A recente demissão de Nocolas Hulot, ministro
da ecologia e meio ambiente do governo francês coloca novamente o problema do
cerco do poder económico ao poder político, esvaziando este de conteúdo
democrático. Segundo o jornal Le Monde, Hulot denunciou em público «a presença dos lobbys nos círculos do poder».O
ex ministro levou os seus desabafos mais longe acrescentando:«é um problema de
democracia, quem tem afinal o poder?Quem governa?»
Há quem afirme que esta questão ensombrou
todos os ministros da República ao longo de décadas!Há inclusive quem escreva
que este ministério é «o ministério do impossivel» pois em última análise os
objectivos ecológicos e ambientais ficam subordinados aos objectivos económicos
e aos lucros das grandes empresas.
No governo de Macron, embora com algumas
ilusões iniciais, a situação mantém-se e verifica-se mais do que nunca uma
estreita ligação entre os grandes interesses económicos e os altos quadros do
Estado .Sabemos, infelizmente, que esta situação não é apenas francesa.É um
fenómeno que se encontra com maior ou menor dimensão em quase todos os países.Todavia,
a situação é hoje mais grave do que no passado na medida em que os desafios
ambientais são hoje maiores do que nunca.A visão economicista de curto prazo do capitalismo põe em risco as nossas
sociedades e provávelmente o futuro da humanidade.
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