domingo, 9 de julho de 2023

JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE- afirmação de um catolicismo de massas?

 

Ao ver  pelo País grupos de jovens com os simbolos das JMJ-a cruz e o ícone de Maria-não pude deixar de me interrogar sobre o tipo de cristianismo que está a ser transmitido a esta juventude portuguesa que se vai juntar a outras centenas de milhar de jovens de todo o mundo.


De facto o que aparece nas manifestações públicas são jovens bastante jovens, liderados por membros do clero transportando pelas ruas e igrejas uma grande cruz e um belo quadro de Maria.Ontem até li uma notícia que nos dizia que as reliquias de Santa Teresinha de Lisieux estavam em Lisboa no âmbito das JMJ.

O principal simbolo e o centro da mensagem das JMJ é a cruz! Ora, a cruz é a cara de um cristianismo do sacrifício.Onde está a ressurreição , a vitória sobre a morte e sobre a dominação? Onde está a indignação por um mundo fratricida, com milhões de espoliados da sua dignidade e dos bens que também lhe pertencem?

O que, entretanto, se prepara, e vai aparecer  na grande manifestação de agosto, é a grandiosidade e poder da Igreja na sua simbologia, mobilizando milhares de jornalistas seduzidos pelas potencialidades mediáticas do acontecimento.As cadeias de TV farão cobertura parcial ou integral de alguns actos e comentadores mais ou menos encartados farão uma exurrada de comentários, uns mais acertados que outros como aconteceu recentemente com a morte de Isabel !!

Apesar da modernidade,bondade  e argúcia do Papa Francisco este não se pode furtar totalmente a esta dinâmica festivaleira, muito mais própria de um João paulo II  e de um Vaticano desejoso de fazer esquecer os seus escândalos financeiros, bem como os de um clero perturbado pelos abusos de menores e por um sínodo altamente questionante do seu poder.

Referem algumas notícias que os portugueses não querem que seja o Estado a pagar as JMJ.Uma parte dos portugueses calam-se,outros consideram que as JMJ trarão benefícios para o País.Enfim há pouco debate e avaliação crítica de evento.

Convém dizer no entanto que existe muita hipocrisia nesta matéria.Esquerda e direita, de forma mais exuberante uns do que outros,não criticam as JMJ e até louvam a iniciativa mesmo sendo dclaradamente agnósticos.Têm muito respeitinho pela Ugreja Católica mas de forma polida e oportunista.São coniventes com a confusão entre o que é de César e o que é de Deus, confusão essa que começa com a Concordata estabelecida entre o estado Português laico e republicano e o Vaticano ou Santa Sé.

As JMJ são uma manifestação mundial de massas promovida pelo Vaticano  e pela Igreja Católica debilitada no seu poder e na sua missão.É um acto que procura contrariar o progressivo laicismo e abandono das populações do culto e da doutrina católica na Europa e o crescimento de outras doutrinas de raiz protestante, como os evangélicos e seitas diversas, em particular nas américas.

Bem no fundo é uma resistência do velho catolicismo de massas que orientava os povos e os seus dirigentes.Aproveitou-se um Papa pop, João Paulo !!, feito santo precocemente, para lançar estas manifestações entre a juventude.

Mas estas manifestações não têm nada de positivo?Pois terão, pelo menos o convívio entre jovens de várias nações, quase todos de uma classe com alguma capacidade financeira para suportarem, com alguns apoios é verdade, uma viagem e uma estadia numa das cidades mais caras do mundo.

Acredito nas boas intenções de Francisco no sentido de reorientar a mensagem, mas será sempre ele a atração principal e tudo será promovido numa onda folclórica e clerical, com centenas de bispos e de padres comandando as operações.

Na minha opinião não passa por aqui o futuro do cristianismo nem a sua capacidade de indignação e de transformação social e pessoal em direção à fraternidade universal!.Isto é muito mais um festival que sai em alguns aspectos da norma coca-cola e sumol.


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