terça-feira, 4 de novembro de 2014

PATRÃO CONDENADO POR DEIXAR MORRER TRABALHADOR!

O TRIBUNAL de Bruxelas, na Bélgica, condenou a 18 meses de cadeia com pena suspensa um patrão de construção civil que largou numa rua o corpo de um operário português que tinha tido um ataque cardíaco numa obra onde trabalhava de forma ilegal. Em novembro de 2011, António Nunes Coelho estava a fazer um biscate numa obra, com mais dois funcionários, quando teve um ataque cardíaco e caiu dos andaimes.
Em vez de chamar assistência, o dono da empresa e dois funcionários, um deles também condenado, abandonaram o corpo numa rua em Uccle, localidade onde estava a obra. António Nunes Coelho, de 49 anos, natural da freguesia de Ervedal, trabalhava há 12 anos na Bélgica. Desempregado desde 2010, estava ilegal. Estucador, aceitou fazer um biscate num feriado belga por 22 euros à hora. Depois de ter caído do andaime, após o ataque, a vítima ainda estava com vida e o patrão, Vítor Correia Narciso, também português, preferiu livrar-se do corpo, ao que tudo indica para evitar multas e problemas com a inspeção do trabalho.
 Diz que conduziu durante duas horas para encontrar um hospital, mas acabaram por abandonar o corpo na via pública, a três quilómetros do local do acidente. Abandonado como lixo Os três eram acusados de homicídio negligente, mas acabaram por ser condenados por omissão de auxílio.
O patrão foi sentenciado com 18 meses com pena suspensa, assim como a 3 3 mil euros de multa. Um funcionário foi condenado a 15 meses e o outro foi absolvido. O Ministério Público tinha pedido dois anos de cadeia para o patrão. Segundo Jean-Paul Tieleman, o advogado da viúva, citado pela Imprensa belga, António ficou gravemente ferido da queda, mas estava vivo quando o patrão o retirou da obra e largou-o "como um saco do lixo" na rua.
O patrão terá oferecido 10 mil euros à viúva de António Coelho para evitar que ela apresentasse o caso à Polícia. "Nunca iria aceitar aquele dinheiro sujo. Deixaram-no morrer e desfizeram-se dele como se fosse um cão", disse Maria de Lurdes, em 2012, ao jornal belga "La Dernière Heure".
 ALEXANDRE PANDA Jornal de Notícias de 2/11/2014

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