidariedade.Solidariedade entre os familiares, entre os vizinhos e companheiros de trabalho.Solidariedade ao nível das políticas a adoptar para conter a epidemia e sustentar a actividade económica.
As empresas vão ter dificuldades de mercado, tanto as produtivas como as de serviços.Pode ser um tempo curto de dificuldades ou pode ser mais longo.Podemos compreender medidas que se destinem a facilitar a vida das empresas neste momento, nomeadamente fiscais ou obrigações burocráticas.Há que aguentar as necessidades fundamentais da população.A vida não pode parar.
No entanto, não é aceitável que se facilite o despedimento ou que se aproveite a situação para fazer despedimentos de trabalhadores que estão na lista negra.Sabemos que o sistema inspectivo em Portugal é pouco eficaz, os tribunais de trabalho lentos e cheios de processos.Temos que estar atentos e solidários uns com os outros.Em particular as organizações de trabalhadores!
As mais recentes medidas do governo relativamente a estas questões, embora visem aguentar o emprego, fragilizam a parte mais fraca da relação de trabalho.Os trabalhadores eventualmentete abrangidos pela suspensão do trabalho(layoff) perdem rendimento num quadro epidémico.Ora aqui deveria funcionar a solidariedade nacional e europeia.O dinheiro nestas ocasiões não deve ser problema.Investir para que as pessoas ,nomeadamente os trabalhadores tenham defesas e não se sintam ameaçados é um bom investimento.Previne a depressão económica e psicológica, a ansiedade e o medo! Tanta preocupação com o sistema financeiro e  com as empresas e tão pouco entusiasmo em cobrir a cem por cento um risco que não é apenas laboral mas de toda a sociedade!
A segurança social é uma instituição solidária de cobertura dos riscos.Riscos de desemprego, de doença, de invalidez e velhice e de morte.Uma instituição de solidariedade financiada pelos trabalhadores que estão no activo.No caso de catástrofe ou epidemia os trabalhadores nunca deveriam ser penalizados.Eles são o sustentáculo da solidariedade e o pilar da economia! É nestas ocasiões que vemos como o trabalho e os trabalhadores são o parente pobre da economia!O capital tem inúmeras formas de salvaguardar os seus rendimentos...mas o trabalho sofre!