A história dos trabalhadores da Covilhã, a viverem num armazém, foi chocante por aquilo que se é capaz de fazer para ganhar uma margem no negócio. Mas foi mais chocante ainda pela imagem que deu da sociedade indiferente em que nos transformámos. (Helena Garrido, Jornalista).
Foram impressionantes as lágrimas de Crocodilo que vi verter naqueles dias em que a comunicação social falou dos imigrantes que trabalhavam na Covilhã e que viviam em condições miseráveis num barracão! Comentadores e políticos que nas suas doutas análises têm feito o jeito aos homens de negócios e têm contribuído para que nos últimos anos se realizasse a maior contra -revolução no mundo laboral com perda histórica de direitos que será difícil recuperar mais adiante! Agora lamentam!
Parece que nos últimos dias alguns deste comentadores tiveram um rebate de consciência e estão agora que nem sindicalistas dos mais bravos! Será apenas conversa ou haverá aqui alguma conversão? São bem- vindos ao campo da luta pelo trabalho digno e falem! Informem-se e denunciem porque os tempos não vão melhorar! Aliás, neste caso como noutros, a comunicação social foi essencial. Só a partir da denúncia da comunicação social é que as autoridades foram ver o que se passava! Os tempos vão maus e cada qual fecha os olhos ao que não deve fechar! Um dia queremos abrir os olhos e já não conseguimos…..
O que se passou na Covilhã também se passará noutros locais. Aquilo é apenas um aspeto, dos mais gravosos, da faceta esclavagista a que está a chegar o trabalho! Atenção pois a outros aspetos, alguns dos quais pretendidos pela Troika, nomeadamente as imposições sobre o despedimento, desvalorização salarial e da contratação coletiva.Os trabalhadores portugueses da CGTP,os mineiros das Astúrias e os funcionários de Madrid já o perceberam há muito!
Noticiava-se há dias que a percentagem dos trabalhadores coberta pela contratação é a menor de sempre, ou seja numa grande parte do mercado laboral o patronato negoceia as condições com os trabalhadores mais ou menos a seu gosto! Ora, com tanto desemprego as condições negociadas individualmente só podem ser péssimas para os trabalhadores! Daí que liquidar a contratação coletiva, como pretende a Troika, é destruir um dos instrumentos mais importantes da democracia social e económica e um dos pilares do diálogo social tão apregoado na propaganda da União Política!
À boa maneira portuguesa choramos pelos trabalhadores imigrantes da Covilhã. No entanto, era bom que a nossa consciência crítica fosse mais abrangente e mais política! Alí, na Covilhã, não existe uma questão moral, dos maus ou dos bons! O capitalismo de hoje não tem limites éticos porque não tem medo! Mesmo quando fala em responsabilidade social tem apenas um objetivo: fazer lucros! Por vezes precisa de mostrar uma cara branca! Quando não precisa mostra o seu lado negro que é, aliás, a sua essência ou substancia!
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