quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A CULTURA DA DESIGUALDADE!

Nos últimos tempos é notória uma certa dinâmica cultural manifestada pelas classes ricas que querem marcar ostensivamente as distâncias relativamente ao geral da população. Mais que uma cultura da diferença, perfeitamente legítima, exprimem e incentivam uma cultura da desigualdade.

Fazem inclusive questão em marcar essa desigualdade nas suas manifestações da vida quotidiana, na forma como habitam (condomínios fechados), como fazem as suas festas, como se vestem, os carros que compram.
Nos bastidores da política de austeridade está de facto uma cultura da desigualdade!

Consideram esta forma de agir uma distinção de classe, um tique aristocrático e recriam-se em estabelecer limites aos outros tratando-os com desprezo. Consideram que o que têm é legítimo e merecido, mesmo que não tenham mexido a ponta de uma palha! Têm tiques de casta, são particularmente narcísicos e, a maioria, extremamente vulneráveis. Para eles o mundo gira á sua volta e os outros estão aí para os servir, para trabalharem para eles a baixos salários e sem horários, claro! A palavra igualdade provoca-lhes urticária.


O mais grave, porém, é que esta cultura que eles segregam contamina outras pessoas que desde a escola foram colonizados e se tornaram acríticos e manipuláveis. O desejo legítimo de viver melhor não se pode confundir com a adoção de uma cultura da desigualdade, bebendo os tiques dos ricos e a sua maneira de pensar! Nada mais trágico do que ver alguém vestir a camisola de outrem e esquecer a sua identidade! A dominação começa precisamente no momento em que o dominado pretende imitar o dominador! No fundo está possuído pelo dominador!

Combater a cultura da desigualdade é fundamental para não nos deixarmos dominar e construirmos o nosso trajeto de vida com autonomia e identidade!

Este combate passa por um trabalho cultural e político a que os sindicatos e organizações cívicas deveriam dar mais espaço e importância. Afirmar uma cultura da igualdade económica e social, na diferença de cada um, é um valor histórico e atual dos movimentos de trabalhadores. É que o pensamento neo-liberal afirma em todo o mundo a «lei do mais forte e mais hábil» sem se interessar pelas razões (condições materiais e espirituais) que estão na base da desigualdade entre as pessoas. Essa lógica levada ao extremo pode fundamentar a liquidação da maioria da humanidade!

A igualdade do movimento operário e socialista não é o igualitarismo castrador mas também não é a mera igualdade de oportunidades e muito menos a cultura da casta e das elites. Tendo em conta estas balizas os conteúdos de uma verdadeira igualdade devem ser hoje repensados, onde seja tida em conta o mérito e esforço de cada um, sem que a sociedade deixe, no entanto, que se reproduzam as dominações de quem acumula á custa do trabalho de outros.

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