terça-feira, 4 de novembro de 2014

A «RELIGIÃO» DA PRODUTIVIDADE!

O discurso da e sobre a produtividade tornou-se avassalador no pensamento dominante. Tão dominante, que as instâncias do próprio Estado reproduzem até ao fastio essa lenga – lenga! Não há discurso sobre economia que não coloque o enfoque na competitividade e na produtividade. Mas, também ouvimos discursos sobre a educação e sobre a saúde a falarem da produtividade!
 Prevenir o Stresse? Claro, para sermos mais produtivos! Melhorar a escola? Claro, para fazermos homens mais produtivos! Melhorar o transporte? Sim, para aumentar a produtividade do trabalho! Enfim, uma autêntica ideologia, por vezes mesmo uma religião! A produtividade é assim uma espécie de deus a quem tudo se deve sacrificar! 
Nesta religião sacrificial também é desenvolvido em grande escala o sentimento de culpa. Se, não existe suficiente produtividade quem é o culpado? O trabalhador! Como castigo aumenta-se o horário de trabalho sem remuneração, cortam-se dias de férias e feriados, facilita-se o despedimento! E vem depois todo o discurso fascista de que «são preguiçosos», grevistas, querem emprego mas não querem trabalhar, e logo agora que não falta trabalho, é só querer! Mas, porque será que no estrangeiro trabalham tanto? Porque será que pouco se aposta na formação dos trabalhadores? Porquê tanta resistência a aumentar o salário mínimo e a falarem em redução salarial em tantas empresas, em vez de aumentarem para motivarem quem trabalha? Em Portugal ainda se pensa em aumentar a produtividade através do chicote! 
Mas a questão principal nem é esta do aumento da produtividade! O discurso da produtividade tem como principal objetivo aumentar a exploração dos trabalhadores em benefício do capital! Para o capitalismo o trabalhador é um instrumento de produção que, bem afinado, pode gerar mais riqueza para ser na sua grande parte apropriada e não distribuída com justiça! Bem afinado significa bem enquadrado, bem manipulado no seu espírito, na sua alma! É aqui que se aplica bem o ditado popular «não vendas a alma ao diabo»! Não entendo é como existe tanta gente a reproduzir o discurso do diabo! Alguns ganham bem com isso, mas outros….

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