quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MAIS TRABALHO? NÃO,OBRIGADO!

As nossas luminosas sapiências da economia e da governação consideram que é preciso trabalhar mais! Na opinião destas eminencias pardas os trabalhadores portugueses são pouco produtivos. Por isso lembraram-se de atacar os feriados, as pontes, as férias e, no privado, mais meia hora de trabalho por dia sem pagar mais, ou seja de graça e a seco! Em breve também dirão que os funcionários públicos são uns lordes e que deverão trabalhar mais meia hora, ou trabalhar ao sábado para ficarem iguais ao privado.


Saberão estes senhores que mais de 400 mil portugueses têm mais de um emprego e que uma larga percentagem já trabalha para além das oito horas, em particular nas pequenas empresas? Já se deram conta do horário de muitos quadros de multinacionais e grandes empresas? Olhem para os escritórios de muitas firmas e vejam!

Por acaso estes sábios já se perguntaram porque é que os trabalhadores portugueses são altamente produtivos na Autoeuropa, na França e no Luxemburgo? Já estudaram devidamente as condições necessárias para que sejamos mais produtivos sem nos cortarem os salários e nos tirarem os feriadinhos que permitem aconchegar a família e dinamizar a economia?

Já pensaram na importância para a saúde e vida familiar do equilíbrio nos horários de trabalho? Deixem a matéria para a contratação coletiva! Há que travar a todo o custo a apropriação do tempo pelo capital para se impedir o regresso aos tempos esclavagistas!

E que dizer das azémolas da nova confederação de serviços (Sonae e C.ª) que agora apareceu com propostas inovadoras (?) sobre esta matéria propondo que o horário de trabalho fosse decidido no próprio dia. Ou seja, saio de casa para o trabalho com a minha vida familiar planeada e combinada, pensando em ir às aulas de inglês ou a uma reunião do sindicato e, zás, o chefe logo pela matina diz: «hoje ficas até ás 20 a trabalhar!» E pronto, nada a fazer! Isto seria o quê? Isto seria uma ditadura.

Portugal não precisa disto! Precisa de dinamizar a economia, motivar as pessoas para um maior empenhamento, maior garra, respeito por quem trabalha, pois as empresas não são apenas do capital. Sem a participação motivada dos trabalhadores e a valorização do trabalho não vamos lá! Não vamos não…Trabalhar mais? Não, obrigado!

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