segunda-feira, 25 de outubro de 2021

OS PATRÕES PORTUGUESES PASSAM A VIDA A CHORAMINGAR|

 

As associações empresariais portuguesas passam a vida a choramingar e agora também amuam com o governo que querem deitar abaixo. Foi um vício que apanharam com o 25 de Abril.No tempo da Troika viram as suas aspirações contempladas  na generalidade e com o primeiro Ministro Passos Coelho inclusive ,viram mais do que 

 esperavam naquela altura.

A direita política com o governo de Passos Coelho meteu nos bolsos dos empresários, segundo alguns investigadores, mais de 12 mil milhões de euros com o embaratecimento do trabalho suplementar e das indemnizações por despedimento.Isto tudo sem falar no aumento do trabalho precário, estagnação e corte dos salários, nomeadamente do salário mínimo, trabalho clandestino, milhões de horas extraordinárias não pagas, «assobiar para o ar» da ACT, etc, etc.

Mesmo nesta altura os patrões portugueses choraram que se fartaram dizendo que o trabalho continuava caro e pouco flexível.No entanto, como estavam a ganhar e o govererno lhes dava tudo não amuaram.

Com a Troika a ir para casa e com o novo governo de António Costa, apelidado depreciativamente por Paulo Portas e posteriormente  pela comunicação social de «geringonça» os patrões e a direita política entraram em histeria e choramingaram outra vez.Disseram de tudo, nomeadamente que iriamos ter um novo PREC (processo revolucionário em curso).Conseguiram, ainda não sei bem como,que o novo governo de António Costa não revertesse o essencial da legislação laboral troiquiana, ou seja, deixasse o essencial dos ganhos nos bolsos dos patrões.Vieram quatro anos de vacas gordas, com ganhos fabulosos em alguns sectores, nomeadamente no turismo e agro-indústria, calçado e têxteis.Por acaso os patrões abriram os bolsos para aumentar significativamente os trabalhadores?Não!Choraram os magros aumentos ocorridos no salário mínimo, aumentaram alguns o subsídio de almoço em alguns cêntimos sem olharem ao escândalo de tal situação.Bem esperaram e exigiram os sindicatos, nomeadamente a CGTP, aumentos significativos dos salários e pensões.O que foi dado foram trocos!

Veio a pandemia colocar a nossa economia em apuros e os patrões portugueses, incluindo os que tiveram lucros fabulosos, preparavam-se para pôr o pessoal na rua , de férias, em lay-off ou deixar de pagar simplesmente os salários.O governo de António Costa, no seu segundo mandato,correu a dar apoios ás empresas, por vezes suportados pela segurança social, e a suster a possível onda de desemprego.Mesmo assim os patrões choraram outra vez, clamando que os apoios eram poucos,que também queriam dinheiro por estarem parados;clamaram que não era altura para aumentar o salário mínimo e alguns até nem queriam pagar o subsídio de almoço aos trabalhadores em teletrabalho.

Sempre que na Assembleia da República eram propostos diplomas para reverter a legislação laboral da Troika era um clamor geral de que o PS estava a ir para os braços do PCP e do BE, que Bruxelas nunca poderia apoiar tal coisa.

Agora, e por causa dessa mesma legislação laboral que os tem beneficiado ,prejudicando os trabalhadores, agora, porque mais uma vez se quer promover o trabalho digno em Portugal, os patrões choram e amuaram.António Costa correu a pedir desculpa e vai recuar.Desculpa deveria ter sido pedida aos trabalhadores por anos de cortes, desemprego e estagnação salarial mesmo nos tempos bons e as desculpas não paguem dívidas

O governo poderá cair precisamente pelo elo mais fraco, ou pecado original da «gerinçonça»-a legislação laboral.O choro, embora de crocodilo, e amuo dos patrões são a nossa desgraça!Ao choro dos patrões portugueses devem responder os trabalhadores portugueses com a unidade na ação, abertura e diálogo sindical.Senti essa vontade de unidade na pluralidade nos sindicalistas socialistas da CGTP que ontem tiveram o seu XVIIº Congresso.Nós somos a maioria, caramba!Podemos parar o País se necessário!

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

DIREITA PORTUGUESA ESTÁ COM UM «BRILHOZINHO NOS OLHOS»!

 


A direita portuguesa perdeu as recentes eleições para as autarquias mas recebeu alguma vitamina com a vitória eleitoral em Lisboa.Toda a comunicação social e seus «papagaios» afirmam que se abre um novo ciclo que pode a curto prazo levar a coligação de direita ao poder político.O cheiro a poder notou-se na tomada de posse de Moedas onde estiveram os passados e actuais líderes da direita portuguesa e onde se nota um «brilhozinho nos olhos» em todos eles e todas elas.

Muitos quadros já se sentem a tomar posse no aparelho do Estado e vislumbra-se uma distribuição pelos amigos dos fundos europeus.Festejam o almejado fim da «geringonça» que num balanço sumário apenas conteve o projecto austeritário radical e autoritário de Passos Coelho, aliviou a tensão social e alimentou a esperança dos trabalhadores em melhores dias.

