segunda-feira, 17 de novembro de 2008

MINEIROS DE ALJUSTREL....E agora?





É de desconfiança o clima que reina entre trabalhadores e sindicalistas, quanto à possibilidade de venda das Pirites Alentejanas, depois de anteontem a Lundin Mining ter decretado o fim da laboração.Depois de se encontrarem ontem com Vieira da Silva, ministro do Trabalho, e de Manuel Monge, governador-civil de Beja, os sindicalistas garantiram que "vão procurar respostas concretas", da parte do ministro da Economia.Manuel Pinho anunciou, ao final de tarde de quinta-feira, que existia um grupo francês interessado na compra da empresa.


Ontem José Sócrates adiantou que as negociações decorriam há dois meses. Ao final da tarde, o governador-civil revelou que eram dois os interessados, entre eles, a Martifer, de quem a Mota Engil - grupo onde é administrador o ex-dirigente socialista Jorge Coelho -, detém 37%.Foi perante este cenário que meia centena de trabalhadores e sindicalistas, acompanhados pelo presidente da Câmara de Aljustrel, se dirigiram, ontem de manhã, a Beja para "manifestar o protesto pelo fecho da mina", explicou ao JN, Luís Sequeira dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), enquanto a delegação aguardava ser recebida por Vieira da SilvaApós o encontro, Luís Sequeira revelou que o ministro se mostrou "muito sensibilizado com a situação", tendo-lhe sido pedido que "o processo seja invertido", tendo em conta que "as rescisões estão a ser feitas sob coacção", numa medida considerada "precipitada pelos mineiros.O ministro do Trabalho reiterou as palavras do seu colega da Economia sobre os possíveis interessados. "Tudo faremos para que haja uma alternativa", adiantou, aconselhando aos trabalhadores para que "tenham calma e averiguem a sua situação", garantindo todo a disponibilidade e apoio dos serviços do Ministério do Trabalho.


Em desfile pelas ruas de Beja e ao som do slogan "Trabalho Sim, Desemprego Não", trabalhadores e sindicalistas dirigiram-se à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), para exigirem a "fiscalização das rescisões contratuais" tendo recebido, segundo o sindicalista Manuel Cravo, a indicação de que a instituição "não tinha capacidade humana para intervir" nas minas.Segundo apurou o JN, uma equipa de inspectores da ACT passou o dia nas minas de Aljustrel, procurando contactar, um a um, os trabalhadores, a fim de esclarecer as suas situações.Apesar do anúncio da existência de dois "potenciais compradores", os mineiros consideraram que "não houve novidades", quando ao que fora dito por Vieira da Silva.Quase três dezenas já assinaram rescisõesDepois de na manhã de anteontem, os trabalhadores das Pirites Alentejanas terem sido avisados do fim da laboração, e do início do processo negocial para os despedimentos, quase três dezenas assinaram o processo de rescisão com a empresa. João Carrêlo, administrador delegado da Lundin Mining informara que o "processo de rescisões", tinha que ficar concluído no próximo dia 20. Alguns não aguentaram a pressão e "assinaram" a saída da empresa no próprio dia.

Ontem, à porta da Autoridade para as Condições do Trabalho, em Beja, Melinda Mestre, 22 anos, operadora da lavaria, já tinha assinado o papel que a deixava "desempregada e amargurada", contou ao JN, de lágrimas nos olhos. Com um filho para criar, casa e carro para pagar, vê-se "numa situação muito delicada". Trocou o antigo trabalho pelas minas. "Houve gente com muitos anos de efectivo que deixou os seus antigos postos", contou, garantindo que, além dela, mais 25 já assinaram a rescisão.(imprensa)

Nota: mais uma vez se coloca a questão do controlo das multinacionais no quadro desta globalização.E a acção sindical internacional?

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