quinta-feira, 25 de setembro de 2014

PENSAR A AÇÃO SINDICAL!

No movimento sindical também existem tabus! Um tabu é o ativismo sindical, ou seja a maneira de ser sindicalista, a prática sindical. Quase ninguém em Portugal questiona a prática sindical dos militantes sindicais.
Temos um padrão de ativista com formas práticas de agir que, em geral, nunca se questionam! Ainda há pouco uma delegada sindical se queixava de que a dirigente que normalmente a contacta está longos períodos sem falar com ela, mas nunca se esquece de a convocar para plenários e manifestações! O mail e a mensagem SMS substituem frequentemente os contactos pessoais perante a avalanche de trabalho a que o dirigente tem que fazer face! Mas na raiz desta questão está um problema que deve ser objeto de análise crítica.
Numa conjuntura difícil e complexa de ataques frontais aos direitos dos trabalhadores o ativismo sindical resume-se quase ao ativismo de rua, em que os trabalhadores, em particular os dirigentes e delegados, são chamados a uma constante movimentação que nem tempo têm para outras tarefas igualmente nobres e fundamentais para a ação sindical, nomeadamente a formação e a reunião de trabalhadores nos locais de trabalho. Esta conjuntura ajuda assim a determinar um figurino de sindicalista que está sempre na rua em protesto contestando as medidas políticas tomadas pelo governo, na empresa ou no setor.
Não se contesta que a ação sindical se deve centrar nos problemas concretos dos trabalhadores e nos seus interesses mais largos (políticos), sendo as lutas ganhas ou perdidas, por vezes, fora da empresa ou do setor. O que se deve ver com olhos críticos é o ativismo permanente, sem ser acompanhado por formação sindical e política dos delegados sindicais, sem reflexão partilhada com os trabalhadores. Há falta de tempo? As questões são em catadupa? Os ativistas são poucos para as tarefas imensas? É verdade! Mas não é por se estrebuchar muito que se evita a morte! De algum modo estrebuchar muito pode apressar a morte!

1 comentário:

Fernando disse...

Caro Brandão Guedes,

Pertinente reflexão.
Espero que a faças nos meios onde estas envolvido. Pode ser que as posições que alguns vão tendo no MSU se modifiquem e percebam as consequências. Nós, membros da CSS da CGTP-IN, muitas vezes abordamos essas questões nos órgãos sindicais. Muitas vezes sem apoios...

Hoje estou soft e opto por não mencionar nomes.