terça-feira, 1 de agosto de 2017

FELICIDADE NO TRABALHO?

Em tempos houve a moda entre alguns cientistas de falar na «felicidade no trabalho» ou« hapiness
in work».Em geral no sul da Europa gostamos mais de falar em bem estar no trabalho.Isto de felicidade para os latinos é mais um sentimento reservado para o namoro ou casamento ou algo semelhante.
Na Dinamarca, num seminário em que participei, tive conhecimento que um sindicato fez um inquérito para medir o grau de felicidade no trabalho dos seus associados.Os resultados foram muito interessantes pois apresentavam um conjunto de factores que os trabalhadores consideravam essenciais para se sentirem felizes no trabalho.Entre os priniciapais factores considerados temos o prazer de alcançar os objetivos,o companheirismo entre colegas, a conciliação entre a vida profissional e familiar e o reconhecimento pessoal pelo esforço e o trabalho de cada um.Reconhecimento do patrão ou do chefe aparecia como um dos mais importantes!
Existem estudos mais aprofundados que revelam a importância para o trabalhador do reconhecimento pelo trabalho e esforço realizado.Infelizmente o reconhecimento pessoal não abunda nas  empresas e serviços portugueses.Em muitos deles existe a concepção de uma «gestão de recursos humanos» assente na máxima exploração do chamado «factor trabalho», sem consideração e muito menos sem reconhecimento do trabalho e da dignidade do trabalhador,
A falta de reconhecimento pessoal é comum nos locais do trabalho em Portugal mesmo entre colegas.
O sistema atual de gestão capitalista promove a competição entre os trabalhadores, em particular através da ideologia da avaliação e dos prémios de produtividade.Mesmo utilizando o trabalho em equipa e os chamados métodos participativos a gestão procura a diferenciação e coloca os trabalhadores em competição procurando o máximo de cada um.Esta ideologia ao serviço do máximo lucro e da competição foi inclusive adotada pelos serviços públicos europeus como uma coisa boa.Vemos em diversos espaços e tempos centenas de papagaios do sistema e do Estado a papaguearem a bondade dos sistemas de avaliação e da importancia do mérito.Alguns ganham chorudas consultadorias e promissoras vendas dos seus «excelentes» métodos e produtos de avaliação que custam fortunas e infernizam a vidas das chefias e trabalhadores.
Neste quadro não é fácil falar em felicidade no trabalho,Todavia, as empresas podem fazer com que os trabalhadores tenham bem estar no seu trabalho.Basta garantir os seus direitos fundamentais inscritos na Constituição Portuguesa e na Carta Europeia dos Direitos Sociais!Basta que os considerem pessoas e não factores de produção.Será possível nesta economia que mata?

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