terça-feira, 21 de janeiro de 2020

CARLOS SILVA-o desconforto de um sindicalista!


Recentemente a comunicação social revelou o mal estar de Carlos Silva, Secretário Geral da UGT,com os governos do Partido Socialista e, de certo modo, com o próprio sindicalismo.Tendo porventura razão, não gostei da forma  como manifestou esse desconforto que o leva a não se recandidatar a novo mandato em 2021.
Aponta como principal razão do seu desconforto e não continuidade a falta de apoio  do Partido Socialista.Sei que certamente chegou a um ponto de saturação e certamente zangado com a forma como os governos têm lidado com os sindicatos e em especial com a UGT.Todavia um sindicalista não deve dizer que vai deixar um cargo sindical porque o seu partido não o apoia.Claramente é dar razão a quem afirma que efectivamente os sindicatos  são, na maioria dos casos, comandados por partidos.Um sindicalista se estiver convicto luta, mesmo que seja contra o seu partido.Não é fácil,não quero dar lições a ninguém e Carlos Silva terá razões para dizer o que disse.
No entanto, o problema que o Secretário Geral da UGT revela é algo que é reconhecido inclusive por figuras do PS como Paulo Pedroso que, num colóquio sobre sindicalismo que juntou sindicalistas das duas centrais , há anos, afirmou que o PS não tem agenda sindical, uma estratégia sindical.Claro que não!Aliás, as notícias de hoje, 21 de janeiro, revelam que uma das razões do abandono do PS deste destacado socialista é por esse motivo.
Históricamente o Partido Socialista foi na sua essência um partido comandado por gente pouco ligada ao mundo sindical.Mesmo no tempo de Mário Soares!Quantos sindicalistas ou ex-sindicalistas existem no Parlamento?Os sindicalistas socialistas sempre tiveram imensa dificuldade em ter reconhecimento e apoio do seu partido.O problema preocupou alguns dirigentes do PS,antes do 25 de Abril e ao longo destes anos de democracia.Militantes da BASE-FUT foram inclusive recrutados para dirigirem a Fundação José Fontana ligada ao PS e que deu em nada.A forma como a própria UGT foi criada revelou falta de sentido sindical e teve como principal objectivo enfraquecer a central rival , a CGTP.Hoje mesmo os sindicalistas socialistas têm pouco peso nos órgãos do Partido e estão divididos entre a UGT, onde são maioritários, e a CGTP onde são minoritários.
Penso que Carlos Silva não teve condições para dar um salto qualitativo na UGT.O seu discurso inicial fazia prever uma UGT mais autónoma, em particular face ao patronato,capaz de dar unidade na ação ao sindicalismo português,conseguindo uma plataforma de convergência na ação e no diálogo com a CGTP e os sindicatos independentes das confederações.Aliás, seria muito mais natural uma «Geringonça Sindical» do que política.Ele poderia ser o sindicalista dessa nova realidade.Os quatro anos da Troika poderiam facilitar as coisas!Havia muita receptividade social a essa estratégia e os trabalhadores levaram muita porrada.Não foi esse o seu caminho....foi pena!Se alguém beneficiou com o caminho escolhido não foram os trabalhadores portugueses!

Sem comentários: