Numa conferência exótica realizada há poucos dias em Lisboa o advogado António Pinto Leite, atual Presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, (ACEGE) afirmou, segundo o jornal Negócios, que a legislação laboral deveria ser alterada para permitir às empresas baixarem os salários! Como argumento a favor diz, pasme-se, que tal já se passa na realidade e, portanto, haveria que adequar a lei a esta realidade!
O referido senhor advogado considera ainda, do alto da sua posição protegida, que o despedimento por não cumprimento de objetivos deveria ser possível! Afinal ele fala como empresário é óbvio! No entanto este empresário e advogado conseguiu ser Presidente de uma associação que se intitula «cristã», não sendo até agora desautorizada pela Igreja Católica!
Pinto Leite usa um raciocínio muito pobre, ou então a lógica é uma batata! Com o mesmo argumento diríamos que havendo mais crimes nos últimos anos e adequando a lei á realidade deveríamos facilitar a ação dos criminosos, diminuindo nomeadamente as penas! Aceita ele esta ideia lá do alto do seu conservadorismo inato e de classe? Claro que não!
Por outro lado, gostaria de perguntar a Pinto Leite se ele, ao exigir despedimentos e diminuição salarial, se inspira em algum capítulo de alguma encíclica, diretriz da «Doutrina Social» da Igreja Católica ou, antes, em pensamento heterodoxo da sua associação «cristã»! É que eu nas minhas leituras destas matérias sempre vi a exigência do pagamento a tempo e horas do justo salário! Até vi outras propostas como salário e vida digna, participação nos lucros e na vida da empresa, respeito pelo descanso, em particular ao domingo, aspetos que a maioria dos empresários portugueses não pratica, mesmo em tempos de «vacas gordas».
Nunca li algo semelhante às propostas de Pinto Leite, salvo em alguns discursos de comentadores com interesses económicos mais ou menos visíveis! Logo, Pinto Leite estava a falar como empresário ou advogado de empresários! Até porque parece não ter havido na dita conferencia ninguém que interpelasse Pinto Leite sobre a justeza das suas reivindicações. É esclarecedora esta unanimidade!
Este oportunismo, nomeadamente na utilização da sigla «cristã», frequente em muitos dirigentes do nosso associativismo, apenas descredibiliza o mesmo e afasta os cidadãos do necessário empenhamento social. Estas chamadas «elites» chegaram ao cúmulo do descaramento com as suas propostas económicas e sociais! É a vingança geracional e histórica pela Revolução de Abril! É a revanche contra os trabalhadores, principais protagonistas das transformações ocorridas no nosso país! Até onde querem chegar? Até onde os deixarmos!
Este é um blog para comunicar com todos os que se preocupam com a promoção da segurança e saúde no trabalho, sindicalismo e relações de trabalho em Portugal , na Europa e no Mundo.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
LUTAS CONTRA REDUÇÃO DE PESSOAL! (memórias)
As reduções de pessoal de forma brutal ou suave, quase sempre por questões económicas, podem ter graves consequencias, não apenas para os trabalhadores despedidos mas também para as comunidades locais onde estão envolvidas as empresas e para os trabalhadores que ficam.
«Este texto pretende revisitar um estudo realizado no início da década de 1990 numa refinaria de petróleo, no Brasil (Ferreira, Iguti & Jackson, 1991).
Seu motivo foi a resistência de operadores de uma unidade de processo [1] da refinaria à política de redução de pessoal que a empresa começava a aplicar e foi o primeiro de uma série de outros que se desenvolveram por mais de uma década, sempre sobre omesmo assunto e na área do petróleo [2] e dos quais participei,com diferentes status (Ferreira, Iguti, Donatelli, Duarte& Bussacos, 1997; Ferreira, Iguti & Bussacos, 1998, 1999,2000a e 2000b).
Sem canais de negociação com a empresa,os operadores não hesitaram em explicitar a sua posição através da imprensa local, onde alertavam a população vizinha sobre os riscos que corria pela diminuição de pessoal.
Com isto, sensibilizaram autoridades, entre elas o Ministério Público [3], que nos solicitou um estudo para dimensionamento do número de operadores através do estudo de"tempos e movimentos”.VER artigo
«Este texto pretende revisitar um estudo realizado no início da década de 1990 numa refinaria de petróleo, no Brasil (Ferreira, Iguti & Jackson, 1991).
Seu motivo foi a resistência de operadores de uma unidade de processo [1] da refinaria à política de redução de pessoal que a empresa começava a aplicar e foi o primeiro de uma série de outros que se desenvolveram por mais de uma década, sempre sobre omesmo assunto e na área do petróleo [2] e dos quais participei,com diferentes status (Ferreira, Iguti, Donatelli, Duarte& Bussacos, 1997; Ferreira, Iguti & Bussacos, 1998, 1999,2000a e 2000b).
Sem canais de negociação com a empresa,os operadores não hesitaram em explicitar a sua posição através da imprensa local, onde alertavam a população vizinha sobre os riscos que corria pela diminuição de pessoal.
