O
stresse e o assédio no trabalho não são meros problemas individuais dos
trabalhadores como frequentemente se pretende fazer crer! Em colóquios e
conversas não é raro ouvir dizer ou dar a entender que estes problemas têm
muito de pessoal e que apenas os trabalhadores mais vulneráveis psicologicamente
são afetados pelo stresse ou sofrem assédio! Tal não é verdade! Não existe
nenhuma personalidade específica propícia a estar exposta aos riscos
psicológicos, nomeadamente ao stresse ou assédio! Existem, é verdade, algumas
caraterísticas que nos podem tornar mais vulneráveis, tais como uma autoestima
muito baixa ou uma vida familiar instável! Todavia, o stresse e a depressão
podem afetar as pessoas mais fortes psicologicamente!
Estes
riscos psicossociais como o stresse, o assédio, a violência e o bullyng existem
no trabalho, em particular em alguns setores e profissões como os trabalhadores
da saúde, professores, pilotos e outros trabalhadores dos transportes. Aliás, o
stresse também pode afetar operários e gestores!
Com a
crise atual e a intensificação do trabalho, desregulação dos horários e
esbatimento da fronteira entre a vida familiar e profissional o stresse, a
intimidação e o assédio crescem nas empresas europeias!
Com este
quadro há que equacionar estes riscos não como um problema individual a resolver
com medidas sobre o trabalhador de caráter paliativo e individual mas com uma
política preventiva da empresa enquadrada e gerida pelos serviços de segurança
e saúde no trabalho. Uma política que atue nas causas que estão na origem do
stresse, do assédio ou violência prevenindo assim consequências dramáticas para
os trabalhadores, familiares e para o futuro da empresa!
Em geral
muitas causas do stresse e de outros riscos psicológicos estão na organização
do trabalho, nomeadamente nas formas de gestão altamente predadoras,
competitivas, nos ritmos de trabalho intensivos, na desregulação dos horários,
na pressão dos clientes, na falta de apoios sociais e de trabalho coletivo e de
cooperação.
Todavia,
estas causas são abordadas de passagem como o gato pela água! Teme-se
aprofundar esta questão com medo de se pôr em questão a vaca sagrada da
produtividade, dos sistemas de avaliação, dos prémios, da competitividade da
economia! Ora, assim, vai ser difícil chegar a bom porto neste debate que só há
pouco começou!
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