quinta-feira, 21 de agosto de 2014

SINDICALISMO E FUTURO DA EUROPA!

A situação no mundo é tão complexa e desfavorável á ação coletiva dos trabalhadores que temos por vezes a sensação de impotência perante os acontecimentos! É uma sensação perigosa porque nos pode levar á inação, ao conformismo, á derrota antecipada! 
Antes de mais temos que entender que a atual situação de hegemonia do capitalismo financeiro e multinacional, num quadro de crise global, tem tendência a piorar e que mais do que nunca é necessária a resistência popular e em particular dos trabalhadores organizados.
O capitalismo atual tem uma dinâmica predadora do ambiente e dos direitos dos trabalhadores. Pretende desregular todo o quadro político e social que garanta estabilidade no trabalho e proteção social visando os baixos custos do trabalho e a maximização dos lucros. Vemos por todo o mundo esta realidade desde a China aos Estados Unidos, passando pela Europa! A maioria do sindicalismo europeu continua a viver como o patronato nacional e multinacional ainda estivesse numa de diálogo social e cooperação! A CES continua a falar como ainda estivesse no século passado! Ora, situação mudou muito e, pouco a pouco, vamos acordando para a realidade! Perante o desemprego enorme que assola o mundo, nomeadamente a Europa, perante as mudanças estruturais na economia (serviços e novas tecnologias), perante a enorme erosão na filiação sindical e fragmentação das culturas operárias, o patronato e seus gestores prescindem progressivamente dos sindicatos. Aceitam ainda sentarem-se á mesa por uma questão de imagem e, num caso ou noutro, porque lhe é favorável a paz social! O que nos resta? Resistir com as armas que temos, obviamente!
Mas resistir apenas não chega! Haverá que resistir pensando no futuro, criando condições para, quando for possível, passar á ofensiva! Mas para se conseguir este grande objetivo não podemos passar a vida no puro ativismo. Há que repensar a organização sindical e as alianças. Haverá que debater a realidade social sem dogmas, nomeadamente o que são hoje as classes trabalhadoras, a sua composição, a suas culturas, os s eus interesses. As culturas e interesses dos jovens trabalhadores, a maioria numa situação precária. Que novas reivindicações se podem avançar? Como estabelecer uma aliança efetiva e duradoura com os cientistas sociais? Como articular a necessidade de concentrar sindicatos em grandes federações por uma questão de recursos com a urgência de fazer um sindicalismo que vá ao encontro dos problemas específicos de cada categoria de trabalhadores? Como reorganizar o sindicalismo nos locais de trabalho modernos, alguns dos quais virtuais, instáveis, ambulantes, deslocáveis? Como mostrar á maioria dos trabalhadores, e não apenas aos ativistas, que o sindicato só existe se tiver a participação da maioria dos trabalhadores, que a ação coletiva é uma força enorme que pode remover montanhas?
 É aqui que o sindicalismo europeu terá que renascer. Há que demonstrar ás novas gerações na prática que o sindicalismo vai para além de desfraldar bandeiras e correr a manifestações organizadas pelos funcionários sindicais que o fazem quase sempre com o maior profissionalismo! O sindicalismo moderno terá que ser mais do que isso para cativar os novos trabalhadores! Há que debater e estudar!Há que agir melhor!

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