Com isto, sensibilizaram autoridades, entre elas o Ministério Público [3], que nos solicitou um estudo para dimensionamento do número de operadores através do estudo de"tempos e movimentos”.VER artigo
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE!
No início de Dezembro o jornal Público noticiava que o Banco Lloyds estava a negociar o regresso de Horta Osório, o célebre gestor considerado o «Mourinho»da gestão bancária pela suas caraterísticas próprias muito apreciadas no mundo dos negócios!
O dito banco estava a negociar no sentido de baixar o salário enorme que aquele gestor teria antes de entrar de baixa por doença devida ao stresse. Ao mesmo tempo estava a estudar a forma de ajudar Horta Osório no seu regresso profissional, colocando-lhe um adjunto! O afamado gestor ganharia por ano, antes da doença, mais de cinco milhões de euros entre salário, prémios e planos de reforma!
Claro que uma das principais funções de Horta Osório seria a aplicação de um plano de reestruturação que implicava o despedimento de 10 a 15 mil funcionários. Ou seja ele receberia aquele dinheiro todo mas iria poupar muito mais ao Banco em custos de trabalho! Um bom negócio para o dito gestor e para o referido banco! Muita dor de cabeça e stresse para quem fosse despedido!
No entanto, o «Mourinho» também é humano e ficou doente, coisa normal entre os mortais, diga-se em abono da verdade. E logo de uma doença que, pelos vistos, não permitirá uma recuperação total.
Temos um caso de, como diz o ditado, «quem com ferros mata, com ferros morre»! Uma forma de gestão predadora e mercenária, com objetivos não alcançáveis e com resultados desastrosos, não apenas para os quadros, mas para todos os trabalhadores! Este tipo de gestão, com salários monstruosos para os gestores, levada a cabo por homens que se pensam deuses e incentivada por acionistas ávidos de lucros levam á destruição da economia e á destruição física e psíquica de quem trabalha!
Para a ideologia ainda dominante, e não sei se para o próprio, ficar doente é sinal de fraqueza, de menor valia no mercado! A desvalorização salarial que o banco quer negociar tem esse significado inequívoco! Quando se combate a ideologia neo - liberal é também esta filosofia que se combate! O trabalhador, desde o menos qualificado até ao mais alto quadro empresarial não passa de um fator de produção ou seja de uma «coisa»! Ceder neste aspeto será retroceder séculos!
O dito banco estava a negociar no sentido de baixar o salário enorme que aquele gestor teria antes de entrar de baixa por doença devida ao stresse. Ao mesmo tempo estava a estudar a forma de ajudar Horta Osório no seu regresso profissional, colocando-lhe um adjunto! O afamado gestor ganharia por ano, antes da doença, mais de cinco milhões de euros entre salário, prémios e planos de reforma!
Claro que uma das principais funções de Horta Osório seria a aplicação de um plano de reestruturação que implicava o despedimento de 10 a 15 mil funcionários. Ou seja ele receberia aquele dinheiro todo mas iria poupar muito mais ao Banco em custos de trabalho! Um bom negócio para o dito gestor e para o referido banco! Muita dor de cabeça e stresse para quem fosse despedido!
No entanto, o «Mourinho» também é humano e ficou doente, coisa normal entre os mortais, diga-se em abono da verdade. E logo de uma doença que, pelos vistos, não permitirá uma recuperação total.
Temos um caso de, como diz o ditado, «quem com ferros mata, com ferros morre»! Uma forma de gestão predadora e mercenária, com objetivos não alcançáveis e com resultados desastrosos, não apenas para os quadros, mas para todos os trabalhadores! Este tipo de gestão, com salários monstruosos para os gestores, levada a cabo por homens que se pensam deuses e incentivada por acionistas ávidos de lucros levam á destruição da economia e á destruição física e psíquica de quem trabalha!
Para a ideologia ainda dominante, e não sei se para o próprio, ficar doente é sinal de fraqueza, de menor valia no mercado! A desvalorização salarial que o banco quer negociar tem esse significado inequívoco! Quando se combate a ideologia neo - liberal é também esta filosofia que se combate! O trabalhador, desde o menos qualificado até ao mais alto quadro empresarial não passa de um fator de produção ou seja de uma «coisa»! Ceder neste aspeto será retroceder séculos!
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
EVITAR OS RISCOS DO FRIO NO TRABALHO!
Em ambientes inferiores a 5 graus negativos temos que estar vigilantes!A exposição ao frio pode comportar riscos para a saúde, facilitar a ocorrência de acidentes de trabalho e reduzir a nossa produtividade.
Temos ,para além do desconforto, frequentes dores , o aparecimento de frieiras e em casos extremos a hiportermia.Os trabalhadores ligados á agricultura , pescas e construção são os que mais sofrem pela exposição ao frio.Os serviços de segurança e saúde das empresas devem tomar medidas de prevenção e proteção-Ver
Temos ,para além do desconforto, frequentes dores , o aparecimento de frieiras e em casos extremos a hiportermia.Os trabalhadores ligados á agricultura , pescas e construção são os que mais sofrem pela exposição ao frio.Os serviços de segurança e saúde das empresas devem tomar medidas de prevenção e proteção-Ver
domingo, 18 de dezembro de 2011
EXPLORAÇÃO DE IMIGRANTES NO ALENTEJO?
