sábado, 23 de agosto de 2014

STRESSE E CAPITALISMO!

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho leva a cabo até 2015 uma campanha para prevenir o stresse laboral! Uma iniciativa louvável de informação e sensibilização para as causas e consequências dos fatores de risco, tanto para os trabalhadores individualmente considerados, como para as sociedades e o bem comum.
Uma recente sondagem europeia realizada por aquela Agência Europeia revelava que 72% dos trabalhadores consideram que a reorganização do trabalho ou a insegurança em termos de emprego constitui uma das causas mais comuns de stresse relacionado com o trabalho. Por outro lado, 66% atribuem o stresse a «horas de trabalho excessivas ou carga de trabalho», enquanto outros 59% atribuem o stresse ao facto de «estarem sujeitos a comportamentos como bullying e assédio»
 Penso que está tudo dito quanto às principais causas modernas do stresse no trabalho no quadro da economia moderna ou do capitalismo atual. Este, mais do que nunca e em nome da competitividade ou da satisfação dos clientes, exige pesadas cargas horárias, ritmos de trabalho intensos, flexibilidade global e total! Para descartar um trabalhador menos produtivo e que é necessário despedir utiliza-se frequentemente a insegurança, o cutelo do despedimento, enfim, o assédio mora!
Perante esta realidade palpável que uma larga percentagem de trabalhadores sofre podemos concluir que o stresse laboral veio para ficar e é uma presença estrutural da gestão moderna e capitalista. Esta realidade nua e crua não é em geral abordada nas reuniões, conferencias e seminários oficiais ou empresariais. Não se coloca o dedo na ferida, ou seja, que é a dinâmica da economia atual que exige e cria os fatores de stresse, que é o próprio trabalho assalariado moderno que está em crise! O próprio discurso da Agência Europeia reconhece que o stresse se deve combater no quadro da produtividade, ou seja, não se pode pôr esta vaca sagrada em causa!
 O capitalismo atual utiliza cada vez menos trabalhadores e os que utiliza é por pouco tempo, descartando e reciclando num ciclo infernal. Os que vão ter trabalho estão expostos a uma sobre-exploração onde o stresse é um ingrediente! O crescimento do stresse e das doenças psicossociais é um dos sintomas mais evidentes que esta economia está doente!

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