quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O TRABALHO NOS PROGRAMAS ELEITORAIS!

O trabalho continua a ser central na vida das pessoas e das sociedades! É pelo trabalho que os povos criam riqueza, identidade e história! Todavia, o trabalho nas sociedades capitalistas modernas é cada vez mais desvalorizado e colocado como um ramo da economia! Os trabalhadores são recursos, subalternos, mão-de-obra e não constituem uma identidade histórica, o motor das transformações sociais!
Embora sabendo que os programas eleitorais valem o que valem, não deixam de ser espelhos do que pensam as direções dos respetivos partidos políticos portugueses. Nesse sentido devo confessar que fiquei desiludido com o que li, em particular com os partidos que mais têm estado no poder governativo, ou seja com o PS,PSD,CDS.
Efetivamente para a coligação de direita, PSD/CDS, o trabalho não é considerado de forma autónoma, aliás, bem na linha da sua perspetiva ideológica. O trabalho integra-se na política económica. É enaltecido o empreendedorismo e as empresas são o centro da política económica! De certo modo são escondidas as eventuais medidas de alteração legislativa que estes partidos poderão efetuar caso ganhem as eleições. Sabemos que são sensíveis aos apelos dos empresários e aos relatórios internacionais que apontam para a desvalorização salarial, nomeadamente do salário mínimo e para a flexibilização do despedimento! Mas sobre estas matérias nada se diz, claro!
O PS pouco ou nada diz sobre o trabalho, nomeadamente sobre as alterações que esta coligação efetuou ao Código do trabalho, nomeadamente no que respeita ao despedimento, trabalho suplementar, feriados e contratação coletiva! É verdade que há uns meses um grupo de economistas próximos do PS elaborou um estudo económico onde se abordavam alguns aspetos do trabalho, nomeadamente sobre os contratos a prazo e processo conciliatório para a cessão do contrato de trabalho, bem como a redução da TSU. Propostas que foram desancadas pelos próprios sindicalistas socialistas e espero que com sucesso! Ao fim e ao cabo o PS também tem uma visão economicista do trabalho e dos trabalhadores! Absolutamente contrária à tradição cultural e história do movimento socialista!

Os programas eleitorais do PCP e do BE abordam o trabalho de forma autónoma e colocam nos mesmos as principais reivindicações do movimento sindical! Questionam-se inclusive as alterações legislativas ao código do trabalho introduzidas por esta coligação de direita e prometem a sua reversão. Tal significaria, como é óbvio, afrontar claramente os grandes grupos económicos e também a maioria do empresariado português, reequilibrando o poder nas empresas e a fatia dos rendimentos que têm sido favoráveis de forma escandalosa às empresas! Segundo cálculos recentes nos últimos anos mais de 2.300 milhões de euros foram retirados ao trabalho para ficarem nas empresas, uma parte substancial nos bolsos dos acionistas!  Onde está o investimento esperado, nomeadamente em emprego de qualidade?
Porém estes partidos, o BE e o PCP, não equacionam qualquer perspetiva de compromisso para uma governação!Ora, de boas intenções está o mundo cheio!

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