Desta vez foi o Bispo de Beja Vitalino Dantas que alertou para o facto:existem indícios de trabalho escravo no Alentejo afectando imigrantes asiáticos.Mais grave ainda :existem intermediários que estão a lucrar muito com esses trabalhadores.Mais: esses trabalhadores estarão quase a trabalhar noite e dia! Por fim o Bispo diz que esse tipo de trabalho está a ser praticado em empresas agrícolas recentemente visitadas pelo senhor Presidente da República!
Ora ,o que agora vem dizer o Bispo de Beja reforça o que se diz em surdina e alguns jornais têm vindo de vez em quando a afirmar, ou seja, que existe exploração de imigrantes no Alentejo, nomeadamente tailandeses.Dizem alguns que esses tailandeses estão contentes, apesar dos horários extremos e dos baixos salários auferidos, para além de condições duvidosas de habitabilidade de conforto!
Por outro lado, os serviços da ACT (inspecção do trabalho) na Região têm afirmado (à comunicação social) que não detectam infracções neste domínio.Considerando esta situação não seria bom que outras instituições do Estado nomeadamente o SEF e a GNR efectuassem uma investigação mais profunda da situação.É que normalmente um Bispo não fala apenas porque ouviu dizer.Em geral tem informações credíveis sobre o assunto.Ou será que as ditas explorações de sucesso pertencem a gente influente?
Sob ponto de vista legal e moral não podemos ficar satisfeitos e sem culpa simplesmente porque eles, os asiáticos, querem trabalhar noite e dia e porque os intermediários e agricultores ganham bom dinheiro com a situação!Há um regime laboral no nosso País e é no quadro desse regime que todos devem trabalhar!Portugueses ou estrangeiros!Não é isso que também queremos para os portugueses no estrangeiro?
Ora ,o que agora vem dizer o Bispo de Beja reforça o que se diz em surdina e alguns jornais têm vindo de vez em quando a afirmar, ou seja, que existe exploração de imigrantes no Alentejo, nomeadamente tailandeses.Dizem alguns que esses tailandeses estão contentes, apesar dos horários extremos e dos baixos salários auferidos, para além de condições duvidosas de habitabilidade de conforto!
Por outro lado, os serviços da ACT (inspecção do trabalho) na Região têm afirmado (à comunicação social) que não detectam infracções neste domínio.Considerando esta situação não seria bom que outras instituições do Estado nomeadamente o SEF e a GNR efectuassem uma investigação mais profunda da situação.É que normalmente um Bispo não fala apenas porque ouviu dizer.Em geral tem informações credíveis sobre o assunto.Ou será que as ditas explorações de sucesso pertencem a gente influente?
Sob ponto de vista legal e moral não podemos ficar satisfeitos e sem culpa simplesmente porque eles, os asiáticos, querem trabalhar noite e dia e porque os intermediários e agricultores ganham bom dinheiro com a situação!Há um regime laboral no nosso País e é no quadro desse regime que todos devem trabalhar!Portugueses ou estrangeiros!Não é isso que também queremos para os portugueses no estrangeiro?
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
A OCDE TAMBÉM ESTUDA A DOENÇA MENTAL NO TRABALHO!
Segundo um estudo da OCDE cerca de 20% da população activa sofre de perturbações mentais.O risco é elevado para qualquer um de ao longo da vida enfrentar este problema!As taxas de prevalencia são maiores nos jovens adultos, mulheres e pessoas com poucos estudos!
Segundo este estudo, em contradição com outros, nomeadamente a OMS, este fenómeno não está a aumentar.
Os trabalhadores que sofrem de perturbações mentais ausentam-se mais vezes ao trabalho do que as outras pessoas (32% contra 19%) e a ausencia dura também mais ( 6 dias contra 5).O estudo , como seria de esperar, alerta para as perdas de produtividade devidas a estas doenças.Neste sentido justificam-se medidas, com destaque para as boas condições de trabalho e protecção médica e social.
Ver
Segundo este estudo, em contradição com outros, nomeadamente a OMS, este fenómeno não está a aumentar.
Os trabalhadores que sofrem de perturbações mentais ausentam-se mais vezes ao trabalho do que as outras pessoas (32% contra 19%) e a ausencia dura também mais ( 6 dias contra 5).O estudo , como seria de esperar, alerta para as perdas de produtividade devidas a estas doenças.Neste sentido justificam-se medidas, com destaque para as boas condições de trabalho e protecção médica e social.
Ver
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
MAIS TRABALHO? NÃO,OBRIGADO!
As nossas luminosas sapiências da economia e da governação consideram que é preciso trabalhar mais! Na opinião destas eminencias pardas os trabalhadores portugueses são pouco produtivos. Por isso lembraram-se de atacar os feriados, as pontes, as férias e, no privado, mais meia hora de trabalho por dia sem pagar mais, ou seja de graça e a seco! Em breve também dirão que os funcionários públicos são uns lordes e que deverão trabalhar mais meia hora, ou trabalhar ao sábado para ficarem iguais ao privado.
