terça-feira, 6 de maio de 2014

REFORÇAR O PODER DOS TRABALHADORES?

O Congresso mundial de 2014 da Confederação Sindical Internacional (CSI) tem como tema a necessidade de reforçar o poder dos trabalhadores em todo o mundo! Um objetivo estratégico fundamental nos dias conturbados de hoje, caso queiramos manter o mundo na senda do progresso, da justiça e democracia real e não apenas formal e manipulada pelos grandes interesses económicos!
Perante um modelo dominante de exploração e desvalorização do trabalho, com baixos salários, precarização e trabalho inseguro teremos que promover o combate pelo trabalho digno, pela justiça social e pelo controlo das grandes multinacionais. O desemprego mundial afeta mais de 200 milhões de pessoas, em particular os jovens trabalhadores. A precariedade é a nova cultura do velho capitalismo predador!
Para este combate é necessário reforçar substancialmente o poder dos trabalhadores em todo o mundo. O poder dos homens, mulheres e jovens nos sindicatos e outras organizações combativas pela dignidade e pelo trabalho com direitos. O desafio é enorme! A população ativa no mundo ronda os 2.900 milhões, enquanto que a mão de obra formal representa 1700 milhões, sendo a sindicalizada apenas de 200 milhões, ou seja 7% dos trabalhadores. Em Portugal a taxa de sindicalização não ultrapassará os 18% em 4, 5 milhões de trabalhadores.
 Esta situação mostra claramente que existe um largo campo de trabalho e de organização para reforçar o poder dos trabalhadores no mundo e no país! Sem este reforço não será fácil ultrapassar as dificuldades que temos presentemente na defesa dos direitos sociais e no futuro de uma sociedade democrática e com uma economia de justiça social. Trabalhando, porém, nos limites atuais, ou seja, com as balizas que temos para manter os territórios sindicais controlados (capelas concorrenciais e burocráticas) não será fácil obter grandes avanços neste óbvio objetivo de reforço do poder dos trabalhadores.
Algo de novo terá que emergir para que as novas classes trabalhadoras considerem como vital a organização do seu poder, com os atuais ou com novos instrumentos políticos e sociais. Essa novidade será uma forma de organização adequada ao novo trabalhador e á atual forma de capitalismo.O sindicato atual ainda está estruturalmente ligado a uma fase industrial em que era necessário organizar a força muscular do trabalhador!Hoje, temos um novo trabalhador que o atual capitalismo explora também, ou principalmente, na sua dimensão intelectual!
A nossa perceção, a dos mais velhos, é a de que os mais jovens não estão muito motivados para constituírem organizações que os defendam e promovam os seus interesses. De certo modo estamos a passar por uma fase de deserto, de erosão de valores e formas de organização com a possível emergência de outras formas mais adequadas. São momentos complexos da história que terão o seu desenvolvimento mas que exigem a nossa compreensão e intervenção. A História moderna ensina que sem o poder dos trabalhadores as sociedades não avançam e podem até regredir…..

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