sexta-feira, 7 de novembro de 2014

TRABALHADORES DAS IPSS SÃO DE SEGUNDA?

A crise atual, provocada pelo capitalismo, afetou profundamente os Estados nacionais, em particular o português, com graves consequências para a economia e para os trabalhadores! As políticas engendradas pelas organizações internacionais OCDE e FMI, bem como pelas instituições da União Europeia geraram um exército de desempregados e o alargamento da pobreza em Portugal! 
Para remediar esta situação o governo reforçou a rede assistencialista das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) sem todavia lhes dar suficientes meios financeiros. 
Apesar de muitos dos seus dirigentes serem afetos á maioria que sustenta este governo é frequente ouvirem-se queixas daqueles, clamando por mais apoios! Em alguns distritos cerca de 50% destas instituições chegaram á falência e foram vivendo através de empréstimos bancários e recorrendo á caridade dos cidadãos! Uma das consequências desta política do governo foi a estagnação dos salários dos trabalhadores do setor e até a redução salarial silenciosa em alguns casos! A assistência aos pobres é assim feita através da geração de mais pobreza!
Ainda há pouco, e a propósito do aumento do salário mínimo, o dirigente máximo da confederação destas instituições referia que tal medida criaria problemas às respetivas IPSS! Ou seja, uma medida fundamental para combater a pobreza- o aumento do salário mínimo- era contraproducente pois ia criar problemas ao «negócio» do assistencialismo e seus mentores!
Assim, quer se goste ou não de ouvir, não deixa de ser verdade que estas instituições sociais conseguem alcançar os seus fins humanitários através da sobre exploração laboral! Em geral os trabalhadores do setor social ganham abaixo da Função Pública, trabalham, por vezes, mais do que oito horas e são «pau para toda a colher»! Atenção pois aos mentores da caridade que, em geral, não gostam de sindicatos e de greves… tudo em nome de fazer bem às pessoas, pois claro! Gostaria de os ouvir a exigir mais ao governo de Mota Soares, deixando de ser tão complacentes! E ainda que não aceitassem tão de boa vontade os desempregados que lhes mandam para substituir trabalhadores com todos os direitos e deveres constitucionais. É que os trabalhadores das IPSS não são voluntários!

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