Saberão estes senhores que mais de 400 mil portugueses têm mais de um emprego e que uma larga percentagem já trabalha para além das oito horas, em particular nas pequenas empresas? Já se deram conta do horário de muitos quadros de multinacionais e grandes empresas? Olhem para os escritórios de muitas firmas e vejam!
Por acaso estes sábios já se perguntaram porque é que os trabalhadores portugueses são altamente produtivos na Autoeuropa, na França e no Luxemburgo? Já estudaram devidamente as condições necessárias para que sejamos mais produtivos sem nos cortarem os salários e nos tirarem os feriadinhos que permitem aconchegar a família e dinamizar a economia?
Já pensaram na importância para a saúde e vida familiar do equilíbrio nos horários de trabalho? Deixem a matéria para a contratação coletiva! Há que travar a todo o custo a apropriação do tempo pelo capital para se impedir o regresso aos tempos esclavagistas!
E que dizer das azémolas da nova confederação de serviços (Sonae e C.ª) que agora apareceu com propostas inovadoras (?) sobre esta matéria propondo que o horário de trabalho fosse decidido no próprio dia. Ou seja, saio de casa para o trabalho com a minha vida familiar planeada e combinada, pensando em ir às aulas de inglês ou a uma reunião do sindicato e, zás, o chefe logo pela matina diz: «hoje ficas até ás 20 a trabalhar!» E pronto, nada a fazer! Isto seria o quê? Isto seria uma ditadura.
Portugal não precisa disto! Precisa de dinamizar a economia, motivar as pessoas para um maior empenhamento, maior garra, respeito por quem trabalha, pois as empresas não são apenas do capital. Sem a participação motivada dos trabalhadores e a valorização do trabalho não vamos lá! Não vamos não…Trabalhar mais? Não, obrigado!
Saberão estes senhores que mais de 400 mil portugueses têm mais de um emprego e que uma larga percentagem já trabalha para além das oito horas, em particular nas pequenas empresas? Já se deram conta do horário de muitos quadros de multinacionais e grandes empresas? Olhem para os escritórios de muitas firmas e vejam!
Por acaso estes sábios já se perguntaram porque é que os trabalhadores portugueses são altamente produtivos na Autoeuropa, na França e no Luxemburgo? Já estudaram devidamente as condições necessárias para que sejamos mais produtivos sem nos cortarem os salários e nos tirarem os feriadinhos que permitem aconchegar a família e dinamizar a economia?
Já pensaram na importância para a saúde e vida familiar do equilíbrio nos horários de trabalho? Deixem a matéria para a contratação coletiva! Há que travar a todo o custo a apropriação do tempo pelo capital para se impedir o regresso aos tempos esclavagistas!
E que dizer das azémolas da nova confederação de serviços (Sonae e C.ª) que agora apareceu com propostas inovadoras (?) sobre esta matéria propondo que o horário de trabalho fosse decidido no próprio dia. Ou seja, saio de casa para o trabalho com a minha vida familiar planeada e combinada, pensando em ir às aulas de inglês ou a uma reunião do sindicato e, zás, o chefe logo pela matina diz: «hoje ficas até ás 20 a trabalhar!» E pronto, nada a fazer! Isto seria o quê? Isto seria uma ditadura.
Portugal não precisa disto! Precisa de dinamizar a economia, motivar as pessoas para um maior empenhamento, maior garra, respeito por quem trabalha, pois as empresas não são apenas do capital. Sem a participação motivada dos trabalhadores e a valorização do trabalho não vamos lá! Não vamos não…Trabalhar mais? Não, obrigado!
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
MAIS MEIA HORA DE TRABALHO: o crepúsculo da concertação social?
O actual Governo, como bom neo-liberal,está-se nas tintas para a concertação social!Vai dando com uma mão(demagogia) e vai retirando com a outra(direitos).Vai reunindo patrões e sindicatos, encanando a perna á râ, como diz o ditado,mas legisla a toda á pressa com medo da troika!Foi o que se passou com a famosa meia hora a mais de trabalho por dia!A UGT e CGTP não aceitam esta pantomina e muito bem!E finalmente o José Seguro também não concorda com tal medida e muito bem, claro está!
Com esta prática bem podemos estar a presenciar o crepúsculo da concertação social em Portugal que, aliás, acontece por toda a Europa!Os governos conservadores, em maioria na UE, e os tecnocratas consideram desnecessária a concertação social!Ainda o não dizem nos discursos mas a gente entende bem qual é a sua opinião real!Ainda falam em diálogo social mas estabelecem a imposição!
Daí que não seja de admirar o crescimento na UE e em todo o mundo de um neo-anarquismo que actualiza a «ação directa» como forma de responder a esta arrogancia do poder político, a este esvaziamento da democracia dos povos!