Hoje verificamos que os primeiros quatro anos do governo PS com os acordos à esquerda foram os melhores para os trabalhadores embora os ganhos ficassem muito aquém do que inicialmente se pensou.De facto os últimos dois anos ficaram marcados pela pandemia e por um governo fraco e por uma estratégia errante e isolacionista do PS.

Neste momento à esquerda não existe qualquer projecto mobilizador para os próximos tempos.Os partidos de esquerda consideram também esgotada a «geringonça» e debatem um orçamento com desconfiança e sem projectos de futuro, tolhidos pelos resultados eleitorais recentes.Para um militante social de esquerda o panorama é desolador.A esquerda envelheceu tanto ao nível social como político.

O PS gere a situação procurando a conformidade com os ditames de Bruxelas e dos mercados , o BE e o PCP mais parcem sindicatos do que partidos politicos.Apresentam boas reivindicações que chocam com os constrangimentos da UE mas ninguém está disposto a construir um programa para o país que possa ser sufragado pelo povo, com as devidas alianças e estratégia de curto e médio prazo.

Com esta dinâmica e caso não exista um sopro inovador e arrojado perspectiva-se a prazo uma maioria de direita que irá retomar o seu projecto de aprofundamento da desigualdade e de empobrecimento.As tendências negativas no mundo do trabalho acentuaram-se com a pandemia como foi demonstrado num recente seminário internacional promovido pela Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos em Valongo no início deste mês.A desregulação das relações de trabalho a desvalorização salarial, o trabalho precário e negro cresceram.Com a pandemia e sem pandemia os grandes grupos económicos ganham dinheiro, os ricos estão a ficar mais ricos e os pobres mais pobres.

Não basta dizer que perante esta situação , estrutural do sistema capitalista, temos a luta.Os trabalhadores ,em particular as suas organizações sindicais, têm lutado.Precisam porém que os partidos aliados não desperdicem essa luta.Não basta dizer que o partido socialista está mais próximo do PSD e que são burgueses.Temos que construir uma alternativa maioritária com as organizações que temos.Temos organizações sociais, sindicais e políticas com uma grande diversidade.Nem todas são comunistas nem socialistas.Há que construir um projecto que inclua toda a diversidade dos mais pobres e explorados.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

O TRABALHO DESGASTA NOVOS E VELHOS.O MAL ESTAR AGRAVA_SE!

 

O trabalho desgasta-nos em demasia?Claro que sim e nunca se falou tanto em mal estar no trabalho e ao mesmo tempo tanatas panaceias se escrevem para resolvermos individualmente este problema quando o mesmo é um problema estrutural ao capitalismo actual.


O problema não estará tanto naquilo que se pode considerar ao longo dos anos o «normal» desgaste do nosso corpo no trabalho.O problema principal nos dias de hoje está no desgaste «anormal» do nosso corpo em especial o desgaste mental que largas camadas de trabalhadores sentem, muitos deles ainda muito jovens.

Todos os estudos apontam para um conjunto de factores de risco ligados ás condições de trabalho e de vida modernos onde pontificam as novas tecnologias de comunicação e a microelectrónia, as longas horas de trabalho, a pressão e o stresse crónico provocados pelos mecanismos de exploração do trabalho, nomeadamente as exigências da competitividade, objectivos de trabalho irrealistas, longas horas de trabalho, gestão paranóica e desumana

.Todo este cenário descrito sumáriamente está a fazer um mundo do trabalho doentio onde são frequentes as depressões e ansiedade, as doenças cardiovasculares, bem como a violência física e o assédio  moral.O recente relatório da OMS e da OIT sobre esta matéria confirmam esta situação que a pandemia viria a acentuar.

Embora alguns inquéritos,nomeadamente no âmbito da Agência Europeia para a Segurança eSaúde no Trabalho, revelem que a maioria dos empresários se mostra preocupada com esta situação que afecta a produtividade,nada indicia que a curto prazo se tomem medidas concretas por parte dos governos e da Comissão Europeia.A maioria das propostas vão no sentido do voluntarismo da autoregulação, da sensibilização e informação.Nesta linha é paradigmática a recente Estratégia Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho 2021-27 da Comissão europeia.A segurança e sáude no trabalho ainda não é considerada um direito fundamental como pretendem os sindicatos.

Sem negar a importância do trabalho de sensibilização e informação nesta matéria, aliás bem reafirmada pelas mais recentes convenções da OIT, é absolutamente necessário fazer mais e melhor no domínio da legislação comunitária e nacional para proteger os trabalhadores dos riscos profissionais. A saúde mental das populações,preocupação muito na moda dos governos e instituições comunitárias exige na prática que se tomem medidas adequadas para os locais de trabalho, nas empresas e nos serviços.O próprio Movimento Sindical tem que ser mais acutilante e aguerrido nesta matéria.Nos pacotes de legislação laboral que estão na gaveta para serem aprovados também deveriam estar projectos para a prevenção dos riscos psicossociais no trabalho.