Em Portugal, mais à esquerda do que á
direita, tem crescido o sentimento anti alemão. São as piadas, os mails,
artigos de opinião, vídeos, enfim, circula um certo sentimento de indignação
pelo protagonismo e defesa das políticas de austeridade na Europa por parte da
Alemanha, em particular por Angela Merkel e, agora mais recentemente, por causa
da Grécia!
Este sentimento tem razões objetivas.
Efetivamente, segundo alguns analistas, a Alemanha está a ganhar com a crise
das dívidas soberanas, ou seja, este país e os povos nórdicos em geral estariam
a beneficiar do euro. Simultaneamente as economias periféricas como Portugal e
a Grécia estariam a caminhar para a pobreza e para o desastre se as políticas
de austeridade se mantiverem.
Mesmo aceitando como certa esta análise
teremos que cuidar de um aspeto muito importante que é não olhar para a
Alemanha como um inimigo, nomeadamente no que respeita aos trabalhadores
alemães e suas organizações! Existem setores do povo alemão que não concordam
com as políticas do seu governo. Por outro lado, a principal divisão e
contradição na Europa e no mundo não é entre países. Seja ente a Alemanha
versus Grécia, seja entre o norte e sul da Europa! Os grandes beneficiários da
crise são determinados setores do capital financeiro e multinacional, os
gestores pagos a peso de ouro da Alemanha, dos USA de Portugal e outros países!
Embora saibamos que o nacionalismo está
hoje muito vivo, e até agressivo em alguns aspetos, inclusive no seio dos
sindicatos, não podemos alinhar com o ódio a um povo olhado em bloco, seja que
povo for! Os trabalhadores europeus não se podem deixar manipular! Temos que
manter e desenvolver o espírito de solidariedade e coesão. O nacionalismo pode
levar á cegueira e ao ódio levando-nos a lutar contra outros dominados em vez
de se lutar contra os dominadores! É obrigação das organizações de
trabalhadores serem lúcidas neste aspeto e fazerem a pedagogia da solidariedade
e nãos e enganarem no adversário!
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