Perante o caminho que estamos a tomar, onde a precariedade e o desemprego é a regra e os eleitos se descredibilizam, onde o pobre é tratado como um doente,não nos admiremos que cada vez mais cidadãos simpatizem com novas e velhas formas de ação directa e que respondam á violencia do Estado desnaturado com outra violencia!
Não se pense que as artimanhas da policia e as suas técnicas chegarão para apagar os incendios!Quando são muitos os cidadãos que acordam, o poder, por mais arrogante que seja, fica semelhante ao pó levado pelo vento!
Esperemos que estes arrogantes políticos não venham ainda a ter saudades das ordeiras manifestações sindicais!
Com esta prática bem podemos estar a presenciar o crepúsculo da concertação social em Portugal que, aliás, acontece por toda a Europa!Os governos conservadores, em maioria na UE, e os tecnocratas consideram desnecessária a concertação social!Ainda o não dizem nos discursos mas a gente entende bem qual é a sua opinião real!Ainda falam em diálogo social mas estabelecem a imposição!
Daí que não seja de admirar o crescimento na UE e em todo o mundo de um neo-anarquismo que actualiza a «ação directa» como forma de responder a esta arrogancia do poder político, a este esvaziamento da democracia dos povos!
Perante o caminho que estamos a tomar, onde a precariedade e o desemprego é a regra e os eleitos se descredibilizam, onde o pobre é tratado como um doente,não nos admiremos que cada vez mais cidadãos simpatizem com novas e velhas formas de ação directa e que respondam á violencia do Estado desnaturado com outra violencia!
Não se pense que as artimanhas da policia e as suas técnicas chegarão para apagar os incendios!Quando são muitos os cidadãos que acordam, o poder, por mais arrogante que seja, fica semelhante ao pó levado pelo vento!
Esperemos que estes arrogantes políticos não venham ainda a ter saudades das ordeiras manifestações sindicais!
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
DIFICULDADES PARA TRABALHAR NUM CALL CENTER!
Um artigo que aborda algumas dificuldades do trabalho em callcenters.É mais um contributo para a reflexão sobre uma actividade que cada vez acupa mais trabalhadores em todo o mundo.Trabalhadores em geral jovens e precários!
..«O mercado mundial de call center arrecadou cerca de 23 bilhões de euros em 1998, com estimativas de 60 bilhões de euros em 2003, empregando cerca de 1,5 milhão de europeus e 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos. O número de operadores nesse país pode variar de 2 a 7 milhões, trabalhando em 70 mil estabelecimentos (Marinho-Silva, 2004).
Na Alemanha, são 65 mil trabalhadorese, na Austrália, os números chegam a 60 mil (Toomingaset al., 2002). O call center é um dos negócios em maior desenvolvimento na Suécia, empregando 1,5% da população, contrastando com a cifra de 438 trabalhadores em 1987 (Norman,2005, apud Assunção et al., 2006). No Reino Unido, estima-se que 860 mil pessoas trabalhem nas centrais de atendimentodo Reino Unido (UNISON, 2005, apud Assunção et al., 2006) e outras 45 mil, na Espanha (UGT, 2005 apud Assunção et al., 2006).
A estimativa no caso da Índia é de que emprega 813.500 trabalhadores, à medida que avanços tecnológicos têm permitido a mobilização de centros de atendimento das empresasglobais para países com menores custos operacionais (UNI-ASIA & PACIFIC, 2004, apud Assunção et al., 2006).»
Ver artigo
..«O mercado mundial de call center arrecadou cerca de 23 bilhões de euros em 1998, com estimativas de 60 bilhões de euros em 2003, empregando cerca de 1,5 milhão de europeus e 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos. O número de operadores nesse país pode variar de 2 a 7 milhões, trabalhando em 70 mil estabelecimentos (Marinho-Silva, 2004).
Na Alemanha, são 65 mil trabalhadorese, na Austrália, os números chegam a 60 mil (Toomingaset al., 2002). O call center é um dos negócios em maior desenvolvimento na Suécia, empregando 1,5% da população, contrastando com a cifra de 438 trabalhadores em 1987 (Norman,2005, apud Assunção et al., 2006). No Reino Unido, estima-se que 860 mil pessoas trabalhem nas centrais de atendimentodo Reino Unido (UNISON, 2005, apud Assunção et al., 2006) e outras 45 mil, na Espanha (UGT, 2005 apud Assunção et al., 2006).
A estimativa no caso da Índia é de que emprega 813.500 trabalhadores, à medida que avanços tecnológicos têm permitido a mobilização de centros de atendimento das empresasglobais para países com menores custos operacionais (UNI-ASIA & PACIFIC, 2004, apud Assunção et al., 2006).»
Ver artigo
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
SINDICALISMO PORTUGUÊS: um congresso para enfrentar a crise!(III)
O próximo congresso da CGTP, a realizar nos finais de Janeiro de 2012, pode ser um congresso histórico!A maioria dos analistas vão centrar-se na saída de Carvalho da Silva bem como sobre a pessoa que o irá substituir!
