quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

SINDICALISMO PORTUGUÊS: um congresso para enfrentar a crise!(III)

O próximo congresso da CGTP, a realizar nos finais de Janeiro de 2012, pode ser um congresso histórico!A maioria dos analistas vão centrar-se na saída de Carvalho da Silva bem como sobre a pessoa que o irá substituir!
Serão feitas análises também sobre a relação de forças entre as diferentes correntes  e qual delas vai ganhar ou perder.Pessoalmente não considero particularmente relevante estas questões nem vejo que sejam importantes para o presente e futuro dos trabalhadores portugueses.Será importante para alguns sindicalistas da cúpula, a maioria ligados aos dois grandes partidos da esquerda portuguesa.Sempre existiu e continuará a existir uma luta latente pela hegemonia do movimento sindical.O problema está quando esta luta se torna central, mirrando a vitalidade de uma organização.Penso que não é o caso!Espero que não o seja no futuro!

Embora não subestimando este dado penso que será muito mais importante e interessante responder à seguinte questão:Vai a CGTP ser capaz de enfrentar a crise presente e sair dela mais reforçada e como a maior organização dos trabalhadores portugueses?Vai se continuar o seu caminho com destaque para alguns aspectos,nomeadamente:

1º Se o seu novo secretário geral mantiver e alargar a herança de Carvalho da Silva relativamente ao diálogo com a sociedade portuguesa, nomeadamente os partidos políticos, igrejas, movimentos cívicos, novos movimentos sociais e de trabalhadores precários;se valorizar a participação nas instâncias institucionais a par da reivindicação e da proposição autónoma.

2ºSe a CGTP se transformar cada vez mais num grande espaço de debate politico-sindical e de unidade de acção desde os locais de trabalho até á direcção.Um espaço onde sejam aceites com tolerância perspectivas políticas diferentes e plurais, acarinhada e incentivada a militância de base de novos trabalhadores e activistas sindicais.Para este objectivo é muito importante o reforço da formação sindical, cada vez mais aperfeiçoada e rica e que deve criar hábitos de leitura e de estudo, levando os activistas a evitar as receitas e os «chavões».

3ºContinuar e incentivar com responsabilidade a renovação de quadros sindicais, cativando gente mais nova para as direcções sindicais e delegados.Gente que não se perpetue na organização mas que possa regressar ao local de trabalho sempre que possível.A ligação dos activistas e dirigentes aos locais de trabalho é fundamental.Apenas os estritamente necessários devem ficar nas estruturas.

4ºEstudar novas formas de acção sindical adequada aos tempos actuais e ás diferentes categorias profissionais, aos desempregados e aos precários.Rever formas de manifestação e participação, a coreografia, os cenários, o discurso,etc.Todas estas questões podem ser estudadas na formação sindical.

5ºTalvez seja tempo de estudar uma nova forma de reorganização sindical adoptando e potencializando o território de modo a conseguir-se uma melhor participação dos desempregados e trabalhadores precários bem como até de alguns reformados.As uniões distritais não cumprem tais objectivos.Uma organização sindical mais próxima animaria a vida sindical.Não vejo que esta forma de organização sindical seja concorrente dos partidos políticos.

No quadro desta crise de ataque inédito aos direitos dos trabalhadores e aos seus interesses estratégicos a CGTP pode sair mais reforçada, mais forte e mais coesa, ou,pelo contrário  uma organização cansada pelos combates, burocrática,ritualista e reduzida a uma organização assente apenas nos militantes que resistiram à tempestade.

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