O governo anterior do Partido Socialista dinamizou um projeto piloto para empresas que se motivassem por implementar a semana de trabalho de quatro dias!O relatório ja foi publicado ,houve algum debate,embora pouco, e os sindicatos já se pronunciaram sobre a matéria.A questão também é debatida noutros países e alguns investigadores sociais também abordam esta questão.Em Portugal o teste aparentemente passou e, sendo voluntária experiência,pode até entusiasmar algumas empresas a
implementarem o modelo de horário.Vejo ,no entanto, poucas a quererem arriscar!
Lembro, no
entanto, que há mais de um século que os diferentes movimentos de
trabalhadores,em particular o Movimento Sindical,luta para que em todo o mundo
se trabalhe 40 horas por semana e oito horas por dia!As directivas da UE ainda
colocam as 48 horas semanais como máximo,uma embirração dos ingleses que nunca
aceitaram que a União Europeia colocasse as 40 horas de trabalho como
máximo!Mas sabemos bem que em numeross setores e empresas temos picos de 60 e
até 70 horas semanais lançando mão a diversos expedientes de flexibilidade como
o banco de horas.
Embora em alguns
setores, como a Administração Pública, já se trabalhe há bastante tempo apenas
35 horas ainda temos que fazer algumas lutas mais para que todos tenham esse
horário e possam assim usufruir de mais tempo para a sua vida familiar,pessoal
e social.
Que vantagens?
Mas as vantagens
da redução do tempo de trabalho, podendo ser favorável a quem trabalha não
deixa também de proporcionar vantagens às empresas.Todavia,alguns empresários podem
ver algumas vantagens numa redução dos dias de trabalho mesmo que com redução
do tempo de trabalho diário.Talvez com a semana de 4 dias economizem mais
energia, segurança , consumíveis diversos e motivem os trabalhadores mais jovens.
Porém, neste
momento, a maioria das empresas para implementar este modelo com redução do
horário de trabalho terá que admitir mais pessoal e introduzir uma organização
de trabalho inovadora.Tal significaria mais investimento, mais formação dos
trabalhadores e melhores condições de trabalho!
Pelos resultados
do projeto piloto a maioria dos trabalhadores também gostou da experiência dos
4 dias de trabalho.Menos deslocações para o trabalho, menos stresse,mais tempo livre, inclusive
para ter outro emprego nos casos de trabalhadores com baixos salários.E, nesses
casos, não estaremos a reduzir o horário dos trabalhadores,antes pelo
contrário!
Exigências
mínimas para o modelo funcionar
Concluiria que a
experiência deve ainda ser mais ampliada e o modelo deve ser sempre voluntário
e negociado na contratação coletiva para que os riscos sejam menores.O Estado deve acompanhar as experiências e
nunca pode dixar que o modelo seja pervertido.Nesse sentido penso que:
-A reivindicação sindical das 35 horas por
semana para todos está na ordem do dia e é prioritária após mais de um século
de lutas.
-A semana de
quatro dias de trabalho pode ser organizada por negociação de setor ou de empresa,
tendo como limite as 35 horas e bem claros os casos em que este horário é
ultrapassado e quais os motivos fundamentados.
-Estas medidas
exigem também salários melhores que os praticados em Portugal para evitar um
segundo emprego nos três dias livres.
-Deve ser
exercido o direito/dever à desconexão, ao rigoroso cumprimento do horário das
35 horas.
Trabalhar
menos e ganhar mais
Trabalhar menos e
ganhar mais é uma melhoria das condições de vida da população,em particular no
que respeita à qualidade da saúde e da vida familiar.Trabalhar menos horas
significa menos acidentes e menos exposição a riscos profissionais!
Efetivamente o tempo é dos elementos mais importantes da
nossa vida,diria mesmo o mais importante depois da saúde.É pelo tempo a mais
que vendemos ao patrão que ele retira a
parte da riqueza que fica para ele.
Trabalhar quatro
dias não pode significar o aumento do horário diário de trabalho nem reduzir o
salário.
Se tivermos que
trabalhar as 40 horas em quatro dias haverá um aumento diário de duas horas,
para além de outras que nos possam pedir.A fadiga crescerá ao longo dos
tempos,bem como o stresse,com as consequências
sabidas ao nível da saúde.
Não sendo
exercido o direito/dever à desconexão o trabalhador terá uma vida infernal
durante quatro dias e terá terá três de
pseudo descanso!