Serão feitas análises também sobre a relação de forças entre as diferentes correntes e qual delas vai ganhar ou perder.Pessoalmente não considero particularmente relevante estas questões nem vejo que sejam importantes para o presente e futuro dos trabalhadores portugueses.Será importante para alguns sindicalistas da cúpula, a maioria ligados aos dois grandes partidos da esquerda portuguesa.Sempre existiu e continuará a existir uma luta latente pela hegemonia do movimento sindical.O problema está quando esta luta se torna central, mirrando a vitalidade de uma organização.Penso que não é o caso!Espero que não o seja no futuro!
Embora não subestimando este dado penso que será muito mais importante e interessante responder à seguinte questão:Vai a CGTP ser capaz de enfrentar a crise presente e sair dela mais reforçada e como a maior organização dos trabalhadores portugueses?Vai se continuar o seu caminho com destaque para alguns aspectos,nomeadamente:
1º Se o seu novo secretário geral mantiver e alargar a herança de Carvalho da Silva relativamente ao diálogo com a sociedade portuguesa, nomeadamente os partidos políticos, igrejas, movimentos cívicos, novos movimentos sociais e de trabalhadores precários;se valorizar a participação nas instâncias institucionais a par da reivindicação e da proposição autónoma.
2ºSe a CGTP se transformar cada vez mais num grande espaço de debate politico-sindical e de unidade de acção desde os locais de trabalho até á direcção.Um espaço onde sejam aceites com tolerância perspectivas políticas diferentes e plurais, acarinhada e incentivada a militância de base de novos trabalhadores e activistas sindicais.Para este objectivo é muito importante o reforço da formação sindical, cada vez mais aperfeiçoada e rica e que deve criar hábitos de leitura e de estudo, levando os activistas a evitar as receitas e os «chavões».
3ºContinuar e incentivar com responsabilidade a renovação de quadros sindicais, cativando gente mais nova para as direcções sindicais e delegados.Gente que não se perpetue na organização mas que possa regressar ao local de trabalho sempre que possível.A ligação dos activistas e dirigentes aos locais de trabalho é fundamental.Apenas os estritamente necessários devem ficar nas estruturas.
4ºEstudar novas formas de acção sindical adequada aos tempos actuais e ás diferentes categorias profissionais, aos desempregados e aos precários.Rever formas de manifestação e participação, a coreografia, os cenários, o discurso,etc.Todas estas questões podem ser estudadas na formação sindical.
5ºTalvez seja tempo de estudar uma nova forma de reorganização sindical adoptando e potencializando o território de modo a conseguir-se uma melhor participação dos desempregados e trabalhadores precários bem como até de alguns reformados.As uniões distritais não cumprem tais objectivos.Uma organização sindical mais próxima animaria a vida sindical.Não vejo que esta forma de organização sindical seja concorrente dos partidos políticos.
No quadro desta crise de ataque inédito aos direitos dos trabalhadores e aos seus interesses estratégicos a CGTP pode sair mais reforçada, mais forte e mais coesa, ou,pelo contrário uma organização cansada pelos combates, burocrática,ritualista e reduzida a uma organização assente apenas nos militantes que resistiram à tempestade.
Serão feitas análises também sobre a relação de forças entre as diferentes correntes e qual delas vai ganhar ou perder.Pessoalmente não considero particularmente relevante estas questões nem vejo que sejam importantes para o presente e futuro dos trabalhadores portugueses.Será importante para alguns sindicalistas da cúpula, a maioria ligados aos dois grandes partidos da esquerda portuguesa.Sempre existiu e continuará a existir uma luta latente pela hegemonia do movimento sindical.O problema está quando esta luta se torna central, mirrando a vitalidade de uma organização.Penso que não é o caso!Espero que não o seja no futuro!
Embora não subestimando este dado penso que será muito mais importante e interessante responder à seguinte questão:Vai a CGTP ser capaz de enfrentar a crise presente e sair dela mais reforçada e como a maior organização dos trabalhadores portugueses?Vai se continuar o seu caminho com destaque para alguns aspectos,nomeadamente:
1º Se o seu novo secretário geral mantiver e alargar a herança de Carvalho da Silva relativamente ao diálogo com a sociedade portuguesa, nomeadamente os partidos políticos, igrejas, movimentos cívicos, novos movimentos sociais e de trabalhadores precários;se valorizar a participação nas instâncias institucionais a par da reivindicação e da proposição autónoma.
2ºSe a CGTP se transformar cada vez mais num grande espaço de debate politico-sindical e de unidade de acção desde os locais de trabalho até á direcção.Um espaço onde sejam aceites com tolerância perspectivas políticas diferentes e plurais, acarinhada e incentivada a militância de base de novos trabalhadores e activistas sindicais.Para este objectivo é muito importante o reforço da formação sindical, cada vez mais aperfeiçoada e rica e que deve criar hábitos de leitura e de estudo, levando os activistas a evitar as receitas e os «chavões».
3ºContinuar e incentivar com responsabilidade a renovação de quadros sindicais, cativando gente mais nova para as direcções sindicais e delegados.Gente que não se perpetue na organização mas que possa regressar ao local de trabalho sempre que possível.A ligação dos activistas e dirigentes aos locais de trabalho é fundamental.Apenas os estritamente necessários devem ficar nas estruturas.
