sexta-feira, 22 de maio de 2015

OS SINDICATOS E O DEBATE POLÍTICO

Numa primeira leitura do projeto do programa eleitoral do Partido Socialista devo dizer que vi muitas matérias que estão bem equacionadas e que será um caminho diferente do escolhido pela maioria de direita atualmente no poder! Onde está o calcanhar de Aquiles é, sem dúvida, na questão do trabalho que é pouco trabalhada. O Trabalho, para além de uma questão fraturante, onde, por vezes, convém esconder o jogo, é infelizmente o parente pobre dos programas dos partidos sociais – democratas e socialistas. A onda liberal que atravessa a maioria destes partidos vai corroendo a matriz trabalhista dos mesmos.
O que se sabe do documento dos economistas que estudaram os cenários para uma governação PS não pode deixar ninguém sossegado em particular no que respeita às propostas para a TSU e para o combate á precariedade! E sobre o que este governo e a troika fizeram ao Código do Trabalho? Nada é dito? A contratação coletiva, as indemnizações, o trabalho suplementar, os dias de férias,etc…fica tudo como estes decidiram?Claro que tudo isto ainda está no plano do debate. Depois quando vier a legislação para a mesa é que se verá! Mas é bom que os sindicalistas do PS, e não só, vão dando as suas opiniões e façam pressão e não apenas que demonstrem publicamente preocupação! A própria UGT e CGTP têm legitimidade para falarem sobre o assunto.
É verdade que os sindicalistas que ouvi do lado da UGT, e que falaram como dirigentes do PS, falaram muito brando, enquanto que os dirigentes da CGTP que ouvi, falaram em nome da Central, nomeadamente o Arménio Carlos, e falaram muito duro!
O que até agora temos são documentos para debate e não se pode falar como se já fosse uma decisão de um governo PS. Em particular se falarmos em nome de uma Central Sindical! Convém dizer claramente o que se pensa das questões, sem ambiguidades, mas com peso e medida. Corre-se o risco, que é evidente hoje, dos sindicalistas arrastarem o movimento sindical para o debate eleitoral. E na CGTP esse debate eleitoral já atravessa a Central. Isso não ajuda em nada o esclarecimento dos trabalhadores e vai corroendo a unidade que tanto custou a consolidar.
Por outro lado, qualquer Central deve manter uma margem de manobra e de capacidade tática para lidar com um governo saído de eleições democráticas! Mesmo que não esteja de acordo com 80% do seu programa!

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