Gestão e sindicalismo estão frequentemente em conflito nas
empresas.A experiência de muitos
trabalhadores é o registo de que a
gestão tem uma visão alheada ou hostil face à estrutua sindical da
empresa e em particular ao sindicato.Para o gestor o sindicato é
considerado frequentemente um elemento perturbador das diretrizes e
obejetivos da empresa.As razões são diversas e não apenas de ordem dos
interesses em jogo.Existem razões de ordem histórica, cultural ou ideológica e de
gestão do poder na organização.
Efetivamente o sindicato
também é um poder ou contrapoder na empresa ou serviço.É uma das
modalidades do poder dos trabalhadores organizados.Essa é a realidade de
um país democrático.As chefias e a gestão devem estar preparadas e
conviver com esta situação.
Hoje em dia os gestores estão numa
situação difícil.Por um lado estão pouco preparados para saberem lidar
com a organização sindical.Uma ou outra empresa com cultura de cogestão,
como as alemãs, poderão estar mais preparadas para esta situação.Em
geral a formação académica dos gestores negligencia a formação sindical,
não os prepara verdadeiramente para um diálogo com estas estruturas.Nos
cursos de gestão o sindicalismo é apresentado por professores de
economia que, em geral, têm uma visão redutora e economicista do
sindicalismo.Por outro lado e para além desta deficiencia académica, os
gestores estão pressionados pelos acionistas, pelos detentores do
capital que querem ver resultados a curto prazo, numa dinâmica de
intensificação e exploração do trabalho que caracteriza o capitalismo
atual a nível mundial!As próprias escolas de gestão estão frequentemente
sob patrocínio ou influência de grandes empresas.
A maioria dos
gestores têm hoje um estatuto muito precário, tipo mercenário.Vão para
uma empresa para uma missão muito concreta e pagam-lhe como
principes.Acabada a missão, que em geral tem a ver com ajustamentos e
reestruturações, ou seja, despedimentos e mais lucros, os gestores podem
ser despedidos ou se despedem e seguem para outra missão de outra empresa
que lhes paga mais!
Os gestores são quase uma classe com
interesses próprios .A sua ideologia é a do capital e assumem atualmente
a dimensão predadora deste capital.Os trabalhadores são para explorar
ao máximo e depois deitar fora!Sobre esta questão valerá a pena reler um
livro de Vincente Gaulejac intitulado «La Societé Malade de la
Gestion-idéologie gestionnaire, pouvoir managérial et harcèlement
social» das Editions du Seuil , 2005..Para este investigador e
professsor universitário em França a «gestão, sob uma aparencia
pragamática, constitui uma ideologia que legitima a guerra económica, a
obsessão do rendimento financeiro e que é largamente responsável pela
crise atual...»
Existem exceções a esta regra?Claro!Em várias
empresas os gestores percebem que os trabalhadores são a condição
essencial de sucesso!Existe um bom relacionamento, bom ambiente de
trabalho.Mas quando se fala em aumentos salariais, distribuição da
riqueza e melhores condições de trabalho as simpatias param por
aqui!Veja-se a oposição que existe no nosso País ao aumento do salário
mínimo.E a resistência não vem só dos patrões privados.Vem do próprio
Estado que suporta as IPSS e a Função Pública!Mas então a valorização
salarial não é boa?Boa para os trabalhadores e boa para a economia e a
mais importante forma de distribuir a riqueza numa sociedade como a
nossa!
A valorização do trabalho e do trabalhador é essencial para
uma economia sustentável!O gestor do futuro tem que perceber esta
questão!
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