segunda-feira, 20 de maio de 2019

14º CONGRESSO DA CES- uma organização mais combativa precisa-se!


A Confederação Europeia de Sindicatos realiza de 21 a 24 deste mês de maio o seu 14º Congresso na cidade de Viena de Áustria.Não será fácil conseguir uma proposta de ação consensual entre representantes de 89 organizações filiadas do norte, do sul, do leste e  oeste da Europa.Organizações de países que estão na UE e de outros que ainda não estão e até não estarão nunca.Organizações que querem uma CES mais reivindicativa e firme perante o mundo empresarial e outras que claramente pactuam com as posições do patronato e governos respectivos.
A CES não é bem uma confederação sindical, mas antes uma plataforma de sindicatos que pretendem colaborar e articular ações e reivindicações perante as instituições comunitárias.O seu grande risco é tornar-se em definitivo em mais uma instituição comunitária que dá o seu parecer às orientações da Comissão,ou um portavoz cada vez mais frágil junto das mesmas instituições.
Perante a força do lobismo empresarial e financeiro na União e a emergência de um capitalismo de plataforma que pretende reduzir os trabalhadores a escravos a CES tem que reformular a sua  estratégia colocando-se mais claramente numa perspectiva de luta, apoiando e estimulando as lutas nacionais, sectoriais e globais desencadeadas pelos trabalhadores.Mais do que uma superestrutura sindical a CES tem que se transformar num grande movimento dos trabalhadores europeus articulado com com outros movimentos sociais.
A CES tem vários inimigos no seu interior, nomeadamente os nacionalismos, os compromissos com a pespectiva neo liberal, a partidarização das grandes famílias políticas.Mas os desafios são igualmente grandes com destaque para a digitalização da economia,para a indiferença de muitos jovens pela organização sindical, pela perspectiva de um capitalismo que pretende liquidar o poder e participação dos trabalhadores nas sociedades.
Não podemos assim deitar fora uma organização que foi construída com tanto esforço, tanta negociação ,tanta esperança.A CES, apesar de todas as deficiências é fruto do sindicalismo europeu, da luta dos trabalhadores europeus.Neste XIVº Congresso viva a CES!



sexta-feira, 10 de maio de 2019

A OIT E O DIÁLOGO SOCIAL


Com a globalização os sindicatos enfraqueceram relativamente, em especial a taxa de sindicalização desceu de forma muito acentuada. A flexibilidade apregoada na União Europeia veio beneficiar em especial as empresas,ao flexibilizar os horários de trabalho as carreiras e os vínculos laborais.O trabalho precário está a ser a norma nos novos contratos como acontece no caso português.O quadro político mundial, nomeadamente as grandes instituições como o FMI, Banco Mundial, OCDE e a própria União Europeia favorecem os negócios e querem ainda mais reformas laborais para dar competitividade às empresas retirando valor ao trabalho.
Estamos efectivamente num quadro de crescente fragilidade do Movimento Sindical internacional e nacional.O trabalho muda com grande rapidez enquanto que os sindicatos têm dificuldade de  encontrarem formas organizativas e de ação para enfrentar os novos desafios.A precariedade, as formas de trabalho atípico e a individualização dos contratos de trabalho .
No quadro do centenário da OIT a Confederação Sindical Internacional (CSI) lançou uma ofensiva  para sensibilizar as instituições mundiais e regionais para a necessidade de um novo contrato social .Uma ideia que comporta uma renovação do papel da OIT na luta pelo trabalho com direitos em todo o mundo.
Todavia, o quadro mundial e regional,  acionistas  das multinacionais, empresas,  governos e instituições económicas e políticas não é favorável ao compromisso e ao diálogo social .E porquê?Porque a relação de forças é hoje muito mais favorável ao capital do que ao trabalho.O progresso tecnológico trouxe muitas vantagens a todos por certo,mas trouxe em particular vantagens aos negócios,às grandes companhias e plataformas que trabalham pela internet.O diálogo social apenas tem viabilidade quando existe algum equilibrio de poderes.Ora, sabemos que neste momento este equilibrio não existe em parte alguma do mundo.Mesmo na Europa, onde o Movimento Operário e Sindical teve e ainda tem algum poder,metade das empresas não tem qualquer representação colectiva dos trabalhadores.Por outro lado os sindicatos têm perdido muitos associados e mostram dificuldade em filiar os mais jovens.
Esta situação é assim pouco propícia para que se consiga construir uma Declaração da OIT comemorando  o centenário desta Organização que também ela foi perdendo força e capacidade de tornar o trabalho digno efectivo na maior parte do mundo.Não se pode , no entanto, perder a esperança nesta luta pela dignidade do trabalho e pela emancipação dos trabalhadores.
Mas por melhores intenções que tenhamos não podemos ignorar que apenas com o reforço do poder dos trabalhadores nos locais de trabalho e nas sociedades pode existir um verdadeiro diálogo social.Sem esse poder,em particular nas empresas, teremos apenas a decisão unilateral dos patrões e acionistas.Teremos apenas uma economia vista pelo prisma do lucro e da competitividade,uma economia que mata e que nos torna a todos descartáveis.