Em 2016 temos Congresso da CGTP. São
tempos bons para debater aspetos importantes do sindicalismo e das práticas
sindicais! Entre os vários problemas do nosso sindicalismo destaco quatro neste
comentário necessariamente breve e centrado em particular na CGTP.
O primeiro problema é a sobrevalorização
do político. Esta situação decorre da própria História da CGTP e da tradição
sindical portuguesa e latina. Esta perspetiva sobrevaloriza a luta contra os
governos ou o poder político, colocando como objetivo máximo, no caso da CGTP,
o derrube dos mesmos. Ora, o movimento sindical luta em primeiro lugar contra a
exploração laboral no quadro de uma economia capitalista em que o trabalho está
submetido á lógica do mercado e do capital!
Esta luta contra os governos em primeiro
lugar por parte da CGTP reduz a sua base de apoio e evoca a luta partidária!
Esta luta política partidária é, por vezes, tão intensa que coloca militantes
sindicais contra militantes sindicais. Uns defendem o governo e os outros
atacam o governo. Por vezes, o discurso e slogans dos sindicalistas
assemelham-se ao discurso e slogans partidários! Os ativistas com pouca
formação consideram estas práticas como boas porque não precisam de pensar.
Ora, um sindicalismo que não pensa cai na rotina e na manipulação de imagens e
símbolos.
Na UGT existe algo diferente, embora para
pior. Nesta organização existe o discurso de conivência com os governos e
patrões e, de certo modo, sobrevaloriza igualmente o político, a negociação com
o poder.
A desvalorização da ação internacional
O segundo problema na CGTP é a desvalorização da ação internacional em tempos de globalização. Hoje perante os desafios da globalização injusta e desigual comandada por um capitalismo que tem visão planetária urge um sindicalismo com uma forte visão e ação sindical internacional. A CGTP continua a defender nos dias de hoje a não filiação na Confederação Sindical Internacional.
Sem descurar a organização e ação de base
nacional, onde as organizações sindicais têm raízes, o sindicalismo nas suas
diferentes correntes tem que encontrar as vias para uma ação internacional
competente e eficaz que, sendo necessário, afete os interesses dos acionistas.
As federações sindicais europeias e mundiais poderão aqui desempenhar um novo e
relevante papel. Urge também evoluir no campo do direito internacional e
pressionar para impor o direito à greve para além das fronteiras nacionais.
Um terceiro problema ou desafio é a
necessidade de fortalecer de forma criativa o sindicalismo nos locais de
trabalho sem o que se perderá a essência da ação sindical. A vida sindical vive
e fortalece-se na base, na empresa ou onde estão os trabalhadores. Há que
superar as divergências sindicais e políticas para refazer os coletivos de
trabalhadores que foram destruídos pelas novas formas de gestão do capitalismo
e pela revolução tecnológica. A ação partidária nos sindicatos pode levar à asfixia completa do sindicalismo. Em alguns locais a confusão entre ações
partidárias e sindicais é total. A ação sindical é claramente um meio de
militância partidária e eleitoral! Os trabalhadores afastam-se da participação
sindical.
Questão da Unidade
Questão da Unidade
Um quarto problema é a questão da unidade.
Nota-se que alguns ativistas têm uma noção religiosa da unidade sindical.
Gritam «Unidade Sindical» sempre que podem mas pouco fazem para agir em unidade
nos tempos atuais. A unidade sindical ultrapassa a unidade entre as correntes
sindicais historicamente existentes e extravasa as confederações constituídas. Os esforços para a unidade devem
ser realizados na ação. Porém, se não debatermos e aceitarmos, e até
valorizarmos, as diferenças e divergências jamais avançaremos para novos
patamares de unidade nacional e internacional tão urgentes e necessários na
luta contra esta economia que mata.Em determinados momentos da História temos que valorizar o que nos une e desvalorizar tudo o que nos divide!Os ganhos serão muitos para todas as partes!
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