4ºEstudar novas formas de acção sindical adequada aos tempos actuais e ás diferentes categorias profissionais, aos desempregados e aos precários.Rever formas de manifestação e participação, a coreografia, os cenários, o discurso,etc.Todas estas questões podem ser estudadas na formação sindical.
5ºTalvez seja tempo de estudar uma nova forma de reorganização sindical adoptando e potencializando o território de modo a conseguir-se uma melhor participação dos desempregados e trabalhadores precários bem como até de alguns reformados.As uniões distritais não cumprem tais objectivos.Uma organização sindical mais próxima animaria a vida sindical.Não vejo que esta forma de organização sindical seja concorrente dos partidos políticos.
No quadro desta crise de ataque inédito aos direitos dos trabalhadores e aos seus interesses estratégicos a CGTP pode sair mais reforçada, mais forte e mais coesa, ou,pelo contrário uma organização cansada pelos combates, burocrática,ritualista e reduzida a uma organização assente apenas nos militantes que resistiram à tempestade.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
O MILAGRE DE CAXINAS E A SEGURANÇA DE QUEM TRABALHA!
Salvas as devidas proporções o caso do salvamento dos pescadores de Caxinas tem algumas semelhanças com o caso dos 32 mineiros do Chile enterrados alguns meses no solo.Muita emoção,muita exploração dos meios de comunicação social e a transformação dos mineiros em heróis.Falou-se, no entanto, muito pouco de segurança nas minas.Por isso, tudo continua igual no Chile!
Também estes pescadores tiveram um fim feliz.Falou-se muito de milagres, de emoção e muito pouco de condições de segurança das embarcações e de formação das tripulações.Basta uma breve análise á imprensa dos últimos dias e ficamos com a ideia de uma sobreexploração do factor sorte,do milagre, dos actos mais ou menos heróicos dos pescadores.
De vez em quando, e a terminar uma notícia ou a reportagem, vem uma nota a falar da rádio- baliza , um sistema que emite um sinal de localização em caso de emergência.A «Virgem do Sameiro», o barco que se afundou não tinha este sistema.Pelos vistos o sistema para todas as embarcações custa caro.O Secretário de Estado do Mar, Pinto de Abreu, e segundo o Jornal Público,lembrou que em 2009 o programa «Segurança é viver» previa uma dotação de oito milhões de euros da qual só metade foi assegurada.Essa verba foi usada para aquisição de algum equipamento como a balsa salvavidas do barco que agora se afundou.
Segundo o mesmo jornal um dos sobreviventes teria desabafado que «durante o tempo que estiveram perdidos nada comeram.Era suposto a balsa ter aprovisionamentos.Mas só encontramos água e medicamentos»Ora nem mais.Existe um problema de cultura de sgurança e de formação das tripulações como diria o Director da Mútua dos Pescadores em conferencia de imprensa que lembrou o número anormal de acidentes deste género e falou em falta de qualificação das tripulações.É suposto que antes de qualquer viagem se faça o ponto de situação dos meios de salvamento e segurança através de uma chek-List, ou lista de verificação!
Certtamente que esta questão será salientada no inquérito do acidente.Que sejam tomadas mais medidas de segurança e de formação dos pescadores.Pescadores que falaram muito pouco do acidente, a começar pelo Mestre do Virgem do Sameiro!Com todo o respeito que nos merece a fé destes pescadores e seus familiares não podemos ter uma cultura de segurança se não discernirmos entre o que é fé e o que são medidas de segurança para não perder vidas!
Também estes pescadores tiveram um fim feliz.Falou-se muito de milagres, de emoção e muito pouco de condições de segurança das embarcações e de formação das tripulações.Basta uma breve análise á imprensa dos últimos dias e ficamos com a ideia de uma sobreexploração do factor sorte,do milagre, dos actos mais ou menos heróicos dos pescadores.
De vez em quando, e a terminar uma notícia ou a reportagem, vem uma nota a falar da rádio- baliza , um sistema que emite um sinal de localização em caso de emergência.A «Virgem do Sameiro», o barco que se afundou não tinha este sistema.Pelos vistos o sistema para todas as embarcações custa caro.O Secretário de Estado do Mar, Pinto de Abreu, e segundo o Jornal Público,lembrou que em 2009 o programa «Segurança é viver» previa uma dotação de oito milhões de euros da qual só metade foi assegurada.Essa verba foi usada para aquisição de algum equipamento como a balsa salvavidas do barco que agora se afundou.
Segundo o mesmo jornal um dos sobreviventes teria desabafado que «durante o tempo que estiveram perdidos nada comeram.Era suposto a balsa ter aprovisionamentos.Mas só encontramos água e medicamentos»Ora nem mais.Existe um problema de cultura de sgurança e de formação das tripulações como diria o Director da Mútua dos Pescadores em conferencia de imprensa que lembrou o número anormal de acidentes deste género e falou em falta de qualificação das tripulações.É suposto que antes de qualquer viagem se faça o ponto de situação dos meios de salvamento e segurança através de uma chek-List, ou lista de verificação!
