domingo, 31 de dezembro de 2017

OS PARTIDOS, O ESTADO E O DINHEIRO!

Por filosofia pessoal não gosto que o Estado se intrometa em demasia no movimento associativo e
político!As associações devem reger-se com autonomia e liberdade através de regulamentos próprios e obedecendo às regras da democracia e do direito geral.São pessoas coletivas que procuram o bem dos seus associados e o bem comum  e não podem transformar-se eventualmente em seitas, máfias ou gangs!Os partidos políticos numa democracia liberal têm especiais responsabilidades pois são através deles, quase em exclusivo,que se geram as alternativas políticas e de governação.Através dos tempos a maioria dos partidos, em particular os que passam pela governação, atraíram pessoas que são militantes por interesse próprio, tendo como objetivo o poder pessoal ou de grupo.Os próprios partidos  geram essa clientela e vivem dela.Os seus dirigentes estão envolvidos em diversos negócios que financiam as campanhas eleitorais e a tomada do poder para reforçar o seu próprio negócio, a sua rede de influências.A nível local o território está demarcado.Os clubes, associações, iniciativas recebem mais apoios se forem da cor de A que está agora no poder!Nasce assim a corrupção, a gestão de influências, o poder pelo poder e, em último lugar, é que será considerado o interesse dos cidadãos e do bem comum!Esta lógica acentua-se em tempos em que os ideais e a militância esmorecem, a situação se estabiliza e a política se profissionaliza.Os partidos transformam-se em máquinas pesadas com funcionários, chefes de gabinete, assessores, motoristas.Para manter estas máquinas são necessários meios financeiros poderosos longe do alcance dos outros atores do associativismo, mesmo do sindicalismo.
As últimas notícias sobre a lei do financiamento dos partidos são dolorosas e descredibilizadoras por mais que se queira branquear a situação com explicações formais e processuais.Numa sociedade madura democraticamente e responsável, as associações, em particular os partidos e os sindicatos, deveriam viver antes de mais com as quotas dos seus militantes e simpatizantes.Todos os donativos e subsídios devem ser transparentes.As contas devem ser devidamente fiscalizadas.Havendo subsídios do Estado, como é o caso, porque diabos devem ainda os partidos ficar isentos de IVA nas suas operações?
Sei que alguns partidos têm dívidas de milhões!Isso é inaceitável!A situação financeira de que gozam os partidos e os seus dirigentes conduz a um certo autismo, a não verem a realidade para além das reuniões e comícios partidários.Se estivessem a par das dificuldades da maioria dos portugueses nunca aceitariam os privilégios de que gozam!O sectarismo e o oportunismo político casam bem com o autismo que leva ao afastamento da elite política da restante população, ao seu encerramento num mundo fechado e conduzem progressivamente à morte de uma vida democrática com participação dos cidadãos.Abre-se caminho ao chamado mundo pós-democrático, que na atual relação de forças mundial, será, quase seguramente, um mundo autoritário!
Não esperem que um presidente, perito em manobras políticas, se aproveite da situação.Retirem o diploma e façam mea culpa!

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