domingo, 11 de janeiro de 2009

A GREVE GERAL DO 18 DE JANEIRO DE 1934(Memórias)


A greve geral revolucionária do 18 de Janeiro foi a última tentativa, algo desesperada, de travar o fascismo e a consolidação do poder salazarista pelo Movimento Operário Português.
Embora apropriada e quase circunscrita à Marinha Grande pelo Partido Comunista(CIS) durante a ditadura e no pós 25 de Abril, o movimento grevista foi animado pelas correntes comunista e anarco-sindicalista(CGT) e socialista(FAO) e teve larga adesão em outras partes do país nomeadamente Almada, Setúbal, Silves, Portimão, Marinha Grande e até no Norte embora com menor profundidade.
A greve durou quase três dias.Uma das razões do fracasso da greve foi, sem dúvida, a divisão do Movimento Sindial Português com responsabilidades para todas as correntes.Todavia, neste caso quem tinha iniciado a cisão do Movimento sindical foi o Partido Comunista que desde 1920/21 procurou combater a influencia anarquista no Movimento sindical e ligá-lo á Internacional Comunista.
Foram presos e deportados centenas de operários e encerradas as instalações do movimento sindical.

Acontecimentos anteriores:

Março de 1933: A Constituição do Estado Novo é aprovada por plebiscito
Abril de 1933: Revolta da Madeira;entra em vigor a Constiuição corporativa
Julho de 1933: Salazar é nomeadao Presidente do Conselho
Setembro de 1933: Criação do Conselho nacional das corporações e apresentação do Estatuto do trabalho Nacional(Dec.Lei nº23.048);
Decreto lei nº23050 sobre os sindicatos nacionais
Outubro de 1933:Princípio de revolta contra a ditadura em Bragança, imediatamente sufocda pelas forças fiéis ao regime.
Novembro de 1993: O Governo deporta para Angra do Heroísmo 150 pessoas.Entre elas encontra-se o aviador Sarmento Beires.

Acontecimentos posteriores:

Abril de 1934: Manifestações e greves de fome dos presos políticos da Trafaria contra os espancamentos policiais.
Congresso da União Nacional
Maio de 1934: Decreto -Lei nº23.870 sobre os delitos da greve e lock-out
Julho de 1934: Os presos do 18 de Janeiro são deportados para a Ilha Terceira.


"Muitos dos participantes no 18 de Janeiro são assim atirados para os temíveis presídios do Salazarismo, como os Fortes de Caxias, Peniche e S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, e para sinistros campos de concentração, autênticos campos da morte bem longe da Metrópole – Forte Roçadas e Vila Nova de Seles em Angola, Fortaleza de S. Sebastião na Ilha de Moçambique, Oecussi em Timor, Tarrafal em Cabo – Verde. Em 23 de Abril de 1936, pelo Decreto-lei n.º 26 539, é criada uma Colónia Penal, ou melhor dizendo, um campo de concentração, no lugar do Tarrafal, na Ilha de Santiago, Arquipélago de Cabo – Verde, cujo objectivo era a punição de forma implacável dos presos que se opunham a Salazar. No dia 29 de Outubro do mesmo ano, chegam ao “Campo da Morte Lenta” os primeiros 152 presos, levados dos presídios de Peniche, Aljube, Caxias, Penitenciária de Lisboa e de Angra do Heroísmo. Entre os prisioneiros encontravam-se Mário Castelhano e Bento Gonçalves, dirigentes máximos da CGT e do PCP, respectivamente, que acabaram por perecer no Tarrafal, vítimas dos maus tratos e da doença."João Vasconcelos, historiador

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