Certtamente que esta questão será salientada no inquérito do acidente.Que sejam tomadas mais medidas de segurança e de formação dos pescadores.Pescadores que falaram muito pouco do acidente, a começar pelo Mestre do Virgem do Sameiro!Com todo o respeito que nos merece a fé destes pescadores e seus familiares não podemos ter uma cultura de segurança se não discernirmos entre o que é fé e o que são medidas de segurança para não perder vidas!
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
MULHERES JOVENS SOFREM MAIS VIOLENCIA NO TRABALHO NO SECTOR DA SAÚDE!
Estudo conclui que ocorrem diversas manifestações de violencia no trabalho no sector da saúde, com destaque para o assédio moral e sexual, agressões físicas e psicológicas.
Estes riscos estão frequentemente presentes em instituições de saúde da cidade de Córdova (Espanha) afectando um número significativo de trabalhadores.
As situações de violencia detectados afectam predominantemente as mulheres e em especial as mulheres jovens!
Esta situação é comum a outros sectores da saúde noutros países e tende a agravar-se com o aprofundamento da cise económica e com as medidas de ataque ao Estado Social.
VER ESTUDO
Estes riscos estão frequentemente presentes em instituições de saúde da cidade de Córdova (Espanha) afectando um número significativo de trabalhadores.
As situações de violencia detectados afectam predominantemente as mulheres e em especial as mulheres jovens!
Esta situação é comum a outros sectores da saúde noutros países e tende a agravar-se com o aprofundamento da cise económica e com as medidas de ataque ao Estado Social.
VER ESTUDO
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
A IDEOLOGIA DA AUSTERIDADE!
A austeridade tornou-se uma verdadeira ideologia, isto é, um pensamento (uma visão) legitimador de uma economia e de um modelo de relações sociais. Uma economia subordinada aos «mercados» ou seja ao capital financeiro e especulador que gera dinâmicas de concentração do capital e de desigualdade social inéditas na Europa.
Para se conseguir essa concentração da riqueza nas mãos de alguns aplicam-se políticas de austeridade para a maioria da população, políticas, aliás, já experimentadas pelo FMI noutros locais do globo!
Para que as políticas de austeridade sejam assumidas pelos povos sem grande contestação utilizam-se os «media» apropriados em geral pelos grandes grupos económicos beneficiários destas políticas. De facto, os meios de comunicação social desempenham hoje um papel chave na manipulação do pensamento como, aliás, os investigadores sociais explicam muito bem. Por outro lado reforçam-se os «meios de segurança», não vá o diabo tecê-las!
O medo é outro instrumento da ideologia da austeridade. Dizendo que não existem alternativas á austeridade senão o caos, consegue-se domesticar as pessoas que se disponibilizam para aceitar tudo, nomeadamente a perda de direitos e até cortes drásticos nos seus parcos rendimentos.
Neste momento existem assim duas políticas e duas culturas em confronto: uma que considera que será através da austeridade e de reformas estruturais que nos redimimos do passado e voltaremos a crescer; outra considera que a austeridade pura e dura impede o crescimento económico e aprofunda as desigualdades sociais. É óbvio que a UE rica, em particular a Alemanha, assumiu a primeira política ou seja a da austeridade e das reformas estruturais. É a política do FMI! As reformas estruturais são a constituição de um outro modelo de relações laborais e de Estado que permitam um crescimento económico socialmente mais injusto, beneficiando apenas um pequeno setor da população.
A ideologia da austeridade nórdica ainda tem uma outra componente de cariz racista com raízes geográficas e culturais. O norte protestante e rico considera o sul pobre e católico incapaz de se regenerar e, em geral, preguiçoso! É um elemento ideológico importante na medida em que legitima por um lado e desvirtua por outro as relações comerciais de desigualdade frequentes entre o norte e o sul. Apenas um exemplo, em tempos de avultados subsídios comunitários á agricultura portuguesa, pela década de noventa do seculo passado, compraram-se inúmeras máquinas agrícolas, algumas bem sofisticadas e particularmente caras. Sabem quem as vendeu? A Finlândia, a Suécia etc…Ou seja, o dinheiro do subsídio vinha para o sul mas rumava depois para o Norte!
Frente a uma ideologia da austeridade há que construir uma cultura da sobriedade. O consumismo incentivado pelo mercado é a outra face da austeridade. A sobriedade, porém, é a cultura do desenvolvimento económico sustentado social e ambientalmente. A sobriedade exige auto - controlo individual e coletivo, promovendo a qualidade de vida, a satisfação das necessidades fundamentais de todos, sem hipotecar o presente nem futuro!
O consumismo como ideologia e prática não voltará certamente, pese alguns sectores da população ainda sonharem com o regresso de tal paraíso! Nas mudanças em curso será necessário, porém, promover a cultura da partilha e da cooperação, afirmação de direitos e deveres para todos, sem privilégios e sem castas. Uma cultura da igualdade que combata a caridade institucionalizada que se reforça enquanto se alargam as valas da desigualdade
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