terça-feira, 15 de setembro de 2015

SINDICALISMO, TERRITÓRIO E DESENVOLVIMENTO!

No quadro do debate preparatório do próximo Congresso da CGTP importa debater questões que possam influenciar e melhorar a prática sindical e a estratégia geral das organizações de trabalhadores
Temos neste caso uma questão que poderia denominar de participação das organizações sindicais nas políticas locais e regionais de desenvolvimento. 
Esta participação sob ponto de vista sindical não só se justifica como deve ser trabalhada e perspetivada pelas estruturas sindicais regionais, as uniões sindicais. Todavia, por vários motivos, estas estruturas perderam muita vitalidade nas últimas décadas, não se sabendo muito bem para que servem hoje.
Ora, a participação sindical nos locais de decisão regional é hoje fundamental. A qualidade de vida dos trabalhadores, nomeadamente no que respeita às questões económicas, sociais e ambientais passam em vários aspetos pelo local ou regional. Quando uma empresa nacional, e em particular multinacional, resolve instalar-se numa determinada região não podem ser considerados apenas os interesses dos proprietários e acionistas dessa empresa. Também devem ser considerados os interesses dos respetivos trabalhadores e população local ou comunidade.
No entanto, para que a participação sindical tenha eficácia o movimento sindical deveria apostar nas seguintes questões:
A primeira seria rever todas as instâncias participativas onde as organizações sindicais têm assento. Há instâncias que estão vazias de sentido ou onde a voz sindical é apenas formalmente ouvida. Isto partindo do princípio de que não há dúvidas quanto a esta participação, sempre articulada com as outras formas de ação sindical. A vida dos trabalhadores não se resume à questão salarial, condições de trabalho e horários. Todas as dimensões da vida do trabalhador enquanto cidadão dizem respeito ao sindicato.

Que fazer ás uniões sindicais?

A segunda questão tem a ver com a necessidade de repensar a dimensão da organização territorial do sindicalismo, nomeadamente o papel das uniões sindicais. Sei que para muitos sindicalistas que são simultaneamente militantes partidários, os problemas territoriais ficam para os partidos. Eles, por sua vez, ora são sindicalistas ora são dirigentes partidários. Tenho a sensação de que não sabemos bem qual o papel das uniões sindicais distritais no atual momento.
Penso que seria importante fazer uma reflexão sobre esta questão. Hoje apesar das tecnologias de informação a maioria das empresas ainda é localizada, os trabalhadores residem em locais, por vezes não muito longe da empresa. Os desempregados, por outro lado não têm local de trabalho, mas têm uma residência. Muitos nem dinheiro têm para se deslocarem ao centro do emprego quanto mais ao sindicato que fica longe. A base sindical territorial poderia ajudar na mobilização dos desempregados, nos precários e na influência sobre as políticas educativas, ambientais e de qualidade de vida.

Mas para dar efetiva eficácia à participação sindical regional e local seria necessário também não apenas saber o que fazer mas também com quem, ou seja com que serviços. A base territorial do sindicato seria um excelente espaço para a aliança com os técnicos sociais e investigadores. A participação sindical deve ser de qualidade técnica e política. Sabemos que não é fácil o sindicalista acumular estas duas valências. As uniões, ou entidades semelhantes, seriam excelentes espaços de mobilização e de prestação de serviços aos trabalhadores no ativo, aos desempregados e aos reformados.Urge assim renovar o papel das uniões sindicais ou regiões sindicais e dar uma outra imagem ás mesmas!

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