O
trabalho continua a ser central na vida das pessoas e das sociedades! É pelo
trabalho que os povos criam riqueza, identidade e história! Todavia, o trabalho
nas sociedades capitalistas modernas é cada vez mais desvalorizado e colocado
como um ramo da economia! Os trabalhadores são recursos, subalternos,
mão-de-obra e não constituem uma identidade histórica, o motor das
transformações sociais!
Embora
sabendo que os programas eleitorais valem o que valem, não deixam de ser espelhos
do que pensam as direções dos respetivos partidos políticos portugueses. Nesse
sentido devo confessar que fiquei desiludido com o que li, em particular com os
partidos que mais têm estado no poder governativo, ou seja com o PS,PSD,CDS.
Efetivamente
para a coligação de direita, PSD/CDS, o trabalho não é considerado de forma
autónoma, aliás, bem na linha da sua perspetiva ideológica. O trabalho
integra-se na política económica. É enaltecido o empreendedorismo e as empresas
são o centro da política económica! De certo modo são escondidas as eventuais
medidas de alteração legislativa que estes partidos poderão efetuar caso ganhem
as eleições. Sabemos que são sensíveis aos apelos dos empresários e aos relatórios internacionais que
apontam para a desvalorização salarial, nomeadamente do salário mínimo e para a
flexibilização do despedimento! Mas sobre estas matérias nada se diz, claro!
O PS
pouco ou nada diz sobre o trabalho, nomeadamente sobre as alterações que esta
coligação efetuou ao Código do trabalho, nomeadamente no que respeita ao despedimento,
trabalho suplementar, feriados e contratação coletiva! É verdade que há uns
meses um grupo de economistas próximos do PS elaborou um estudo económico onde
se abordavam alguns aspetos do trabalho, nomeadamente sobre os contratos a
prazo e processo conciliatório para a cessão do contrato de trabalho, bem como
a redução da TSU. Propostas que foram desancadas pelos próprios sindicalistas
socialistas e espero que com sucesso! Ao fim e ao cabo o PS também tem uma
visão economicista do trabalho e dos trabalhadores! Absolutamente contrária à tradição cultural e história do movimento socialista!
Os
programas eleitorais do PCP e do BE abordam o trabalho de forma autónoma e
colocam nos mesmos as principais reivindicações do movimento sindical!
Questionam-se inclusive as alterações legislativas ao código do trabalho introduzidas
por esta coligação de direita e prometem a sua reversão. Tal significaria, como
é óbvio, afrontar claramente os grandes grupos económicos e também a maioria do
empresariado português, reequilibrando o poder nas empresas e a fatia dos
rendimentos que têm sido favoráveis de forma escandalosa às empresas! Segundo
cálculos recentes nos últimos anos mais de 2.300 milhões de euros foram
retirados ao trabalho para ficarem nas empresas, uma parte substancial nos
bolsos dos acionistas! Onde está o investimento esperado, nomeadamente em emprego de qualidade?
Porém estes partidos, o BE e o PCP, não equacionam qualquer perspetiva de compromisso para uma governação!Ora, de boas intenções está o mundo cheio!
Porém estes partidos, o BE e o PCP, não equacionam qualquer perspetiva de compromisso para uma governação!Ora, de boas intenções está o mundo cheio!
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